Mini N/A: Então, achei que seria interessante comentar aqui. A música tema desse capítulo enquanto eu escrevia foi "Save your soul" do CD novo do Jamie Cullum. Quem quiser escutar, tem em um certo site de vídeos que todo mundo conhece. Espero que gostem do capítulo. =)


Dez minutos já haviam se passado e Remus ainda não fazia ideia do que diria quando Sirius abrisse a porta. "Me desculpe" ou "Sinto muito" não pareciam opções boas o suficiente mas mesmo depois de 20 minutos no metrô ele não tinha pensado em nada melhor. Dessa vez teria que ser no improviso. Tocou a campainha e esperou, no silêncio total. Depois de cinco minutos sem resposta, tocou novamente e nada. O apartamento estava vazio.

Sirius morava em um prédio antigo e charmoso, no subúrbio londrino. Não era nem de longe tão suntuoso quanto à mansão em que os Blacks moravam, mas parecia um bairro acolhedor e com vizinhos simpáticos.

Devia ter ligado. Mas se tivesse ligado, o que diria? Essa era uma conversa que Remus queria ter cara-a-cara com Sirius, pelo bem ou pelo mal. Com certeza era melhor esperar até o moreno voltar, ou então procurar a chave reserva. Quando Sirius se transformava em Padfoot, não havia nenhum bolso, bolsa ou acessório para carregar chaves então com certeza havia uma extra escondida em algum lugar por ali. Remus só precisaria encontra-la.

Olhando em volta, não havia muitos lugares aonde Sirius poderia ter escondido. Tinha o capacho embaixo da porta, mas nem mesmo Sirius seria tão clichê. Havia também um grande vaso de plantas, que Remus vasculhou metodicamente antes de descartar. Checou o batente da janela, rastejou pelo chão em busca de tábuas soltas, olhou por cima da luminária e, quando já estava desistindo, foi que ele viu. Bingo.

Do outro lado do corredor, pendurada discretamente em uma parede havia uma pequena pintura de um grande cão preto correndo ao luar. Com todo cuidado, Remus retirou a pintura da parede e lá estava ela, colada com uma fita na parte de trás da tela a pequena chave prateada que, com certeza, pertencia a Sirius.

Encaixou a chave na fechadura e ouviu o clic que indicava que a porta tinha sido destrancada. Respirou fundo e entrou.

O apartamento de Sirius era pequeno, com grandes janelas que deixavam um vento gostoso entrar. Possuía somente um cômodo que servia de sala e quarto e se transformava em uma cozinha americana ao lado da porta, além, é claro, de um banheiro. Quase não tinha móveis, somente uma cama de casal no centro do cômodo e livros espalhadas por todos os lados. Era o tipo de lugar aonde ele gostaria de morar, se não tivesse a livraria para cuidar.

Movido pelo instinto de livreiro, Remus se viu examinando cada lombada e capa de livro. Alguns ele conhecia da livraria, outros ele nunca tinha visto. O mais emocionante sobre trabalhar com livros é que você nunca vai conseguir conhecer todos.

Entre livros novos e antigos, Remus se deparou com um que não esperava encontrar. No topo da pilha mais perto da cama estava o livro que Sirius tinha comprado na sua primeira visita a livraria, quando nem se conheciam ainda. Uma edição antiga e pesada de contos do Poe, que Remus nem se lembrava de ter vendido.

Estava muito bem cuidada, apesar dos indícios de que tinha sido lida recentemente. Sem conseguir se conter, folheou as páginas com toda a perícia, procurando o ponto aonde Sirius tinha parado a leitura. Não demorou muito para a página marcada aparecer, mais ou menos na metade do livro, deixando um Remus surpreso, não pela posição, mas pelo marcador em si. Segura entre as páginas do livro estava a foto que ele havia tirado quando criança, abraçado com seu primeiro Padfoot.

- Remus?

Parado junto a porta, Sirius trazia uma sacola de compras em cada braço e uma expressão surpresa no rosto.

- Sirius! Er... Eu... Chave... Não... - Remus respirou fundo, fechando o livro ainda com a foto dentro. - Desculpe, eu não devia ter entrado, mas você demorou e...

- Tudo bem. - Interrompeu, Sirius, deixando os pacotes em cima da bancada. - Eu pensei em te falar sobre a chave reserva, mas não tinha mais espaço no papel e eu imaginei que você ia acabar descobrindo sozinho se precisasse.

Até aquele momento Remus não havia parado para pensar o quanto era errado sair entrando na casa dos outros sem ser convidado, principalmente se era a sua primeira vez ali.

- Não achei que você fosse aparecer por aqui. - O moreno começou a esvaziar a primeira sacola de compras. - Quer dizer, você parecia bem decidido na última vez que nos falamos.

- É, bem... Lilly ressaltou que talvez eu tenha agido como um babaca.

Sirius colocou as duas latas de molho de tomate que segurava dentro de um armário e se virou para Remus, os olhos cinzas fixos no amigo.

