Disclaimer: Saint Seiya não me pertence e, sim, a Masami Kurumada, Toei e cia.

Capítulo 4

Os dias que se passaram foram preenchidos por muitos afazeres, com a vida profissional de cada brasileiro tomando a maior parte do tempo.

De quando em quando, se encontravam pelo hotel, ou no edifício onde o Grupo Mitsui ficava. Às vezes, se reuniram para o café, almoço ou jantar. Colocavam a conversa em dia, entre aqueles que não se viam ou não se falavam com muita frequência.

Também conversavam sobre como lidaram com as memórias registradas, ou como passaram essa década sabendo que os seus Cavaleiros, Amazona e Deusa eram reais e mais, que haviam se apaixonado e tido relacionamentos com eles.

Todos lamentavam que suas memórias tinham sido apagadas. A maioria sentia que as anotações, por mais que lhes dessem um parâmetro de como havia sido o encontro, a convivência com os Dourados e seus romances, não eram suficientes.

Todos também sentiam-se confusos ainda e em uma certa dúvida se os Cavaleiros de Ouro ainda estariam vivos e como estariam atualmente.

Ainda seriam apaixonados por elas? Será que Marin teria voltado com Aiolia? E Saori, teria realmente se casado?

Todos sabiam que, por mais que dez anos houvessem se passado, mesmo que alguns tivessem tido outros relacionamentos, o que sentiam pelos Cavaleiros, Amazona e Deusa, não era nem de longe como o que sentiram pelas pessoas comuns com quem se relacionaram.

Algumas das garotas, assim como Julia, tinham uma sensação de vazio deixado por seus dourados. Rodrigo, especialmente, sentia muita falta de Saori, já que poderia vê-la na mídia, ocasionalmente.

Para algumas, se tornara impossível se relacionar com outro homem. Queriam poder encontrá-los novamente, queriam abraçá-los, enchê-los de carinhos e beijos.

Mas acima de tudo, talvez até mais do que poderem estar junto deles de novo, queriam saber se estavam vivos. Se estavam bem, se ainda treinavam, se estavam ensinando novos pupilos. Se Aiolos teria se tornado Grande Mestre.

Tentavam sondar e obter alguma pista sobre essas dúvidas e sobre os planos de Athena. No entanto, a decepção do grupo foi grande ao notar que não havia nenhuma brecha para descobrirem o que diabos Saori estava planejando.

O que quer que fosse, ela havia arquitetado muito bem este plano e mantido muito bem o silêncio das pessoas envolvidas. Ou, talvez, nem tivesse contado para seus funcionários sobre o que havia planejado e sobre os reais motivos de estarem todas ali.

Embora algumas tivessem um prazo menor para seus compromissos profissionais serem cumpridos, suas passagens de volta não estavam marcadas, enquanto suas reservas de hotel não tinham sido estendidas mais do que poucos dias além do que deveriam ficar. O que era estranho e assustador.

Mas mais estranho e assustador era que nenhum de seus chefes e colegas de trabalho permaneceriam além do previsto e não pareciam saber dessa disparidade, ou se sabiam, não se importavam.

No quinto dia na Grécia, que deveria ser o penúltimo da estadia de parte deles, receberam convites com um lacre dourado em seus quartos. O convite informava um grande baile que o bilionário Julian Solo daria em sua mansão de veraneio e que contaria com a presença da herdeira Mitsui, como sua noiva.

Aquilo foi um soco no estômago de Rodrigo. Mas até ele precisava admitir que Saori tinha seus motivos. A continuidade da fortuna era um deles.

Se lembrava vagamente de mencionar em seu relato que Saori sofria pressão para se casar, de modo que mantivesse o nome e a fortuna da família.

Como encarnação da Deusa da Sabedoria e da Justiça, Rodrigo sempre tivera a esperança de que ela daria um jeito de contornar a situação e convencer o conselho da diretoria a permitir que não se casasse.

- Você está bem? - Cristiane perguntou, pousando a mão em seu ombro.

- Estou. Ela vive em outra realidade, Cris. É diferente da nossa vida de pobres mortais.

- Sim, é verdade, mas… - ponderou. - Você vai ao baile?

- Preciso ir. O chefe também recebeu o convite e seria um problemão no trabalho não comparecer.

