— Feliz aniversário, Bella – disse a mim mesma ao bater minha cabeça contra o volante.
O azar não me surpreendia mais, mas a constante falta de sorte, isso sim sempre me deixava surpresa. Respirei fundo e baixei o vidro do carro quando ouvi uma batida em minha janela.
— Escreve seu número aqui na minha mão – falei erguendo a mão e sem realmente descolar a testa do volante – Eu pago o seu prejuízo.
— Oi – a pessoa disse.
— Oi – respondi sem vontade alguma.
— Você está bem? – ouvi a pessoa perguntar.
Era a voz de um homem. Era uma voz bonita, mas ainda era voz de alguém que eu teria que pagar pelo prejuízo. Levantei a cabeça e gemi de frustração ao ver o carro que eu bati e gemi ainda mais quando vi quem estava na minha janela. É claro que eu ia bater um carro caro e é claro que o dono do carro seria bonito. Eu tenho esse tipo de sorte.
— Acho que você deve ir ao médico – o homem disse, sua voz soou preocupada – Talvez tenha batido a cabeça?
— Eu estou bem – suspirei novamente – Eu estou bem— repeti.
Meio que estava tentando me convencer disso. Eu acho.
— De qualquer forma, me dá seu número, eu v...
— Não precisa – ele me cortou – Tem certeza de que você está bem?
— Sim... eu estou bem. Sim, tô sim... – o homem me olhou com um sorriso divertido nos lábios e arqueou uma sobrancelha. Merda, ele é bonito – Pera, deixa eu dizer mais uma vez, assim talvez eu acredite. Eu estou bem.
— Conseguiu acreditar? – ele perguntou ainda parecendo se divertir com meu leve desespero.
— Dá pro gasto – dei de ombros – Então...
— Não se preocupe com isso – ele apontou com o polegar para o próprio carro e alguém buzinou, incansavelmente, atrás de nós – Dirija com cuidado, sim? E eu realmente acho que você devia ir ao médico.
— Não me machuquei, eu estou...
— Bem? – ele repetiu.
Sério, ele parecia mesmo estar se divertindo com a minha situação.
— Isso – concordei.
— Certo – ele sorriu – Tenha um bom dia.
Merda, o carro dele nem sequer arranhou e o meu eu tenho certeza de que amassou. Feliz 29 anos, Bella.
[...]
— Você está atrasada – Alice disse desgrudando os olhos do computador assim que cheguei.
Alice e eu trabalhamos na mesma agência de publicidade. ela foi a primeira pessoa que conheci quando me mudei para Seattle, impossível não me encantar por ela. Não tenho parentes na cidade, então, ela é o mais próximo que eu tenho de família aqui. Charlie mora em Forks e Renée fez questão de se mudar para o outro lado do país quando pediu o divórcio.
Aparentemente, se afastar de mim era uma "triste consequência do divórcio que poderíamos facilmente resolver". Spoiler: nunca resolvemos, mas isso foi quando eu era adolescente, agora, isso não me incomoda mais. E sendo honesta, nunca incomodou.
— Bati o carro – respondi sem vontade – Grande dia.
Alice franziu o cenho e estalou a língua.
— Eu te disse que usar minissaia em uma sexta-feira dava azar.
— Não é uma minissaia – protestei.
— Está na metade da sua coxa, é uma minissaia.
— Bom, ninguém pode me julgar por querer entrar no meu último ano na casa dos vinte me sentindo bonita – me defendi.
— Acho que o universo pode – Alice riu – Ele estava te castigando por usar uma sapatilha com minissaia. Quem usa essa combinação?
— Eu uso.
— Sim, mas você é inimiga da moda. Por isso o universo te castigou – ela brincou e depois me olhou séria – Você está bem, Bella? Se machucou? Quer ir ao médico? Acho que vou ligar pro Charlie...
— Não – interrompi seu devaneio antes que ela surtasse – Eu estou bem, não precisa incomodar meu pai por isso. Você o conhece, ele dirigiria até aqui na hora e eu estou realmente bem. O cara foi bem legal, nem me fez pagar pelo prejuízo dele. Se bem que só eu tive prejuízo. O carro dele nem sequer arranhou.
— Tá vendo? Então o universo te perdoou por usar sapatilha e minissaia.
— Alice... vai se foder – revirei os olhos – Você e o universo. Vão os dois se foder.
Ela gargalhou alto e isso me fez revirar os olhos ainda mais.
— Tem um salto no meu armário. Coloque-o e não se esqueça, a noite vamos sair para comemorar seu aniversário – ela anunciou quando olhou novamente para o seu computador de volta ao trabalho – Feliz aniversário, amor da minha vida. Espero que coisas boas aconteçam com você hoje.
[...]
Não que eu quisesse estar aqui comemorando, mas Alice e Jasper adiaram sua viagem romântica para comemorar meu aniversário comigo, então eu estava sorrindo e fingindo que queria estar em um pub às oito da noite de uma sexta-feira.
Fala sério, esse lugar está um inferno.
Não que eu não goste de pubs, mas eu estou dirigindo e já bati o carro hoje, não quero repetir a experiência. Em contrapartida, uma cerveja não vai me matar, então...
— Uma cerveja, por favor – pedi ao barman.
Não vi quando, mas em um segundo o copo estava cheio em minha mão e no segundo seguinte minha bebida estava toda sobre mim.
Só pode ser brincadeira
— Merda – eu ouvi a pessoa que esbarrou em mim praguejar – Desculpe, eu não vi você.
Claramente!