- E o que você acha?

- Como assim? - Remus não sabia aonde o outro queria chegar com aquela pergunta.

- Lilly acha que você foi um babaca. - Os olhos cinzas agora deixavam passar uma pontinha de rancor que Remus podia jurar vinha daquele dia em que tinha mandado Sirius embora. - E você?

Como responder aquela pergunta? Remus não era o tipo que colocava sentimentos em palavras, nem mesmo sabia muito bem como conversar com as pessoas. Nessas últimas horas desde que saíra de casa, ele já havia dado mais passos em relação à socialização do que em todos os outros anos da sua vida.

- Eu... - Juntou todas as palavras que seu cérebro conseguia formar. - Eu acho que ela pode estar certa.

Essa, com toda certeza, não era a resposta que Sirius esperava e Remus teve certeza disso quando a esperança se transformou em tristeza nos olhos cinzas. Porque tinha falado algo tão estúpido quando tudo que conseguia pensar era "Eu acho que não aguento mais ficar longe de você"? Ele, Remus Lupin, sempre tão inteligente e perspicaz não conseguia nem mandar na própria boca.

- Desculpas aceitas. - Sirius amassou a sacola vazia, enfiando-na em um armário com mais violência do que era necessário. - Se era só isso...

Sirius apontou para a porta que tinha cruzado minutos antes e Remus sentiu seu coração desabar. Então era mais ou menos assim que o moreno tinha se sentido . Não era a toa que ele estava tão chateado.

- Olha, Sirius... Eu sinto muito. - Os olhos de súplica do livreiro deviam ser capazes de amolecer um pouco o coração do moreno. - Achei que nós pudéssemos conversar um pouco.

Depois de segundos intermináveis de silêncio, Remus soube que tinha conseguido.

- Eu ia fazer um macarrão. - Disse o moreno, desviando o olhar para o outro saco de compras em cima da mesa. - Se você estiver com fome...

Durante a próxima meia hora permaneceram em silêncio, cozinhando juntos. Remus sabia adicionar a quantidade perfeita dos ingredientes, mas Sirius tinha vigor e técnica no preparo. Quatro mãos agindo como se fossem duas, sincronizadas, e, em tempo recorde, uma grande panela de macarronada fumegante estava em cima da bancada da cozinha.

- Você não deve receber muitas visitas, não é? - Indagou Remus, olhando ao redor do apartamento completamente livre de cadeiras.

- Você é a primeira, nem eu mesmo passo muito tempo aqui. - Respondeu o moreno, entregando um prato cheio para o outro. - Pode se sentar aonde quiser.

Remus sentou-se então no chão acarpetado, apoiando as costas em uma parede e observando enquanto Sirius sentava na própria cama. Estando os dois acomodados, começaram a comer.

Cada garfada de macarrão era como uma viagem ao paraíso dos sabores. Era impressionante como a comida de Remus melhorava quando tinha o moreno por perto. Tudo era melhor com Sirius, como tinha sido tão idiota de mandá-lo embora?

- Vi que você andou lendo. - Disse, apontando para o livro preto que tinha folheado mais cedo.

- Sim, foi uma boa compra. - Levantou-se, pegando o prato vazio de Remus e deixando os dois em cima da pia. - Sinto muito por ter pegado a foto sem avisar. Ela parecia meio esquecida naquele álbum e eu queria algo para... bem, me lembrar...

Mesmo depois de tudo aquilo, Sirius ainda tentava se lembrar daqueles dias que passaram juntos? "Leal como um cão", o livreiro não pode evitar de pensar.

- Como você mantém tudo isso? - Tentou mudar de assunto, evitando a conversa que tanto temia.

- Meus pais esqueceram algumas coisas no meu nome, tenho um ou outro apartamento alugado e esse aqui... - Sirius suspirou, cansado. Sentou-se novamente na cama e fixou o olhar no amigo. - Para de enrolar, Remus, porque você está aqui?

Como sempre, Sirius podia ver através de sua alma. Será que o livreiro era tão fácil de ler assim?

- Eu... - Remus respirou fundo e fechou os olhos. - Eusintoasuafalta!

- O que? - O olhar de confusão no rosto do moreno era quase engraçado. Porque tinha que ser tão difícil?

- EUSINTOASUAFALTA.

- Remus, devagar. - A confusão se transformou em prazer e Remus teve certeza que o moreno tinha entendido o recado.

- EU SINTO A SUA FALTA.

Foi preciso adicionar um intervalo de quase 2 segundos entre uma palavra e outra para que todas saíssem na ordem certa. Tinha falado, era tudo ou nada.

O sorriso malicioso de Sirius era toda a resposta que Remus precisava para ficar altamente apreensivo. O que o moreno pretendia, levantando e se aproximando daquele jeito?

- É mesmo? - Disse, encurralando um Remus branco contra a parede? - E o que isso quer dizer?

