Capítulo 10 - Dia cheio

O refeitório possuía uma mesa grande com cadeiras em suas duas laterais, no centro tinha uma ilha somente com saladas, frios, queijos e peixes crus. Na lateral temos um balcão com self-service, nas gôndolas tinha todo tipo de lámen, yakisoba, e outros pratos típicos daquela região em Tóquio.

Eles entram no salão, indo direto para o self-service, Ruki e Reita estão conversando e chegam primeiro, cada um pega uma tigela oval de porcelana mais um hashi e tigela retangular arrumando tudo na bandeja. Serviu-se do seu favorito lámen para ele e o Reita, na tigela colocou legumes cozidos acompanhado de molho shoyu. Reita reclamou que não queria legumes nem tomates, mas Ruki nem o ouviu e colocou no seu prato, indo se sentar na mesa para esperar os outros.

Yutaka foi o próximo, indo direto para o yakisoba com a tigela oval, já segurando seus hashis na outra mão, espetando rapidamente do macarrão, também pegou uns tomates, e foi na ilha das saladas e frios, depois foi sentar junto ao Ruki e Reita.

Yuu entra por último abraçando Kouyou, que parece melhor mas ainda um pouco pálido, os dois se encaminham para ao balcão de self-service. Yuu pega duas tigelas oval de porcelana e dois hashis , entregando uma para Kouyou que diz que não queria comer, mas ele o lembra que são ordens médicas que tem que se alimentar nas horas certas, mesmo fazendo uma cara de reprovação Kou aceita um pouco de yakisoba, seu namorado coloca gentilmente em sua tigela. Yuu também serve um pouco para si com mais alguns legumes acompanhado com molho shoyu.

Também pedem dois refrigerantes para acompanhar a refeição, os dois se encaminham para a mesa sentando ao lado do Kai de frente para o Ruki e o Reita.

— Uruha-san, se sente melhor? — pergunta Ruki segurando seus hashis.

— Sim, estou Ruki-san. Só estou com uma pontada na cabeça e uma dor atrás do olho — responde Uruha massageando a têmpora com os dois dedos.

— Alguma coisa ia aparecer depois do choque e do desmaio. -lll — disse Kai olhando ainda preocupado com o amigo.

— Alguém já parou para pensar, o que foi que aconteceu no ensaio? — Reita pergunta empurrando os legumes para a beirada do seu prato e todos se entreolham pensativos.

Até então eles não tinham parado para pensar nos eventos que ocorreram naquele ensaio desastroso. Primeiro foi a produção parando o ensaio, pois estavam assustados, em seguida Uruha ficou muito estranho, depois o choque e a correria quando as luzes piscaram e tudo pareceu pegar fogo e Uruha foi arrastado por ter desmaiado.

— Ainda não tive tempo para processar tudo o houve. — Ruki começa falando — Foi tudo muito estranho, a produção parou o ensaio e todos estavam assustados, dizendo que nossos olhos mudaram e ficaram pretos.

— E que pareciamos dêmonios de filme de terror — Reita completa. — Será que ainda estamos…

— Possuídos! — Uruha exclamou friamente mexendo em sua comida intacta. — Talvez? Não vejo outra maneira de explicar.

— Shima! O que você lembra? — Aoi pergunta tocando na sua mão que não para de mexer seu yakisoba sem comer nada — Quando encostei em você seu ombro ardia e sua tatuagem quase queimou minha mão.

— Só me lembro do Ruki falando sobre o pessoal da produção. — Uruha olha para Kai ao seu lado — O Kai dizendo que a música é apenas um pouco dark gótica e pedir para começar de novo.

— Uruha, mas antes você disse que agora era um feitiço. — Kai se refere ao comentário do amigo sobre a música — Sabe o que pode significar isso?