- Você sempre pode dizer que está doente…

- É, mas acho que dessa vez… É melhor ver com meus próprios olhos.

- Se você diz…

Assim, também, cada membro do grupo teria de comparecer ao baile por motivos profissionais, de uma forma que não teriam muita escapatória, pois seria uma grande desfeita não ir, podendo acarretar prejuízos às respectivas empresas. Ainda mais que seus chefes e colegas de trabalho também estariam lá, sem saber o real motivo para isso.

Athena havia sido muito astuta em organizar tudo de modo que envolvesse o máximo possível questões profissionais e educacionais, de modo que estavam - de certo modo - presas a obrigação e a Deusa poderia trazer todos juntos, sob seu comando.

Não era como há dez anos, ao acaso. Agora, tudo havia sido meticulosamente planejado, de tal modo que o grupo chegou a conclusão de que Athena acompanhou suas trajetórias na última década, os observara e isso causava um certo arrepio na espinha.

Não poderiam negar-se a ir ao baile. Então, aceitaram o convite e os preparativos providenciados pelos Grupos Mitsui e Solo.

No dia do baile, se encontraram em um dos quartos para conversarem e decidirem como iriam proceder.

O pacto de manter segredo sobre terem conhecimento do Santuário e dos Cavaleiros foi reforçado. Deixariam que Athena tomasse a iniciativa de lhes falar sobre o Santuário e sobre o motivo de estarem na Grécia.

- E o que nós faremos quando Saori nos disser a verdade? Eu não sei se vou aguentar fingir que não sei de nada.

- Precisamos fazer nosso melhor para manter em segredo, Julia.

- Mas e se algum deles aparecer no baile? E se os virmos? - perguntou Gabe.

- Acho difícil que a gente saiba quem eles seriam, no meio dos convidados, Gabe. - respondeu Isa.

- Só saberíamos se a Marin estivesse junto. Pelo menos ela, nós sabemos como ela se parece.

- É uma pena que nós não conseguimos lembrar da aparência deles na vida real. Será que eles são exatamente como no anime?

- A Jules tem um bom ponto. Se eles forem exatamente como no anime, nós reconheceríamos eles, não é?

- Acho que sim, Su.

- Será que eles se lembram de como nós somos?

Julia observou os amigos. Fernando e Rodrigo vestiam smokings pretos com camisa branca e sapatos de couro preto lustrados.

Esther usava um macacão cinza chumbo com as pernas mais largas como pantalonas e cavas americanas. Na gola, um bordado em pedrarias na mesma cor do macacão. Os cabelos cacheados estavam presos em um coque alto e frouxo. Carregava uma clutch preta e usava uma sapatilha prateada.

Suellen usava um terninho preto, com uma blusa de seda na cor cinza claro. Calçava sapatilhas azul marinho e o cabelo estava solto.

Ambas tinham uma maquiagem leve, em tons de pêssego e rosados, de modo que não pareciam maquiadas.

Cris usava um vestido de organza, em um tom de azul esverdeado, com alças largas e faixas sobrepostas sobre o forro nude, formando a parte de cima. A saia era bem soltinha, do mesmo tecido e cor. A maquiagem em tons acobreados realçavam a pele negra. Calçava uma sandália dourada de tiras.

Mabel estava com um vestido de alças largas e corte princesa na cor azul pastel. Nos pés, uma sandália na cor prata, delicada e salto médio.

Paula trajava um vestido rosa ajustado no tronco e saia mais solta, em tule, a partir do quadril, com bordados delicados. Usava uma sandália de tiras rosa escuro e salto alto. Sua maquiagem era em tons rosados e o batom pink.

Heluane usava um vestido champagne, com corte muito similar ao de Mabel, porém com mangas de renda e scarpin da mesma cor.

Gabe vestia um vestido preto, de mangas compridas soltinhas, brincos de strass e um rabo de cavalo alto. Sapatilhas pretas com um laço de strass no bico fechavam o look.

Juliana usava um quimono azul claro com uma estampa de pequenas flores brancas. Usava um sapato tradicional japonês.

Jules optara pelo terninho também. O seu era azul marinho, com botões em dourado na bainha e punhos. Uma camisa branca e sapatos fechados pretos em conjunto.

