Remus sabia exatamente onde estava embora não visse nada no escuro e não fizesse ideia de como tinha chegado ali. Era fácil reconhecer aquele cheiro, como um leão na selva, estava no seu habitat. Aquela era a sua livraria, o lugar aonde se sentia seguro.

Tateou o vazio devagar e encontrou o que reconheceu facilmente como a sua cadeira, a velha poltrona que fora do seu pai e do seu avô antes dele. Se ela estava ali o interruptor de luz deveria estar por perto também. Subiu a mão pela parede gelada, com dedos ágeis, procurando. Estava exatamente aonde devia estar, três palmos e meio acima do topo do assento. Com um click seco a luz encheu o ambiente.

A livraria estava do jeito que sempre estivera, o lugar aonde passara todos esses anos, as mesmas paredes marrons, as mesmas estantes velhas de madeira e os mesmos livros empoeirados. A cada móvel reconhecido Remus se enchia de paz, a mesma paz que sentia quando estava sozinho aproveitando seu silêncio. E então ele viu algo que definitivamente não fazia parte daquele lugar.

Apertou os olhos que ainda não tinham se acostumado inteiramente com a luz tentando discernir a silhueta corpulenta parada bem no centro da sala. Primeiro viu o capuz preto, cobrindo todo o rosto e depois viu o galão vermelho firmemente seguro pelas luvas. E então viu o fósforo aceso, caindo em câmera lenta até o chão molhado.

Em segundos o lugar inteiro estava em chamas, a claridade do fogo machucando os olhos de Remus. Lentamente ele via tudo desmoronar em laranja e vermelho e sabia a terrível certeza de que não podia fazer nada. A nuvem grossa de fumaça fazia seu pulmão arder e ele soube que se não saísse dali estaria acabado, tinha que encontrar ajuda. Precisava avisar Sirius. Ele se virou para a única saída que havia, a porta atrás da mesa que daria acesso direto a casa. Girou a maçaneta mas nada aconteceu, pela primeira vez aquela porta estava trancada. Dessa vez Padfoot não estaria lá para salvá-lo.

Não havia mais o que fazer, o caminho para a porta da frente estava bloqueado pelas chamas e a fumaça tornava respirar uma tarefa quase impossível. Tentou gritar mas nenhum som saiu. Lentamente suas pernas foram cedendo, até que sua testa encostou no chão frio. Estava acabado.


Remus acordou em sua cama, encharcado em suor, com o coração disparado e a garganta seca. Respirou fundo varias vezes só para ter certeza de que conseguia enquanto tateava com os braços a cama vazia. Já começava a amanhecer e os primeiros raios de sol que entravam pela janela traziam a confirmação de que Sirius não estava lá. Precisava encontrá-lo, aonde quer que o moreno estivesse Remus precisava desesperadamente encontrá-lo.

Pisou no chão frio, torcendo para que suas pernas estivessem firmes o suficiente para sustenta-lo. Desceu as escadas o mais rápido que conseguia, dois degraus de cada vez, apoiando todo o peso no corrimão e deslizando para o andar de baixo. Assim que botou os pés no térreo ouviu o som de vozes vindo da livraria em uma casa completamente silenciosa. Com certeza Sirius estava lá.

Por um segundo achou que a maçaneta da porta não ia se abrir, como no sonho, mas assim que colocou peso a porta se moveu, revelando os donos das vozes.

Remus simplesmente deixou-se escorregar para o chão. Já fazia algum tempo que eles estavam reformando a livraria e a sala em que se encontrava agora era completamente diferente da do seu sonho. Em vez do papel de parede marrom, havia um papel alegre e colorido e em vez das velhas estantes de madeira, estantes baixas e bichinhos de pelúcia sorridentes. E em vez do homem encapuzado, havia Sirius e James. Sem fogo e sem fumaça, somente a sua família.

