Disclaymer: Essa fic se passa no universo de Forgotten Realms e Golarion. Seus personagens e locais citados são de propriedade da Wizards of the Coast, da Paizo e dos jogadores que estão participando dessa campanha. Escrita sem fins lucrativos.

Cenário: Forgotten Realms/Golarion

Série: Fullmetal Summoner

Personagens: Phalanx, Jade Rockbell, Nolan Amaranthus, Dimble Thomberry, Thorin Gladius, Daisy Amaranthus, Rakhonar, Brann, Jade Rockbell, Diane Rockbell, Klaus Armstrong, Vika Fleetus Loras Grassrunner e Adara Knoxville.

Sinópse: O mago Nolan encontrou uma relíquia que julgou inestimável. Ao levá-la para casa e consertá-la, deparou-se com o Protetor Hidráulico Autômato Ligado A um Núcleo de Xenium: Phalanx., o Golem de Guerra. Em outra realidade, num mundo chamado Golarion, o meio-orc Jade Rockbell encontra uma relíquia magitek de imenso poder. E o destino destes dois heróis está prestes a colidir.

PS.: Essa história conta a origem do meu personagem para uma campanha de D&D mestrada pela minha amiga Wan. O Phalanx é um monge Warforged. Como essa campanha terminou em um hiato e não tem previsão de voltar, decidi reaproveitar ele em uma outra ideia para uma possível campanha do sistema que mais estamos jogando atualmente, Pathfinder. Então, a história dele estará ligada agora ao Meio-Orc Jade Rockbell, um aventureiro e membro da Sociedade Pathfinder. Por conta disso, essa fic vai ter mais dois capítulos e será levemente diferente da original.

FULLMETAL SUMMONER

Capítulo 01: Protetor Hidráulico Autômato Ligado A um Núcleo de Xenium

Tarkhaldale, também conhecido como o "Vale Perdido" declinou lentamente, devastada por tribos de orcs e goblinoides por décadas. Não era um lugar particularmente seguro para aventureiros, exceto os mais experientes e poderosos.

Assim como os outros vales daquela terra, já abrigou uma civilização próspera. No entanto, o constante conflito com monstros levou a população a medidas desesperadas. Os humanos, anões e gnomos travavam uma constante e sangrenta guerra com as tribos de orcs e goblinoides, o que forçou as três raças a uma colaboração entre si. Humanos com sua capacidade de adaptabilidade, anões com sua maestria em mineração e forjas e os gnomos com suas habilidades mágicas e talentos para alquimia e engenharia criaram terríveis armas de guerra para tentar deter os incansáveis ataques das hordas monstruosas.

Aquele cenário arruinado pelo conflito que levou ao quase extermínio de ambos os lados era o lugar mais improvável de se encontrar o homem de meia-idade que caminhava tranquilamente segurando seu cajado de madeira. O homem estudava as ruínas do vilarejo destruído com a insaciável curiosidade de um estudioso.

Nolan Amaranthus era dedicado ao estudo da magia, embora tenha se dedicado à carreira de aventureiro, considerava-se mais um estudioso e um pesquisador curioso do que um intrépido herói em busca de fama e fortuna.

Aventurou-se por Toril ao lado de seu grupo composto pelo guerreiro Garrison, a gnoma ladina Gully e a meio-elfa patrulheira Sonia, por anos. A pouca fortuna que fez, usou para construir sua casa onde vivia com sua esposa.

A única aventura a que se dedicou após sua aposentadoria foi a de arqueólogo, buscando evidências de um passado distante para vender aos mercadores. Embora não precisasse muito de moeda ou ouro, visto que vivia do que a terra provém, basicamente. Em sua cabana no meio da floresta, plantava frutas e hortaliças, além de criar animais para seu sustento e o de sua esposa Daisy.

Em suas viagens por aquelas terras ele encontrou muitos tesouros arqueológicos de um passado distante. Mas naquele dia em especial, ele encontraria o que talvez fosse seu maior tesouro.

Soterrado na areia molhada, parecia um elmo, mas diferente. Havia dois vãos negros e vazios como olhos e era pesado demais para um elmo. O velho mago, curioso estudou o elmo por todos os ângulos e viu que o elmo era maciço e não oco. Ao balançar a peça ouvia o tilintar de metal vindo de dentro.

Não muito distante, dali encontrou um torço de armadura. Tentou puxar a mesma pelo braço visível fora da terra e deu-se conta do quanto era pesado. Precisaria de uma pequena ajuda para isso.