Marcela decidira por um vestido sereia de renda preta sobre forro nude. Os cabelos estavam presos em um coque, sandálias de salto bem alto pretas, brincos grandes de strass.

Sheila era outra das meninas que usava um macacão, de cor verde esmeralda com sapatos de salto médio pretos. Tinha os cabelos presos em uma trança embutida, assim como os de Paula.

Isabel usava um vestido de renda azul marinho, com corte reto, um cinto de cetim na cintura e manguinhas curtas. Uma sandália também azul marinho de salto médio e brincos de pérolas.

Julia trajava um vestido rubro de cava americana. A parte de cima era um corset com barbatanas de aço e sobre ele, um tecido transparente subia até o pescoço, estreitando do busto em direção a gola. A saia em evasê se abria um pouco mais volumosa pouco acima da cintura. Calçava sandálias de tiras douradas e salto alto. O cabelo, agora na cor natural de castanho e cortado curto com as laterais raspadas, estava penteado para trás, como um moicano. Usava grandes brincos prateados com strass.

A maioria das meninas usava maquiagem em tons nude, ou terrosos, de modo que tinham um ar mais natural. As únicas que tinham uma maquiagem mais escura e dramática eram Julia e Marcela, as duas escorpianas do grupo.

Ambas tinham os lábios avermelhados e os olhos marcados com delineador preto. Porém, enquanto Marcela trazia um esfumaçado marrom escuro, Julia trazia um esfumaçado em tom grafite, o que realçava os olhos verdes.

Nenhum deles havia mudado muito fisicamente. O tempo havia deixado suas faces mais maduras, mas continuavam com os mesmos traços de antes. Se algum dos dourados os vissem, iriam reconhecê-los facilmente.

- Olha a hora! - Cris exclamou ao ver o relógio na mesa de cabeceira do quarto. - Athena não vai gostar se nos atrasarmos.

- Nem nossos chefes!

- Então, na noite do dia 17 de julho, o grupo se dirigia ao grande salão de baile da Mansão Solo.

A casa de veraneio de Julian Solo ficava em uma área nobre de Athenas, com vista para o mar. A construção em estilo clássico era enorme e o pé direito da entrada tinha pelo menos 5 metros, abrigando uma fonte com uma estátua imponente de Poseidon segurando seu tridente. Em cada lado da figura do Deus, um tritão jorrava água pela boca.

Contornaram a estátua olhando admirados para a obra de arte e sua magnificência. Os cerimonialistas os conduziram para as escadas com degraus de mármore e corrimão de ferro com detalhes em dourado que ficava atrás da estátua. Sobre os degraus, um tapete de veludo azul marinho permitia que subissem a escadaria sem escorregar.

Olhos curiosos observavam os longos corredores abaixo, que levavam a outros cômodos e o corredor de cima, logo após a escada, bem mais largo, que dava para o salão de baile à esquerda.

O ambiente cheirava a luxo!

Lustres de cristal a cada 3 ou 5 metros jorravam sua luz dourada iluminando o cômodo enorme, onde muitas mesas cobertas com uma toalha branca acetinada, cadeiras de madeira branca, encosto alto e estofado azul marinho estavam ocupadas por senhores e senhoras elegantíssimos.

As louças brancas, talheres de prata, copos e taças de cristal tilintavam sobre o burburinho conforme os convidados comiam canapés de salmão defumado, patês de queijo de cabra, de berinjela com ervas e pimenta, fatias de queijo brie com mel ou caviar, bebiam vinho, ouzo, whisky ou champagne.

A decoração do salão tinha arranjos florais com folhas viçosas, rosas brancas e flores exóticas como aves-do-paraíso, por exemplo. Havia um leve perfume floral com notas frescas como erva-doce no ar.

- Agora eu entendi porque os bilionários gostam tanto de dar festas no meio da semana! - exclamou Fernando.

- Por que eles não têm de acordar cedo no dia seguinte? - reclamou Heluane.

- Por que podem encher a cara com o melhor champagne do mundo? - Completou Paula.

- Ou porque podem comer do bom e do melhor? - E Jules finalizou.

- Ou tudo isso ao mesmo tempo? - indagou Isa.

Todos riram. Quando vieram da última vez, não se lembravam de terem contato com tamanho luxo, mesmo sabendo que Saori era uma bilionária.

