Capítulo 12 - Gratidão e farpas

- Ninja… Médico…? - Ryuuken e Isshin piscam várias vezes, ao falar ao mesmo tempo, assim como Orihime, que é incapaz de conter a surpresa - O que isso significa exatamente? - o platinado inquire curioso.

- Se você é um Shinigami, e você um Quincy, creio que devam saber sobre os Shinobis por si mesmos. - olha para os dois sem muita vontade de ficar dando satisfações sobre si, uma vez que sua missão ali já havia terminado. Ele apenas retira mais uma pílula de suprimento e a ingere, a fim de recuperar seu Chakra por completo - A propósito, Kukkaku-san, fiz isto para você. - estende para ela uma caixinha, e a morena mira o objeto interrogativa.

- Isso é…?

- Trata-se de um medicamento que eu fabriquei para sintomas de ressaca. Será muito útil para você daqui para frente. Nele, eu reuni várias ervas e componentes que irão aliviar seu mal-estar em questão de poucos minutos. - diz com seu costumeiro tom polido, fazendo Shiba sorrir amplamente, e dar um abraço apertado em si.

- Waa! Muito obrigada, Kabuto-sensei! Você é o melhor! - responde eufórica, admirando a caixinha de metal.

- Fico feliz por ter ajudado. Será que agora podemos ir?

- O que? Você já vai? - a ex-nobre pergunta surpresa.

- E por que não? Eu já terminei o que vim fazer aqui, não é? - retira o jaleco, estendendo a peça para o platinado Quincy, que o mira intrigado - Além disso, é quase noite, estou cansado e ainda não conheço muito bem a cidade. Não sei como fazer para voltar ao meu apartamento.

- Espere. - Ishida se curva enfaticamente diante do jovem platinado - Muito obrigado! Devo a vida do meu filho a você, e não viverei o suficiente para agradecer. - é sincero em suas palavras, e Kukkaku sorri ao observar cada trejeito e ação do homem lindo diante de si - Fique com isso. - estende para ele o jaleco de volta, e Kabuto fica sem saber como reagir frente ao agradecimento.

- Não precisa agradecer. Você também é médico, e como tal, sabe que não cobramos nem esperamos nada quando estamos na nobre missão de salvar a vida de alguém.

É honesto em seus dizeres, principalmente na parte da nobreza. Yakushi estava disposto a se tornar um novo homem. Era esse o objetivo de sua atual jornada. Ele deletou de sua mente todas as suas falsas personalidades de sua época como espião graças a Izanami, e agora se empenharia exclusivamente em usar suas habilidades em prol do bem, e não para curar pessoas ruins ou criar exércitos para culminar guerras sangrentas e sem sentido.

- Você está certo, mas mesmo assim, queria te compensar, mesmo que pouco, pela ajuda, e…

- Por favor, não me ofenda. - em um movimento rápido, ajusta os óculos de armação circular no centro de seu rosto - Dinheiro não é necessário.

- Nesse caso… - se posiciona por trás do mais novo e deposita o jaleco sobre os ombros do rapaz - Eu peço humildemente que trabalhe comigo neste hospital.

- Trabalhar… aqui? - ele não esconde a surpresa em seu rosto.

- Mas essa não é uma ótima notícia? - Kukkaku comenta feliz, apertando os ombros de Kabuto em um sinal de conforto - Você está mesmo precisando trabalhar, e que melhor lugar do que aqui? - diz feliz da vida, pois com Kabuto trabalhando ali, ela teria a desculpa perfeita para frequentar o lugar e assim investir no cobiçado Quincy - Aliás, você ficou uma gracinha dentro desse jaleco branco. Devo dizer que homens de jaleco são incrivelmente sexys. - faz o último comentário olhando para Ryuuken furtivamente, e este prefere fingir demência e ignorar a verdadeira intenção por trás daquelas palavras.

O ex-ANBU mira os olhos de Kukkaku, e vê nos orbes de sua amiga muita confiança, e a sensação de que ele fazia o certo em aceitar.