— Sério que eu falei isso? — Uruha olha para o Kai e outros também acenam com a cabeça em sinal de positivo — Não sei, cantamos essa música na fogueira, pode significar qualquer coisa. Uma ligação com minha tatuagem talvez…

— Lembra do que você disse depois do choque, quando te segurei antes do desmaio? — Aoi tenta fazer Uruha se lembrar — Quem você viu em perigo?

Uruha enrola um pouco do macarrão e o leva à boca mastigando pela primeira vez, segurando os hashis ele parou pensativo tentando lembrar o que aconteceu, quando levanta seu rosto percebe os membros olhando para ele esperando uma resposta.

— Tenho certeza que vocês vão debochar de mim, mas… — Uruha suspira bebendo um pouco do refrigerante e continuou — Eu vi uma criança parecida comigo sendo perseguida por um homem vestido de preto.

Uruha tinha razão, eles não conseguem segurar o riso, Ruki quase engasga com lámen e Reita bate nas suas costas para conter o acesso de tosse. Kai coloca a mão na frente da boca, tentando esconder o riso que sai baixo. Só Yuu dá crédito para o namorado.

— Yuu, foi uma premonição senti que a criança que estava fugindo era meu filho. — Uruha faz um bico e pega um pouco de macarrão e segue mastigando chateado.

— Kou, não fica assim! É engraçado porquê não poderia ser seu possível filho — explica Aoi passando a mão nos cabelos de Uruha.

— Por que não? — perguntou Uruha com um tom de voz nervoso.

— Pensa bem Uruha, não faz nem dez dias que isso aconteceu — respondeu Kai meio contendo a risada.

— E daí? O que tem a ver com minha visão? — Uruha está ficando irritado com eles.

— Seu "filho" ainda está na barriga da mãe. Não pode correr ainda — disse Reita rindo, fazendo o Uruha ficar envergonhado por ser verdade.

— Como posso ser tão lento assim? — Uruha está indignado com sua própria ideia — Me diz Yuu, foi o choque ou o desmaio que me deixou assim, sem noção?

— Shima, acho que nenhum, você já era lento antes. — Aoi não resisti e acaba zombando dele, que o olha com reprovação.

Uruha fica indignado quando seu próprio namorado faz um comentário caçoando do seu pressentimento em relação ao filho perdido, não estava louco, sua tatuagem ardeu muito e em seguida teve uma visão embaçada de que uma parte sua representada naquela criança que estava sendo perseguida, por aqueles padres que deveriam ser os mocinhos da história, seria tão absurdo assim acreditar nele.

— Até você Shiroyama? Pensei que fosse me defender. — Uruha não acredita que até o namorado está debochando dele — Eu cheguei a acreditar que vocês se importavam comigo.

— Uruha, não leve tão a sério, foi só uma brincadeira — disse Ruki sorrindo, terminando seu almoço. — Nos importamos sim, senão tínhamos deixado você desmaiado lá no estúdio.

— O Ruki foi o primeiro a fugir quando tudo começou a explodir e pegar fogo — comenta Kai com um olhar de reprovação para o Ruki. — Pensa que não vi?

— Em minha defesa, eu estava abrindo caminho para vocês... — Ruki se exalta com o comentário do Kai — Passarem com Uruha, não queria atrapalhar o resgate.

— Sabia que você fica muito pesado desacordado? — pergunta Reita olhando para o amigo enquanto empurra sua tigela para o meio da mesa, pois havia terminado sua refeição. — Precisou do Aoi e do Kai para tirar você de lá.

— Ah! Pessoal Gomenasai! — Uruha abaixa a cabeça, umas lágrimas escorrem no rosto — Não me atentei em como dei todo esse trabalho para vocês.

— Depois de todos esses anos você ainda não percebeu que somos uma família?— Kai expressa seu sentimento em relação ao amigo de longa data.

— Que cuidamos uns dos outros, na alegria e tristeza — Ruki completou a frase do Kai. — Não importa a encrenca, estamos juntos para tentar resolver.