- Remus! – Sirius se virou surpreso, encarando o namorado. – Você está bem?

Não respondeu, não havia o que falar, somente enfiou o rosto entre as mãos e tentou com toda a força não chorar.

- Remmy! – Sirius se agachou, segurando os braços do outro. – Fale comigo, o que aconteceu?

Remus respirou fundo varias vezes e levantou o rosto. Precisava se acalmar, tinha sido só um sonho idiota, tudo estava bem. A livraria estava lá, Sirius estava lá. Só um sonho, não era real.

- Tive um pesadelo. – Tentava manter a voz firme. Agora que estava ali se sentia um completo idiota por ter se deixado levar por um sonho. – Já tá tudo bem.

Sirius não parecia nem um pouco convencido.

- Vem, eu vou te fazer um chá.

O moreno ajudou o namorado a se levantar e lentamente seguiram para a cozinha. Enquanto tomava o chá (com uma colher de mel, do jeito que ele mais gosta), Remus tentava por as ideias no lugar. Depois de todo aquele tempo ele tinha praticamente se esquecido da tentativa de incêndio na livraria. Era uma memória distante de um passado que não tinha Sirius e Padfoot na mesma pessoa. Parecia ter sido ha mil anos atrás.

Ele sabia exatamente o que o sonho significava. Estavam prestes a reabrir a nova livraria, só precisavam de um nome e de um ajuste ou outro. Tinha se esquecido completamente de Abraxas e de sua fixação em destruir a herança Lupin. Nos últimos tempos tinha sido deixado em paz, mas Remus sabia que Abraxas estava só esperando que a livraria falisse sozinha. Com a mudança de ramo isso deixaria de ser uma certeza. Teriam problemas e o subconsciente de Remus sabia disso.

Tomou mais um gole sentindo o liquido quente e calmante descer pela garganta. Precisava ser sincero e contar a verdade para Sirius e James, encontrariam uma solução juntos. Já tinha aprendido que quatro cabeças pensam bem melhor do que uma e essa era exatamente a hora para usar todo o raciocínio que conseguissem reunir. Como tinha sido tão estúpido a ponto de se esquecer dessa possibilidade? Tinham gasto longas horas trabalhando naquela livraria para deixar tudo arrumado da melhor maneira possível, ele não podia por tudo a perder. Não podia deixar Abraxas destruir a única chance que tinha de salvar aquele lugar.

- Quer conversar sobre isso? – Do outro lado da mesa os olhos cinzas examinavam tudo com uma atenção impressionante para alguém tão hiperativo.

Remus fitou os olhos caninos e depois os olhos castanhos de James, tão profundos e intensos quanto. Era tão estranho ver aquele olhar sério no amigo. Depois de todos esses anos de amizade ainda era difícil olhar para James e não ver o garotinho brincalhão que seguia Remus para todos os lados. Não, não queria conversar sobre isso, mas não podia simplesmente correr dos problemas como sempre fazia. Tinha se prometido parar com isso.

- Eu tive um pesadelo, um bem ruim com aquele dia do incêndio. – Olhou institivamente para o peito do namorado, bem onde devia estar a cicatriz.

- Foi só um pesadelo, Remmy – Sirius se encolheu, desviando o olhar de Remus. – A polícia disse que foi uma tentativa de assalto, não vai acontecer de novo.

- Não foi uma tentativa de assalto, Sirius. – Respirou fundo, reunindo forças. – Não importa o que a polícia diga, eu sei que não foi um assalto, foi...

- Abraxas. – Depois de todo esse tempo calado, James finalmente quebrara o silêncio para a confusão de Sirius. – Você tem certeza?

- Sim... – Era hora de ser totalmente honesto. – Lucius esteve aqui.

- Aquele covarde! – Era fácil perceber o ódio nos olhos castanhos. – Depois de tudo isso ainda mandar o próprio filho para te ameaçar...