- Tudo bem, então eu aceito, Ishida-sensei. - estende a mão para ele, a qual o platinado Quincy retribui o cumprimento de bom grado, sentindo pela primeira vez o Chakra do rapaz, e percebe que não seria difícil se acostumar.

- Muito obrigado. Queria poder fazer mais para agradecer, todavia, fico muito feliz por ter aceitado tão humilde convite. Por enquanto, pode trabalhar no laboratório de análises e pesquisa com o qual tem mais familiaridade, e depois pode decidir em qual área do hospital prefere atuar.

- Tudo bem. E quando quer que eu comece?

- Pode ser amanhã ou na próxima semana. Leve o tempo que precisar para se organizar antes de começar.

- Estamos acertados então.

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?

A pergunta de Uryuu chama a atenção de todos para si, ao que Orihime rapidamente vai até ele, envolvendo suas mãos na dele, depositando nesta um beijo doce.

- Ishida-kun. Graças a Deus você está bem. Fiquei tão preocupada pensando que… - não conclui sua frase, e beija a testa dele com ternura.

- O que eu estou fazendo neste hospital? E por que todos vocês estão em volta? - indaga ainda aéreo.

- Acontece que o ferimento que você fez questão de esconder de todos piorou consideravelmente, então, Inoue-chan te encontrou desmaiado em casa e o trouxemos para cá. - o pai de Ichigo explica, e o moreno arqueia uma sobrancelha - Aliás, temos aqui um monte de "humanos com privilégio". Temos Inoue-chan, os dois Quincys, temos até um incrível Ninja Médico… e a Kukkaku. - diz o nome da sobrinha em tom desanimado, provocando a morena.

- Como assim? Por acaso tá me chamando de resto, seu grande babaca?! - esbraveja para cima dele, mas se frustra por não obter resposta.

- E o que Shiba-san e o tal novo amigo dela também fazem aqui? - prossegue com o interrogatório, intrigado pelo fato de seu pai ter agradecido ao jovem e ainda lhe oferecido emprego.

- Pois deveria agradecer, já que foi o Kabuto-sensei quem te deixou novinho em folha com as suas incríveis habilidades médicas e curativas. - Kukkaku diz sem muita paciência por ele ter usado a palavra "tal" para definir o seu amigo.

- E quanto a você, Ryuuken? Não precisava ter se dado ao trabalho de cuidar de mim.

Ao ouvir aquela sequência de palavras de puro desdém, Kabuto estreitou o olhar contrariado. Ele não se importava com qualquer possível ingratidão de algum paciente, mas se tinha uma coisa que o Ninja Médico odiava era falta de respeito e insubordinação de qualquer natureza. Ouvir Uryuu chamando seu pai pelo nome e falando de modo tão ríspido o incomodou, tal como ele se sentia cada vez que ouvia um ou outro desavisado tratando Orochimaru sem adicionar o honorífico correspondente.

- Sua gratidão não me interessa em absoluto, mas pelo menos deveria tratar o seu pai com o mínimo de respeito. - o repreende cruzando os braços, tal como fazia com Sasuke tempos atrás.

- E quem você acha que é para me dizer o que fazer? - o corta ríspido, mas o platinado não se afeta - Se eu o chamo assim, é assunto meu. Você não sabe nada sobre a nossa família.

- Eu não sou ninguém. Sou apenas um órfão que cresceu sem pai e nem mãe. Alguém que não teve as figuras paternas para dedicar o seu respeito, mas felizmente, diferente de você, eu sei tratar a todos de acordo. - explica em poucas palavras, porém, seu tom é frio.

- Pois estou curioso sobre a palavra que você usaria para tratar um "pai" como o Ryuuken, para que esteja "de acordo".

- Uryuu! - Ryuuken se manifesta sobre o olhar afiado de Kukkaku - Cale essa boca. Sua raiva contra mim é tão estúpida a ponto de destratar a pessoa que acabou de salvar a sua vida? Isso me enche de vergonha. - diz decepcionado, e sem olhar para seu filho, deixa o quarto acompanhado de Kurosaki.