— Vai, Kouyou termina de comer — disse Aoi carinhosamente. — Você precisa descansar um pouco antes da reunião.

— Ainda vamos ter essa reunião? — Uruha resmunga porque as reuniões são chatas e demoram uma vida para acabar.

— Não temos outro dia para repassar os locais da turnê — avisa Kai, ele também tinha acabado sua refeição e estava bebendo seu refrigerante. — Não se preocupe, será rápida dessa vez, tudo o que aconteceu hoje me deixou cansado.

(...)

Terminadas as refeições, eles saem do refeitório e se encaminham ao elevador, Reita e Ruki foram os primeiros a entrar no elevador, o baixinho ainda está meio na bronca com Kai que segue atrás por falar que ele fugiu da sala do estúdio. Aoi e Uruha são os últimos a entrar no elevador, ele parece um pouco melhor e está menos pálido.

O elevador sobe até o 3º andar, onde eles descem e vão até a sala onde tem um sofá grande, onde Aoi pede para Uruha se deitar e descansar, pois ainda não está seguro da sua recuperação. Uruha reclama com Aoi dizendo que está tudo bem, que não precisa ficar cheio de cuidados, que ele não é mais uma criança.

— Shiro, não precisa de nada disso! Estou bem pessoal — exclamou Uruha sentando no sofá sob os olhares de todos.

— Não sabemos ao certo, então é melhor você descansar — responde Aoi acenando para ele deitar. — Já pedi para um staff trazer um comprimido para sua dor de cabeça.

— Mas Yuu, eu não gosto de remédio, é difícil de engolir! — Uruha resmunga com Yuu que cruza os braços e faz cara de bravo — Também não precisa fazer essa cara. Como você é irritante quando quer algo.

— Irritante, eu? Só quero te lembrar que quase infartei naquela sala quando você desmaiou nos meus braços. — Aoi suspira forte e continua — Você não imagina tudo que passou na minha cabeça, o medo de te perder ou você acordar sem se lembrar de mim, passei por momentos que não desejo a ninguém.

— Uruha, o susto foi tanto que ainda estou meio abalado — disse Reita mostrando as mãos que ainda estão tremendo. — Amigo, descanse um pouco só queremos o seu bem.

— Não quero ter que carregar mais ninguém — disse Kai virando e pegando o copo de água com o comprimido das mãos do staff, e colocando nas mãos do amigo. — Agora beba e deite-se! Isso é uma ordem. Me respeite, sou líder dessa banda.

— Até você! Kai Líder-sama. — É raro deixar o Kai bravo, ele fica muito mandão, não é uma visão muito boa — Ok! Não tá mais aqui quem reclamou.

Uruha tomou o comprimido e aconchegou no sofá, Aoi tinha trazido uma almofada para o maior, que pediu para o moreno ficar ali com ele. Aoi se sentou na mesinha que tinha na frente do sofá e ficou acariciando o cabelo dele, em menos de cinco minutos o maior tinha pego no sono, o que deixou Aoi aliviado levantando e indo fumar um cigarro.

Ruki e os membros da banda resolvem repassar a pauta da reunião, ali mesmo a sala, o lugar tinha uma mesa com umas seis cadeiras, assim ficariam de olho no sono de Uruha. O maior nunca foi de participar mesmo das reuniões, sempre dormia no meio ou ficava conversando com o colega do lado .

Kai busca sua pasta na sala com todo o itinerário, contendo a relação dos equipamentos que devem ser levados para o pessoal da produção montar o palco no show, assim como os gods e produtos da banda que colocariam a venda, também os presentes para os fãs que participam do meet greeting.

Ruki foi avisar os outros membros da produção que o local da reunião seria na sala de descanso, pois eles estão preocupados em deixar o Uruha sozinho, assim estariam perto se acontecesse alguma alteração com seu estado de saúde depois do choque e do desmaio, naquele estranho evento no estúdio de gravação.