Eu estava pronta para gritar ou surtar, mas então eu vi que era o mesmo homem desta manhã. Eu bati na traseira do seu carro e ele apenas derrubou bebida em mim, acho que não estou em posição de reclamar.
O homem, perturbadoramente bonito (vamos deixar isso claro), inclinou a cabeça para o lado, franziu o cenho confuso e pareceu me reconhecer também. Ele bufou uma risada e colocou uma das mãos no bolso. Merda, ele é bonito mesmo.
— Perdão, eu realmente não vi você – ele disse novamente.
Sorri sem graça. Eu nem o conheço, mas ele me deixa nervosa.
— Que estranho, é exatamente o que eu diria pra você essa manhã – ri e dei de ombros – Está tudo bem, eu estou bem.
Ele sorriu divertido.
— Ainda está tentando se convencer de que está bem?
— Eu estou sempre tentando me convencer de que estou bem – ergui os ombros – Mas sim, eu realmente estou bem.
— Certo – ele concordou e balançou a cabeça – Sujei você?
Agora que não tenho mais o peso de uma batida de carro sobre mim, percebi que ele tem um sotaque diferente. Não é de Washington, é um sotaque mais elegante. E ele tem olhos claros, os olhos dele são bonitos e o sorriso dele é lindo. Ele por inteiro é hipnotizante e eu devo estar sendo patética.
Pigarreei.
— Não – respondi quando fiquei tempo demais em silêncio. Senti minha voz falhar e então pigarreei novamente – Não, está tudo bem. Não fez estrago – menti.
Acho que fez algum estrago, só não sei se foi na minha roupa.
— Eu sou Edward, a propósito – o homem disse, tirando a mão do bolso e estendendo-a em minha direção para me cumprimentar – Olá.
Agora eu tenho um nome e isso muda tudo... eu acho. Não sei.
— Oi... – respondi debilmente. Isso é o melhor que eu consigo fazer? – Meu nome é Isabella... – peguei sua mão devolvendo o cumprimento – Mas pode me chamar de Bella, Bella está bom.
— Bella então – falou com um sorriso – Por favor, me deixa te pagar outra bebida para compensar.
Ele tem os cabelos cor de fogo e sardas pelo nariz... cada vez que olho pra ele percebo como ele é ainda mais bonito e eu fico um pouco mais nervosa. Acho que eu quero o conhecer.
Ele estava com a mão no bolso novamente, então não consegui ver se ele usava aliança. Merda, eu realmente queria saber sobre a aliança.
— Melhor não, talvez isso seja um sinal do universo que eu não devo beber... ainda estou dirigindo – explique quando ele pareceu confuso.
— Talvez seja um sinal, sim – ele concordou – Mas sabe, aqui eles também vendem água... – seu tom era sugestivo e eu realmente queria continuar falando com ele...
— Acho que água é inofensivo – disse – Água está bom, então – concordei.
Aceitei que ele me pagasse uma bebida, mas acho que não devia. Ele me deixava nervosa e fiquei ainda mais nervosa quando vi que ele não usava aliança, mas não usar aliança só me diz que ele não é casado, não que não tem alguém e eu nem devia pensar nisso.
Me melhor me despedir, eu quero ficar e conversar com ele, mas provavelmente diria alguma coisa que ia me envergonhar e eu realmente não queria passar vergonha na frente dele, e se eu não dissesse nada que me envergonhasse, Alice provavelmente apareceria aqui e perguntaria algo como "quem é seu amigo bonitão?" e isso já seria suficiente para eu desejar que um buraco se abrisse e me engolisse.
— Então... – falei, minha voz soando trêmula. Isso é ridículo – Acho melhor eu ir ou minha amiga é capaz de me puxar de volta pelos cabelos – ri sem graça – Mas foi uma coincidência boa te conhecer, Edward. E novamente perdão pelo seu carro.
— Não se preocupe com isso, Bella— merda, até o jeito como ele diz meu nome é hipnotizante – Foi um prazer te conhecer, também.
[...]
— Onde você estava e porque você está molhada e cheirando a cerveja? – Alice perguntou confusa ao me olhar dos pés a cabeça.
— Acho que você estava certa e o universo está me dando algum sinal idiota – revirei os olhos – Alguém esbarrou em mim e derrubou minha bebida.
Alice me repreendeu com o olhar. E com palavras também.
— Você já bateu o carro hoje e ainda ia beber, Isabella?
— Sou apenas uma garota que queria uma bebida após o expediente – dei de ombros.
Ela beliscou minha costela e eu dei um tapa em sua mão.
— Bella, feliz aniversário – Jasper disse quando olhei em sua direção – Me desculpe o atraso, fiquei preso no escritório – ele não estava aqui quando fui comprar minha bebida.
Jasper é advogado em uma firma no centro de Seattle. Ele é um dos bons, sua firma só contrata os melhores, e constantemente fica preso com algum processo que demanda atenção. Pelo preço que aquela firma cobra, eles têm que dar toda atenção mesmo.
— Sem problemas, Jasperzito – ele fez uma careta ao ouvir o apelido e isso fez com que Alice e eu ríssemos.
— Espero que não se importe, mas eu trouxe um amigo. Ele se mudou recentemente pra Seattle e ficamos até tarde trabalhando e como ele não conhece muita gente por aqui, o chamei.
— Ele é bonito? – questionei curiosa.
Jasper riu.
— Eu realmente não reparei nisso, Bella. Vou ficar te devendo essa resposta.
Apontei o dedo em sua direção.
— Essa é uma resposta que eu realmente vou querer, viu?!
— Palavra de escoteiro.
