Bom, clima aí no meio do capítulo e um personagem que surge no final.

Divirtam-se!

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Capítulo 9 - Lado a lado

Isn't anyone trying to find me?

Há alguém tentando me encontrar?

Won't somebody come take me home?

Alguém virá me levar para casa?

It's a damn cold night

Está uma noite fria pra caramba

Trying to figure out this life

Estou tentando entender essa vida

Won't you take me by the hand?

Você não vai me levar pela mão?

Take me somewhere new

Me leve a algum lugar novo

I don't know who you are

Eu não sei quem você é

But I, I'm with you

Mas eu, eu estou com você

I'm with you

Eu estou com você

(I'm with you, "Eu estou com você", Avril Lavigne)

Sirius analisava com olhar crítico a imagem do próprio rosto quase barbeado (restou apenas um pequeno cavanhaque que resolveu deixar) e emoldurado com os cabelos mais curtos, na altura da base do pescoço. Estava menos pálido e sua face encovada não era mais tão proeminente, pois agora se alimentava bem em todas as refeições.

Fazia mais de dez dias que Black e "a Sereia" estavam acomodados numa hospedaria, de nome "Doce Magia" que ficava em uma ruela do Beco Diagonal, um pouco afastada das lojas principais. Embora não tão popular e frequentada como o Caldeirão Furado, o estabelecimento oferecia boas camas e uma excelente comida para seus hóspedes. Os clientes tinham a opção de comerem no restaurante ou de pedirem em seus quartos. Como ele não podia se deslocar para o local das refeições e nem pretendia fazê-lo em sua forma animaga, a comida era trazida no quarto; bastava tocar uma sineta encantada. O serviço de quarto aumentava a diária, mas para ele era uma ninharia em vista do conforto e praticidade.

Sua parceira se registrou no local com um nome falso de "Marlene Evans", a junção do nome de uma amiga e ex-amante de Sirius com o sobrenome de solteira da mãe de Harry. Doeu para o Maroto ter que usar referências a duas mulheres que significaram muito para ele e agora estavam mortas, porém, foi a ideia que lhe ocorreu. O importante era que o recepcionista não questionou a veracidade da informação e permitiu a hospedagem dela e "de seu animal de estimação" mediante pagamento adiantado.

Tiveram que solicitar apenas um quarto, pois seria estranho a bruxa pedir outro apenas para o cachorro, mas conseguiram um com duas camas lado a lado, separadas apenas por uma pequena cômoda. Sirius ficava a maior parte do tempo no recinto, mas saía transformado quando se cansava: nos primeiros dois dias foi com sua parceira; mas agora ia só. Ultimamente, ele preferia deixá-la mais à vontade, agora que ela não tinha mais medo de sair sozinha e topar com um dos seus "atacantes". A bruxa ainda não havia recuperado sua memória.

Sirius até pensou em sugerir para a jovem comprar um exemplar do Profeta Diário para vasculharem a seção de desaparecidos, porém, nada disse. Em parte, porque não sabia o que o jornal devia estar falando a seu respeito, sobre seus supostos crimes e não desejava que ela se inteirasse, pois não estava disposto a ter que se explicar; por outra parte, ele detestava admitir, mas não queria perder sua única companhia depois de tantos anos de solidão.

Por mais difícil que fosse ficar perto dela e não poder tocá-la, Sirius havia se habituado com sua presença e não queria se afastar. Haviam ficado até mais próximos, mesmo que suas conversas se restringissem ao que ela lia nos livros.

