Bem-vindos ao maior capítulo desta fanfic... pelo menos, por enquanto.

O que vocês lerão aqui é um passo necessário para a narrativa antes de avançarmos para os próximos eventos. Espero que vocês gostem e que o capítulo os ajude a entender um pouquinho quem é o Edward desta fanfic.

Boa leitura!


— Eu odeio seu pai — Edward declarou.

Caius riu.

— Não, você não odeia. O que você odeia é que te digam o que fazer, e isso é uma história completamente diferente.

Edward fez uma careta.

Ele conhecia Aro praticamente a vida toda e sabia que o homem realmente se importava com ele. Uma parte tola e oculta dentro de si sentia uma estranha satisfação com isso. Mas, por mais que tentasse ignorar, a irritação fervilhava em seu peito, obscurecendo qualquer traço de gratidão. Tudo porque Aro, em seu modo sorrateiro e meticuloso, havia se intrometido naquilo que ele julgava ser assunto privado. E pior, envolvera sua mãe na situação, como se ele fosse incapaz de lidar com seus próprios problemas.

Esme ligou para ele, e Edward sabia que isso era obra de seu tio. Ele tinha fornecido a ela seu número, é claro. Durante a ligação, Esme expressou preocupação com sua situação financeira e seus estudos, tomando cuidado para não mencionar sua opinião sobre o vício e a irresponsabilidade de Robert. Ela também evitou tocar na culpa que carregava por ter permitido que Edward fosse criado pelo ex-marido. Mas o que mais poderia ter feito? Ela acreditava que, ao ceder aos desejos do filho, poderia, eventualmente, conquistar seu perdão. Quando Edward expressou a vontade de morar com o pai, ela acatou, acreditando estar fazendo o certo.

Infelizmente, ela estava enganada. Para Edward, o fato de sua mãe ter entregue sua guarda a Robert apenas reforçou suas suspeitas de que ela nunca se importou verdadeiramente com ele. Afinal, ela já tinha um filho perfeito — por que precisaria de outro?

No fim, Esme apenas se limitou a oferecer ajuda.

Edward estava furioso. Como aquela mulher podia ter traído seu pai com o melhor amigo dele, mudado-se para longe com esse homem, casado poucos meses após o divórcio, e ainda assim fingir se importar com algo além de si mesma? Se realmente se importasse, não teria destruído a própria família.

Mas ele a ouviu, apenas para ter a satisfação de poder rejeitar sua ajuda.

Me ligue se mudar de ideia, Teddy — ela disse suavemente antes de Edward desligar o telefone abruptamente, sem se despedir.

— Não vou para aquele fim de mundo — Edward disse a Caius, a raiva ainda fervendo em suas veias.

— Por que não? — Caius perguntou, tentando ser razoável. — Sua mãe ofereceu um lugar para você ficar. Você poderia economizar dinheiro, tentar uma bolsa de estudos na universidade de lá, se formar médico. E, quem sabe, depois, voltar para cá.

— Você quer que eu vá morar no Kansas? E vá para uma universidade... na porra do Kansas? — Edward riu amargamente. — Você tá me zoando, né?

— Não é tão ruim. Kansas City é quase do tamanho de Los Angeles e parece ser um lugar decente, pelo menos no Google Imagens.

Edward lançou um olhar incrédulo para seu melhor amigo, se controlando para não socar o idiota.

— Google Imagens, sério?

— Só estou dizendo que não faria mal tentar.

— Eles não moram em Kansas City, Caius.

— Ah, não? Onde então?

— Lawrence — Edward respondeu entredentes.

— Espera. Isso é um lugar real? Achei que fosse só uma cidade fictícia de Supernatural.

Edward desejou que um meteoro caísse sobre sua cabeça, ali mesmo.

Mas Caius continuou insistindo, até que alguns dias depois, quando ele viu que o valor dos alugueis em Los Angeles não iriam ajudá-lo na tarefa de economizar o pouco dinheiro que lhe restava e voltar aos estudos, Edward finalmente cedeu e ligou para sua mãe. No momento em que ela atendeu, ele se arrependeu de sua decisão precipitada, claramente influenciada pelo álcool que corria em suas veias — cortesia da garrafa de uísque que ele havia surrupiado do armário de bebidas de Robert. Ele ficou em silêncio, contemplando a ideia de desligar, mas antes que pudesse, ouviu a voz de Esme do outro lado da linha.

Seu quarto está arrumado, esperando por você. Pode vir quando quiser, filho.

Os dias passaram em um borrão. Edward mal conseguia diferenciar um do outro, tudo se misturando em uma névoa de telefonemas e malas sendo feitas. Ele passava os dias em uma espécie de estado automático, lidando com detalhes práticos, mas evitando qualquer pensamento mais profundo sobre o que estava por vir. Quando Caius sugeriu organizar uma festa de despedida, ele aceitou por puro anseio de escapar da realidade.