- Sheila, achei que não viria mais! - a voz do CEO chamou a atenção da paulista.

- Marcela, precisamos cumprimentar a diretoria do Grupo Solo. Não podemos fazer feio. - O chefe da escorpiana a puxou de leve pelo braço.

- Acho melhor nós irmos cuidar dos nossos deveres profissionais… - Julia observou.

Cada qual se encaminhou para junto dos colegas de trabalho. Somente Cristiane, Fernando, Paula, Juliana e Esther estavam sozinhos e acabaram por se sentar juntos a uma mesa.

- Aqui só tem figurão. Esse povo deve comer caviar no café da manhã…

- Está se sentindo intimidado, Fernando?

- Quem não estaria? Parece que se a Sheila derrubar uma taça aqui, vamos ter de trabalhar a vida inteira para pagar o prejuízo. - Fernando tocou com muito cuidado uma das taças sobre a mesa.

Um garçom apareceu ao seu lado e ofereceu servi-lo de vinho. Nando recusou educadamente. Prontamente, o rapaz lhe perguntou se aceitaria água mineral, que o mineiro aceitou.

- Até a água mineral daqui deve custar os olhos da cara.

- Deve ser daquela marca chique que tem no Brasil, que vem em uma garrafa de vidro. - acrescentou Paula.

- A Voss? - indagou Esther por meio de seu dispositivo.

- Sim, ela custa o quê? Uns 20 reais a garrafa pequena?

- Não é possível que chegue a tanto, Cris.

- Pior que é, sim. - Confirmou Juliana.

A festa continuou com os brasileiros ora a trabalho, ora conversando entre si.

A conversa com os professores do grupo de estudos havia sido bastante interessante, mas Isa estava morrendo de sede. Precisava buscar algo para beber, urgentemente. Pediu licença e saiu em direção a um balcão montado em um canto do salão, onde serviam algumas bebidas.

Se aproximou e viu que haviam algumas pessoas pedindo drinques elaborados. Isa achou interessante, mas estava realmente precisando de água, sua garganta estava seca.

Ao chegar sua vez, solicitou ao rapaz do bar uma garrafa de água mineral, porém, estavam sem ali. O rapaz solicitou que ela aguardasse para buscar água para ela. Enquanto Isa esperava, virou-se para a pista de dança, onde algumas pessoas dançavam animadamente.

- Gosta de dançar? - uma voz grave soou atrás de si, fazendo-a se virar.

Isabel encontrou um homem de cabelos ruivos, longos e lisos, presos em um semi rabo de cavalo. Ele estava com as mãos atrás de si, vestia um smoking azul escuro, com uma camisa gelo. Era alto, os olhos bem azuis, com sobrancelhas esparsas e com algumas falhas.

- Um pouco, sim. Depende da música.

O ruivo a observou e ia continuar a conversa, porém foi cortado pelo rapaz do bar que a chamava e estendia a garrafa de água. O homem de cabelos longos pegou a garrafa das mãos dele e entregou a Isabel.

- Sua água.

- Oh, obrigada! Bem, com licença, estão me aguardando. - Isa apontou na direção dos integrantes do grupo de estudos.

- Claro. - o ruivo assentiu, dando-lhe espaço para passar.

Do outro lado do salão, Mabel conversava com outros membros da equipe, mas sentia-se constantemente observada. Notara um homem muito forte, sentado junto a um grupo com outros rapazes que conversavam entre si, a olhando intensamente. Incomodada com aquilo, sentiu que precisava tomar um ar fresco.

Ao sair pela varanda, sentiu a brisa da Grécia soprar sobre sua face. Respirou fundo e suspirou. Ali, se sentia bem melhor.

- Eu também me sinto melhor aqui fora, respirando o perfume das flores.

- Ah, desculpe! Não vi você aí. Não queria incomodar.

Mabel notou o homem loiríssimo, de olhos azuis e cabelos na altura das têmporas. Usava um terno claro, com uma gravata vermelha sobre o peito.

- Não me incomoda. Ao contrário, é bom ter uma companhia para apreciar este luar e o aroma das flores.

- Realmente, a lua está linda.

A noite de lua cheia estava clara e Mabel permaneceu algum tempo ali, observando o satélite e Athenas ao longe iluminada, junto do loiro.