Black havia pedido que ela comprasse roupas tanto para ambos (ele deu suas medidas e especificou o que gostava de usar), além de itens básicos de higiene. E sugeriu que a jovem adquirisse alguns livros da Floreios e Borrões, desde que não fosse muitos, porque não seria adequado carregar uma bagagem com eles. A bruxa comprou dez exemplares, dentre os quais, "Hogwarts: uma história". Era muito estimulante quando ela lhe fazia perguntas para confirmar a veracidade do que lia. "É verdade que em Hogwarts não se pode aparatar ou desaparatar nos terrenos?", ou "Hogwarts tem mesmo o teto encantado que parece um céu estrelado?" Ele confirmava todas e se sentia revigorado com o entusiasmo dela como se quisesse conhecer o local. Bom, é claro que a moça havia conhecido por causa da única recordação com a Professora Minerva a acompanhando no Beco, junto com os pais. Sirius não tinha a menor dúvida de que ela deve ter sido uma aluna brilhante, dedicada e estudiosa, com sede de conhecimento.

Tal como Lílian.

Sim, a moça lhe lembrava muito sua melhor amiga. A única diferença é que ele nunca teve o menor interesse por Lílian Evans. Nunca desejou estreitá-la nos braços, beijar sua boca, devorar seus seios e…

Ele fechou os olhos e jogou água no pescoço para baixar a temperatura. Por Merlin, estava excitado de novo, mesmo depois de ter se masturbado no banho matinal pensando nela. Aquilo tinha que cessar! Parecia quase um adolescente com os hormônios à flor da pele. Se bem que não deixava de ser, já que havia ido para a prisão poucos anos depois de sair da adolescência. E estava sem sexo há bastante tempo, o que era uma provação, já que foi um homem intenso e amante de muitas mulheres.

Passar o tempo ali com a Sereia, sozinhos e fechados no quarto era um suplício! Na cabana era mais fácil porque, pelo menos, podiam dormir em cômodos separados. Mas ali encerrados, a tentação era mais forte, pois tudo na bruxa o seduzia: seus cabelos volumosos e cacheados que ela tentava abaixar a custo com certos produtos; os olhos castanhos e perscrutadores, sempre atentos ao que observava, com um brilho de inocência; a boca convidativa para um beijo com o hábito insistente de se morder toda vez que ela ficava pensativa. E o cheiro dela! Por Merlin, o cheiro natural de sua pele impregnava seus sentidos; era algo como uma mistura de morangos e rosas.

Toda vez que a Sereia ia se banhar, ele corria para fora de quarto e não era porque ela lhe pedia. Cada qual em sua vez se trancava no banheiro para trocarem de roupa, fosse na hora do banho ou na hora de dormir, assim tendo seu momento de privacidade. O que acontece é que Sirius precisava se resguardar das fantasias que saltavam da sua mente sempre na hora da higiene da mulher. Por isso, ele inventava uma desculpa qualquer para sair e vagava pelas ruelas do Beco para retornar somente após se sentir dono de si. No primeiro dia em que ficou no quarto relaxando na cama e a bruxa foi se lavar, ao escutar os sons de ela se despir e entrar na banheira, sua cabeça foi a mil. Mesmo que não pudesse vê-la, imagens da mulher nua tal como ele se lembrava inundaram seus pensamentos: ela esfregando o corpo e passando as mãos por todas as partes. Ele se agarrou os lençóis, sufocou a respiração ofegante e se segurou para não se aliviar ali mesmo.

A hora de dormir também o fazia eriçar os sentidos, embora fosse menos penosa. Vê-la de pijama se arrastar para a cama o deixavam em alerta. Por mais que a vestimenta não revelasse nada (e desconfiava que ela não queria parecer nem um pouco sexy para ele), ainda podia antever o tecido se emoldurar a suas curvas. Ele tinha que abrir um pouco a janela e entrar em contato com o ar frio para diminuir a temperatura do corpo, após ela se deitar e enrolar-se nas cobertas

Fora esse transtorno, a convivência com a bruxa era tranquila; ela não lhe fazia perguntas pessoais (mesmo com a evidente curiosidade) e aguardava os próximos passos. Eles ainda estavam em Londres, pois Sirius tinha a intenção de dar uma espiada em seu afilhado antes de partir. Sabia que o garoto morava com os tios no Condado de Surrey, bem próximo a capital, mas não fazia ideia do endereço exato; havia conseguido somente agora a localização e pretendia ir ao dia seguinte.