Kabuto e Kukkaku também deixam o local, e vão em direção ao restaurante do hospital, deixando o paciente e Orihime a sós. A ruiva se aproximou de seu amado, e sem aviso, desferiu uma bofetada no rosto do moreno, que só não fez seus óculos voarem do rosto porque não os estava usando. Ishida apenas foca seus olhos azuis cheios de espanto na figura de Inoue.

- Inoue-san… por que…? - o choque era evidente em sua expressão, pois nunca imaginou ver a doce garota adotar um comportamento agressivo contra si ou seus amigos.

- Isso sou eu que pergunto. O que deu em você, Ishida-kun? - o confronta transtornada, tamanha a decepção - Por que fez isso? Por que escondeu de mim e de seus amigos sua condição de saúde? Por que não confiou em nós? Por que?! - seu pranto sofrido ao dizer aquilo era doloroso para Uryuu, que baixa o olhar, sentindo-se envergonhado - Você não apenas não confiou em mim, como também mostrou-se ingrato ao seu pai e ao Ninja Médico que te curou. Eu não entendo porque age assim.

- Eu só queria… evitar que sofresse, se preocupasse e chorasse por minha causa, como está fazendo agora. Queria poupar vocês dessa angústia.

- Não tinha o direito de decidir sozinho! - grita alterada, causando ainda mais espanto em Ishida - Faz ideia de como nos sentimos depois? Os dias terríveis que vivemos? Do sufocante sentimento de impotência e desespero pensando que talvez você nunca mais acordasse? Quanto egoísmo!

Ishida se levanta, pois graças aos poderes de Kabuto, este se sentia novo em folha. Ele vai até sua amada e a envolve em um abraço caloroso e cheio de ternura.

- Me perdoe, Inoue-san. Tem todo o direito de pensar que meu silêncio soou como falta de confiança e consideração, mas acredite, eu estava pensando mais em vocês do que em mim mesmo. Eu te amo, e não queria te ver chorar em hipótese alguma. - afaga os cabelos ruivos com extremo cuidado - Compreenda que para mim a angústia foi grande demais. Eu apenas queria poupar você e todos os outros dessa dor. - completa depositando um casto beijo no topo da cabeça de sua adorada.

- Que esta seja a primeira e última vez que você faz algo assim. - responde chorosa - E trate de pedir desculpas ao seu pai e ao Ninja tão habilidoso que te curou.

- Ern… - coça a cabeça sem jeito - Será que podemos pular essa parte? - rebate cínico, e Orihime fecha o cenho - O cara misterioso já deve ter ido embora, e quanto ao meu "papai"... bem, você sabe.

- Está bem. - suspira resignada - Você que sabe se prefere continuar agindo assim.

Ele sorri e agradece a ela pela compreensão. Depois de vestir suas roupas, o Quincy segue para casa e Inoue faz o mesmo.

...:~X~:...

No restaurante do hospital, Kabuto e Kukkaku apreciavam um bem servido hambúrguer com batatas fritas e refrigerante. Shiba colocava várias batatas na boca de uma só vez, e Yakushi achava incrível a forma como ela comia feito uma desvairada.

- Não ligue para ele. O Ishida pirralho é muito ingrato. Viu só como ele tratou o pai e você também? Moleque entojado… - fala de boca cheia, colocando ainda mais batatas na boca, ainda falando com a boca cheia - Quanta diferença do pai dele, que foi tão gentil com a gente.

- Agradeço que pense isso da minha pessoa.

A imponente voz de Ryuuken pôde ser ouvida atrás de Kukkaku, uma vez que ele e Isshin passavam por perto do restaurante, e avistaram Kabuto e Kukkaku comendo tranquilamente. A bela morena quase tem um infarto, e passa a tossir descontroladamente.

- Você está bem? - o platinado indaga, vendo Kukkaku tossir.

- Sim! - bebe um pouco do refrigerante, a fim de se recompor, pois seu rosto estava vermelho como um tomate depois de ter sido pega por ele a falar mal de seu filho - Espero que não tenha ouvido nada do que eu disse do seu filho metido. - coça a cabeça tentando consertar a mancada, quando acabara de cometer outra.