- Ele não veio me ameaçar... – Remus levantou a voz na tentativa de tirar James de seu surto de ódio. – Veio oferecer ajuda. Ou pedir ajuda, eu não sei.

Era fácil ver que James não acreditava nisso. James sempre fora assim, quando gostava de alguém gostava 100% mas quando não gostava, odiava de todo o coração. O olhar de incredulidade dele só era ofuscado pela expressão de confusão no rosto de Sirius. Era hora de acabar com os segredos.

Contou tudo que conseguia se lembrar. Para James contou com detalhes os acontecimentos daquela noite, como estava dormindo com Padfoot (e nesse ponto fez questão de falar que ainda não sabia de Sirius) e ouviu um barulho vindo da livraria. Contou como foi salvo na última hora pelo canino e como isso tinha custado a Sirius seu segredo e sua saúde.

Para Sirius contou tudo que já havia passado com Abraxas, as pilhas de contrato e as visitas insistentes. Contou sobre Lucius e a rivalidade de colégio dele com James. Por fim, fez o melhor relato que conseguiu sobre a visita inesperada do loiro a livraria.

- Porque você não me falou? – Por trás dos olhos cinzas, Remus podia ver um mar de mágoa. Não podia culpa-lo, Sirius tinha arriscado a vida por ele e nem mesmo tinha recebido uma explicação decente do porque.

- Eu sinto muito. – Abaixou a cabeça, encarando a xícara agora vazia. – Não queria trazer mais problemas, achei que podia lidar com isso sozinho. Harry estava para nascer, você tinha ido embora, eu não tinha muita opção. E quando tudo voltou ao normal eu simplesmente esqueci.

- Tentar cuidar de tudo sozinho parece mesmo bastante "Remmy". – Resmungou James, cruzando os braços e olhando pela janela. – Como vamos resolver isso?

- Bom, acho que vamos ter que dar um telefonema. – Era difícil ficar chateado com Remus, mas Sirius estava realmente se esforçando.

- Você enlouqueceu? – Apoiado na mesa, James parecia que ia explodir. – Não dá pra confiar nele!

- Você tem uma ideia melhor? – O silencio foi a única resposta. – É, achei que não.

Remus estava se sentindo péssimo. Não via aquele olhar em Sirius desde o dia em que tinha sido um imenso idiota e mandado o moreno embora e, agora como daquela vez, sabia que a culpa era completamente sua.

- Eu ligo, guardei o cartão dele em algum lugar. – Remus estava determinado a resolver tudo. – Vou marcar uma reunião ou coisa assim.

- Você não vai sozinho! – A preocupação e a raiva davam um tom autoritário pouco natural à voz de Sirius. – Traga ele aqui, vamos resolver isso na livraria. E você não vai mais me excluir de nada, estamos entendidos?

Era estranho receber ordens de Sirius, normalmente sempre tão doce, mas no fundo Remus sentia que merecia aquilo. Estava mexendo na única coisa que tirava o moreno do sério: sua segurança. Às vezes tinha a impressão de que Padfoot era mais um cão de guarda do que um cão de companhia.

- Tudo bem.

- Ótimo.

Remus sentia as bochechas queimarem enquanto segurava o choro.

- Olha, Remmy, estamos nisso juntos, não é? – A voz de James era doce e conciliatória. – Nós vamos resolver isso como um time.

Remus balançou a cabeça e olhou pela janela. Do lado de fora caia uma neve fina, extraordinariamente bonita refletindo o sol da manhã. Pelas suas contas, não devia ser nem oito horas ainda.

- Aliás, o que vocês faziam na livraria tão cedo?

O silêncio tomou conta da sala novamente, enquanto Sirius e James se entreolhavam. De repente Remus se sentiu extremamente desconfortável, como se tivesse sido deixado de fora. Pensou em brigar mas o sorriso misterioso que se abriu nos dois rostos indicava que eles estavam tramando alguma coisa. E isso era perigoso.