Além disso, estava aguardando que a bruxa conseguisse alugar um chalé para eles em Hogsmeade; porém, ela não havia conseguido até agora. E não era porque todos estivessem alugados, mas, segundo ela, "não estavam em padrões aceitáveis". Ou os valores eram exorbitantes (e Black insistia que dinheiro não era problema) ou não eram higiênicos ou eram decadentes. Riu para si mesmo. Sua bruxa era bem exigente.

E lá de novo com essa mania de chamá-la "minha bruxa".

O som da porta se abrindo e fechando o despertou de suas reflexões. Sirius não saiu de imediato do quarto, nem perguntou se era ela. A moça havia levado a chave, mas não trancou a porta por causa dele, mas Sirius não planejava sair e deixar a coisas deles sozinhas.

- Sirius?

- Aqui – saiu do banheiro. Ela o encarou por alguns instantes, mas não disse nada – Como foi dessa vez? - suspirou – Por favor, Sereia, não me diga que ainda não encontrou nada do seu agrado.

- Pelo contrário, encontrei – a moça sorriu - É um chalé lindo, confortável e todo mobiliado. Tem até uma pequena biblioteca – o sorriso dela se alargou – É um pouco isolado da Vila. Não tem muitos vizinhos em torno para incomodar com perguntas… o que é uma vantagem para nós.

- Mas…? - ele já antevia um obstáculo

- É um pouco caro… e o dono quer um pagamento adiantado de seis meses de aluguel. Ele me disse que me dava um prazo até amanhã de manhã para responder por carta

- Pois diga ele que você aceita.

- Você tem certeza…? - parecia hesitante, mas a satisfação no rosto dela pelo local dizia o contrário –. Se quiser, posso procurar mais…

- Sereia, está na cara que você se apaixonou pelo lugar. E isso depois de você ter demorado pra encontrar um que te agradasse – deu de ombros – Pra mim tanto faz. Até moraria na caverna de lá

- Ah, fica perto da caverna!

- Perfeito – ele sorriu – E como eu disse, problema não é dinheiro. Pode pegar meus galões e acertar com o homem.

- Mandarei uma carta falando que vou combinar os detalhes com ele amanhã. Hoje ele disse que estaria ocupado mostrando outros chalés.

- Por falar em amanhã de manhã, vou precisar sair.

- Pra onde?

- Ver… certa pessoa. Alguém que preciso verificar se está bem.

- Seu afilhado? - ela arriscou

- É…- admitiu ele. Não deveria se admirar da perspicácia da moça – Eu… vou só dar uma olhada sem que ele perceba quem eu sou.

- Não é arriscado?

- É, mas… aí que está a graça da coisa

- Sirius…

- Vou ficar bem, baby – ele sorriu e botou a mão no coração – Me comove essa preocupação por mim.

A bruxa pensou em retrucar, mas desistiu. Em vez disso, revirou os olhos e foi apanhar mais uma vez o livro Hogwarts: uma história. Havia percebido naqueles poucos dias que, apesar de cauteloso, Black não era exatamente o tipo sensato. E argumentar com ele para não fazer alguma coisa, apenas serviria para atiçá-lo.

- O pescoço é seu – foi tudo o que disse

E mergulhou na leitura.

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A mulher de cabelos negros e olhos cruéis, esboçava um sorriso bizarro. A jovem não a conhecia, mas tinha quase certeza de que era uma bruxa como ela. E lhe dava pavor aqueles olhos.

A moça a via de baixo, pois estava jogada no chão… em algum lugar. Que lugar era aquele? Parecia uma mansão enorme e antiga. Escutava outras vozes, mas eram como sussurros. O que era nítido era a risada que a estranha dava de vez em quando enquanto a cercava. A moça tinha que dizer alguma coisa para ela ou sofreria nas mãos da desconhecida. As únicas palavras que lhe vinha à mente eram:

- Essa não é a verdadeira… É só uma cópia… uma cópia…

O que não era verdadeiro? Tentou entender, mas apenas lhe saíam tais palavras sem que ela pudesse se conter.

