Capítulo 8 - Os 5 caminhos

P.O.V Ruki

Dois dias depois: 6 de novembro

Os dias passaram rápido, logo a manhã do ensaio chegou. Estava marcado para às 9 horas da manhã no prédio da PS Company. Ruki estava inquieto no seu apartamento, havia dormido pouco naquela noite, devia ser a ansiedade da turnê e o pouco tempo que ficariam no Japão, a agenda lotada de compromissos não o deixavam ter uma boa noite de sono. Insônia era praticamente normal para ele, já estava acordado por volta das 5 da manhã, para distrair a cabeça estava mandando mensagens no twitter.

Sentado na cama distraído, Koron sobe em seu colo pedindo carinho. Ruki com uma das mãos fica acariciando o pelo do animal e com celular começa a tirar umas fotos do pequenino postando em seguida no Instagram, em questão de minutos a rede fica congestionada de tantos acessos e mensagens de amor, pedidos de selfie.

— Olha só, você faz muito sucesso, é muito fotogênico — Ruki fala sorrindo com Koron no seu colo. — Veja quantas mensagens, faz mais sucesso que o papai.

Ruki mostra as fotos para o pequeno de olhos grandes no celular como se ele fosse uma pessoa, Koron parece entender e encara o aparelho.

— Se comporte até o papai voltar, seja um bom menino. — Ruki segura ele no colo para se levantar, coloca ele de volta na cama que se estica como se tivesse entendido e falado que ia ficar curtindo preguiça o dia todo.

Ruki olha as horas no relógio do celular, fica pensativo no que ele comerá e as coisas que tem para fazer hoje.

— Nossa! Já são 7:30 da manhã, prepararei algo para comer, acho que farei um exercício hoje, aproveitar a manhã e irei andando até o prédio do ensaio. Caminhar um pouco faz bem para a saúde, não é mesmo? — pergunta olhando para Koron que já se aninhou na cama e está com os olhinhos sonolentos.

Vai para cozinha, liga a cafeteira e faz um expresso, pega duas fatias de pão integral com o queijo branco, senta na cadeira e apoia os braços na mesa, vai comendo sem tirar o olho do celular, analisando suas publicações e algumas notícias. Pesquisa sobre a festa nos EUA, mas não encontra nada nem sobre o local, nem sobre a morte das moças, como se tudo tivesse sido encoberto, o que torna mais estranho ainda o aconteceu com eles naquele dia e o seu amigo aparecer com uma tatuagem no ombro.

Tinha que ser ideia do Kai e Uruha, querer conhecer os costumes locais e ir numa festa igual dos filmes, tava na cara que não ia prestar, olha só a confusão que se meteram, foi muito assustador aquele pesadelo que tivemos no avião, nem conseguiu dormir direto esses dia com medo de sonhar de novo. Pior foi a sensação de impotência e não poder fazer nada e ter aquela mulher morta nos meus braços, chego a arrepiar quando penso.

É provável que a mulher que sobreviveu vai ter um filho do Uruha, mas para que tudo isso seja só para engravidar e ir embora? Espero que ela não apareça com teste de paternidade exigindo pensão.

Falando nele, é melhor eu ligar para ter certeza que não esqueceu o ensaio, deve tá dormindo ainda. Vou terminar de me arrumar e ligo do prédio da PSC quando chegar lá. Caminho para o quarto, tiro meu pijama, visto uma calça jeans, uma camiseta da Nil, um moletom por cima e coloco um tênis confortável para caminhar.

— Koron fica bonitinho aí, papai já vai indo. — Ruki passa a mão no dorso do cãozinho sonolento — Até mais tarde, filhote. — Ruki se aproxima e dá um beijinho de adeus no Koron que dá um suspiro e lambe o nariz preto e úmido.

Ruki se encaminha para a porta do apartamento saindo e trancando-a em seguida, vai para o elevador que o leva até o térreo. Assim que as portas abrem ele desce encontrando com o segurança do prédio que o cumprimenta, perguntando onde ele vai e se oferece para acompanhá-lo até o estúdio que não fica longe, só dois quarteirões, não posso esquecer de ligar para aquele preguiçoso do Uruha.

(...)