- Acha que já podemos contar, Sirius?

- Acho que agora não temos muita escolha, James.

Antes que Remus pudesse fazer qualquer menção de falar, os dois arrastaram o amigo confuso pelos braços, passando pela porta da cozinha e por todo o caminho que tinham feito de volta a livraria.

Estava exatamente como Remus lembrava, com a decoração infantil que Lilly tinha planejado tão minuciosamente. Tudo igual exceto por uma grande caixa no centro da sala. Como não tinha notado aquilo quando entrara no cômodo a primeira vez naquela manhã?

Largaram o loiro e correram para a caixa, como duas crianças abrindo um presente de natal.

- Pronto, James?

- Certamente, Sirius! – Sem aviso, puxaram algo que parecia um pesado cobertor, grande e colorido. – TADÃÃÃ!

Por um momento Remus não entendeu o que era aquilo ou o que diabos estava acontecendo mas assim que os dois pararam de se mexer e o pano se esticou ele entendeu. Era exatamente o brasão que Remus tinha mostrado para Sirius no álbum de fotos, aquele que ele e James tinham feito quando crianças só que melhor desenhado e em tamanho gigante. Era o símbolo dos marotos.

- Apresentamos o clube do maroto, a primeira livraria totalmente voltada para crianças. – James falava como um locutor de rádio. – Venha e largue seu pirralho aqui, nós cuidamos dele!

- A ideia foi minha. James ajudou a redesenhar o Brasão e Lilly ajudou a fazer a bandeira. Era para ser uma surpresa mas você acabou descobrindo antes do tempo. – Sirius olhou para James com uma pontada de maldade nos olhos. – Lilly vai te matar quando descobrir que não estava aqui quando contamos pro Remus.

- Ah, Merlin... – James se virou para Remus com genuína preocupação. – Acha que pode fingir surpresa mais uma vez quando ela estiver aqui?

Por um longo segundo James e Sirius ficaram olhando para Remus, esperando alguma reação. E se Remus não tivesse gostado do nome? E se ele achasse que era um nome idiota? Os dois tinham passado longas madrugadas arrumando tudo escondido, não seria nada bom ter que jogar tudo fora.

E então Remus começou a rir. Compulsivamente, sem parar. Lágrimas escorriam pelas suas bochechas e a pele normalmente pálida estava vermelha pela falta de ar. Sirius e James se entreolharam, tinha sido um nome tão ruim assim?

- É só uma ideia, Remmy, não é nada definitivo. – James ainda segurava a ponta da bandeira que agora pendia flácida.

- Nós podemos pensar em outro nome se você quiser.

Remus enxugou os olhos, respirando fundo enquanto as ultimas gargalhadas saiam. Sem falar nada, se levantou da cadeira e andou até onde os outros estavam. Puxou a bandeira e observou o logo em silêncio.

- É perfeito! – Falou por fim, para alivio dos outros dois. – Não acredito que demoramos 15 anos para encontrar o terceiro membro do grupo.

- E ele é um verdadeiro cachorro! – O comentário foi seguido instantaneamente por um cascudo bem aplicado por Sirius na cabeça de James. – Sem ofensas.

Ficaram a próxima hora remexendo no conteúdo da caixa de papelão. Sirius e Remus tinham feito não só a bandeira, mas uniformes para todos e crachás personalizados. No crachá de James se lia "Prongs" em letras garrafais e no de Remus estava escrito "Moony".

- Moony? – Remus segurava o próprio crachá – Porque Moony?

- Porque você está sempre no mundo da lua.

- Isso não é verdade!

- Isso é totalmente verdade, Remus. – Sirius que até então estava quieto deu uma risadinha. – Como aquele dia em que você estava perdido num dos seus romances e eu tive que repetir a mesma frase três vezes.

- Normalmente eu desisto depois da segunda vez. – Resmungou James, pegando outro objeto na caixa. – E esse é o de Sirius.