Juliana, Jules e Gabe resolveram dar uma volta pela mansão, apesar de a festa estar ocorrendo no salão. Precisavam de um pouco de silêncio, pois a música estava um pouco alta.

Desceram pela escadaria e notaram que embaixo dela, havia uma grande porta de vidro que dava para um jardim e uma grande piscina.

- O que acham de sentarmos ali na beira da piscina e molhar os pés? - disse uma Gabe bastante animada e um pouco acalorada.

- Boa ideia, Gabe!

As três se aproximaram da piscina e tiraram os sapatos, sentando na beirada e puxando a barra de suas roupas, mergulharam os pés na água. As três sentiram um rápido alívio e olhando a lua no alto do céu estrelado, curtiam a noite em silêncio cúmplice.

- O que pensam que estão fazendo? - um homem de longos cabelos loiros e uma marca vermelha sobre a testa se aproximou repreendendo-as.

- Vocês são convidadas da festa, não? - perguntou um homem oriental que se aproximava mais atrás.

- Sim, queríamos apenas nos refrescar um pouco. - respondeu Gabe.

- A noite está quente mesmo, vamos deixá-las se refrescarem. Não irá fazer mal nenhum. - um terceiro, de cabelos castanhos claros, com reflexos loiros pousou a mão sobre o braço do homem de cabelos longos, que se virou e o mirou sério com seus olhos azuis.

- Estão em uma área que não é permitida. Não podemos deixar.

- Vocês são seguranças? - Juliana indagou inocentemente.

O homem de longos fios loiros a olhou com ar de ultraje, mas logo passou, dando lugar a um sorriso enigmático.

- Acho melhor vocês entrarem.

- As garotas prontamente obedeceram. Era melhor não desrespeitarem as regras.

Suellen e Cristiane estavam conversando próximo a pista de dança e notaram dois homens idênticos a algumas mesas de distância delas.

- Gêmeos?

- Com certeza. Mas parece que tem personalidades bem diferentes. Um deles não pára quieto e dá para ver que quer ir dançar.

- E o outro, é mais sério.

- É como Saga e Kanon, são gêmeos e são completamente diferentes. - Cris riu.

Paula se aproximou delas, trazendo Esther pela mão.

- Vamos dançar!

- Mas eu não quero…

- Só um pouco, Esther. Também somos filhas de Deus, precisamos nos divertir!

Puxando Esther para a pista de dança, passaram por dois rapazes que caminhavam por ali, cujas sobrancelhas eram bastante finas e que observavam o movimento.

Marcela não aguentava mais conversar sobre trabalho. Precisava urgentemente de uma bebida. Saiu de perto, sem se preocupar muito em pedir licença. Afinal, mudaram para assuntos "de homens": seu chefe e outros executivos agora conversavam sobre carros, mulheres e todo tipo de forma de provar sua masculinidade.

Saiu pisando duro para o bar e pediu um whisky.

- Noite difícil?

- Achei que seria mais agradável. Eu não aguento mais ouvir homem babaca. - respondeu ao rapaz que parara ao seu lado no bar, sem dar muita atenção a ele.

O rapaz riu e depositou um copo vazio sobre o bar.

- Não quero soar como um deles, mas… nem todo homem é babaca. - O homem, de pele morena e cabelos loiros num tom dourado, ondulados e curtos, olhos azuis penetrantes, sorriu e lhe deu uma piscada, antes de sair e deixá-la sozinha.

Helu e Sheila estavam voltando juntas do toalete, conversando e rindo. Como estavam distraídas, acabaram trombando com dois homens, um deles trazia uma taça de vinho tinto nas mãos, que derramou inteiro em sua camisa branca.

- Mas que caralhos!

- Me desculpa, eu estava distraída! - Sheila se adiantou.

- Olha por onde anda, p… - o grito do homem de cabelos cinzas morreu na garganta ao olhar as garotas. E começou a rir quando viu que a moça de vestido champagne estava tão ensopada quanto ele.

- Estúpido! Você acha engraçado meu vestido estar manchado, seu idiota?

- Quem é idiota, aqui?

- Por favor, desculpem a falta de educação! Nós podemos pedir a organização uma forma de limpar seu vestido.