"Vejamos. Onde está…?" Sussurrava enquanto lambia os dedos e virava as páginas de um antigo grimório empoeirado. "Aqui está. Feitiço telecinético."

Fazendo rebuscados movimentos com as mãos, criando símbolos de luz no ar e entoando palavras mágicas, Nolan fazia a armadura tremer e se mover como se quisesse se livrar das amarras da própria terra. Até que de repente, a armadura foi arrancada de súbito e permaneceu flutuando no ar.

"Fascinante…" Balbuciou o velho mago.

O que parecia uma armadura, agora, ficava evidente que se tratava de um corpo. Feito completamente em metal, um dos braços estava destruído, as pernas quebradas em diferentes pontos e buracos evidenciavam engrenagens cobertas de ferrugem e musgo.

Com um feitiço de moldar terra para abrir mais o buraco por onde a armadura escapou e voilá! Encontrou os membros faltantes. Repousou as peças sobre a terra em posição e chegou a conclusão de que eram combinações perfeitas.

Estava em péssimo estado, mas não o suficiente para inviabilizar completamente os reparos. Com algumas peças sobressalentes talvez pudesse consertar… o que quer que fosse aquilo.

Limpou com as mãos a terra sobre o peitoral, revelando runas em baixo relevo, mas não podia distinguir que idioma era aquele.

"Mas que achado!" Sorriu o velho mago. "O que quer que seja, você deve ser um tesouro arqueológico, meu garoto."

Carregando as peças para sua carroça, o velho Nolan parte de volta para Featherdale, onde habitava.

Após alguns dias de viagem calma, o velho Nolan chegava a seu lar finalmente, onde sua esposa o esperava. O cheiro de torta de carne já se espalhava pelo ar e podia ser sentido desde a estrada que passava por entre as árvores do bosque.

O burro parou próximo à cabana e Nolan gritou pela esposa.

"Daisy!"

"Mas que gritaria é essa, homem? Não sou surda!" Disse a senhora de cabelos grisalhos olhando pela janela.

"Você não vai acreditar no que encontrei, mulher!"

"Espero que dê pra comprar suprimentos para o inverno. Não poderemos plantar muito se a neve vier."

"Podemos ganhar uma boa quantia de dinheiro por isso. Nunca vi algo vendendo assim no mercado. O Dimble pagaria uma pequena fortuna por ele, imagino eu."

"Minha nossa, mas o que encontrou de tão valioso assim?"

"Venha ver. Acredito que seu valor talvez não possa ser medido por moedas."

"Minha nossa, Nolan."

A mulher correu para fora da cabana, ansiosa para ver o que o marido tinha sob os panos que cobriam a carroça.

Havia algumas peças que poderiam valer algum dinheiro, feitas de bronze, prata ou até mesmo ouro, mas o que chamava realmente a atenção era o enorme corpo metálico e despedaçado sobre a carroça.

"Minha nossa, Nolan. O que é isso?"

"Eu não sei. Mas me parece algum tipo de construto. E o melhor, Daisy, eu acho que posso vendê-lo!"

"Acha seguro vender isso? Nem sabe o que isso faz! E se for perigoso?"

"Besteira! Por que seria? Olhe bem! Está conservado para algo que encontrei debaixo da terra."

"Está imundo. Não quero isso dentro de casa."

"Sem problemas, posso levar para o celeiro e trabalhar nele lá."

O velho já esfregava as mãos ansioso para martelar o metal.

"Nada disso! Depois do almoço! Vá se lavar e esteja pronto para comer em um hora" veio o grito da esposa de dentro da cabana.

"Ô mulher, nunca me deixa me divertir!"

Fazendo como foi ordenado, Nolan comeu bem rápido e em seguida puxou a carroça para dentro do celeiro. Soltou o burro e o deixou solto para comer enquanto descarregava o imenso corpo de metal pela mesa. Coçava o próprio queixo estudando aquele projeto sobre a mesa.

"Acho que vou chamar o Dimble aqui para dar uma olhada nisso."

Nolan pegou um pedaço de pergaminho onde escreveu uma carta para o gnomo que morava na cidade próxima e com um gesto, a carta desapareceu numa nuvem de fumaça. Alguns minutos se passaram até que outro pergaminho apareceu no lugar do anterior. Nolan abriu-o para ler o que estava escrito e dizia: "estarei aí duas horas após o raiar do sol. Mande a esposa preparar o bolo de cenoura e o chá."

