Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, sou o Mr. Bones trazendo a vocês o capítulo da semana da minha fanfic Overlord.
Nesta parte teremos a introdução de um personagem de outra Fanfic, "Masks Shadows" que é uma sequencia de "What Masks Are Made Of", ambas escritas por AtheistBasementDragon, que fazem parte de uma das melhores e mais longas fanfics de Overlord que já li "God Rising", quero agradecer a ele por dar permissão para usar seu personagem original nesta fanfic.
Obrigado por lerem até aqui, espero que estejam gostando, comentem e me ajudem a melhorar a minha escrita.
Com vocês
Aquele Que Voltou
Capítulo 18: Trabalho em Equipe
— Então, o que você achou? – perguntou a empregada após usar um pergaminho antiadivinhação e outro de silêncio.
— Fiquei admirado como o tratamento aos heteromórficos parece estar se disseminando bem dentro do Império – disse Kyouhukou – mas isso pode ser apenas a primeira impressão, passaremos semanas avaliando o ambiente.
— Sim, aparentemente o Império já era mais aberto às outras raças, a vassalagem parece ter acelerado um processo já natural do lugar, mas vamos continuar com a análise amanhã cedo. Como já é noite, podemos iniciar as buscas o quanto antes… Já está tudo pronto com os seus familiares? – indagou Entoma salivando um pouco.
— Eles estão sempre prontos. Essa é uma boa oportunidade para testarmos a eficiência do novo sistema de busca, 'Lady Shalltear, estamos prontos para a entrega'.
— 'C-Certo' – respondeu uma voz trêmula.
Surgiu então um portal rodopiante no meio do teto, de onde começou a chover uma quantidade incontável de baratas. Pelo visto, tal portal estava diretamente ligado ao chão da câmara negra, e logo o próprio chão do apartamento estava cheio até quase começar a cobrir a cama, sendo que o fluxo não parecia que iria cessar tão cedo.
— 'Acho que é o suficiente para a primeira leva, Lady Shalltear. Pode fechar o portão, obrigado'.
— 'Ok' – respondeu rapidamente a vampira cortando a comunicação.
Kyouhukou olhou para os seus familiares e então ordenou.
— Família! Hoje nos apresenta uma oportunidade para demonstrarmos que não somos apenas instrumentos de tortura. Mostraremos nosso valor ao Ser Supremo que ficou conosco e nos ofereceu a chance de crescermos aos olhos da Grande Tumba, então sigam para todos os cantos e frestas desta cidade, observem, ouçam, localizem e se possível identifiquem o indivíduo anteriormente mostrado no workshop. Aguardo seus relatórios. Agora família, vão.
Dessa forma, a janela se abriu e os familiares de Kyouhukou se lançaram na noite, parte voando, outros rastejando pelas paredes, uma certa quantidade descendo diretamente pelos encanamentos do prédio até os esgotos.
— Como tudo vai funcionar, Kyouhukou?
— O processo será simples Lady Entoma, dois "observadores", assim agora nomeados, se infiltrarão nas residências e passarão a checar o ambiente, bem como trocarão informações com os moradores, e se o local não se mostrar de interesse, um dos observadores ficará a postos e o outro seguirá para o próximo ponto de observação com maior potencial de informações, assim estabeleceremos os pontos chaves que manteremos vigilância cerrada. Seus relatórios serão enviados a mim por mensageiros que coletarão e retransmitirão os dados mais importantes, e com uma quantidade tão grande de "observadores", seremos capazes de manter pelo menos um deles em cada casa da capital… e pare de comer os meus parentes!
— Nhom! Nhom! Mas eles são deliciosos! Nhom! Nhom! Nhom! – disse a empregada mastigando.
— Oof! – suspirou Kyouhukou – 'Lady Shalltear, estamos prontos para a segunda leva'.
Novamente o portal se abriu despejando milhares de baratas e logo se fechou, sem resposta vinda de Shalltear.
Kyouhukou olhou para seus familiares e começou o discurso conhecido.
— Família! Hoje nos apresenta uma oportunidade… – essa seria uma longa noite.
Na manhã seguinte.
— Bom dia, Kyouhukou.
— Bom dia Lady Entoma, como passou a noite?