P.O.V Uruha

Na casa do Uruha está tudo em silêncio, só é ouvido o som dos passarinhos da manhã nos galhos da árvore perto da janela do quarto, também o barulho da água da fonte no lago do quintal. O quarto começa a ficar iluminado com alguns raios solares que entram pelas frestas da janela, a cama queen size está com os lençóis e o cobertor jogados no chão, encolhido no meio de cama abraçado com um travesseiro Uruha dorme tranquilamente somente vestindo uma boxer preta, ao seu lado em cima do móvel seu celular está no vibra e tremendo como louco.

Quando foi dormir naquela noite depois que seu Yuu foi embora, deixou o celular somente na vibração e queria poder dormir sem ser incomodado de manhã. Passará aquele dia com o moreno, depois daquela noite de sexo selvagem que Yuu o arrastou batizando os cômodos da casa, nada melhor que acordar com aquele lindo homem de cabelos negros e pele bronzeada dormindo agarrado a si fazendo uma conchinha, a sensação era maravilhosa estava muito feliz por declarar seu amor por ele, e saber que era correspondido.

Quando acordou no dia seguinte levantou sorrateiramente, indo para a cozinha preparar algo para o café da manhã, ainda bem que Yuu comprou comida, pois não teria nada para servir. Arrumou numa bandeja dois copos de suco de laranja, umas torradas, mel e geléia que tinha trazido do hotel. Duas fatias de queijo branco, cortou também um mamão, e se preparou para levar para o quarto, mas o moreno apareceu na cozinha estragando sua surpresa.

Yuu olhou maravilhado a bandeja que eu tinha preparado e se arrependeu de ter levantado pedindo desculpa por estragar o momento, falei que foi até melhor que do jeito que sou desastrado podia cair na escada indo para quarto. Se aproximou e me abraçou selando meus lábios dizendo que me amava muito meu jeito desastrado de ser.

Depois do café da manhã, aproveitamos o dia de folga sentados no sofá só vendo filmes e séries, o moreno só levantou para fazer dois lámen para o almoço e voltamos para o sofá, o mundo à nossa volta não existia. Éramos só nós dois juntinhos passando uma tarde agradável sem nenhuma preocupação, no fim da tarde ele teve que ir embora levando a roupa da viagem numa sacola, afinal, tinha algumas roupas dele aqui. Só tinha deixado a mala no seu apartamento vindo para cá, seria melhor se morássemos juntos, assim ele não precisava ir embora.

Mas voltando ao presente, o barulho insistente do celular na cômoda faz Uruha esticar seu braço procurando o aparelho, que vibra sem parar, ainda sonolento sem abrir os olhos, imagina ser o Ruki, o único que tem insônia e ficar ligando direto para chamar os outros para trabalhar, já que ele não dorme ninguém também não podem ter esse luxo.

Uruha desbloqueia o celular para atender e deixa no viva voz, ainda sonolento.

— Moshi moshi, ah… Quem é? — Uruha atende bocejando.

— Por que demorou para atender, Takashima? — Um Ruki já sem paciência pergunta.

— Ainda é cedo, mãe só mais 10 minutos. — Uruha continua sonolento, nem estava prestando atenção.

— Não sou sua mãe! É o Ruki, está dormindo ainda? — Ruki já estava estressado no telefone.

— Ohayou Taka. Vai dormir homem, não quero conversar agora. — Uruha bate a mão no celular e desliga sem querer.

Não demora nem dois minutos o celular vibrar de novo, agora com chamada de vídeo, Uruha ignora deixando só no áudio, agora escuta uma voz nervosa do outro lado da linha.

— Moshi moshi.

— URUHA! Você esqueceu do ensaio? Levanta dessa cama agora ou chegará atrasado de novo. — Ruki sabe ser bem chato às vezes.

— Taka é você? Onde será o ensaio? — Ainda estou tentando saber onde estou.

— Lógico que sou eu, quem mais seria? — O baixinho fala irritado logo cedo. — No mesmo lugar de sempre, no estúdio da PS Company.

— Mas para que tanto alvoroço? Deixa eu ver as horas. — Pega o celular e com algum esforço olha as horas — Ainda são 8:30 da manhã, Taka. O ensaio é só às 10 horas da manhã, ainda tenho tempo para dormir mais.