- É só uma cópia… uma cópia… juro

Porém, a outra bruxa arreganhou os dentes e os olhos e guinchou como se não acreditasse. A jovem estremeceu.

- Não, por favor, eu juro… é uma cópia…

- Sereia. - alguém a chamava de algum lugar

- É uma cópia… é uma cópia

- Sereia – o tom foi mais firme, de uma voz masculina

- Não me machuque! É uma cópia! É uma cópia

- Baby, acorde – uma mão tocou em seu ombro. O tom era de preocupação

- Não me machuque! Não me machuque!

- Ei, Sereia! - dessa vez, mãos fortes seguraram em seus ombros – É só um pesadelo.

- Nãoooooo!

Por fim, ela abriu os olhos depois de se erguer e se sentar; estava em um quarto e um homem se debruçava sobre ela com expressão preocupada. Por um momento, não soube quem ele era e recuou para a cabeceira da cama apertando a colcha, livrando-se das mãos dele em seus ombros.

- Calma, Sereia, está tudo bem – o sujeito se sentou na beira da cama com certa cautela, como se ela fosse um animal encurralado. Ele estava com a ponta da varinha acesa – Sou eu.

- Sirius? - ele assentiu. Ela tremia e suava – Eu… cadê a mulher?

- Que mulher?

- Ela… ela… - antes que pudesse se conter ela se jogou nos braços dele e apertou-o forte. Chorou – Ela… a mulher…

- Shhh… calma – Black a estreitou nos braços e alisou a mão em suas costas com suavidade – Está tudo bem, baby. Foi só um pesadelo.

Por mais que se desse conta, não conseguia parar de chorar. Não era só pelo pesadelo em si, mas por tudo o que estava lhe acontecendo. Estar sem memória. Sem uma família. Sem amigos. Sem… um amor.

- Ninguém vai te fazer nenhum mal. OK? - Black continuou. A mão dele subiu para seus cabelos e aninhou-se em seus cachos – Eu jurei te proteger. Vão ter que passar por esse cachorrão primeiro.

Ela riu entre as lágrimas. E aquela carícia dele em seus cabelos. A respiração quente e calma. A voz suave e firme ao mesmo tempo em seus ouvidos. O cheiro dele que era tão bom! Estar aconchegada naquele peito. Não queria sair daquele abraço nunca mais. Não tinha ninguém no mundo… a não ser Sirius. E de repente, aquilo bastava. Aninhou-se mais a ele. E então algo mudou. Sentiu a respiração dele ficar ofegante. E um calor vindo dele… e dela. Aquela eletricidade começou a emanar. Lentamente, desfizeram o abraço, mas não afastaram seus corpos. Apenas seus rostos se distanciaram… para se encararem.

A bruxa engoliu em seco. Ele enxugou suas lágrimas passando os dedos em seus olhos e percorrendo-os por seu rosto; ela sentiu-o ferver assim como o resto do corpo. Black desceu a mão, fixou o olhar no seu... e mirou um pouco abaixo… em sua boca. Por Merlin, ele queria beijá-la! E ela também! Talvez fosse uma péssima ideia, mas… ela queria que ele o fizesse! Queria se sentir amada! E queria que aliviasse o fogo que sentia quando pensava nele.

Como se pudesse ler seu desejo, o rosto de Black começou a se aproximar. Sentia a respiração dele tão ofegante como a sua, o calor, o hálito. Os lábios do homem quase se encostando ao seus.

Barulhos de garrafa se chocando na parede exterior da janela assustaram a ambos. Sirius se levantou num rompante com a varinha em punho e olhou na direção, foi até a janela e abriu-a; não havia nada. Com cautela, olhou para fora nos dois lados até se deter em uma direção; bufou e balançou a cabeça. Em seguida, fechou a janela e virou-se para ela:

- Era só um bêbado jogando garrafas.