- Não se preocupe com a conduta do Uryuu. Mas que bom que ainda estão aqui. Quero voltar a agradecer pela ajuda. Inclusive, Shiba-san, eu não agradeci a você adequadamente, e peço desculpas por isso. Foi você quem trouxe o Kabuto-kun até aqui, e eu agradeço muito por isso. É claro que nem preciso dizer que tudo o que puderem comer aqui será por minha conta. - beija a mão direita dela com elegância, e o corpo de Shiba passa a arder de imediato, como se estivesse em brasas, apenas com aquele mínimo contato.

Kurosaki puxa a faixa nas costas do jaleco de Ishida, trazendo-o para um canto.

- Não faça tamanha loucura! - sussurra no ouvido do platinado, que tenta se desviar - Se você der brecha para a Kukkaku, por menor que seja, ela virá atrás de você até conseguir te arrastar para a cama mais próxima.

Uma expressão de puro choque surge no rosto do Quincy, que só estava tentando ser gentil, pois era o mínimo que ele podia fazer. O ex-Capitão então nota o rosto enfurecido de sua sobrinha bem atrás de si, e esta teve de se segurar ao máximo para não dar uma surra nele.

- O que foi que você disse, meu querido tio? - ela cerra o punho com ódio - Por acaso está fazendo a minha caveira para o ilustre Doutor Ishida? Pois retire o que disse agora mesmo, ouviu?

- Eu disse alguma coisa? Você me ouviu dizer alguma coisa? - responde o mais cínico possível.

Kukkaku prefere ignorar a cara de pau de seu parente, e com o melhor sorriso que podia dar, ela se vira para Ryuuken.

- Eu aceito o seu agradecimento, mas com uma condição: um jantar juntos.

- Sabia… - pensou Isshin ao bater na própria testa.

- Um jantar? Você e eu? - indaga surpreso.

- E por que não? Desfrutar da sua companhia, mesmo que seja por poucos minutos, será o melhor dos agradecimentos. - oferta a ele seu mais gentil sorriso, embora não tenha obtido êxito em desfazer a postura séria do belo platinado.

- Tudo bem… este é o meu cartão. Me ligue quando quiser, então jantaremos. - estende o pequeno papel para ela, que o pega encantada, só para depois ver seu objeto de desejo ser arrastado pelo braço pelo intragável do seu tio.

- Não faz ideia da burrada que acabou de fazer. - balança a cabeça lentamente em negativa - Ishida, meu amigo, tu tá lascado.

Uma risada seca pôde ser ouvida sob o olhar enfadado do Quincy.

De volta à mesa, Yakushi degustava um maravilhoso pudim de leite, enquanto Kukkaku acariciava o cartão dado à ela por Ishida como se fosse algo precioso. Levou o papelzinho ao rosto, e ali pôde inspirar o resquício do perfume de Ryuuken ainda contido neste.

- Este não foi o melhor dos dias? - a falida nobre comenta, esfregando o papel em seu rosto com a expressão abobalhada - Kabuto-sensei conseguiu um trabalho neste hospital maravilhoso, e eu tenho o cartão daquele Quincy gatíssimo. Não poderia ser melhor.

- Sim. Fico feliz por você. - dá uma resposta curta, pois estava mais interessado em comer, pois tal doce estava maravilhoso.

- E você ficou enrolando para virmos. Viu só o que perderíamos se não fosse pela minha incrível inteligência?

- Sim, sim…

Os dois passaram horas ali comendo. Kabuto experimentou quase todos os doces do cardápio, um mais encantador que o outro. Ele nunca havia degustado sobremesas tão deliciosas como as servidas ali em qualquer dos países Shinobi que espionou, e já estava adorando a ideia de trabalhar naquele lugar tão chique, contanto que pudesse comer algo tão delicioso.

Continua…

Notas finais - Uau, estou realmente surpresa que a história esteja sendo lida em tantos países. se dissessem o que acham seria melhor ainda, mas ok, vida que segue na semana que vem (=^^=)