— O ensaio está marcado para às 9 horas da manhã, Uruha! Se arruma e vem logo para cá. — Ruki deve estar subindo pelas paredes.

— Tudo bem, Taka, seu estressadinho! Chego em uma hora, pode ir se aquecendo sem mim. — Ouço ele resmungar e xingar do outro lado.

— Sua lerdeza é a razão do meu stress. Se demorar muito, você vai se ver comigo, Takashima! — Ele desliga o telefone sem deixar eu me despedir.

Péssima maneira de acordar, esse projeto de gente acha que pode ficar mandando na gente, ele nem é o líder da banda, sorte o Kai ter assumido esse papel, não ia suportar o Ruki dando ordens.

O Reita deve ter sangue de barata para aguentar os humores desse anão de jardim de voz grossa. Deixa eu me levantar senão ele liga de novo, a pessoa tem insônia e despeja sua ansiedade nos outros.

Uruha se levanta, indo até o banheiro faz suas necessidades básicas, entra no chuveiro para uma ducha rápida para acordar e aguentar o dia no estúdio. Enrolado numa toalha ele procura uma roupa leve e normal, acaba escolhendo uma calça jeans um pouco desbotada com rasgo no joelho, um cinto de tachinhas, uma boxer vermelha, uma camiseta branca manga curta e joga uma jaqueta de couro por cima, o sapato é um coturno preto simples de cano médio.

Uruha desce as escadas em direção a cozinha para preparar algo para comer, mas olha no relógio já são quase 9 horas não vai dar tempo de comer. Uruha abre a geladeira e vê um pouco de chá que sobrou, deve servir para enganar o estômago. Em cima do balcão ele vê uma maçã, e agradece por Yuu comprar frutas para ele. Junta a fruta mordendo-a até entrar na garagem onde está sua moto, termina de comer a maçã jogando-a no lixo ali perto, aperta o controle abrindo a porta da garagem ligando a moto, colocando capacete e partindo para o prédio da PSC Company antes que o Ruki ligue de novo.

Penso se o moreno já acordou, será que ele já saiu de casa? O que os outros estão fazendo? Será que o Ruki ligou para eles também? Ou é só comigo essa implicância?

(...)

P.O.V Aoi

O apartamento de Aoi, já está com as luzes acesas, ele está se arrumando, levantou mais cedo, pois passou o dia anterior na casa do Uruha, quando chegou no apartamento já era noite e nem a mala ele tinha desfeito.

Sabendo que no dia seguinte, teria que ir para o ensaio de manhã e não queria o Ruki no seu pé, preferiu desfazer a mala de noite, deixando já sua roupa para o dia seguinte separada.

Naquela noite só tomou um banho quente e procurou algo para comer, só encontrou um pacote de lámen e refrigerante na geladeira que tinha deixado quando viajou com a banda.

Quando foi para cama, lembrou da conversa que teve com Uruha no banheiro, seu namorado seria pai mas não sabia onde encontrar a mulher e seu futuro filho. Sem contar aquela marca tatuada no seu ombro, tudo era muito estranho, ainda não sabemos o motivo de tudo aquilo, era para ser só uma festa mas aqueles esquisitos vestidos de padres tinham que nos assustar, nunca vi tentar proteger agarrando e arrastando as pessoas, culpa deles fomos parar naquela fogueira com aquelas bruxas.

Ainda estou preocupado se não fizeram mais alguma coisa conosco, não lembramos direito do que aconteceu, só depois o pesadelo no avião que nossa mente clareou. A dúvida que ainda paira na minha cabeça é a frase da bruxa dizendo que fomos entregues como sacrifício para cumprir uma profecia.

Será que elas queriam só gerar uma criança com a nossa genética ou tem mais alguma coisa que ainda pode acontecer? Sinto calafrio só de pensar naquela fumaça negra me sufocando.

Iria pegar o trem para chegar no estúdio, já tinha me arrumado, vestia uma calça jeans escura e um tênis nike, optou por uma camisa preta e um blazer, já estava na cozinha tomando um café preto e umas bolachas, as compras que tinha feito deixou tudo na casa do Uruha.

Terminou de comer, pegou sua mochila e se aprontou para sair, já eram 8:30 da manhã, se demorasse mais chegaria muito atrasado, conhecendo bem o Ruki, ele já devia ter ligado para acordar o Uruha, por ele ser meio lento e demorar para acordar.