Como havia poucas cadeiras, algumas pessoas ficaram em pé em volta da mesa, Kai avisou que seria breve, pois também estava cansado e ainda um pouco assustado, arrastar Uruha daquela sala não foi fácil, o maior era muito grande e pesado, ele e Aoi quase-o deixaram cair durante o caminho.

— É o seguinte pessoal, na agenda ainda temos uma entrevista marcada para daqui há dois dias às 17 horas na Rádio Ameba Studio e depois eles estão oferecendo um coquetel em homenagem ao lançamento da nova turnê. — Kai está explicando os detalhes da agenda ainda no Japão.

— Lembro dessa rádio, é aquela de vidro para rua. — Reita conta sobre a última vez que foi na rádio, eles ficaram envergonhados que os fãs estavam muito perto deles — Foi uma experiência bem legal.

— Foi sim, deu uma vergonha quando começou todas aquelas pessoas no vidro olhando para nós — comenta Aoi. — Mas no fim gostei da interação da banda.

— As perguntas foram as mais variadas, umas bem inusitadas sobre as imagens que os fãs veem da banda. — Ruki respondeu muitas perguntas nesse dia sobre Koron — Perguntaram até se eu usava voz de bebê para falar com o Koron.

— Você ainda conversa com ele, assim Ruki-san? — pergunta Kai dando risada. — Lembro que você disse que não mora sozinho porque tem o Koron e conversa com ele.

— Não, ele já cresceu, mesmo sendo pequeno não é mais filhotinho — Ruki respondeu ao Kai com ar deboche. — Kai-san continua sendo "M" (masoquista)?

— Nada a declarar, Ruki-san. — Kai fica vermelho junta as folhas de papel e continua a reunião, ele sabe que é o mais malvado dos membros e sempre sofre bullying por zoar com outros.

Kai entrega para eles uma folha com as datas e os lugares que eles devem ir com sua turnê.

Pauta da reunião: Datas e lugares

Primeira escala para a América do Sul:

Argentina dia 12 - Nov.

Chile dia 14 - Nov.

Brasil dia 17 - Nov.

Segunda escala para a Europa:

Londres dia 20 - Nov.

Paris dia 23- Nov.

Munich dia 26 - Nov

Moscow dia 29 - Nov.

Terceira escala para a Ásia

Shanghai dia 2 - Dez.

Taiwan dia 5 - Dez.

A volta para o Japão

dia 7 Dez.

O show de encerramento da turnê no Japão é dia 21 de dezembro.

— Então esse é nosso itinerário nesta world tour, alguma dúvida? — pergunta Kai para os demais membros e produção.

— Faltou dizer quando viajamos? — pergunta Reita olhando para o papel em sua mão. — Não está escrito aqui.

— Dia 10 de novembro, levamos dois dias no avião para chegar na América do Sul — responde Ruki.

— Espero não ter pesadelo desta vez no avião. — Reita comenta baixo, depois do último voo ficou meio cismado de viajar — Fiquei com medo.

— Nem fale isso Reita, me arrepia só pensar.— Aoi relata sua aversão pela última viagem — Kai-san acho que deve estar tudo certo!

— Arigatou, a todos! Acho que por enquanto é só. — Kai dá por encerrada a reunião, agradecendo o pessoal da produção pela compreensão e empenho nesta nova fase.

Um staff novato que os buscou dias atrás no aeroporto, e particularmente tem uma tatuagem da cruz Ank no pulso, aponta para Uruha no sofá e pergunta se seria normal aquele sono agitado do maior deitado ali. Por estar mais perto, ele se aproxima para ver o que estaria acontecendo. Antes do Aoi chegar, ainda está juntando os papéis da reunião junto com o Kai, de longe eles perguntam se ele está bem.

— Acredito que sim. Uruha-san deve estar tendo um pesadelo, com tudo o que aconteceu hoje. — O staff responde para eles.

Ele se agacha na frente dele, fala mais baixo para os outros não ouvirem somente Uruha.