"Perfeito."

Nolan descansou pelo resto do dia e à noite, após a ceia, foi dormir. Na manhã seguinte, como prometido, duas horas após o raiar do sol, podia ouvir a voz do gnomo na porta de sua casa.

"Apareça seu velho maroto! Fez-me andar até aqui, agora quero saber o que eu preciso ver com tanta urgência! Mostre-me este tesouro inestimável que encontrou e poderemos falar de negócios!"

"Acalme-se gnomo velho e ganancioso!" Gritou Nolan da janela do segundo andar. "Não era você que queria bolos e chá? Pois a mulher acordou cedo para prepará-los!"

"Agora sim! Um pouco de hospitalidade!" Gritou o gnomo.

A porta se abriu de repente, e Nolan cumprimentou o gnomo que o recebia de braços abertos.

"Há quanto tempo, velho Nolan! Acho que não o vejo a quatro luas. Pensei que finalmente tivesse batido as botas."

"Viverei muito mais tempo que você, presunçoso."

"Um humano viver mais tempo que um gnomo. Isso eu pagaria bom dinheiro pra ver."

"Espero que tenha trazido bastante, por falar nisso."

"Pare de me atiçar a curiosidade, Nolan. Estou faminto e agora só consigo pensar no bolo e no chá quente. Convide-me para entrar, ora bolas!"

Sentaram-se à mesa e Daisy serviu o bolo saindo direto do forno a lenha com o chá quente.

Comeram até se darem por satisfeitos e colocaram a conversa em dia. Quando não havia mais migalhas de bolo para comer, terminaram o chá e Nolan finalmente levou o gnomo para o celeiro onde servia também como sua oficina.

Ao descobrir o corpo de metal totalmente, o gnomo congelou por um minuto inteiro, incrédulo com o que via diante de seus olhos. Animado, Nolan não percebeu o olhar de consternação do gnomo que subiu na cadeira e depois, sobre a mesa para observá-lo melhor.

"Pelos deuses, Nolan. Por acaso sabe o que tem aqui?"

"Não. Esperava que você pudesse me dizer. Quero dizer, parece um construto, pensei que pudesse consertá-lo e usá-lo para as tarefas na sua loja. O que me diz?"

"É um construto, de fato. Mas… não é qualquer construto. É um golem de guerra."

"Golem de guerra?" Perguntou Nolan assustado.

O gnomo apenas assentiu.

"Sim. Ouvi apenas histórias do meu avô, que ouviu do seu avô, que ouviu do seu avô… São coisas extremamente perigosas, Nolan!"

"Fascinante."

"Fascinante? Não ouviu o que eu disse, Nolan?"

"Acha que pode ser consertado?"

"Consertado? Está maluco? Isso pode nos matar!"

"Acalme-se" Disse Nolan tentando conter o surto do amigo. "Veja bem. Está inativo, certo? Se está inativo, não há risco nenhum."

"E se consertar isso pode haver um enorme risco para nós e para toda a cidade."

"Acalme-se. Não se nós o ensinarmos a ser bom. O que acha?"

'Ensinar… não sei se podem aprender algo."

"Se aprenderam a lutar, porque não podem aprender a trabalhar? Pense bem."

"Talvez."

Nolan se animava ao ver que aos poucos conseguia dobrar o amigo gnomo. Com um pouco mais de esforço, não apenas convenceria o gnomo de que consertar o construto era uma boa ideia, como o convenceria a fazer peças sobressalentes com as próprias mãos.

"Então? O que me diz, Dimble? Consertamos ele e faço um preço camarada pra você."

"Está falando sério em consertar isso, Nolan?"

"Mas é claro." Bufou o velho mago. "Mas que pergunta é essa?"

O gnomo desceu da mesa e caminhou de um lado para o outro, ponderando sobre a proposta do amigo. De vez em quando balbuciava algo quase inaudível, às vezes soltava uma alta e clara exclamação como: "Macacos me mordam! Isso é loucura!"

Nolan, apenas observava ansioso até que o gnomo pareceu se convencer e apontou o dedo na direção do mago.

"Pois bem. Eu aceito."

"Ótimo!"

"Mas" Exclamou o gnomo. "Com uma condição: Eu não quero nada a ver com essa coisa. Ele é responsabilidade sua. Você cuidará dele. Se isso acabar se tornando uma arma de guerra assassina, tudo recairá sobre sua cabeça."