Saio e tranco o apartamento verificando duas vezes por segurança, me encaminho para o elevador para depois seguir o caminho a estação do trem, dependendo do movimento deverei chegar só um pouco atrasado, certeza que o Ruki ficou acordado na madrugada, já deve estar no estúdio dando trabalho.

Assim que chegar vou ligar para o Uruha. Será que o Reita e o Kai já chegaram? Ou também estão a caminho?

(...)

P.O.V Reita

No apartamento monocromático da agitada Tóquio há um som de água correndo, Reita está no chuveiro aproveitando toda a água quente num banho com bastante fumaça, o banheiro parece uma sauna. Reita tinha acordado cedo para se exercitar como não fazia há três dias devido a viagem de volta a sua residência.

No apartamento tinha montado uma mini academia em um dos quartos, composta por uma bicicleta ergométrica, uma esteira, uns pesos para exercitar os bíceps, um colchonete no canto da parede, uma barra fixada na parede e espelho grande disposto em uma parede.

Pode até parecer organizado, mas não se engane, Reita é bem desordeiro e a maioria das suas coisas, roupas e sapatos estão espalhados pela casa. Assim que chegou do aeroporto, deixou sua mala na sala, ainda não encontrou tempo para desfazê-la, só pegue o essencial e a deixou no mesmo lugar. Houve uma vez de fazer uma nova mala, só para não ter que tirar as roupas para lavar e esperar para colocar para viajar.

Depois do banho naquela noite, se encaminhou direto para a cozinha procurando o que comer, encontrou uma cerveja na geladeira e no armário um cup noodles, esse seria seu jantar daquela noite estranha que começou quando tiveram aquele pesadelo no avião. Os fatos ocorridos na festa e depois toda aquela sensação de medo e pavor de ter aquela mulher morta em seus braços, ainda está latente na sua mente.

Afinal, qual o sentido de tudo aquilo? Por que a mulher se referiu a eles como escolhidos da profecia da Escuridão? De onde surgiu essa profecia? Seu amigo apareceu com aquela tatuagem no ombro, que só descobriram como ela foi feita por causa do pesadelo que na verdade era uma lembrança bloqueada.

O pior é que nos enganaram usando nossa própria música, ganhando nossa confiança para depois fazer aquele ritual em volta da fogueira. Acabou por ir dormir preocupado, mas o cansaço da viagem, o fez desmaiar na cama assim deitou-se entre os travesseiros e o edredom.

Reita havia saído do banho, somente vestindo uma boxer cinza, adentrou em seu quarto procurando uma roupa, havia um monte em cima da cama, mas nenhuma que lhe agradasse no momento, encontrou no guarda roupa uma calça social bem larga como ele gosta de usar no palco, um tênis confortável, uma camiseta colada no corpo, que dava para ver seu peitoral bem definido, estava cansado da máscara e optou por uma das faixas, como ia pedalando até o estúdio seria melhor para não ficar marcado pelo raios solares.

Se dirigiu até a cozinha, pegando água na geladeira e colocando na sua garrafa da bicicleta para se hidratar durante o trajeto, seu apartamento ficava a quatro quarteirões da gravadora, olhou no relógio com cronômetro no pulso que já passava das 8:30 da manhã, logo chegaria atrasado para desespero de Takanori que tinha marcado às 9 horas da manhã.

Reita pega sua bike num canto do quarto academia, indo na direção da porta de saída do apartamento, comeria na lanchonete da PS Company ou talvez beliscar algum lanche que o Kai possa ter levado. Reita sai e tranca tudo direitinho, segue até o elevador, sua bike cabe certinho dentro dele, chegando ao térreo, cumprimenta o porteiro que lhe deseja bom dia e bom exercício, com a bike na rua Reita pedala em direção ao estúdio para o ensaio, antes que o Ruki ligue o procurando.

P.O.V Kai

No condomínio arborizado perto do centro fica localizada a casa do Kai, uma bela residência feita de madeira estilo colonial como se vê nos filmes e animes do Japão. Kai já se arrumou, ele está na cozinha, já preparou seu café da manhã, se sentando nas cadeiras aveludadas em volta do balcão de mármore com celular nas mãos está se distraindo com as redes sociais, já sabe que o Ruki madrugou pelas fotos que postou do Koron no instagram. Kai aproveita e posta um storys de bom dia para os fãs, uma selfie com celular no rosto está sem make, então achou melhor assim, ainda estava sonolento, não colocou o sono em dia ainda depois da viagem.