— Bem, revisando as informações sobre o Império e separando possíveis pontos sensíveis para averiguação mais profunda, além de estabelecer um possível roteiro para maximizar com eficiência as visitas aos locais mais significativos e minimizar o tempo perdido.
— Ou seja, a senhorita esteve criando um guia de viagem, estou certo? Aceita uns biscoitos?
— Sim para ambos, obrigada. E você, como foram as avaliações preliminares?
— O sistema ainda está se espalhando, as primeiras informações começaram a chegar pela manhã: atividades criminosas em sua maioria, conspirações ainda não foram detectadas e nada relacionado ao viajante surgiu. Todos os relatórios estão sendo compilados no meu quarto que estou usando como QG, após isso eles são enviados para arquivamento e futura referência a pedido de Lord Demiurge.
— E o café da manhã, como foi pedido? Você precisou descer até o saguão?
— Não, em absoluto. Há um sistema bastante inteligente, porém simples, de comunicação com a recepção, apenas um tubo que desce até lá com um bocal na frente. Parece ser exclusivo para os últimos andares, o dono do hotel deve estar esperando receber hóspedes VIPs e fornecer atendimento privilegiado a eles, mas não consigo ver humanos subindo tantos andares sem um teleporte.
— Eu também percebi isso, talvez devêssemos conversar mais com o gerente.
— "Conversar", é?! Aparentemente o gerente se mostrou bastante solícito à sua pessoa, Lady Entoma.
— Não sei o que você quer dizer com isso, nem mesmo fomos devidamente apresentados.
— Sim, deveras, com toda aquela comoção deixamos de seguir o protocolo adequado. Por sinal, não conseguimos localizar a sua algoz de ontem, talvez ela ainda esteja fora de nossa teia de informação, mas logo abrangeremos a cidade toda. Infelizmente, durante o dia a locomoção de nossos observadores está restrita a usar os esgotos, por isso a demora, peço desculpas pelo atraso, Lady Entoma.
— Atrasos são previstos segundo Yuri nee-chan. Nesse caso, partirei em breve para as primeiras avaliações sobre vestuário.
— Então a senhorita fará compras, estarei feliz em acompanhá-la. Dê-me apenas alguns minutos para vestir o Edgar.
— Edgar?! É assim que você o chama?
— Edgar era o nome dele, achei que seria descortês que fosse nomeado de forma diferente. Não é porque se tornou um Golem de Carne que ele perdeu sua identidade, os mortos merecem respeito apropriado, principalmente os que estão sendo úteis à Grande Tumba.
— Me desculpe pelas palavras indelicadas. Então, como exatamente o "Edgar" funciona?
— Bem, bem, somente sei o básico: ele é parte de um experimento de necromancia de Lord Ainz, aparentemente todas as suas vísceras foram removidas com antecedência, então ele foi transformado em um zumbi de classe diferente, o Golem de Carne, um tipo que não entra em decomposição e sua estrutura é mantida "sadia" através de magia.
— Ele não possui capacidade de pensamento simples como outros zumbis comuns: se você der uma ordem para um zumbi proteger uma porta e só deixar passar pessoas específicas ele entende, já um Golem de Carne só entenderia uma ordem como "mate quem entrar". Até mesmo o conjurador correria o risco de ser atacado se não estiver preparado para mandar parar, por isso ele é incapaz de se locomover ou manipular coisas sem ordens diretas constantes. Quando estou dentro dele eu assumo o controle, as ordens seguem pelas minhas antenas que estão em contato diretamente em seu cérebro, então basta eu pensar que ele obedece.
— Mas, ele come?
— Figurativamente falando, através de contração muscular simples, assim consigo com que ele abra e feche a boca, mastigue e engula. Tudo desce pelo tubo do esôfago até mim, assim também posso comer. Além disso, usando essas contrações faço parecer com que ele esteja falando, mas infelizmente a expressão facial precisa de um ajuste fino futuramente, por enquanto ele mantém apenas esse sorriso.
— Acho que será suficiente. Pelo que pude perceber, os humanos muitas vezes abaixam a guarda ao verem um sorriso.
— Estranho, não é mesmo, senhorita? Para mim parecem apenas macacos mostrando os dentes.
— Esse parece ser um dos motivos que dificultam as integrações. As outras raças não reconhecem esses gestos, da mesma maneira que os humanos não percebem a diferença disso e isso – disse Entoma mostrando uma pequena variação na posição de seus pedipalpos.