- E eu vou ficar pelada por acaso, cacete?

- Helu!

O rapaz de cabelos castanhos claros olhou-a com olhos arregalados. Enquanto o outro deu um sorriso maldoso.

- Helu, vamos ver se a gente consegue dar um jeito nisso. - Sheila puxou a amiga em direção a uma moça ruiva que estava ali por perto e parecia ser da organização.

A mulher levou-as para outro cômodo, onde conseguiu uma troca de roupas já que Saori havia recusado um vestido lilás que havia sido providenciado para ela, em favor de outro.

De quando em quando, Rodrigo procurava pelo salão para ver se encontrava Saori.

Porém, a garota não havia aparecido ainda, quando anunciaram que o jantar estava servido.

A essa altura, o grupo se reunira novamente em uma das mesas e conversavam sobre como tinha sido a festa até então.

Sheila, Isa e Julia se levantaram e foram se servir primeiro. Haviam três balcões servindo diferentes pratos: no primeiro, ao lado esquerdo do salão, haviam saladas, crepes, queijos, frios, dolmadakias e outros pratos para se comer com as mãos, como pães; no segundo, ao fundo do salão, haviam pratos típicos da Grécia como polvo, paidakia, giouvetsi e moussaka; no terceiro, ao lado direito, massas, risotos, filet au poivre, tortas salgadas e alguns pratos internacionais.

Isa se encaminhou para o balcão de saladas, Sheila fora explorar as comidas típicas gregas.

Enquanto Julia serviu-se de um pouco de paidakia, uma salada com queijo feta, e decidiu-se por pegar um pouco de massa também. Analisava de qual das massas iria se servir, quando um homem alto, de cabelos e olhos negros e pele clara se aproximou.

- Acho que você irá gostar deste. Está delicioso! - ele disse, se inclinando sobre ela.

Julia ergueu os olhos. O homem, muito bonito por sinal, a olhava intensamente e estava muito perto dela, o que a fez se sentir nervosa.

- Obrigada pela dica. - disse se servindo.

- Disponha!

- Você se parece com o… - Julia murmurou, olhando-o mais uma vez.

- Com quem?

- Ninguém, não, deixa. - Retrucou e saiu, afobada.

Aos poucos, os outros também foram se servir.

Cristiane aproveitou a comida grega, assim como Esther, Gabe e Paula. Fernando, Mabel, Heluane e Marcela preferiram as massas, enquanto Juliana se serviu de saladas e peixe assado e Rodrigo, Jules e Suellen experimentaram um pouco de cada coisa.

O jantar foi animado, com teorias sobre o que Athena iria fazer com eles ali, o que teria acontecido no Santuário durante os últimos dez anos e como estariam os dourados atualmente.

Quando já haviam se passado algumas horas de festa, enfim, Saori apareceu. Entrou no salão de braços dados com Julian.

Usava um vestido sereia tomara-que-caia off white, com pequenas pérolas bordadas. Tinha os cabelos lilases presos em um coque alto, com algumas madeixas finas escorrendo ao lado do rosto e tocando-lhe o pescoço e o colo. Os brincos dourados cintilavam assim como um bracelete grosso e um colar que tinha um pingente na forma de sua insígnia, a mesma do seu báculo.

Na mão direita, um anel dourado com uma grande safira e diamantes sinalizava o noivado com Julian, que por sua vez, trajava um smoking perolado, com uma gravata borboleta preta e em seu peito, no bolso, um lenço azul marinho com o símbolo do tridente em dourado.

Rodrigo, que estava de costas para a entrada e distraído comendo seu dolmadakia, teve seu braço sacudido por Cristiane.

- Rodrigo! A Saori!

O baiano observou as encarnações de Athena e Poseidon e sentiu seu coração despedaçar. Saori estava linda, realmente, mas sua mão esquerda pousava sobre o braço direito de Solo, em um gesto íntimo. Ela parecia muito feliz com Julian, sorrindo e acenando para os convidados como uma miss.

Seu rosto se contorceu um pouco e Cris se preocupou. Colocou a mão sobre seu ombro carinhosamente e tentou lhe confortar com um sorriso triste. As garotas também sentiram um certo pesar pelo amigo.

Depois de cumprimentar os convidados mais importantes, Saori e Julian se afastaram, sumindo por alguns instantes.

