Capítulo 5 - Arrumando a casa

Kabuto passou o dia inteiro fora em busca das coisas mais urgentes que ele precisaria comprar. Sua última parada foi em uma barraca de comida, onde ele provou okonomiyaki e tenpurá. Tudo estava delicioso, e ele ainda levou uma boa porção para comer no dia seguinte.

Chegando ao novo lar, o rapaz concluiu que o melhor lugar para começar a mudança era seu quarto. Ele então trocou a roupa de cama por lençóis de um tom acinzentado e fronhas da mesma cor com um edredon roxo por cima. Essas eram as cores favoritas de Kabuto, assim como eram suas vestimentas Ninja e o terno que vestia agora. O platinado comprou roupas sociais também, em sua maioria roxas, sapatos pretos e cinzas e camisas e gravatas mais sóbrias. Ele gostava desse estilo mais formal, e pensou que assim passaria uma imagem mais normal às pessoas daquela cidade. Inconscientemente era como um médico deveria parecer.

Na parte mais reservada do apartamento havia um segundo quarto. Esse cômodo extra seria muito importante, pois o ex-ANBU não abriria mão de manter vivo seus estudos e pesquisas sobre o corpo humano. Ele ainda não sabia o que iria fazer naquela cidade, nem esperava encontrar paz em seu coração. Kabuto não sabia o que era ter esperança no futuro, tão pouco acreditava que merecia tal coisa. Suas ações anteriores foram imperdoáveis, e sua presença na nova cidade era apenas uma tentativa de recomeçar a vida, mesmo sabendo que alguém como ele apenas merecia estar morto.

Deixando de lado as divagações ruins, o jovem arregaçou as mangas, e deu prioridade a fazer uma bela faxina em todo o lugar. Ele pretendia arrumar o seu cantinho do seu jeito.

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Tsunade estava instalada em um chalé acompanhada de Shizune nos arredores de Konoha. A loira estava com o rosto cheio de olheiras, pois passou a noite inteira acordada examinando os registros ninjas que ela levou da biblioteca da Torre Hokage.

Shizune dormia tranquilamente, apesar dos protestos de sua superior. As duas não sabiam que do lado de fora alguém bastante conhecido às estava vigiando.

Yamato estava cansado. Observar Tsunade acordada a noite inteira trabalhando foi realmente impressionante, mas ele só conseguia pensar no quanto ele mesmo estava exausto. Apesar da distância em que estava, o moreno quase era capaz de sentir a determinação e empenho com a qual ela desempenhava tal tarefa. Ele estava ali completamente às cegas. Kakashi não teve tempo de explicar nada, e o Jonin nem ao menos sabia o que Tsunade tanto insistia em examinar. Ele apenas precisava tomar um cuidado redobrado para não ser pego.

Poucos minutos depois, Shizune despertou, olhando para sua mestre pelo canto do olho, temendo que ela estivesse acordada. Para a surpresa da morena, a ex-Godaime continuava vidrada nos papéis, e Shizune apenas desejou que ela tivesse esse mesmo empenho quando precisava lidar com as intermináveis papeladas em seus dias como Hokage. Ela suspira pesadamente, já prevendo o que viria a seguir, pois quando Tsunade colocava alguma coisa na cabeça, ninguém mais conseguia fazê-la desistir de suas ideias.

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Em um cenário noturno de céu estrelado e temperatura que tendia para quente, um homem caminhava sem rumo por um mundo por si desconhecido. Rodeado por uma mata baixa e caminhando por solo pedregoso, a figura masculina prossegue seu elegante caminhar, notando que a quantidade de Reishi naquele local era praticamente inesgotável, algo que para ele era ótimo, se pensarmos no método de combate dos Quincys.

Apesar da temperatura elevada, um nevoeiro se fazia presente no local, fato este que o homem estranha sobremaneira, deduzindo assertivamente que aquele fenômeno se fazia presente ali intencionalmente.

Cauteloso, caminha a passos lentos até ouvir o som semelhante ao de águas de um rio ou cachoeira. Lá chegando, percebe que o nevoeiro vai ficando cada vez mais denso, e guiado apenas pela luz da lua, avista não muito longe, a cascata. Ao direcionar seus orbes azuis para a direita, se depara com uma imagem. Tratava-se de uma silhueta feminina. Aparentemente era uma mulher de estatura mediana, cabelos longos, e o que mais chamou a atenção foi seu voluptuoso corpo, que apenas pelas formas, notava-se que a figura possuía pernas grossas e torneadas, cintura fina e fartos seios.