Fiz uma careta. Jasper foi escoteiro quando criança e acho que ele achava que era legal dizer "palavra de escoteiro" toda vez que estava falando a verdade. Isso é brega pra caralho, então apenas sorri.
— E cadê seu amigo? – mudei de assunto.
— Não sei, ele tinha ido ao banheiro eu acho.
Não me animei muito. Se esse amigo do Jasper for que nem o último amigo que Alice tentou me arranjar, eu mesma vou arrastar a cara daquela baixinha no asfalto. Até hoje eu tenho pesadelos com Mike Newton tagarelando sem parar no meu ouvido, aquele homem era insuportável.
— Ah, aqui está ele – Jasper anunciou e arregalei os olhos em surpresa – Esse é o Edward – ele apontou para o amigo e depois para mim – E essa é a Isabella – ele olhou para o amigo e disse em voz baixa – Ela não gosta quando estranhos chamam ela de Bella.
Edward assentiu quando Jasper falou, mas me olhou com curiosidade. Ainda bem que estava pouco iluminado ou Edward veria que meu rosto estava vermelho. Eu vou matar o Jas.
— Oi de novo – eu disse novamente, ao lhe cumprimentar pela segunda vez em menos de cinco minutos – Que surpresa você ser amigo do Jasper.
— Pois é, é realmente uma surpresa – ele concordou, ele tinha um sorriso nos lábios e parecia contente com alguma coisa.
Alice nos olhou com curiosidade e decidi responder antes que ela fizesse alguma pergunta inapropriada.
– Eu bati no carro dele essa manhã – expliquei envergonhada.
— Ah, então ela é a maluca que te atropelou hoje? – Jasper disse.
Edward o olhou atônito e minha boca se abriu em surpresa...
— O que?... – Edward tinha pânico e perplexidade estampados em seu rosto.
— Eu não... – tentei me defender, mas gaguejei e intercalei olhares entre Jasper e Edward – So fui responder uma...
— Ele nunca disse isso – Jasper me interrompeu e me olhou de cara feia. Puts... – Só queria descobrir se você estava mexendo no celular de novo enquanto dirige. Porra, Bella. Você está tentando se matar? Da última vez você quebrou a porra do braço.
Merda, esqueci que ele é uma versão 2.0 do meu pai e tomou para si a missão de zelar pela minha vida e segurança. Ele e Alice são minha família e eu os amo, com todo meu coração, e eu sei que ele está certo e eu faria o mesmo se a situação fosse contrária, mas é chato pra caralho quando é comigo.
— Bella! – Alice exclamou igualmente aborrecida.
Durante o almoço, eu menti para ela e disse que bati o carro porque o cara da frente freou bruscamente sem dar sinal. Era uma mentirinha inocente, não imaginei que eles fossem descobrir.
— Ei, é meu aniversário – falei antes que eles tivessem chance de continuar – Vocês não podem me brigar hoje. Regras são regras.
Jasper bufou e Alice me olhou de cara feia, mas ambos concordaram.
— Teimosa do caralho – Alice murmurou.
— Eu nunca te chamei de maluca – Edward se defendeu.
A iluminação estava péssima, mas eu conseguia ver que ele parecia constrangido e Jasper percebeu isso também.
— Foi mal, cara – Jasper sorriu sem graça – Só queria que ela confessasse um negócio.
— Você é filho da puta pra caralho – Edward riu sem graça.
Alice riu alto e abraçou o noivo pela cintura.
— É o jeitinho dele, bem – ela o defendeu – Perdoa ele, Edward.
Pelo jeito como ela falou com ele, acho que já devem se conhecer. Claro que se conhecem, Jasper apresenta Alice a todos seus amigos.
Edward riu e balançou a cabeça.
Aposto que ele também não consegue dizer não a ela. Ninguém consegue.
— Tá tudo bem – eu disse para o confortar – Eu já devia imaginar que ia cair numa dessa do Jasper, ele sempre me pega na mentira.
Alice e Jasper já estavam envolvidos no próprio mundinho deles. Era fofo.
Sentei e Edward se sentou na cadeira ao meu lado. Não me passou despercebido que ele olhou quando cruzei as pernas, mas foi tão rápido que me questionei se não imaginei isso.
— Me desculpe, não sabia que era seu aniversário – Edward foi o primeiro a falar – Jasper apenas disse que viria a um pub e me chamou, não queria vir de penetra.
— Ah, imagina – fiz um gesto com as mãos fazendo pouco caso disso – Se você não tivesse vindo, eu teria tooooodo esse showzinho só pra mim – apontei para Alice e Jasper.
Os dois estavam abraçados e dançavam um olhando para o outro de um jeito irritantemente apaixonado. Ela ficou na ponta dos pés e Jasper se inclinou para beijá-la. Foi fofo no começo, mas então o beijo deles tornou-se algo obsceno e tanto Edward quanto eu desviamos o olhar constrangidos.
Malditos, procurem um quarto.
Alice desgrudou sua boca da de Jasper e disse alguma coisa em seu ouvido que o fez rir.
— Ei, Bella – ele disse alto o suficiente para que eu pudesse escutar daqui – Respondendo aquela sua pergunta, aquele meu amigo que vem hoje, ele é bonito sim.
Edward olhou para seu colo e sorriu. Acho que meu constrangimento, e perplexidade, ficaram estampados em minha face.
Alguém me mata. Alguém me mata agora.
[...]
— Então – pigarreei e tentei ignorar os últimos dois minutos (que foram momentos de um silêncio constrangedor da minha parte) – Fiz um estrago muito grande no seu carro?
Perguntei, mas eu já sabia a resposta para essa pergunta. Só queria continuar conversando com ele.