Nas mãos de James estava uma coleira azul com patinhas bordadas e uma medalhinha aonde se lia "Padfoot".

- Eu ainda não concordei com isso.

- Oras, Sirius... – Remus suprimiu uma risadinha. – Se eu posso ser "Moony" você pode usar uma coleira.

Sirius definitivamente não concordava com esse argumento mas se limitou a resmungar baixinho.

- Ok, então nós temos um nome e tudo mais. – James respirou fundo. – Se queremos manter a data de inauguração acho que tem um problema que precisamos resolver, não é?

- Certo. – Sem enrolar, Remus puxou o telefone.


O relógio marcava onze horas em ponto quando Lucius Malfoy atravessou a porta da livraria. Sentado em silêncio no cantinho, James observava o movimento e tentava não rosnar para o recém-chegado. Por baixo do balcão Remus apertava firmemente a mão fria de Sirius.

- Olá, Remus. – Parado a porta, Lucius observava toda a livraria com o mesmo olhar inquisitivo de sempre. Pousou os olhos em James. – Estamos fazendo uma reunião de colégio aqui?

- Eu não te chamaria para a minha reunião, Lucius. – Resmungou James por entre os dentes, parando ao encontrar o olhar furioso de Remus e respondendo-no com o sua melhor expressão de "foi ele quem começou".

- Agradável como sempre. – O loiro deu mais alguns passos para dentro da livraria. – Fiquei sabendo que teve um filho, Potter.

- Como sabe disso?

- Tenho meus informantes. Engraçado ele ter nascido alguns meses depois do meu Draco. Um verdadeiro Potter, sempre em segundo lugar. – Os olhos azuis tinham uma malicia fina, como se adorassem ver o sangue de James ferver. – Fico imaginando quando Remus vai começar a colocar alguns pequenos livreiros amadores no mundo para meu pai perseguir. Seria uma boa diversão.

Do outro lado do balcão Remus sentiu as bochechas corarem, apertando forte a mão de Sirius que lançava olhares afiados e mortais para Lucius.

- Entendo... – Murmurou o loiro, olhando de Remus para Sirius e de Sirius para Remus.

- Vocês vão ficar trocando fofocas ou vamos falar de negócios? – Sirius estava decidido a não perder a paciência.

- E quem é você? – O sorriso malicioso no rosto de Lucius deixava bem claro que ele sabia exatamente quem Sirius era e qual era a sua relação com Remus.

- Sou o sócio de Remus.

- Sócio? – Lucius olhou em volta. – Então você deve ser o responsável por essa mudança. Impressionante o que fizeram aqui, talvez esse lugar tenha algum futuro afinal.

Os três olharam boquiabertos. A última coisa que esperavam naquele momento era um elogio vindo de Lucius.

- Sim, fizemos algumas mudanças. – James falava pausadamente, atento a cada movimento de Lucius. – Mas para isso funcionar, precisamos que o maníaco do seu pai saia de cena.

- Imaginei que fosse algo assim. – Respondeu sem emoções, pegando um coelhinho de pelúcia de cima de uma estante e examinando-o. – Então, Remus, resolveu conversar sobre a minha proposta? Achei que ligaria antes.

Lucius colocou o coelho de volta na estante e se virou para o trio. Pela primeira vez parecia realmente interessado na conversa.

- Com certeza podemos fazer com que isso seja benéfico para todos nós. – Apoiou as costas na parede e olhou fixamente para Remus. – Mas já faz muito tempo desde o "incidente", não posso culpar o meu pai por algo que aconteceu oito meses atrás.

Um balde de água fria caiu sobre Remus. Lucius era a sua última opção, a única forma que tinha de controlar Abraxas.

- Então não podemos fazer mais nada?

- Eu não disse isso. – Os olhos de Lucius brilharam. – Eu só disse que ele não poderia ser incriminado por aquele dia em particular... Talvez se ele fosse pego na cena de outro crime.

