Na clareira, 31/10 — 00:00h

Depois de alguns minutos de caminhada chegamos na fogueira. Assim que me aproximo reparo na presença de duas mulheres. Uma das mulheres era mais velha, ela usava um manto com capuz e a outra mais nova estava segurando um violão, ambas estão do outro lado da fogueira. Assim que chegamos fizemos um círculo em volta da fogueira, somos nós, a mulher de azul e suas amigas rondando em volta da fogueira ao toque de uma música celta cantada e tocada no violão.

Quando a música acaba a mulher de vestido azul vai até a mulher mais nova e explica o que deseja para ela, na volta ela pega a minha mão fechando a roda. Ela então fala perto do meu ouvido:

— A próxima música você saberá cantar Ruki!

— Não acho que sei cantar músicas celtas, mas gosto do ritmo. — explico perto de seu ouvido.

— Vamos tocar uma música sua que combina com essa noite especial. — disse ela com um riso pequeno.

— Mas qual seria? — pergunto espantado.

— Só escute o som e você vai descobrir! — Ela me olha com ar de enigmática.

Os outros também estão esperando a música começar, assim que as primeiras notas do violão tocam fico surpreso que a mulher mais nova consegue tirar de letra, essa música difícil sozinha. Não perco tempo e começo o solo cantando e todos cantam juntos alternando entre o coral e a melodia que só tem em Dogma.

Os disfarces estão em decadência

Os crimes que eles falam de um mundo em declínio

Ganância morre através da nossa própria ubiquidade

Eu nego tudo

Eu nego tudo isso

Eu nego tudo

Enquanto eu aceito a escuridão, seu isolamento se torna cerimônia

A verdade precisa existir lá

Eu devoro a ideologia de multidões frenéticas,

E cubro eles com "uma escuridão que não deve misturar"

A concretização dessa ideia aberrante do rebanho desafia deus

Eu vou ser um deus sem cérebro

Destinado a rastejar por essa terra

então dance com a escuridão,

Tornando-se um ídolo, uma certeza

Eu vi a maneira como a ganância morre,

Não há dúvidas em minha mente

[Crime]

Rebanho de marionetes iguais

Ódio crescente

Tenho pena de você

[Crime]

Odeie a sua vida

Rebanho de marionetes iguais

Ódio crescente

Derrubando deus, aqui nós vamos oferecer morte

Suas vozes incontáveis lá fora, sigam o som do meu aplauso

Vamos nos tornar escuridão e trazer

A morte mais perfeita

Eu vou envolver esse mundo em escuridão

A escuridão desse mundo

Começa hoje a noite…

(…)

P.O.V. Ruki OFF

Eles estão tão distraídos cantando a única música que conheciam, se sentindo relaxados e por isso, que não percebem que a música estava sendo usada como cântico e sua letra invocava realmente a escuridão. Em volta da fogueira começa a se formar sombras negras, elas sobem até o alto e voltam em forma de fumaça negra que começa a circular as chamas da fogueira, elas soltam deliberadamente as mãos deles e dão um passo atrás deles os abraçando carinhosamente.

No entanto, assim que a música acaba, elas permanecem abraçadas a eles, se balançando ainda no ritmo da melodia final. A surpresa e o susto vem em seguida quando eles tentam se soltar do abraço, mas elas pareciam ter dobrado suas forças e os seguram, mantendo-os ali no lugar, presos a elas.

A mulher celta mais idosa tira o capuz, pega um pergaminho antigo e desenrola começando a ler o mesmo em voz alta o que está escrito.

— Vamos nos tornar a escuridão com realização da profecia dos escolhidos que irão doar a semente para gerar o filho da escuridão para o mundo humano. Então começa hoje à noite: Quando a lua de sangue estiver posicionada na noite do dia das bruxas. Os escolhidos da terra do sol nascente estarão no local indicado pela escuridão cantando sua própria música em volta da fogueira como ritual e selando seu destino. Nessa noite a escuridão vai envolver o mundo trazendo a perfeição da morte.

— Sabe aqueles padres? Não queriam sequestrar vocês, queriam protegê-los de nós e da profecia da escuridão.

Ruki se sacode nos braços da mulher sem sucesso, os outros também estão lutando para se livrar do abraço que os mantém presos.