— Não – ele sorriu educado – Nem arranhou. E o seu?
— Só um amassadinho – respondi sem vontade – Acho que é o preço que eu pago por mexer no celular enquanto dirijo.
— Você está bem mesmo? – Edward perguntou e novamente ele parecia preocupado – Você estava com a cabeça deitada sobre o volante, achei que pudesse ter tido um mal súbito ou alguma coisa assim.
— Ah, não. Eu só estava tentando não surtar – ri – Mas não me machuquei. E obrigada por ter sido gentil.
— Não tem problemas, Bella – ele franziu o cenho – Está tudo bem se eu te chamar de Bella? Você se apresentou assim, mas Jasper disse...
— Ele olhou na minha cara e disse que você me chamou de maluca. Tem certeza de que é nele que você vai acreditar?
— Bem observado.
— É... – concordei – Mas falando em Jasper, ele disse que você é novo na cidade.
— Sim, eu sou de Chicago – Edward respondeu – Eu queria mudar de ares então me mudei. Você é de Seattle ou...?
— Ah, não, não – ri – Sou de uma cidade chamada Forks, já ouviu falar? Fica quatro horas daqui.
Edward pareceu pensar e balançou a cabeça em negativa.
— Nunca ouvi falar, desculpe.
— Não julgo você, é uma cidade pequena – dei de ombros.
Ele assentiu e eu estava me condenando. Ele claramente não queria conversar e eu estava apenas tagarelando, respirei fundo e bebi minha água. Se minha boca estiver ocupada eu não vou falar besteiras.
— Então – me surpreendi quando o ouvi puxar assunto – Posso perguntar o que você faz ou...?
Ele parecia... nervoso? Bom, era fofo que ele parecesse assim, porque eu também estava nervosa.
— Publicitária – respondi – Alice e eu trabalhamos na mesma empresa, ela foi a primeira pessoa que conheci quando me mudei para Seattle.
— Ela é realmente muito simpática – Edward respondeu – Ela e Jasper são, na verdade.
— Sim, eles são ótimos – concordei.
— É seu aniversário, sim? – Edward perguntou e eu balancei a cabeça – Posso perguntar quantos anos você está fazendo ou é uma pergunta inapropriada?
Me empertiguei na cadeira e virei meu corpo em sua direção.
— Quantos anos você acha que estou fazendo? – questionei – Mas olha bem para mim.
Edward pareceu em pânico com minha pergunta, e por alguma razão, eu achei divertido.
— Hum... eu não sei, essa parece uma pergunta perigosa.
— Acho que pergunta capciosa é o termo que você procura – disse – Vamos lá, Edward. Quero ouvir de alguém que não me conhece. Quantos anos você acha que eu tenho?
Ele passou os dedos pelo cabelo puxando-os para trás. Não pude evitar suspirar alto, ele é ainda mais bonito do que quando olhei para ele da última vez, o que foi há uns cinco segundos.
— Eu não sei... talvez uns vinte e... seis? – perguntou incerto.
Abri a boca em surpresa e levei a mão ao peito.
— Sério?
— Hum... sim.
— Que gentil da sua parte – falei sentindo-me feliz – Obrigada, Edward, mas estou fazendo vinte e nove hoje.
Edward pareceu respirar aliviado. Acho que estava com medo de me dar mais do que o que eu realmente tenho.
— Mas é você, tem quantos anos?
— Trinta e um – respondeu – Não é um número tão interessante assim – ele deu de ombros.
Não é um número interessante, mas é um número sexy. Gosto de homens mais velhos.
Conversamos sobre vários assuntos, até mesmo sobre quando conheci Alice e Jasper e lhe contei que eles são minha família, Edward convocou que eles são ótimos. Concordei e depois bufei sentindo-me ultrajada.
— Mas eles também são péssimos. É meu aniversário e esses malditos esqueceram meu bolo.
Edward estreitou os olhos em minha direção e deixou a latinha de refrigerante que ele tinha nas mãos na mesa. Eu sequer havia reparado que ele segurava alguma coisa.
— Nós vamos te conseguir um bolo – ele falou decidido.
Revirei os olhos e bufei uma risada.
— Edward, são nove da noite de uma sexta-feira. Se eles fossem me conseguir um bolo, já teriam conseguido.
— Certo, então eu vou te conseguir um bolo.
— O que? Não – neguei – Eu já bati seu carro hoje...
— Não me importo realmente – agora ele sorria e parecia animado – Vem, vamos conseguir seu bolo.
Edward se levantou da mesa e estendeu a mão para mim.
— Mas eles vão perceber se sairmos...
Ele arqueou uma sobrancelha, olhou para onde Alice e Jasper ainda estavam sendo obscenos ao se beijar, e me olhou divertido.
— Eles vão perceber? Eles?
Bufei.
— Tá legal, eles não vão perceber – admiti – Mas são nove da noite. De uma sexta. Em Seattle. Onde você vai arranjar um bolo?
— A gente da um jeito – ele deu de ombros e ainda assim exalava confiança – Agora, vamos te conseguir um bolo.
[...]
Não foi uma tarefa fácil, nas cinco primeiras confeitarias que fomos, todas estavam fechadas (chocante). Edward as procurava no GPS e acho que já atravessamos Seattle umas duas vezes, mas eu não me importei, estava divertido. Edward é divertido.
Eu deveria me preocupar em estar no carro de um estranho, mas Jasper o conhece e meu senso de autopreservação era precário. Edward percebeu que eu estava com frio e ligou o aquecedor, ele era atencioso e eu meio que gostei disso.
— Edward, não tem bolos à venda a essa hora – ri enquanto falava – Eu não me importo com o bolo.