— Acho que isso poderia ser considerado um belo sorriso, não é?! Então, a senhorita está pronta?
— Sim! – foi a resposta animada de Entoma – mas não pretendo me demorar muito.
12 horas depois chegava ao hotel uma empregada bastante animada, usando um vestido amarelo de mangas e um chapéu florido, sendo seguida por um Edgar sobrecarregado de várias sacolas.
Apesar de Entoma achar que a qualidade dos tecidos não chegava aos pés de suas roupas usuais, a variedade de cores e formas a entusiasmou muito, pois diferente dos aracnídeos comuns, ela era capaz de ver padrões de cores impossíveis aos humanos.
— Boa noite, senhorita Entoma.
— Hah! Se não é o nosso Gerente da Noite, como vai o senhor? Me desculpe, mas não fomos formalmente apresentados.
— Erro meu, aceite minhas sinceras desculpas. Parece que fiquei um tanto desnorteado com a altercação de ontem e perdi completamente a compostura, Ahan! Barintacha Hierofantes VI, Inta para os íntimos, ao seu dispor. Será que posso acompanhá-la?
— É um prazer conhecê-lo senhor Inta, e é claro que o senhor pode me acompanhar, estou indo para o meu quarto e sua companhia até lá seria um deleite.
Edgar revirava os olhos escondidos atrás da pilha de sacolas. "Vão para um quarto" ele diria, se já não estivessem indo para um.
Todos seguiam pelo corredor até a área das escadas passando por uma série de quadros, todos mostrando homens com a mesma compleição de família, muito parecidos se não fossem as roupas de épocas diferentes, cortes de cabelo ou barbas.
— Então, o senhor é o gerente e o dono do hotel?
— Sim, o hotel está na minha família a gerações. Aqui, este é meu Tataravô, ele construiu a primeira pousada em Arwintar, antes dela se tornar capital do Império, na época era apenas o reino Baharuth. Com meu trisavô, a pousada se tornou um hotel. Meu bisavô, na época em que a cidade já era capital, resolveu comprar os prédios laterais, demolir o antigo hotel e começar um novo e mais moderno, sua estrutura deveria suportar o contínuo crescimento e aumento de andares. Meu avô deu continuidade ao projeto e com meu pai o hotel chegou ao seu ápice, oito andares, somente as torres do palácio são mais altas.
— Mas por que tão alto? Os outros prédios têm no máximo quatro andares.
— Para abrigar as outras espécies! Humanos detestam subir escadas, eles se cansam muito facilmente. Meu bisavô percebeu que o Império seria mais aberto às outras raças, então resolveu investir nesse possível futuro, conforme a procura aumentava, mais andares eram construídos. Hoje, os andares superiores estão sendo mais procurados.
—Mas isso requereria um enorme investimento e risco, a maioria das outras espécies parecem ser de aventureiros, alguns mal conseguem se sustentar.
— Com certeza. Veja, somos um hotel de qualidade, mesmo antigamente o custo da hospedagem era alto, mas meu bisavô percebeu uma coisa, que às vezes podíamos receber alguém como um minotauro que pode parecer saído de um labirinto e você acharia que ele estaria melhor numa estalagem de aventureiro, mas daí ele abre um saco do tamanho da cabeça de um troll, cheio de rubis para pagar a estadia, tirados de alguma mina que só ele conhece, e após uma semana, ele está vestindo seda, com chifres enfeitados de ouro e usando uma carruagem guiada por um humano. No ano seguinte, ele está de volta com mais rubis e desejando as nossas melhores instalações, e então no outro ano ele é o maior comerciante de rubis do Império e sempre se hospeda conosco.
— Entendo. Humanos, demi-humanos, heteromorfos, homens-fera, todos tem algo em comum: dinheiro.
— Exato! Mas não me julgue mal, aquilo soou meio aproveitador, não é só pelo dinheiro, acho essa é uma boa oportunidade para tentar igualar a maneira como os povos são tratados. Por que um comerciante homem-lagarto precisa se hospedar numa pousada se ele pode usufruir de acomodações melhores, ser tratado com dignidade e respeito?
— Às vezes só queremos ser tratados de forma igual – suspirou a empregada.
— Sim, às vezes é tudo que queremos – concordou Inta.