Assim que a mulher fala ao seu ouvido, a fumaça negra se move na direção deles e assim como os outros, tentam com suas últimas forças se soltar. Mas a única coisa que sentem é serem envolvidos por aquela fumaça que entra por suas bocas e possui seus corpos e almas. A partir daquele momento sabem o que são e o que podem fazer.

As mulheres soltam eles ao perceberem que o ritual e cântico deram certo. Quando todos os homens da banda se viram para elas e notam que suas órbitas oculares estão totalmente pretas cobrindo toda íris, nenhum ponto branco existe.

Elas os observam e não somente os olhos mudaram, mas suas feições sombrias estão maliciosas com um desejo profundo a ponto de explodir, eles também exalam um perfume tão sexualmente forte que no mesmo instante todas as cinco bruxas ficam excitadas e exalam isso.

Não demora muito e tudo vira uma pequena bagunça, os cinco invocados começam a fazer o que vieram fazer ali. Deixar a semente do mal no mundo.

Não havia nada de romântico nem carinhoso ali, as bruxas sabiam o que viria e os invocados não tinham tempo para perder.

Na posição mais rápida que encontraram e a mais fácil, as bruxas levantam suas saias e abaixaram suas roupas íntimas enquanto os invocados arriaram as calças e cuecas.

O ato foi rápido e da forma mais limpa que os demônios conseguiram fazer, quando ejacularam já sabiam qual mulher foi fecundada e o pai da escuridão estava escolhido.

O símbolo do pentagrama de Dogma começa se desenhando no ombro do escolhido como uma tatuagem de ferro quente. Então a escolhida pega o punhal cerimonial e corta sua palma da mão fazendo o sangue descer pelo corte. Ela assim como as outras levantam do chão ficando sentada de frente para o seu lindo youkai japonês, leva sua mão ensanguentada até o ombro dele fundindo seu sangue com o escolhido, e agora eles estavam ligados como os pais do filho da escuridão.

Os outros ao verem que o escolhido foi marcado aumentam seu desejo ardente por elas. Beijando-as com fogo e prazer fazendo seus instintos ferverem num misto de euforia e tesão, então olham seus olhos negros que parecem chamas e sentem suas almas queimando, o ritmo cardíaco delas aumenta ao extremo causando uma parada cardíaca levando-as ao infarto coletivo. Assim elas caem uma por uma na relva já sem vida, mas com um sorriso no rosto, vê-se as fumaças negras saindo deles e voltando para fogueira e seus corpos caem ao lado delas.

A fumaça negra sai do escolhido por último. Ele continua nos braços da bruxa, que o coloca cuidadosamente no chão acariciando seus cabelos e sua face que agora parece de um anjo, mas sente um desespero e suas lágrimas escorrem ao olhar para ambos os lados e ver que suas irmãs serviram como sacrifício do ritual.

A anciã e a mulher do violão que presenciaram tudo vem ao encontro da escolhida, ajudando a levantar, sua missão agora é cuidar do filho da escuridão. Entretanto, ela não quer sair de perto dele e fica acariciando seu rosto.

— Ele é tão lindo! Preciso dele, eu o amo e quero ele para mim!

A mulher mais nova a repreende.

— Você não pode tê-lo, ele pertence à Escuridão agora.

A anciã chega mais perto dela e revela o porquê dela não poder ficar com ele.

— Como o ritual foi aceito e a profecia se concretizou. A Escuridão levou nossas irmãs como sacrifício para que eles carregassem a semente do mal para gerar mais quatro crianças, assim formando o Legado do deus da Noite Eterna, não podemos interferir nos planos da Escuridão, apenas junte suas coisas e vamos embora, eles já estão acordando.

As duas pegam a escolhida pelo braço e a arrastam para dentro da floresta no sentido oposto da fogueira, ela se vira e olha pela última vez o seu lindo escolhido com olhos cheios de lágrimas por ter que deixá-lo para trás.

(…)

A luz da lua já estava começando a sumir no céu e a fogueira foi reduzida a cinzas, só se escutava o crepitar duas brasas ainda em chamas. Um barulho incessante de um toque musical rompe o silêncio da noite, fazendo eles acordarem assustados no meio do mato sem saber o que estaria acontecendo. Todos continuam meio lentos e os olhos um pouco embaçados, ambos levantam as costas do chão e se entreolham, em seguida percebem que as mulheres da festa estavam deitadas ao seu lado.