- Ah, Sirius, não me faça... Tá bom... - Remus respirou fundo e fechou os olhos com toda força que ainda tinha. - Eu quero que você volte para casa.

- E o que aconteceu com o livreiro solitário na casa grande e empoeirada? - Sirius agora chegava perigosamente perto do rosto de Remus.

- Eu... A casa é muito grande.- A proximidade de Sirius estava fazendo as pernas de Remus extremamente bambas e ele tinha certeza que ia desmaiar a qualquer minuto. - Eu não consigo mais viver com o silêncio e... Sirius, já chega... eu queria companhia e... Sirius, para!... eu não sei mais o que você quer que eu diga... a casa tá vazia...

Sirius continuava se aproximando, deixando Remus altamente apreensivo e sem ter mais o que falar, seu cérebro simplesmente jogava frases aleatórias na esperança de que Sirius recuasse.

- E Padfoot... panquecas... - Remus estava ficando zonzo, o perfume de Sirius ocupando toda a sua mente. - eu não consigo dormir... e... eu amo seu cheiro...

As palavras escapulindo pela boca de Remus foram um choque tanto para o loiro quanto para o moreno. Sirius se afastou de um salto, encarando o amigo que agora estava mais vermelho que um tomate, com as mãos sobre a boca.

- Meu cheiro?

- É, quer dizer... Não é como se eu ficasse cheirando seu travesseiro nem nada... - Qualquer um podia ver que era exatamente isso que Remus tinha feito. - É só que seu perfume é gostoso e...

Enquanto o loiro tentava se explicar, Sirius encarava o seu rosto de boca aberta.

- Remus, - Ao ouvir o seu nome , o loiro parou de falar instantaneamente. - você gosta de mim?

A coloração roxa que tomou conta do rosto do livreiro nos segundos subsequentes a pergunta era toda a resposta que Sirius precisava.

- É claro que eu gosto de você, nós somos amigos.

- Você me entendeu! - Sirius sorriu, um misto de malicia e diversão. Olhando fundo nos olhos de Remus, continuou. – Vamos colocar de outra forma. O que você faria se eu te beijasse agora?

- Eu... – Remus tinha certeza que ia explodir ou desmaiar.

- Se eu chegasse perto assim... – A boca de Sirius estava tão perto da de Remus que o loiro sentia a respiração quente do moreno nos seus lábios. – O que você faria?

Fechando os olhos e reunindo toda a coragem que ainda sobrava naquelas pernas bambas, Remus se jogou para frente, diminuindo os poucos milímetros que separavam sua boca da de Sirius para zero. Sem explodir ou desmaiar.

Era exatamente como havia sonhado todas aquelas noites. Era quente, forte e gentil, mordido e apaixonado. Era tudo que Remus sempre quis sentir e nunca sentiu. Era um motivo para dar o maior salto de sua vida sem olhar para trás. E quando Sirius começou a descer as mãos pela cintura de Remus, o loiro já não se assustava mais, aranhando com as próprias unhas as costas de Sirius por baixo da camisa branca.

Em poucos segundos os dois eram um emaranhado só, caindo na cama de Sirius. Os dedos experientes de Sirius se movendo hábeis para retirar as malditas roupas do caminho, quase tirando sarro da forma inexperiente com que o loiro tentava acompanhar. Mas Sirius gostava. Gostava da inocência de Remus, de como ele ficava corado. Gostava de como na hora H ele tomava a iniciativa e sabia muito bem o que queria. Gostava do cheiro doce que o cabelo dele tinha e gostava das marcas de dentes e unhas que ele deixava no seu corpo. E naquela noite, depois de uma longa semana, Remus foi capaz de dormir novamente.


N/A: Novamente, desculpem pela demora! Universidade me deixando doida e eu devia estar estudando agora. *risada nervosa* =(

Finalmente temos os dois juntos *Solta fogos*. Sirius conseguiu domar o Remus cabeça oca, parabéns para ele!

O capítulo ficou um pouco curto, mas eu achei que vocês fossem preferir um capítulo curto a capítulo nenhum. xD

Enfim, reviews me ajudam a agilizar o próximo capítulo (sério, esse só saiu graças as pessoas lindas que comentaram no último)

Muito obrigada por lerem! Nos vemos no próximo. =D

Respondendo aos reviews do capítulo passado:

Ly Anne Black: Review linda como sempre! Esse capítulo matou a vontade de S/R? O capítulo não ficou gigantíssimo (ficou bem pequenininho, na verdade), mas espero que tenha gostado. Continue acompanhando! =)

Guest : Espero que continue acompanhando e gostando, estou dando o meu melhor. *determinada*

Caribbean Black Potter: Eles cozinham de tudo, são muito versáteis! Espero que tenha gostado do capítulo, continue acompanhando!

Wolfizzie: Não precisa se desculpas, eu amei o comentário! E o Remus foi burro mesmo, as vezes eu tenho vontade de dar uns cascudos nele. Continue acompanhando, espero que tenha gostado desse também. =)