Quando desceu da van, naquela noite dias atrás seu maior desejo era fazer uma comida caseira, mas quando entrou na casa deixando a mala e os pertences na sala, foi até a cozinha e por terem ficado mais de dez dias fora não deixou nada na geladeira que pudesse estragar, a única coisa lá era dentro era um pote de maionese. Procurou nos armários algum pacote de lámen, achou só uma sopa de caneca em pó que deveria servir para matar a fome. Aqueceu a água e colocando seguida na caneca de porcelana em cima do pó da sopa, enquanto esperava esfriar, foi até o quarto passou por uma ducha rápida colocando seu pijama estando de volta à cozinha, pegou a caneca agora já morna e se dirigiu até o sofá.

Ajeitou-se no estofado e com o controle remoto, começou a procurar o que assistir, passou por vários noticiários internacionais, a maioria dos Estados Unidos, esperava encontrar informação sobre o ocorrido na festa de halloween, mas como nas buscas da internet não existia nada. Ainda estava assustado, como a morte de quatro pessoas não apareceria em nenhum relato ou página policial? Tudo foi muito bem encoberto, nem imagino o quão poderosa e cheia de recursos seriam essas pessoas dessa estranha profecia, certeza que são de alguma seita.

Ficou mais preocupado quando através daquele pesadelo, descobriram como a tatuagem foi parar no ombro do Uruha, o amigo seria pai sem sombra de dúvida, mas a bruxa foi embora e nenhum rastro de quem ela é ,ou o porquê daquelas bruxas morrerem como se fosse um sacrifício, ainda surta de pensar se aquela névoa negra ainda estaria no seu corpo?

Desligou a TV e foi para cama, amanhã iria na Konbini, comprar algumas coisas para preparar uma comida decente, agora estava muito cansado e precisava descansar, não via a hora de deitar na sua cama com seu travesseiro, depois de tantos dias em camas de hotel.

No dia anterior já tinha preparado algumas marmitas para levar no ensaio, montou também uma de café da manhã para Uruha, pois sabe que quando o ensaio é de manhã ele não tem tempo para comer e sempre acorda atrasado, acredito que o nervosinho do Ruki deve ter ligado para ele.

O interfone toca e Kai se levanta para atender o aparelho que fica perto da porta de entrada da casa, era o porteiro avisando que o táxi de Yutaka-san havia pedido acabará de chegar ele agradece e desliga o interfone.

Rapidamente Kai vai a procura do tênis, só falta ele para calçar, estava vestindo uma calça jeans escura, uma blusa branca de manga comprida, uma jaqueta de couro, havia pego seus óculos escuros e seu chapéu preto. Se encaminha até a geladeira, pega os Obentos e coloca numa mochila térmica, também a que fez para Uruha, devidamente pronto segue para a porta de saída da casa, dá uma última olhada para ver se não esqueceu nada. Já passava das 8:30 da manhã, quando entrou no táxi, agora é torcer para não ter muito trânsito até o prédio da PS Company.

P.O.V OFF

No prédio da PS Company um Ruki muito impaciente espera a chegada dos amigos para o ensaio, já passava das 9:30 da manhã, nenhum deles tinha aparecido ainda, nem o Kai que sempre é pontual para esses encontros.

Já tinha ido na porta inúmeras vezes, estava indignado com esses atrasos, somente Uruha costumava dar esse trabalho, hoje os outros também estavam curtindo da sua cara só pode, nem seu namorado ligou ou deu sinal de vida, tentou ligar mas só caiu na caixa postal, onde será que estava Reita?

A primeira pessoa a aparecer na esquina era Aoi, ele tinha descido na estação mais próxima do prédio e caminhava na direção da entrada do prédio, já tinha visto Ruki e sabia que ele estava uma pilha de nervos. Na sequência um táxi para na frente do prédio e vemos Kai descer com os Obentos numa mão e a jaqueta de couro na outra, ele acerta com o motorista e segue na direção do vocalista.