A música alta vibrava nas paredes da mansão dos Volturi, a batida pulsante ecoando no peito de Edward enquanto ele vagava pelo lugar. A festa estava no auge, com pessoas espalhadas pelo espaço, rindo, conversando e bebendo como se o amanhã não existisse. Mas, para Edward, o amanhã era uma ameaça iminente.

— Maldita seja a hora em que eu fui dar ouvidos ao Caius — Edward resmungou, olhando para a garrafa vazia em sua mão. — Ótimo, claro que acabou.

Como se ela tivesse sido convocada, Jane surgiu ao seu lado, sorrindo e segurando dois copos de um líquido esverdeado. Sem pensar duas vezes, Edward pegou um dos copos e virou o conteúdo em um único gole. O líquido desceu rasgando sua garganta, e seus olhos imediatamente se encheram de lágrimas.

— Calma aí, bonitão — Jane disse, rindo.

— Que porra é essa? — Edward conseguiu perguntar entre tosses, ainda sentindo o ardor.

Jane deu de ombros, observando seu copo com curiosidade.

— Alguma coisa que o Caius inventou. Por quê? É tão ruim assim? — ela levou o copo ao nariz e fez uma careta ao sentir o cheiro forte de álcool. Sem hesitar, despejou o restante do líquido no substrato de uma planta próxima, meio que esperando que a planta murchasse e morresse instantaneamente.

— Vou pegar uma cerveja — ele disse, sem esperar nenhuma resposta. Claro, Jane disse que faria exatamente a mesma coisa, então enganchou seu braço no dele e o seguiu até a cozinha.

Desde o maldito dia em que ele cedeu às suas necessidades adolescentes e ficou com Jane pela primeira vez, a garota se agarrou a ele como uma sanguessuga. E, obviamente, porque ele tinha 17 anos na época e seus hormônios estavam à flor da pele, ele continuou transando casualmente com ela por mais de um ano.

Mas Janelle Jones não era uma garota casual. Seu pai era um juiz de renome, e sua mãe, uma socialite famosa. Edward a conheceu em um dos sofisticados jantares de caridade da família dela, onde Robert Masen era o convidado de honra, ainda na infância. Jane foi criada para alcançar grandes feitos: casar-se com um homem bem-sucedido, rico e influente, que a engravidá quantas vezes seu corpo permitir, e levar uma vida entediante de dona de casa. O mais surreal é que esse é exatamente o tipo de vida que ela deseja. Edward percebeu rapidamente que ela desejava ter essa vida com ele.

Sabendo que perderia o sexo fácil, ele decidiu deixar suas necessidades de lado e ser uma pessoa descente pela primeira vez na vida. Ele disse a Jane que não estava interessado em um relacionamento. Queria se concentrar nos estudos e, além disso, achava-se jovem demais para se comprometer com alguém daquela forma. Havia tantas garotas e garotos por aí, e ele queria experimentar todos os sabores possíveis, mesmo que baunilha não fosse nada ruim.

Jane ficou de coração partido, mas aceitou a decisão de Edward. Ou, pelo menos, pareceu aceitar. Quando ele percebeu que seu status de riqueza e influência havia diminuído significantemente, achou que seria mais fácil para ambos manterem a amizade, convencido de que ela não o desejaria mais. Ele até cogitou aceitar a proposta dela para que morassem juntos no apartamento que ela comprou com o dinheiro que ganhou como modelo — dinheiro que ela conquistou com seu próprio trabalho. Sentiu uma pontada de inveja, mas o que realmente o fez desistir da ideia foi o orgulho ferido e a vergonha de depender da amiga.

E ainda bem que ele recusou, porque o jeito como Jane acariciava seu braço naquele momento deixava claro que ela ainda o queria.

— O que você está fazendo? — Edward perguntou, afastando o braço rapidamente.

— Nada — Jane respondeu, com um tom doce demais para ser sincero.

Edward soltou um suspiro exasperado.

— Nós dois sabemos que não queremos a mesma coisa, Jane.

— Do que você está falando? — ela piscou, com uma expressão de falsa inocência.

— Você sabe exatamente do que estou falando — ele disse entredentes, tentando manter a calma.

Jane suspirou e desviou o olhar por um breve segundo, antes de voltar a encará-lo. Seus olhos suavizaram, e ela ergueu a mão para tocar o rosto dele. Mas Edward virou o rosto antes que os dedos dela pudessem encontrá-lo.

— Eu não me importo se você está sem dinheiro ou se sua vida está uma bagunça agora — ela sussurrou, quase desesperada. — Sei que você vai dar um jeito nisso, Ed. Eu... — sua voz falhou por um momento antes de continuar, com os olhos cheios de emoção. — Eu te amo.