Ele estava determinado, dirigia atento e a cada confeitaria fechada, ele colocava uma nova no GPS.
— É seu aniversário e eu derrubei bebida em você. É o mínimo que eu posso fazer por você, Bella.
Isso me fez rir. Era legal ver alguém, além de Alice, Jasper e Charlie, demonstrar tanto empenho assim pelo meu aniversário.
— Está tudo bem, minha roupa já secou... essa está fechada também – disse quando vi de longe que a confeitaria não estava mais aberta.
Edward franziu o cenho e não parecia contente.
— O que tem de errado com essa cidade que os estabelecimentos fecham cedo?
— Bem-vindo à Seattle – disse em tom de brincadeira.
Edward me olhou e riu.
Eu já sabia que não encontraríamos nenhuma confeitaria aberta, mas devo confessar que ele me surpreendeu quando decidiu parar em uma Walmart e comprou uma vela e um bolo. Era um bolo enorme.
— Você não vai acender essa vela agora – ele disse determinado.
Certo, acho que vamos ter uma briga aqui mesmo.
Olhei feio pra ele. Se ele me deu o bolo, eu devo ser capaz de acender minha vela quando eu quiser.
— Por que não? – questionei.
— Estamos no estacionamento, é um cenário feio pra caralho para acender uma vela de aniversário.
— Não me importo com o lugar – dei de ombros – Tem ideia melhor?
— Hum... sim.
Era malditamente óbvio, mas por alguma razão, eu não esperava que ele me levasse até a Baía de Elliott. Eu amo esse lugar e agora que estou aqui, me sinto arrependida por não ter vindo antes, faz tempo que não venho.
Suspirei alto e sorri contente.
— Eu adoro esse lugar – falei alto o suficiente para que Edward escutasse – Eu me sinto feliz e em paz quando estou aqui, mas tenho ficado tão atarefada no trabalho que tenho vindo pouco – confessei – Obrigada por me trazer.
— Sei como se sente. Eu venho aqui quando quero pensar – Edward disse, ele olhava para a escuridão da Baía iluminada apenas pela iluminação artificial dos postes da cidade – Mas agora, eu só achei que seria um lugar legal para você acender sua vela.
— E fazer um pedido – completei – Não se esqueça do pedido, isso é importante.
— Eu jamais esqueceria do pedido.
Fomos para o mais próximo possível da baía, me sentei em um banco, Edward colocou o bolo em minhas mãos e acendeu a vela. Na hora de fazer um pedido, eu não sabia bem o que pedir, fechei os olhos e pensei. Não tinha nada que eu quisesse desesperadamente...
Antes que a vela apagasse, porque estava ventando bastante, decidi qual seria meu desejo.
"Quero conhecer alguém legal".
Não é que 'ah meu Deus, isso é prioridade', mas seria bacana parar de sair com idiotas. Devo ter alguma espécie de dedo pobre para homens ou alguma coisa assim, sempre escolho os piores e me arrependo no final. Tenho certeza de que Jacob me deixou com sérios problemas de confiança... e emocionais também. Principalmente emocionais.
Quando abri os olhos, Edward me olhava intensamente. Tudo que eu vi foram olhos verdes, sardas e o seu sorriso. Não era um sorriso total, era apenas um dos cantos do seu lábio repuxado para cima formando um sorriso torto, mas era hipnotizante.
Estava frio e ventava bastante, o vento fez seu cabelo ficar em sua testa e o vermelho do cabelo contrastou com o verde dos seus olhos. Eu quis esticar a mão e tirar seu cabelo dali, mas não o fiz, porque acabamos de nos conhecer. Não sorri, apenas continuei o observando.
O ar entre nós pesou, mas não pelo frio da noite ou de uma forma desconfortável, apenas... pesou. Eu quero conhecê-lo melhor, talvez devesse ter pedido isso...
Desviei os olhos porque não sabia o que fazer e aqui estava iluminado o suficiente para ele ver que meu rosto estava ficando vermelho. Eu podia culpar o frio, mas apenas não queria parecer idiota. Baixei os olhos para o bolo e forcei um sorriso. É difícil sorrir enquanto tento entender porque estou me sentindo assim tão repentinamente.
— Acho que já fiz um pedido – falei, mas minha voz soou tão baixa que não tenho certeza se ele me ouviu.
Ficamos em silêncio e quando o silêncio foi quebrado, por ele, sua voz estava grave e rouca.
— Feliz aniversário, Bella.
[...]
Quando acordei pela manhã, quis me socar, gritar ou arrancar meus cabelos. Talvez tudo isso junto.
Na volta, Edward se ofereceu para me deixar em casa e recusei, não porque não queria, mas porque meu carro estava no estacionamento do pub. Quando voltamos, Alice perguntou onde estávamos e eu mais lhe despistei do que respondi realmente.
Eu realmente me diverti com Edward na noite passada, mas só agora a compreensão de que eu não peguei o seu número, e nem lhe dei o meu, me acertou. Estávamos tão distraídos conversando que sequer isso me passou pela cabeça. Merda, eu devia ter lhe dado meu número.
Era sábado, eu estava entediada e precisava me alimentar. Escovei os dentes, coloquei uma roupa qualquer e fui até o supermercado mais próximo. Era perto, então fui a pé.
Coloquei um pote de sorvete, absorventes, pizza congelada, petisco para gato e alguns chocolates na minha cesta. Estava olhando o rótulo de um feijão enlatado, afinal eu precisava de algo saudável, quando ouvi a voz de Edward atrás de mim.
— Oi – ele me cumprimentou.