"Eu me responsabilizo. Do que precisamos?"

"De um livro." Respondeu o gnomo. "Creio que na minha loja deva haver um tomo sobre esse tipo de construto que possa nos ajudar. Precisaremos de um ferreiro também. Um bom, que saiba trabalhar com metal como ninguém. Forja não é nossa especialidade."

"Thorin, o anão me deve uns favores. Posso cobrar."

"Ótimo, ótimo. Ninguém melhor para trabalhar metal do que um anão."

Nolan estendeu a mão para o gnomo que a tomou relutante, mas por fim abrindo um sorriso.

"Vamos ao trabalho." Disse o gnomo.

"Ao trabalho." Respondeu o mago.

Nos próximos meses, o mago, o gnomo e o anão trabalharam para consertar o construto. Dias e noites trabalhando com ardor e afinco. Os moradores do vilarejo começaram a estranhar por notar que por horas e horas, o gnomo e o anão fechavam suas lojas e dirigiam-se juntos para a floresta, voltando só à noite.

Após meses de trabalho duro e estudo, o construto finalmente começa a chegar perto de sua forma original. Mas ainda faltava algo. Dar vida ao construto. E pra isso, seria necessária uma quantidade imensa de energia.

Com ajuda de Dimble, Thorin conseguiu reconstruir um núcleo para o construto. E com a ajuda de Nolan, eles teriam a energia de que precisavam diretamente da natureza. Nolan preparou um ritual mágico para invocar uma tempestade de raios. Tiveram de abrir um buraco enorme no telhado do celeiro, para o desgosto de Daisy.

Mas tudo estava pronto para colher os frutos do trabalho de meses. O construto jazia sobre a mesa, com seu peito aberto expondo o núcleo de metal com jóias incrustradas em seu redor.

Nolan tinha seu grimório flutuando à sua frente fazendo as páginas passarem como sob influência do vento até parar em uma página específica. Ele entoava as palavras mágicas que faziam as nuvens do céu se unirem e escurecerem, começando a faiscar.

Trovões ressoavam no céu para o estranhamento de Daisy.

"Minha nossa. Mas o céu estava tão bonito! De onde veio essa chuva?" Exclamou a velhinha enxugando as mãos no pano de prato antes de ir para o lado de fora. "Nolan! Venha ajudar a recolher as roupas do varal, homem!"

Mas dentro do celeiro a atividade dos três empreiteiros continuava. O gnomo tinha seu ábaco na mão fazendo cálculos rápidos. O anão ficava escondido atrás de uma viga gritando: "Eu odeio essa porcaria de magia! Como me convenceram a trabalhar nessa geringonça, afinal?"

Nolan recitava seu encantamento com seu grimório na mão fazendo sua voz ressoar alta como uma trombeta, fazendo as nuvens escurecerem mais e mais até que um estrondo percorreu o ar, assustando a mulher que recolhia as roupas.

De repente, um raio disparou do céu em direção ao construto, criando um flash de luz imenso que cega momentaneamente os presentes, com o susto, Daisy saiu correndo para dentro de casa gritando pelo marido. O Raio fez o corpo sobre a mesa se contorcer como se passasse por uma extrema agonia. Um som terrível que só podia ser interpretado por um grito ecoou pelo celeiro, fazendo o anão sair correndo pra fora gritando: "Pernas pra que te quero!" e o gnomo gritar: "Macacos me mordam! Onde fui me meter?"

Um novo flash de luz iluminou o celeiro quando os três se voltaram para a mesa e viram uma nuvem de fumaça ao redor do corpo metálico.

Bufadas de ar exalavam do corpo à medida em que seu peito se fechava e a silhueta da criatura se erguia sentada sobre a mesa. Da silhueta, só conseguiram ver dois pontos luminosos prateados acendendo na altura dos olhos e a cabeça metálica e redonda, cheia de rebites olhando para os lados.

"Onde estou?" A voz parecia humana suficiente e espectral ao mesmo tempo.

O golem olhava para as próprias mãos e para o próprio corpo, como se buscasse compreender o que é. Os olhos foram de uma criatura à outra, à procura de respostas.

"Qual o seu nome, golem?"

"Golem." Repetiu a criatura.

"Você é.. um golem, certo?" Inquiriu Nolan. "Tem um nome?"

"Eu sou um… Protótipo Hidráulico Autômato Ligado A um Núcleo de Xenium."