Edward passou as mãos pelo rosto, frustrado. O que porra há de errado com essa garota, afinal?

— Jane, você quer se casar e expelir o máximo de mini-eus possível — ele disparou, como se a simples ideia o ofendesse. — Não existe nada que eu queira menos do que isso. Até mesmo ir morar numa porra de uma fazenda no Kansas parece melhor do que isso. Eu não quero... você. Eu não te quero. Consegue entender isso? Eu não te amo, porra! — as palavras saíram em um rompante, carregadas com toda a raiva que ele vinha acumulando por dias.

No instante em que terminou de falar, Edward se sentiu ainda mais irritado, dessa vez consigo mesmo. Ele não queria ser tão cruel com Jane, mas não conseguia controlar. Ela sempre foi gentil com ele. Claro, ela era um pouco burra e patética, mas era uma boa garota — uma boa amiga. Quando ele finalmente a olhou, seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas.

— Jane...

— Não, está tudo bem — ela disse, com uma calma forçada, dando um passo para trás. — Você está certo. Nós nunca daríamos certo juntos, tanto faz.

— Eu não queria dizer aquilo.

— Ah, você não queria? — Jane retrucou, o sarcasmo afiado. Ela o encarou com uma falsa expressão de surpresa, o sorriso dolorosamente cínico.

Ele passou a mão pelos cabelos, algo que ele sempre fazia quando estava nervoso.

— Você sabe que estou sob muito estresse. Porra! Não pode levar a sério o que eu disse.

— Então você mentiu? — Jane desafiou, seu olhar penetrante. — Quer se casar e ter filhos? Quer... a mim?

Ele balançou a cabeça, negando a pergunta.

— Então você não mentiu — ela sussurrou.

— Eu nunca disse que estava mentindo — ele corrigiu, com a voz agora mais calma. — Tudo o que eu disse é verdade, só não queria ter dito daquele jeito. E sinto muito por isso, de verdade. Porra, Jane, você é minha amiga. Por que diabos eu iria te machucar de propósito? — ele fez uma pausa, esfregando a nuca em frustração. — Só... me deixa fazer isso direito, tá? Me deixa ser um bom amigo. Eu sei que sou um monte de coisas ruins, mas eu gosto de pensar que, no mínimo, sou um bom amigo.

O silêncio entre eles se estendeu, cada segundo mais pesado que o anterior. Jane soltou uma risada curta, quase triste. Ela o observou por mais um momento antes de balançar a cabeça e puxá-lo para um abraço apertado.

— Você é um monte de coisas boas também, Edward. Mesmo que você não veja isso, você é... — sua voz falhou, e ela o abraçou com mais força, como se isso fosse fazê-lo acreditar em suas palavras.

Jane logo percebeu que algo estava errado. Edward não retribuía o abraço, seu corpo permanecia rígido. Hesitante, ela deu um passo para trás e ergueu os olhos, encontrando o rosto dele marcado por uma expressão carrancuda. Ela abriu a boca para dizer algo, mas não teve tempo. Edward a afastou e saiu da cozinha sem sequer pegar a cerveja que havia ido buscar.

Com o coração apertado, Jane o seguiu para ter certeza de que ele não faria nada estúpido. Ela sabia que, de vez em quando, ele recorria às drogas para "relaxar", uma prática com a qual ela não concordava. Ele costumava fazer isso com certa segurança, seja na sua própria casa ou na dos Volturi, na companhia de Caius. Apesar disso, o pensamento sempre a perturbava profundamente.

Quando ela viu que ele estava se dirigindo para a porta principal, ela parou de andar. Edward estava saindo da própria festa de despedida sem se despedir de ninguém, e a constatação de que ninguém mais parecia notar sua partida a deixou triste.


Na versão original desta história, a festa terminou de uma maneira bem diferente… mais especificamente, com Edward e Jane na horizontal. Essa parte da AU estava tão extensa que, ao convertê-la, eu teria dois capítulos com mais de 2500 palavras cada. Então, fiz uma reestruturação: condensei algumas partes, alterei outras e eliminei algumas completamente. E, para ser sincera, estou muito mais satisfeita com o resultado.

Eu queria avançar para a próxima fase, e no próximo capítulo, finalmente isso acontecerá. Infelizmente, Edward ainda não estará lá, mas achei importante mostrar como é a Sunset Valley antes da chegada dele.

Quem ainda está comigo? Por favor, compartilhem suas opiniões nos comentários. É muito importante para mim saber o que vocês estão achando dessa história que eu amo tanto.

Vejo vocês em Sunset Valley em breve, tchau!

14/09/2024.