Edward tinha divertimento em sua voz, e em seu rosto, e me olhava com o cenho franzido em curiosidade.
Merda. Eu estava usando minha legging rosa com estampa de unicórnios e uma blusa roxa com a estampa de uma capivara tomando sol. Não é por nada, mas essa é minha roupa "anti homens inconvenientes". Sempre a uso quando vou ao mercado e não quero que nenhum sujeitinho ache que é uma boa ideia flertar comigo.
Sempre funciona, mas agora, eu estou muito arrependida de ter escolhido essa roupa. Se eu soubesse que o encontraria aqui, teria me arrumado melhor. Por Deus, eu estou com um coque mal-feito e sandálias verdes.
— Edward, oi – o cumprimentei, mas tenho total ciência que meu rosto deve estar vermelho como um tomate maduro – Que... coincidência te encontrar aqui.
Não pude deixar de notar que ele usa bermuda e moletom e eu estou parecendo uma louca. Fantástico.
— Eu moro aqui perto – ele respondeu, um daqueles sorrisos que é só o repuxar do canto de boca em seus lábios – O prédio cinza no fim da rua.
Prédio cinza...?
— Eu moro naquele prédio também – falei, um pouco mais empolgada do que devia – Que coincidência.
— Não sei se acredito em coincidências.
Tinha algo em seus olhos, não sei dizer o que, mas era no jeito que ele me olhava. Me fazia ter uma sensação engraçada no estômago e meu coração ficava acelerado e as palmas das minhas mãos suavam... era uma sensação boa. E ele me olhava como se gostasse do que via, mesmo eu vestindo minha pior-melhor roupa anti-pessoas. E ele é gentil, eu gosto disso.
— Qual o seu signo? – perguntei.
Era uma pergunta idiota, mas não pude evitar.
Edward balançou a cabeça e riu.
— Você não acredita em signos – acusei.
Não precisava perguntar, estava escrito em seu rosto.
— Não – ele confessou – Mas se eu acreditasse, diria que sou de gêmeos. Ou ao menos foi o que minha irmã disse.
— Ah... esse ceticismo... é típico de gêmeos – revirei os olhos – Você tem uma irmã? – perguntei surpresa.
Conversamos bastante na noite passada, mas não realmente falamos sobre família.
— Sim. Uma irmã gêmea, o nome dela é Rosalie – Edward sorriu, parecia saudoso, devo sentir falta da família – Ela é a pior.
Isso me fez rir alto no meio do mercado. Eu não a conheço, mas tentei ir em defesa da irmã e Edward me contou algumas histórias de como ela os metia em confusão quando eram mais novos. Eu estava interessada em saber mais sobre ele, sobre sua família, sobre suas histórias adolescentes...
Lhe contei algumas histórias minhas também, mas não tenho irmãos, então não eram tão interessantes quanto as suas. Não vi quando, mas Edward já tinha pagado pela minha compra e carregava minhas coisas até nosso prédio. Só percebi que chegamos quando me vi parada em minha porta com a chave na fechadura.
Confusa, franzi o cenho e o olhei inquisitiva.
— Como você sabia que eu morava aqui? – perguntei curiosa.
— Só te acompanhei até aqui – ele ergueu os ombros e sorriu tímido – E eu moro aqui – Edward apontou para o apartamento em frente ao meu.
Minha boca abriu em surpresa. Eu sabia que na semana passada alguém tinha se mudado para o apartamento da frente, só não sabia quem era.
— Tá vendo? Coincidência – falei como se isso explicasse muita coisa.
— Algumas coisas apenas têm que acontecer, Bella – Edward disse e parecia convicto de duas palavras – Coincidências não existem, apenas as coisas que deviam acontecer
— E você se mudar para o apartamento em frente ao meu é uma das coisas que tinham que acontecer e não coincidência? – questionei cética.
Edward me olhava como se pensasse em sua resposta. Mordi o lábio, porque queria que ele respondesse, mas vi quando seus olhos se prenderam em meus lábios. E eu gostei.
Eu quero beijá-lo.
— Sim – Edward por fim respondeu.
Eu já nem lembro mais qual era a pergunta.
— E isso é uma coisa boa?
— Isso é uma coisa ótima, Bella.
Sua resposta fez meu coração acelerar. Eu o conheci ontem, não tem como eu gostar de alguém assim tão rápido. Só estou nervosa porque ele é bonito e só por isso meu rosto está vermelho. É só isso.
— Você precisa de ajudar para levar as coisas lá pra dentro? – ele perguntou ao mudar de assunto.
Balancei a cabeça para afastar esses pensamentos.
— Claro – concordei.
Abri a porta com cuidado para que Lola, minha gata, não fugisse. Essa safada foge em toda oportunidade que lhe aparece. Gata ingrata.
— Hum... você pode fechar a porta? – pedi assim que Edward passou pela porta – Minha gata pode fugir, ela é uma ingrata.
—Você tem uma gata? – Edward perguntou fechando a porta atrás de si.
— Sim, a Lola – o olhei desconfiada – Você não gosta de gatos?
— Gosto – ele respondeu e soou sincero.
— Certo – concordei – Pode deixar as coisas aqui – apontei para a ilha da cozinha – E você não devia pagar pelas minhas coisas, agora eu tenho que te devolver o dinheiro e eu não fui ao banco... você aceita cartão?
Edward riu alto e colocou minhas compras onde eu indiquei.
— Bella, você é...
—Maluca? – o interrompi.
Ele balançou a cabeça e riu ainda mais.
— Absurda.
— Bobagem – fiz um gesto displicente com as mãos.