Ele tentou sorrir, mas não conseguia. Fitava-a com intensidade; ela desviou os olhos e abaixou a cabeça, seu rosto ardia. Deu-se conta do que quase havia acontecido entre eles e não sabia como reagir. Engoliu em seco.

- São duas da manhã – ele disse após um bom tempo. Ela olhou o relógio da parede não para conferir, mas ter um pretexto para não fitá-lo. O silêncio era cortante, mas a tensão palpável – É melhor voltarmos a dormir, não?

A moça apenas assentiu sem coragem de encará-lo. Black apagou a luz da varinha e, sem dizer mais anda, voltou para a própria cama, deitou-se e voltou a dormir. Aparentemente. Ela fez o mesmo após alguns instantes.

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Pela manhã, a bruxa acordou um pouco confusa e sentou-se no colchão, mas ao se deparar com Sirius em uma cadeira junto à parede do lado oposto ao de sua cama, com o olhar fixo nela, lembrou-se do que havia acontecido de madrugada, incluindo eles quase terem se beijado. Abaixou o rosto, sentindo-o queimar outra vez.

- Bom… bom dia – o som da própria voz quase não saiu.

- Bom dia – respondeu ele num tom firme

- Er… desculpe por hoje… mais cedo – ergueu a cabeça. O olhar dele não refletia nenhuma emoção, mas isso não a fez se sentir menos envergonhada, porém, continuou a encará-lo – Acho que tive um pesadelo e…

- Sem problema. - cortou-a – Eu estava mesmo sem sono – ergueu-se de uma vez – Estava esperando você acordar para te avisar… que já vou partir.

- Para ver seu afilhado?

- Sim. E como nunca estive no lugar que ele mora, não vou poder simplesmente aparatar. Então… talvez fique fora por mais de um dia.

A bruxa assentiu, embora ficasse apreensiva por ter que ficar sozinha sem a proteção dele.

- Você vai ficar bem, vai estar com a varinha.

Black se aproximou e ela engoliu em seco, porém, ele pousou o objeto sobre a cama e afastou-se.

- Você não vai precisar?

- Não, vou ficar na minha forma animaga o tempo todo. - ele se remexeu, parecia inquieto. Colocou as mãos nos bolsos da calça que usava – Então… confio o negócio do chalé em suas mãos – ela assentiu – Er.. já vou

- Espere, e o café? Não vai tomar? Eu posso chamar agora.

- Não… me viro por aí depois. Estou sem fome.

Ambos sabiam que não era a verdade. A bruxa desconfiava que ele apenas queria evitar de ficar naquele quarto por mais tempo com ela.

- Então… nos vemos amanhã. - ele lhe deu as costas e encaminhou-se para a porta

- Sirius… - ela o chamou antes que ele girasse a maçaneta. Black a olhou – Er… obrigada...por seu apoio…

Ele apenas acenou, abriu a porta, transformou-se e saiu. A bruxa voltou a se deitar na cama de bruços e soltou um suspiro.

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Droga! Tem que se controlar mais, Sirius!

Ele se maldizia pela terceira vez enquanto caminhava pelas ruelas do Beco Diagonal. Como sempre estavam cheias, mas ele não mais temia em ser descoberto; gostava de ver as pessoas; sentir-se no meio delas, pois era como um sopro de vida depois de anos de solidão. Não se sentia estranho, apesar de ter ficado muito tempo isolado. Ou talvez fosse a companhia da bruxa que o preparou para se ver novamente no meio da multidão.

A bruxa. A Sereia.

Por Merlin, estava cada vez mais difícil ficar perto dela! Quase haviam se beijado! Quase!

O corpo macio e cheiroso no seu ao estreitá-la nos braços. Os cachos volumosos e perfumados em sua face. O contato naquele rosto suave aos deslizar os dedos para enxugar suas lágrimas. O hálito gostoso que sentiu ao se aproximar para beijá-la. Amaldiçoou o bêbado que os havia interrompido, mas pensando bem foi oportuno.