— Amo Seth, pode descansar, está tudo sob controle seu filho está a salvo. — Ainda sussurrando ele recita os versos finais de dogma.

I will blacken out this world,

Darkness in the world,

Starts tonight.

No mesmo instante Uruha se acalma, seu sono volta ao normal, o staff se levanta vendo Aoi chegar para ver o que ele estava murmurando, ele se dirige ao moreno dizendo que era apenas um sonho.

— O que ele estava falando? — pergunta Aoi ao staff, pois está preocupado, porque a reunião acabou e ele ainda não acordou com toda a movimentação na sala.

— Não deu para entender direito, só que ele estava fugindo ou correndo com uma criança. Sabe como são sonhos, tudo é confuso. — Ele responde saindo de perto dando passagem para o Kai se aproximar e olho bem assustado para ele.

— Kai-san, está acontecendo de novo! — Aoi avisa com os olhos arregalados para ele e chama atenção do Ruki e o Reita.

— Não se estresse, Aoi! É só um sonho, não é o fim do mundo — disse Kai tentando disfarçar o nervosismo sobre a brincadeira que fizeram com ele no almoço possa ser verdade.

— Vamos acordar ele então! — disse Reita tentando descontrair. — Uruha-san vai dormir até quando?

— De todo jeito ele tem que acordar mesmo, a reunião acabou. — Ruki pela primeira vez não vê a hora de ir embora — Acorda ele Aoi-san!

— Shima, acorda! A reunião acabou. — Aoi chama por ele que começa a bocejar e esfregar os olhos — Vamos embora, Kou.

— O que houve agora? Por que vocês estão me encarando? — Uruha acorda e bate a mão no corpo vendo se nada foi aberto dessa vez — O que eu fiz?

— Se acalme, Shima! Você só estava falando dormindo! — Aoi tenta consertar o susto que deu nele.

— Vocês tem que parar com isso! Desse jeito eu morro de susto. Eu já disse que estou bem. — Uruha não se conforma com o excesso de atenção — Vão procurar algo para fazer!

— É mesmo um pato mal agradecido — reclamou Ruki meio bravo com a reação dele. — Vamos Reita, ele não merece nossa preocupação.

— Também não é assim, Ruki. Gomen! — Uruha tenta pedir desculpas mas devolve a provocação — Eu não sou pato coisa nenhuma, anão irritante.

— Os dois parem já com isso! — Kai dá bronca tentando parar com as provocações — Vocês parecem duas crianças, quando vão crescer?

— Eu já sou alto tá? — Uruha faz uma careta para o Kai — Ruki só se ele colocar um salto de 20cm para ficar do tamanho do Reita.

— Reita, por que está me segurando? Deixa eu pegar ele. — Ruki está tendo um acesso de raiva.

— Takanori, chega foi você que começou! — exclamou Reita com voz uma forte e altiva. — Uruha-san, chega de dar susto na gente. Combinado?

— Gomenasai, Takashima! Por não acreditar na sua visão. — Kai pede desculpa pelo deboche no almoço — Você estava falando dormindo sobre isso.

— Shima, acho que a tatuagem é a conexão com seu filho perdido. — Aoi revela para ele sobre o que foi o sonho.

— Só agora vocês acreditam. — Uruha olha para eles e percebe que eles se importam com ele, sim — Agradeço pelo voto de confiança, mesmo depois do deboche.

(...)

Enquanto eles e a produção estavam na reunião, foi chamado um técnico e um eletricista para verificar o que houve com os equipamentos na sala do estúdio, que ocorreu todos aqueles eventos sem explicação até o momento.

A princípio ambos ficaram com medo de entrar na sala, pois no chão havia muitos vidros quebrados por causa das lâmpadas que estouram deixando a sala escura. Assim que o rapaz da manutenção trocou-as, eles puderam analisar os equipamentos que estavam ligados, na hora que eles ensaiavam.