Tirei as coisas da sacola e comecei a guardá-las no armário, mas então lembrei de Lola...
— Edward, tenha cuidado com a Lola, sim? – disse enquanto guardava as coisas – Ela é arisca, não gosta de pessoas no geral, mas pessoas desconhecidas ela odeia um pouco mais – subi em uma cadeira para guardar no armário em que eu não alcançava – Ela adora arranhar as pessoas e a unha dela é afiada.
— Você está falando dessa gata aqui?
Arregalei os olhos em surpresa quando olhei para Edward. Ele estava com Lola deitada em seu colo, ronronando manhosa enquanto ele fazia carinho em sua cabeça. Mas que merda?! Lola odeia todos, eu bem lembro que ela quase arranca a pele do braço de Jacob, uma pena ter sido mal-sucedida, e arranhava o rosto de Riley sempre que podia. Até mesmo Jasper ela ainda morde o pé dele, mas com Edward, ela está feliz deitada em seus braços e ronronando.
— Você drogou minha gata – acusei.
Não que isso fizesse sentido, mas era a única explicação plausível que eu conseguia pensar.
Edward jogou a cabeça para trás e gargalhou alto. Eu mal o conheço, mas amo a sua risada. E acho que isso pode ser um problema.
— Eu não droguei sua gata – ele respondeu entre risadas – Ela esfregou a cabeça na minha perna e eu a peguei. Acho que você está exagerando, ela parece demasiadamente dócil.
— Não, você drogou minha gata sim – repeti.
Para mim, ainda não faz sentido Lola estar tão pacífica no colo de Edward. Eu provavelmente também estaria muito pacífica se ele me segurasse desse jeito. Não consegui evitar suspirar.
Edward riu e veio até mim, ele segurou minha mão e deu um passo para trás.
— Vem, desce dessa cadeira ou você pode se machucar – ele disse gentilmente – O que você quer que eu guarde?
Desci com sua ajuda e lhe passei as coisas que deveriam ser guardadas. Ele ainda carregava Lola, mas agora só com um braço, enquanto guardava minhas compras. Ele nem sequer fazia esforço. Edward é tão alto que alcança facilmente até meus armários mais altos.
Parecia uma cena tão doméstica, ele guardando as compras de mercado enquanto eu o ajudo e Lola ronrona em seu colo. Preciso parar minha mente antes que ela vá longe demais.
Servi uma taça de vinho para ele e para mim. Era estranho que Lola se recusasse a deixar o colo de Edward. Sentamos em meu sofá e conversamos pelo que pareceu horas, e realmente, foram horas. Já era fim de tarde e estava chovendo lá fora quando Edward se despediu.
Lola não ficou feliz quando Edward a colocou em meu colo. Gata ingrata, eu a alimento, dou amor, comida e um lar e é assim que ela me retribui?! Ingrata.
— Edward – briguei com ele antes que ele passasse pela porta – Você não me deixou pagar pelo prejuízo do seu carro e agora pagou pelas minhas compras, isso não está certo. Me deixa te pagar de volta o que você gastou no supermercado.
— Não tive prejuízo no carro e não me importo em pagar pelas compras de hoje.
— Eu não vou aceitar um não como resposta – deixei Lola no chão e cruzei os braços – Me deixa te pagar – insisti novamente.
Edward se escorou no batente da porta e colocou as mãos nos bolsos. O jeito como ele se assomava sobre mim devia ser enervante, mas não era. Eu gostava.
Minha respiração estava pesada e eu queria muito tirar o cabelo que insistia em cair em seu olho. E assim eu o fiz. Estiquei a mão e arrastei a ponta dos dedos em sua testa, afastando os cabelos dali. Edward me olhava nos olhos, ele não desviou os olhos de mim em nenhum segundo e não me pediu para parar, então eu não parei.
Acariciei sua testa e deslizei os dedos pela lateral do seu rosto, sua bochecha até chegar em seus lábios. Contornei-os com a ponta dos dedos e mordi meus próprios lábios. Eu queria beijá-lo, mas acho que isso seria um pouco demais.
Edward segurou na barra da minha camisa e me trouxe para mais perto de si. Foi um movimento sutil, mas não me passou despercebido.
Eu podia ver a pergunta em seus olhos e assenti lhe dando permissão. Ele levou a mão até minha cintura e me puxou para perto, meu coração acelerado em antecipação. Eu quero beijá-lo e quero tanto que seja bom.
Ele se inclinou sobre mim e eu espalmei a mão em seu peito. Edward encostou os lábios nos meus, nossos lábios apenas se encostando, ainda não era um beijo, mas me deixava ansiosa por mais. Suspirei em sua boca e tenho certeza de que ele podia sentir como meu coração batia forte em meu peito.
Eu o quero. E acho que é recíproco.
Suspirei quando Edward me beijou de verdade. Ele tinha gosto de vinho e dele mesmo, seu gosto era viciante. O jeito como sua boca se encaixa na minha e a forma como suas mãos agarram minha cintura me puxando para perto dele...
Senti minhas costas serem pressionadas contra o batente da porta enquanto seu corpo pressionava o meu. Passei os braços ao redor do seu pescoço e acariciei sua nuca enquanto sua língua explorava minha boca. A sua mão subiu pela minha costela e parou a centímetros dos meus seios, mas eu não queria que ele tivesse parado.
Ah, merda. Eu nunca beijei assim.
Ninguém nunca despertou tanto desejo em mim e eu queria tê-lo.
Edward me deu dois selinhos quando finalizou o beijo e isso era apaixonante pra caramba. Quer dizer... ele estava me devorando há segundos e finalizou sendo a porra de um cavalheiro. Como ele consegue?!