- Espere... – Sirius parecia incrédulo. – Você está sugerindo que nós deixemos o seu pai agir novamente?

- Garoto esperto. – Lucius sorriu, como se ele tivesse acabado de sugerir que os quatro almoçassem comida chinesa.

- De jeito nenhum! – Sirius rosnou em resposta, os punhos fechados. – Remus quase morreu na última brincadeira do seu pai.

- Sirius, espera... – Do canto da sala, James parecia pensativo. – Pode ser uma boa ideia. Podemos armar uma armadilha e pegar o Abraxas antes que ele faça algum mau a livraria.

- Lillian tem feito bem para a sua cabeça, aparentemente. – Lucius parecia estar se divertindo com a situação. – Sempre achei que aquela ruiva ia adicionar um pouco de cérebro a sua família.

Remus sabia que precisava mudar o foco da conversa antes que James partisse para cima do convidado.

- Temos como fazer isso? – Disse, olhando diretamente para Lucius.

- Suponho que eu possa fazer chegar ao ouvido do meu pai notícias sobre o seu pequeno empreendimento aqui. Acho que ele não ia querer correr o risco. – Pensativo, Lucius girava a comprida bengala entre as mãos. – Meu pai não confia nas pessoas, aposto que dessa vez ele vai supervisionar o serviço em pessoa.

- Isso seria perfeito. – Remus parecia excitado com a possibilidade.

- Sim. Quando vai ser a inauguração?

- Daqui a uma semana. Dia 12.

- Posso espalhar que a livraria vai estar vazia no dia 11. Grande jantar de comemoração antes da inauguração, sabe? – Olhar para Lucius era como olhar para um demônio particularmente engenhoso. – Aposto que meu pai ia querer dar o seu "toque especial" a nova livraria.

Era uma proposta perigosa. Se tudo desse certo nunca mais teriam que se preocupar com Abraxas ou com os Malfoys. Se desse errado Remus podia perder toda a livraria. Era tudo ou nada.

- Vamos fazer! – Respondeu, com o máximo de determinação que conseguia.

- Remus, tem certeza? – Sirius era a imagem da preocupação.

- Sim. – Remus segurou as mãos de Sirius, tentando passar confiança. – Eu não quero mais viver com medo, Sirius. Se vamos começar de novo, quero começar do zero. Sem incêndios, sem contratos, sem Abraxas.

- Excelente. – A voz de Lucius era fria como a de um cirurgião antes da operação. – Agora se me dão licença, eu tenho algumas cordinhas para puxar.


N/A: Atualização! Super capítulo gigante! Espero que gostem.

Respondendo aos reviews:

LaahB: Hahahaha, acho que eu só posto capítulos depois de feriados gordinhos, né? Feliz páscoa e continue firme e forte daí que eu continuo daqui.

Ly Anne Black: Agora a livraria tem um nome! E o Padfoo tem até uma coleira, hahaha. Infelizmente não deu pra falar da rotina deles mas temos um cão super protetor que é tão fofo quanto, não é? O Remmy está mudando e virando um cara decidido e forte para desespero do Sirius que só quer proteger o dono.

Dragn: Muito obrigada, espero que goste do novo capítulo. =)

Hope B. Black: Seja muito bem vinda! É engraçado essa troca, não é? O mais legal é que Remus continua se afastando das pessoas dessa vez por ser "normal" e "desinteressante" demais. Acho que a culpa é dele e não da licantropia.

Agradeço muito pelos Reviews lindos, são eles que movem essa história. =)

Quem quiser deixar um "to aqui", "gostei", "tá horrível" ou qualquer outro comentário é só clicar naquele botãozinho ali embaixo e me deixar muito feliz.

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Obrigada a todos que continuam aqui depois de todo esse tempo!

Feliz Páscoa.