Eles tentam acordá-las, entretanto são surpreendidos quando tocam nelas e elas não se movem, então eles puxam o braço delas e veem corpos sem vida e com os olhos queimados. É uma visão aterrorizante, suas acompanhantes estavam mortas.

O desespero toma conta dos cinco homens ali presentes, que se afastam delas, se levantando rapidamente e se juntam no meio daquele círculo onde existia uma fogueira.

Sem saber muito o que fazer e meio que por instinto de sobrevivência e muita adrenalina, eles fogem e correm sem parar com medo e pavor de quem ou o que matou as mulheres ainda estivesse por perto e voltasse para acabar com serviço matando eles também.

Logo eles avistam a escola e as luzes da festa estariam a salvo, foi o que pensaram.

Na escola, seus amigos haviam ficado preocupados com o sumiço deles sem aviso, na última vez que os haviam visto estavam no salão dançando e bebendo, depois não os viram mais. O tradutor que havia saído para fumar também havia voltado e perguntava sobre eles por aí, a festa já estava chegando ao fim, mesmo que tivessem arrumado companhia já era hora de voltar.

Todos se encaminham para fora do colégio para descobrir onde eles teriam ido e perguntavam para as pessoas da festa se os haviam visto. O mais estranho é que a resposta era sempre negativa, chegando na porta de entrada eles os avistam sentados nas escadas ofegantes como se tivesse corrido uma maratona.

Ruki é o primeiro que vê o staff, os câmeras e sacode os outros que viram ao mesmo tempo. Eles se levantam e abraçam os seus amigos e pedem para ir embora urgentemente, os amigos ficam preocupados com o estado de desespero e medo que eles se encontram, porém, o halloween pode ser assustador para alguns desavisados.

O staff americano chega com a van e eles entram rapidamente olhando para todos os lados, como se alguém os estivesse perseguindo-os e partem rumo ao hotel, onde com certeza estariam seguros.

Durante o caminho de volta eles tentam desviar das perguntas, de onde estavam e o porquê daquele estado que eles se encontravam.

(…)

Já no hotel, eles entram sem dizer uma palavra sobre o acontecido. Todos pensavam o mesmo "Será que aquilo foi verdade? Teria acontecido mesmo? Talvez tivesse mais do que álcool naquele ponche, alguma droga que criou confusões na mente com a influência do halloween. Se fosse verdade, aparecia algo no noticiário da TV?" Eles olhavam a TV do saguão enquanto esperavam o elevador. "Essas mortes deveriam aparecer no plantão de notícias, mas se nada ainda foi falado, seria uma brincadeira de mal gosto do halloween?"

O elevador chega, eles entram e no corredor eles se despedem com um "boa noite", mesmo quase sendo dia, entram em seus quartos e vão dormir.

O voo de volta para o Japão estava marcado para às 18 horas, eles dormiram quase o dia todo, já passava das 15 horas e nenhuma mala ainda estava arrumada. Foi uma confusão, mas se eles não se apressassem, perderiam o voo. Apesar de ser outono, estava fazendo muito calor e todos optaram por uma regata que deixava os ombros bem amostra, carregavam uma blusa de frio no braço devido ao ar condicionado do avião. Cada um carregava sua mochila de carrinho, eles também estavam com seus óculos escuros, chapéu e não podemos esquecer de suas máscaras cirúrgicas, o elevador que os levava para o térreo era inteiro de espelhos.

Um deles olha para as costas do outro.

— Nossa! O que é isso no seu ombro? — Ele se vira para se olhar.

— Parece ser uma tatuagem? — pergunta o outro.

— Com certeza você não tinha isso ontem! — Mais alguém nota.

— Gente, o que tinha naquele ponche? — exclama mais um sobre a tatuagem.

— Devíamos estar muito bêbados ontem à noite, eu não me lembro de fazer uma tatuagem com o símbolo do pentagrama do álbum, na verdade, não lembro de nada.

A porta do elevador se abre e eles seguem em direção à van que os levará ao aeroporto.

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Contínua em Creepy Night — A Série