Eu estava ofegante e quando abri os olhos, Edward sorriu para mim. Era o sorriso mais lindo que eu já o vi dar, era um sorriso completo e era pra mim. Retribuí seu sorriso porque era impossível não o fazer.
Ele ainda me olhava nos olhos quando disse:
— Me deixa te levar pra jantar – sua voz estava rouca e grave, suas pupilas estavam dilatadas e eu queria levá-lo para minha cama.
Balancei a cabeça em negativa.
— Não – respondi – Eu já estou te devendo, não ache que eu esqueci que você pagou pelas minhas compras, eu ainda tenho que te pagar por isso...
Edward riu.
— Então me leva pra jantar e estaremos quites – ele sugeriu.
Essa é uma ideia bem melhor.
— Me dê trinta minutos e eu te levo no melhor restaurante que Seattle tem a oferecer.
[...]
Era um restaurante na orla da Baía de Elliott. Não era elegante e não era caro, o ambiente era rústico e não tinha muita gente, mas a comida era boa e eu adorava esse lugar. Edward não pareceu se importar com o ambiente, era minimalista e intimista, e acho que ele gostou.
— Eu já tinha te visto antes – Edward disse, ele parecia meio sem graça em confessar isso – Te vi no dia que me mudei e algumas outras vezes. Eu queria puxar assunto com você, mas fiquei com medo de você achar que eu era algum esquisito que falava aleatoriamente com pessoas desconhecidas, então não o fiz – ele ergueu os ombros sem jeito.
Eu questionei como que morávamos no mesmo prédio e nunca havíamos nos visto antes. Isso me deixou completamente surpresa, especialmente porque eu nunca havia notado a sua presença.
— Você poderia ter falado comigo, sabe... – lhe disse e esperei uma batata com o garfo – Eu não acharia você esquisito, mas talvez ficasse tímida. Você é bonito demais para o seu próprio bem.
Edward franziu o cenho e bufou uma risada. Ele balançou a cabeça em negação, como se rejeitasse essa ideia e fosse algo absurdo de se dizer.
— Você sabia que eu estaria no pub ontem? – perguntei.
Eu estava curiosa, queria saber o que ele sabia sobre mim, mas até agora, ele só sabia que morávamos no mesmo prédio e que tinha gostado de mim à primeira vista.
— Ah, não – Edward riu – Te encontrar lá foi uma surpresa, mas você ser amiga do Jasper foi uma surpresa ainda melhor. Mas fiquei realmente preocupado com você quando bateu seu carro, você estava deitada sobre o volante, achei que pudesse estar passando mal.
— Era meu aniversário, o dia mal tinha começado e eu bati o carro. Estava me perguntando por que essas coisas acontecem comigo.
— Você se machucou?
— Não... eu estou bem.
— Eu estou bem – ele disse na mesma hora em que o respondi dessa forma.
Isso me fez rir e eu belisquei sua costela.
"Ai" ele disse, mas claramente não sentiu dor.
Eu estava nervosa antes de virmos, mas agora, eu estava apenas feliz de termos feito isso. Acho que gosto de conversar com ele.
Eu o trouxe porque não podia deixar que ele pagasse minhas coisas e no final da noite, spoiler: ele pagou a nossa conta do mesmo jeito.
Eu briguei com ele e ele então disse que eu o devia outro jantar.
Não percebi quando ficamos tão próximos, tudo que eu sabia era que nós dissemos oi e lembro da chuva caindo mais cedo. Desde o nosso primeiro jantar, não ficamos um dia sequer sem nos falar, nossos beijos esporádicos viraram constantes e nossos "até logo" de quando íamos para nossos apartamentos no fim do dia viraram noites compartilhadas com um dormindo na casa do outro.
Em algum momento ao longo do ano, Edward me levou em Chicago para conhecer seus pais, era aniversário de Esme, sua mãe, e ela é a mulher mais incrível e amorosa que já conheci. Edward estava certo, Rosalie é a pior, mas não no sentido ruim da palavra, eu a adoro. Em certo domingo, Edward estava em Forks assistindo a algum jogo com Charlie e ambos dividiam uma cerveja quando ele diz: "você deixa eu namorar sua filha?". Isso era tão antiquado, mas era tão Edward.
Ele me pediu em namoro no único restaurante de Forks quando a garçonete que nos atendia trouxe a única sobremesa disponível no cardápio. E eu adorei isso.
No ano seguinte, já morávamos juntos. Nos mudamos para o apartamento dele porque era maior. Lola estava nos braços de Edward enquanto ele guardava as compras que fizemos no mercado. Ele não me deixa viver a base de comidas congeladas, então agora tínhamos comida de verdade em casa, mas o sorvete e as pizzas congeladas nós negociamos.
Ele vai me pedir em casamento hoje. Semana passada ele disse que queria passar o resto da vida comigo e eu lhe disse que queria isso também, então eu vi um anel em suas coisas enquanto procurava por um cachecol que eu havia perdido, também sem querer ouvi sua conversa com Jasper e agora ele está cozinhando minha comida favorita.
Por dentro, estou prestes a morrer de tanta ansiedade, eu vou dizer sim, mas eu vou esperar até que ele peça, porque quero a surpresa.
Edward olhou para mim e sorriu. Era um sorriso que ele dava apenas para mim.
'Eu te amo' murmurei sem emitir som.
O sorriso em seu rosto aumentou ainda mais. Ele estava feliz. Eu estava feliz.
Não sei bem quando chegamos aqui, tudo que eu sei é que nós dissemos oi, e então, tudo mudou.