Não é que teria sido ruim se tivesse acontecido, muito pelo contrário; seria como ter o sabor do paraíso. Não fosse por um simples detalhe: ela era uma distração dos seus planos. Encontrar e matar Pedro. Salvar Harry. E Sirius Black não poderia se desviar por coisa alguma, ainda que fosse por aquela mulher.

Talvez fosse apenas pelo celibato involuntário, talvez fosse por ela ser uma mulher bela e jovem ou por outro motivo que não queria admitir, o fato era que queria transar com ela, e muito! Mais do que com qualquer mulher que tenha cobiçado. Contudo, esse desejo intenso só iria atrapalhá-lo se permitisse dominá-lo. Além do que ele não tinha certeza se ainda era capaz de satisfazer uma mulher. E do jeito que estava necessitado, tinha medo de ir com muita sede ao pote e machucá-la. E talvez a assustasse e a afastasse dele. E o que menos queria era afugentar sua bruxa.

Pare de dizer que ela é sua bruxa!

Só que ela tinha um ar tão desprotegido, uma expressão de desemparo e um jeito de quem queria muito ser amada que tornava as coisas mais difíceis para ele como foi… de madrugada.

O pesadelo. Era a segunda vez que a escutava murmurar as palavras: "Essa não é a verdadeira… É só uma cópia… uma cópia…" Mas, dessa vez, ela havia mencionado uma mulher. Seria quem a havia atacado antes de encontrá-la na praia? Podia ser.

Sirius percebeu que ela estava sonhando porque ele mesmo já estava acordado, devido à sua própria dificuldade em dormir por conta dos pesadelos que tinha com os dementadores… e por não conseguir resistir em observá-la dormir. Ela era tão linda! E quando adormecia, ficava mais ainda. Dava-lhe vontade de se transformar e se aconchegar a ela! Era uma tortura tê-la assim ao seu lado tão perto e tão distante ao mesmo tempo

Ele ganiu.

A bruxa pareceu querer beijá-lo tanto quanto ele a ela. Ou seria impressão? Talvez não. Bom, corava perto dele, desviava os olhos ao se encararem e até tremia. Talvez a jovem não fosse tão indiferente. Sem contar que ele havia melhorado um pouco sua aparência.

Uivou. Talvez fosse melhor não deixar que seus pensamentos fossem por esse caminho. Era melhor não se envolverem mesmo que fosse apenas sexo descompromissado, pois não desejava estreitar nenhum laço que cedo ou tarde teria que desvanecer.

Congelou ao sentir um cheiro. Um bruxo que estava atrás soltou um palavrão ao tropeçar nele. Sirius correu para o primeiro vão que avistou entre duas lojas.

Amaldiçoou-se por estar tão distraído com seus pensamentos sobre "a Sereia" que não reparou em seu faro, apesar de que não podia se culpar, pois havia vários aromas misturados ao seu redor. Mesmo assim, ele devia ter percebido: o odor que detectou era inconfundível. Arriscou em colocar a cabeça para fora e espiar; por fim, avistou o dono do cheiro que estava parado na porta da Floreios e Borrões a dez metros de distância.

Era Remo Lupin.

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Pois é, gente! Por essa vcs não esperavam! Nem o Sirius! Ele encontrar o Remo bem antes de Hogwarts. Avisei que algumas coisas poderiam mudar. Mas será que o lobisomem viu o animago? É o que vamos saber na próxima semana.

Sim, pessoal. A partir de agora só vou postar aqui às segundas porque alcancei o número de capítulos que tinha adiantado. Bom, na verdade, tenho mais dois capítulos, mas prefiro deixá-los de reserva para revisar com calma e também escrever os próximos sem cobrança de ter que postar logo.

Mas vou publicar sim toda semana e pretendo ir até o fim com essa história que é bem longa. Sim, pessoa,l é bem longa, vai cobrir até os eventos da batalha de Hogwarts (e depois também), mas claro que não vou mencionar todos os acontecimentos.

Enfim, espero que tenham gostado. Comentem, viu? Até a próxima!