O eletricista testou as guitarras e o baixo, pois disseram que mesmo desligadas elas começaram soltar faíscas quando as luzes piscaram. O técnico analisou os painéis, os retornos e os cabos, nada estava rompido ou queimado, que na verdade é muito estranho pois haviam dito que a guitarra do Uruha estaria dando choque nele e depois ele desmaiou.

Com a conclusão dos resultados dos testes, eles se dirigem a sala de descanso, onde todos já estavam se preparando para ir embora para casa, a reunião havia acabado a pouco tempo, os membros estavam em volta do Uruha.

— Sumimasen, Kai- san, posso lhe falar um instante? — O técnico dirige a palavra ao líder da banda, e os membros param suas conversas para também prestar atenção no que ele tem a dizer.

— Sim, pode falar. Por favor. — Kai está atento ao que ele vai dizer — Se for sobre a reunião nós terminamos agora, o que precisa saber?

— Não é. Sou o eletricista que a produção chamou para ver os equipamentos do estúdio. — Kai olha para os outros mas diretamente para Uruha que segue concentrado no rapaz — Fiz todos os testes nas guitarras e na parte elétrica. O técnico foi ver porquê não estava acreditando nos relatos do que aconteceu.

— Agora estou preocupado — disse Kai já meio assustado. — Estragou os equipamentos?

— Ao contrário está tudo intacto, nem um fio rompido ou queimado, o único dano foram duas lâmpadas queimadas. — Isso deixa eles com feição de medo e cada vez mais apreensivo — Só posso dizer que não foi a guitarra que estava dando choque. Mas como não consegui localizar sua origem, o que deixa a dúvida se a descarga elétrica veio do próprio Uruha-san. Sei que pode parecer loucura mas não sei explicar o que aconteceu na sala do estúdio.

— Arigatou, por suas informações, iremos tentar descobrir o que houve afinal — responde Kai e o rapaz faz uma reverência de agradecimento e todos também abaixam a cabeça.

Kai olha para os amigos e a sensação de pavor, sobre a história do feitiço não parece ser apenas uma brincadeira, aquilo era real e continuava sem explicação.

— Se nem o técnico sabe dizer o que aconteceu? — Ruki olha incrédulo para o maior que estava provocando a pouco — O que faremos Kai-san?

— Ruki-san estou tão perdido quanto vocês. — Kai vai mais perto de Uruha e pergunta — Uruha-san já se lembrou do que houve?

— Só sei que senti apenas meu corpo formigando. — Uruha conta sua vaga lembrança — Lembro do Aoi me segurando e que não conseguia falar, depois não vi mais nada.

— Shima, melhor irmos para o hospital, ter certeza de que não tem nada de errado com você. — Aoi tenta convencê-lo que é melhor fazer uma consulta com um especialista.

— Não gosto de hospital, já disse que estou bem — indagou Uruha com ar chateado e desanimado. — Melhor eu ir procurar meu capacete para ir embora.

— Uruha-san, melhor você deixar a moto guardada aqui no prédio. C— Reita orienta preocupado com o amigo — Você não parece estar em condições de pilotar.

— Verdade, vai que você desmaia quando estiver dirigindo? — Ruki já apela deixando o Uruha bravo com eles — O estrago pode ser maior, se não estivermos lá para ajudar a socorrer.

— Aoi-san vou pedir um táxi, assim vocês vão comigo. — Kai oferece um meio deles irem embora sem risco — Peço para ele deixar vocês dois no seu apartamento.

— Kouyou, tudo bem passar a noite lá no meu apartamento? — Aoi ainda preocupado o indaga esperando seu consentimento.

— Se eu fizer isso, vocês me deixam em paz! — Uruha aceita, mas só para eles parar de tratá-lo como doente — Quantas vezes vou ter que falar que estou bem?

— Só queremos o seu bem-estar Uruha-san — respondeu Kai começando a juntar suas coisas para ir para casa. — Já é tarde, vamos embora descansar, o dia foi tenso demais.

