—Tem certeza que não há outro jeito? - o jovem olhava revoltado para o próprio reflexo em uma das peças de prata. – Pai, isso é um insulto a minha imagem como guerreiro.
— Não seja ingrato, Ben! Nós fomos os escolhidos, isso é uma grande honra!
O Estado de Qin erguia uma nova aliança com um território vizinho. É verdade que, apesar da possível união entre ambas as nações, ainda havia muitas desconfianças entre seus governantes. A família real do Estado de Won, não parecia disposta a selar nenhum tipo de acordo com o rei Zeng.
Porém, parecia haver uma forma de ambos provarem, um ao outro, que eram dignos de tal confiança.
A filha mais nova do rei, a princesa Xan Xen, foi oferecida como esposa a Meng Tian, neto de um dos generais de guerra mais importantes do Estado de Qin; o General Supremo Meng Ao.
Naquela semana, a moça seria levada até a província de Yanging, para uma visita ao rei Zeng, e para conhecer seu noivo.
Com tal situação, foi então confiado ao estado de Qin, que escoltasse a jovem até o castelo do rei Zeng. Se tudo corresse bem e a princesa chegasse em segurança até seu destino, ambas as realezas finalmente selariam um acordo vantajoso a todos.
Houve uma grande briga interna entre os generais, principalmente, para decidir quem faria a escolta da princesa. O general Wang Jian acabou conseguindo ficar com a importante tarefa, depois de levar todos os concorrentes a exaustão, contando sobre suas incríveis e vitoriosas façanhas de escolta, que, segundo seu filho Wang Ben, pareciam um tanto exageradas.
Parecia ser o trabalho perfeito para um futuro general perfeito, pensou Wang Ben. Até descobrir, que o plano de escolta, seria desenhado por outro guerreiro. E quem melhor para fazer tal coisa, que o mestre estrategista mais importante entre os futuros generais e, coincidentemente, futuro noivo da princesa, que o jovem Meng Tian?
Embora cada família guerreira gostasse de trabalhar à sua própria maneira, nem Wang Ben, nem seu pai, se opuseram a isso, até porque Tian costumava sempre ter ótimos planos.
Costumava…
Agora, Wang Ben, terminava de dar um laço desengonçado em um kimono rosa, ridículo.
— Mas que droga é essa? - Ben saltou longe olhando repugnado, para um pincel que seu pai segurava próximo a seu rosto.
— Cor, para seus lábios. - Ben tinha absoluta certeza que seu pai teve que usar toda sua força de guerreiro para não rir da cara do próprio filho.
— De jeito nenhum! Me recuso a usar tal coisa.
— Se não me deixar pintá-lo, vou te bater tanto na cara, que não será mesmo necessário que pinte os lábios.
Wang Ben se aproximou cabisbaixo. Sabia melhor do que ninguém que as ameaças de seu pai não eram palavras vazias.
— Pelo menos deixe a mamãe fazer isso. Manusear esse objeto é uma desonra para um general como o senhor!
— Cala logo essa boca, moleque tolo! - o homem deu uma pincelada meio sem jeito na cara do filho. – Até parece que contei a sua mãe que o vestiria assim. - o homem avaliou seu trabalho com o pincel. – Bom, eu não pegava! Mas tudo bem, essa é mesmo a intenção, não ser pega; quero dizer, pego!
— P… PAI! - Ben se revoltou vendo seu velho se segurando para não rir, meio sem muito sucesso.
— Ok, gora, vamos repassar o plano!