O grupo agora bebia vinho e champagne, em silêncio ou trocando algumas palavras baixinho, em solidariedade ao baiano.

Foi com um pulo na cadeira que todos receberam a presença de Saori em sua mesa, ao seu lado.

- Que bom que vocês vieram! Eu fico muito feliz que estejam aqui. Sou Saori Mitsui, presidente da empresa responsável por diversos dos seus compromissos profissionais. Sinto muito por não tê-los encontrado e me apresentado antes. - A voz da japonesa soou alegre, informal e suave primeiro, para depois, adquirir um tom mais sério, mais formal e imperativo. - Vejo que se encontraram e se reuniram. Vocês devem estar confusos por estarem todos simultaneamente na Grécia em meu nome. Por favor, me acompanhem.

Segundos depois, três homens de ternos pretos apareceram junto de Saori, intimidando o grupo de brasileiros, parecendo coagi-los a se levantarem de seus lugares e acompanhar a mulher que já estava alguns metros adiante, saindo por uma das portas laterais.

- O que é que a Saori quer conosco?

- A senhorita Mitsui solicita que todos vocês nos acompanhem.

- Acho melhor não discutir, Marcela. - observou Helu.

- Esses homens estão me dando medo. - comentou Mabel.

- É melhor nós seguirmos eles e a Saori.

Receosos, se levantaram todos quase ao mesmo instante, quando de longe, viram Saori se virar para eles com a expressão séria e os homens indicarem com os braços para seguirem-na.

Caminharam pelo salão e saíram pela mesma porta lateral que Saori estava. Ao chegarem perto, a Deusa se virou e continuou caminhando, seus passos firmes sobre o veludo azul do corredor por onde haviam entrado.

Atravessaram todo o corredor sendo levados para uma porta branca, em um cômodo na outra ponta do imóvel.

Saori passou a mão pela maçaneta e a abriu solenemente, entrando em uma sala ampla, iluminada apenas pelo luar que entrava pelas cortinas finas e brancas.

Sentou-se em uma mesa comprida e de tampo de mármore, a cabeceira. Os homens entraram em seguida e ligaram a luz que vinha de mais um grande lustre de cristal bem no centro do teto.

A frente da mesa extensa, haviam um grande sofá de veludo azul petróleo com 6 lugares, outros dois sofás de 4 lugares um de frente para o outro, e duas poltronas verde escuras, ao redor de uma larga mesinha de centro com tampo de vidro.

- Por favor, sentem-se. Vou explicar a vocês por qual motivo estão aqui na Grécia.

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Olás, e mais um capítulo no ar!

Esse não ficou bem como eu queria. Talvez, eu tenha deixado alguém de fora no meio das narrações dos eventos.

Nem preciso fazer mistério sobre quem são os homens, né? Eu fiz umas pequenas mudanças nos cabelos em relação a ALSA, mas tem motivo. Primeiro deles é que não sejam totalmente reconhecíveis, segundo, pq acho que se eles fossem reais, seria mais plausível que fossem loiros, ruivo, castanhos, etc, igual no mangá. Terceiro, vou explicar mais para frente.

Eu tinha pensado inicialmente nisso, de eles aparecerem na festa e depois, pensei: poxa, mas seria tão mais interessante se eles estivessem mortos e para serem ressuscitados precisariam de nós ou algo assim.

No entanto, todavia, pero, contudo… a minha intenção é que a Saori descubra que nós sabíamos sobre o Santuário, sobre o meu fatídico caderno…

E ai, tinha uma desgraça de uma cena do próximo cap que não queria sair da minha cabeça, que não vai ter jeito.

Explicando bem rapidamente sobre os pratos:

Dolmadakia - é como um enroladinho(charutinho) de folha de uva ou repolho, com recheio de grãos e carne.

Paidakia - costeleta de cordeiro assada, basicamente

Giouvetsi - prato assado grego feito com frango, cordeiro ou carne e macarrão, com molho de tomate

Moussaka - se parece com uma lasanha, mas é feita com uma pasta de grão de bico ou berinjela, com recheio de carne picada ou moída.

Filet au poivre - filet mignon geralmente, com uma crosta de pimenta preta ou verde e molho cremoso

Vamos para o próximo capítulo?