Logo atrás do táxi vemos uma moto fazendo um barulho de escapamento aberto estacionar, Uruha desce tirando o capacete segurando-o num braço e acertando o cabelo e o óculos no espelho, indo até onde Kai e Ruki estão, na calçada ele avista Aoi e passa direto pelos dois para encontrar com seu moreno.

Por último na calçada lateral, vemos uma bicicleta vindo na direção do estúdio, com um loiro com cabelos arrepiados e uma faixa no nariz, todos deduzem ser Reita e ficam esperando ele chegar até eles.

— Só pode ser brincadeira, né? — Ruki está bufando de raiva pelos atrasos — Vocês combinaram de chegar atrasados só para me irritar?

— Muito sem noção isso que você disse, Ruki — diz Kai olhando para o baixinho. — Cada um veio de um lugar diferente, não tem como, só se viéssemos de van para combinar em se atrasar.

— Já são 10:00 horas da manhã! — Ruki exclama alto as horas. — Por que demoraram tanto?

Eles se entreolham e ficam pensando numa resposta para a pergunta, fixam os olhares para o baixinho na sua frente e falam ao mesmo tempo.

— A culpa foi do... TRÂNSITO! — Todos respondem juntos e começam a rir.

— Ah tá. Vocês querem que eu acredite que chegaram todos juntos. — Ruki leva as mãos ao rosto acena com a cabeça em sinal de negação — E que a culpa foi do trânsito?

— Exatamente! — Reita diz empurrando a bicicleta para dentro — Aceita que dói menos Ruki — alerta deixando o baixinho sem ação para retrucar seu comentário, seguindo ele para dentro do prédio, assim como os outros também.

— Vamos entrar logo — diz Uruha pegando no braço do Aoi. — Eu estou com fome, porque uma certa pessoa ficou ligando e não tive tempo de comer.

— Aqui Uruha, fiz um Obento para você comer. — Kai entrega para ele a marmita de café da manhã que ele fez — Sabia que estaria com fome.

Uruha pega a marmita feita pelo Kai, agradecendo, adora a comida que o amigo prepara, ele é um ótimo cozinheiro.

— Por que só o Uruha ganha comida? — Reita reclama com Kai. — Eu pedalei até aqui, estou com fome também.

— Pronto! Todo mundo vai fazer intervalo para comer agora. — Ruki resmunga e sai batendo o pé — Hoje não sai esse ensaio.

Reita parece estar com ciúmes do agrado que Kai trouxe para Uruha, o engraçado é que ele sempre reclamou que não gosta que o Kai cozinhe, agora está brigando que quer comer também.

— Divide com ele, Uruha! — Kai fala sorrindo.

— Por que tenho que dividir com ele? — Uruha pergunta com uma cara triste abraçando o pote. — Você trouxe para mim.

— Uruha, para de ser criança e divide o lanche — ordena Aoi vendo o bico que o namorado estava fazendo. — Kai já fez muito em trazer lanche para você.

Uruha olha para o namorado que acabou de lhe dar uma bronca, o chamando de criança na frente dos outros, ele reclama pensando em fazer outra greve de sexo, mas acaba chamando o amigo para comer.

— Que chato vocês são. Nem sei como ainda somos amigos — reclama Uruha num tom meio chateado. — Vem Reita, vamos sentar para comer.

Depois de tantos anos de convivência e amizade, esses dois ainda se comportam como se ainda estivessem no Ensino Médio na hora do intervalo.

— Nem parece que são dois adultos. — Kai comenta rindo mostrando suas covinhas, indo se sentar com eles.

— Maturidade ficou no colégio! — responde Aoi, sentando-se ao lado de Uruha.

Passados alguns minutos, Ruki volta para a sala e vê eles sentados comendo e reclama de novo.

— A hora do recreio acabou. Podemos ensaiar agora? — Ruki tá do lado da mesa batendo os dedinhos.

— Como líder dessa banda. Acho que já está na hora do ensaio. — Kai fala meio debochando do Ruki que fica vermelho de raiva.

Todos começam a rir também, levantando indo em direção ao estúdio, Reita abraça o baixinho dando um beijo na sua bochecha, dizendo que ele precisa aprender a se descontrair um pouco, e não levar tudo a sério na vida, senão vai ficar velho antes do tempo.