"Esse nome é… bem, um nome grande demais, não acha?" Respondeu o anão com a voz trêmula. "Meu nome é Thorin. Estes são Nolan e Dimble."

"Vocês me criaram?"

O anão e o gnomo apontam para Nolan que dá um passo para frente e estende a mão. Você pode me chamar de Nolan.

"Você me criou, Nolan?"

"Eu o consertei, na verdade."

"Então, você não é meu criador. O que é?"

"Ele é seu mestre." Respondeu Dimble.

"Mestre. Então, devo seguir suas ordens?"

"Não!" Disse Nolan imediatamente. "Não sou seu mestre."

O anão e o gnomo pareciam nervosos. Convencer a criatura de que Nolan era seu mestre poderia ser sua garantia de segurança.

"Nolan, mas que diabo estão fazend… Oh, meus deuses! Quem é esse?" Daisy invadiu o celeiro se deparando com o golem sobre a mesa, atônita.

"Bom dia." Disse a mulher estendendo a mão. O golem olha para a mão e para a mulher de maneira incompreensiva quando Nolan diz:

"Dê a mão para ela." O Golem estende a mão e Daisy a segura e balança.

"É um prazer conhecê-lo, senhor…?"

"Eu acho que ele não tem um nome, Daisy." Respondeu Nolan.

"Não? Mas isso é terrível. Todos precisam de um nome. Se você não tem um, podemos ajudá-lo a escolher." A mulher olhou para ele pensativa.

A mulher olhou para as runas em baixo relevo gravadas no peito do golem e leu:

"Paralax."

"O que? Não é isso que diz." Respondeu

"Mas é o que parece. Veja, essa letra parece um P, aquela um A, R e assim por diante."

"São runas. Não são letras, Daisy." Replicou o gnomo.

"Que seja, quero saber o que isso quer dizer." Respondeu Nolan.

"Vocês não sabem o que significa?" Perguntou Thorin. "Não são runas. São uma língua antiga. Língua dos anões."

Todos olharam admirados para Thorin.

"O que? Só porque sou um ferreiro não tenho conhecimento?" Ele apontou para as marcas no peito do golem e leu: "'Phalanx'. Deve ser o nome dele."

"Inacreditável! Seu nome é Phalanx!" Nolan celebrou.

"Você tem família?" Perguntou Daisy.

"Família? Eu não sei o que é família."

"Não sabe muita coisa, não é mesmo? Não tem lembranças de nada do que ocorreu antes de consertarmos você?" Indagou Dimble.

"Não." Respondeu o golem.

"Tadinho." Daisy levou a mão à boca. "Deve ser órfão. Nolan, vamos adotar ele."

"Do que está falando, mulher?"

"Nolan Amaranthus. Não vê que ele não tem família? Coitadinho. Podemos ser a família dele."

"Eu acho uma ótima ideia." Disse Dimble. "Eu falei que ele é responsabilidade sua, Nolan."

"Certo…" O mago murmura. "Enfim, o que me diz, Phalanx? Gostaria de viver aqui?"

"Não tenho para onde ir. Tanto faz."

"Perfeito." Thorin diz. "Tudo fica bem quando termina bem."

"Bem-vindo a nossa família, Phalanx. Eu sou Daisy e este é Nolan."

O golem se ergue da mesa, testa as próprias pernas e juntas, se estuda e se estica. Um pouco de vapor vaza das suas juntas. Aquele era o início da vida de Phalanx com sua nova família.

O tempo passou e Phalanx adotou seus novos pais e sua nova vida de maneira natural e agradável. Seus afazeres em casa envolviam cuidar de animais, plantações e da horta. Ajudar os pais com os baldes de água para o almoço e o jantar além de ajudar nos reparos do celeiro e da casa.

Uma vida completamente normal e rotineira. Exceto pelas ocasiões em que Phalanx acompanhava seu pai em suas expedições arqueológicas, onde se provava uma verdadeira mão na roda para cavar e carregar peso.

Com o tempo, o golem aprendeu a agir mais como humano. Desenvolveu um carinho sobrenatural pelos pequenos animais que viviam na floresta e os criados pelo pai. E os animais também começaram a confiar mais nele.

A fazenda se tornou seu lar até o dia em que duas visitantes vieram de longe. No topo da colina, observavam a fazenda ao longe, conduzindo seu cavalo.

"Acho que chegamos à fazenda do senhor Amaranthus, senhorita Branwen."

"É o que tudo indica, Rakhonar."

Continua…