— Nem me fale — disse Reita meio que no deboche. — Taka-san me acompanha até em casa? Estou de bicicleta.

— Pode ser, vim a pé mesmo. — Ruki junta seus pertences dando adeus aos demais — Vamos então Akira-san, se cuidem pessoal.

— Uruha-san nos dê notícia se algo de estranho acontecer com você — disse Reita se despedindo do amigo.

(...)

Então Kai chama um táxi, Aoi ajuda Uruha a guardar sua moto no estacionamento do prédio da PSC que fica no subsolo, o maior continua a reclamar com Aoi que não precisa de todo esse cuidado excessivo. De volta na frente do prédio o táxi acabara de chegar, Kai já está esperando por eles, pedindo para Uruha entrar no banco atrás, enquanto fala rápido com Aoi sem o maior ouvir.

— Pedi para o motorista levar vocês ao hospital, sei que Uruha-san não gosta, mas continuo preocupado. — Kai avisa Aoi para ele já ir se preparando com a revolta do namorado.

— Só assim mesmo para conseguir levar ele, para fazer uns exames. — Aoi concorda com a iniciativa do líder — Ele é muito teimoso.

— Os dois vão demorar muito para entrar? O taxímetro está rodando.— Uruha já está se estressando com os dois fofocando — Quero ir embora logo!

Aoi e Kai dão risada entrando no veículo, Uruha mal sabe o que eles aprontaram com ele nessa corrida de táxi, certamente vai ficar emburrado e querer brigar com os dois, eles não sabem mais o que fazer, depois do que o técnico falou que não foi a guitarra que deu choque, o clima ficou tenso.

— O que os dois estão fofocando, posso saber? — Uruha olha desconfiado do que eles possam estar aprontando.

— Nada importante, Shima. — Aoi disfarça sua resposta — Não posso nem conversar com o Kai que você já fica com ciúmes.

— É mesmo, Aoi também é meu amigo — disse Kai olhando para Uruha dando um sorriso com suas covinhas. — Estamos combinando de pescar quando voltarmos da turnê.

— Sei não, vocês estão muito suspeitos. — Uruha está olhando o caminho que o táxi está fazendo, parece ser diferente do que ele está acostumado quando vai para o apartamento do namorado — Acho que o motorista está perdido, esse não é o caminho para o apartamento Yuu.

Os dois cúmplices não respondem nada, melhor fazer silêncio e surtar na hora que o táxi parar no hospital. Mais alguns minutos se passam, eles já vêem a placa do hospital à sua frente. Uruha parece distraído com seus pensamentos e só percebe onde está quando o táxi para na frente do pronto socorro do hospital.

— O que significa isso? — Uruha resmunga indignado com os dois por terem o enganado — Sério mesmo? Sabia que os dois estavam aprontando comigo. Já disse que estou bem.

— Takashima Kouyou, como seu amigo, quero uma segunda opinião médica — disse Aoi bravo com ele. — Você é muito teimoso, só assim para te trazer para um check-up.

— Uruha-san como seu amigo e líder da banda, não aceito um "eu tô bem" sem um exame detalhado. — Kai reforça o pedido de Aoi — Minha responsabilidade é zelar pela saúde e bem estar do meu guitarrista solo da banda.

— Tô vendo que é impossível convencê-los quando os dois se juntam — Uruha está descendo do táxi junto com Aoi, ainda reclamando — Vamos fazer isso logo, Shiroyama!

— Me avise depois dos resultados Aoi-san. — Kai senta na frente do táxi, fecha a porta e acena para os amigos na esperança que Uruha esteja certo, não houve nenhuma complicação com ele — Konbanwa! Uruha-san, Aoi-san nos vemos em breve.

Aoi segura no braço do maior e ambos seguem para a entrada do hospital, vendo Kai ir embora se despedindo deles.

(...)