Enxergando apenas a sombra de tal pessoa, o homem de madeixas cor de prata tenta se aproximar com o objetivo de perguntar em que dimensão, ou mesmo em que mundo ele se encontrava, e ao fazê-lo, acaba por cair dentro das águas geladas, e não se recorda de mais nada depois disso…

Sentado na imponente cadeira reclinável de seu consultório estava Ryuuken, que confuso, passou a refletir sobre o breve sonho que acabara de ter. Passando as duas mãos pelos cabelos, e em seguida por seu másculo rosto, a fim de secar o pouco suor que se desprendeu deste, o Quincy murmura aéreo:

- Quem será que era… aquela mulher…? Devo estar trabalhando demais. - observa ao olhar pela janela, concluindo que já era noite. A única coisa que fez foi juntar suas coisas e voltar para casa, a fim de descansar corretamente.

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Naquela noite, Uryuu e Orihime combinaram de jantar na casa de Ichigo junto com Rukia. Eles queriam comemorar o fato dos dois estarem namorando também, assim como eles, e se divertiram comendo juntos no quarto do ruivo. Eles fizeram uma espécie de festa de pizza com refrigerante enquanto eu jogavam videogame. Em um dado momento, Ishida desce em direção ao banheiro e troca as ataduras do ferimento em seu braço. O fato daquele ferimento não cessar de jeito nenhum, nem mesmo com os poderes de Inoue já estava tirando o sono do Quincy, e ele não fazia ideia do que fazer, ou a quem recorrer. Saindo do cômodo, o rapaz deu de cara com Isshin, que no mesmo instante notou a expressão de dor no semblante do mais novo, e o modo como ele segurava o braço direito.

- Aconteceu alguma coisa, filho do meu melhor amigo? - despeja de uma vez, recebendo um olhar ferino do jovem.

- É Ishida! Meu nome é Ishida, se não se importa. - rebate emburrado.

- Tudo bem, desculpe. - coça a cabeça um pouco sem jeito e continua em seu tom brincalhão - Apenas perguntei porque notei que você não parece muito bem. Se precisar de qualquer ajuda, é só dizer. - sorri divertido.

- Estou perfeitamente bem. Obrigado por se preocupar. Com licença, Kurosaki-san. - diz o mais educadamente possível ao subir as escadas de volta ao quarto de Ichigo.

- Esse pirralho pensa que me engana… - pondera consigo ao entrar no banheiro, abrir a lixeira e ver as ataduras manchadas de sangue - Sabia que tinha alguma coisa errada. Vamos ver quanto tempo ele aguenta sem procurar ajuda… Será que devo dizer ao Ishida?

- Ishida-kun, onde estava? Eu acabei de ganhar do Ichigo na partida de videogame e você não viu. - Hime diz fazendo beicinho, mas sua expressão logo muda ao reparar no rosto de seu amado - O que aconteceu? Você está pálido. Se sente bem?

- Estou bem, Inoue-san. Acho que só estou um pouco cansado da faculdade e tudo mais. Kurosaki, Kuchiki-san, se importam de irmos agora? Estou com muito sono. - diz o mais tranquilo possível, tentando transparecer normalidade.

- Claro. Sem problema. Voltem quando quiserem. Sabe que nós sempre seremos amigos. - a morena responde alegre.

Ichigo acompanhou o casal de amigos até a saída de sua casa e os observou saíndo em segurança. Ao retornar, o ruivo nota uma expressão preocupada no rosto de sua namorada.

- O que foi, Rukia? Tem alguma coisa te incomodando?

- Ichigo… eu tenho a impressão de que o Ishida não está bem. - joga a informação de uma vez só, ao que Ichigo só faz assumir um semblante de puro espanto.

- Como assim "não está bem?" Poderia ser mais clara, amorzinho? - diz a última frase em um ligeiro tom de ironia, algo que Rukia odiava profundamente.

- Eu apenas tive uma impressão. Não posso dizer se ele não está bem física ou psicologicamente, apenas senti que tinha algo errado.

- Hum… - senta em sua cama, trazendo a pequena Shinigami junto para seu colo - Então o melhor seria dar tempo e espaço a ele. Se o Ishida quiser a nossa ajuda, ele certamente terá todo o nosso apoio como amigos.

A Shinigami apenas assente em afirmativa, enquanto perde o fôlego por causa de um beijo roubado de seu amado, e assim ficariam por um bom tempo.

Continua…