Disclaimer: Saint Seiya não me pertence e, sim, a Masami Kurumada, Toei e cia.
A fic começou inspirada por Unconditionally da Katy Perry. Mas essa continuação que venho escrevendo, está sendo bastante inspirada por uma música do The Weeknd cuja letra me fez pensar muito, muito mesmo, no relacionamento entre a Julia e o Shura em ALSA.
Die For You é a música tema nesse gaiden para as cenas JuliaxShura, principalmente.
Porém, um trecho da música que é parte do refrão e que dá nome a música conecta exatamente com todos os dourados e o que eu coloquei no começo desse cap.
Então, se quiserem ouvi-la ou - como eu eu recomendo - ouvir a versão em piano dela, enquanto leem esse capítulo (ou pelo menos a primeira parte dele) que é o único com título por motivos especiais, fiquem à vontade.
A segunda parte desse cap, continua inspirada por Unconditionally.
Link para a versão de Die For You em piano:
https: / abrir . link / fvg5J
Em itálico, me refiro a flashback. Em fonte normal, me refiro ao presente.
Capítulo 5
Eu morreria por você, amor
Após a volta das garotas e dos rapazes pela barreira, sentiram um certo alívio. Por mais que doesse, se sentiram mais tranquilizados ao saber que estariam em segurança.
Poderiam se sentir confiantes de se esforçar até o limite e ainda forçar esse limite ao extremo, se fosse necessário, devido às sequelas de Hades.
Sabiam que não eram mais os mesmos, em todos os sentidos. Não estavam mais no auge de seus poderes, especialmente aqueles cujos cosmos estavam comprometidos.
Além disso, tinham se apaixonado por pessoas comuns. Tinham o maior dos motivos pelos quais salvar o mundo: para que suas amadas e seus amados pudessem viver.
E, agora, sem medo de que as garotas e os rapazes se ferissem, iriam além de todos os seus limites por seus amores. Mesmo que isso lhes custasse a vida.
Porque morreriam por elas.
Dariam suas próprias vidas para que elas pudessem viver, pudessem ver seus familiares, estudar, trabalhar, e até se apaixonar novamente, se casar e terem filhos.
A vida delas era mais preciosa do que as suas próprias.
E assim, foi.
Queimaram os seus cosmos além de todos os limites para derrotar Hell.
A morte os abraçou de novo e suas almas foram para o Submundo, onde Hades os aprisionou.
Ainda que os odiasse, o Deus do Mundo dos Mortos sentia em seu âmago algo lhe impedir de ordenar ou permitir que fossem torturados. Poderia ser o Senhor do Inferno, mas tinha honra. E o que eles haviam feito também o beneficiara.
Os Cavaleiros de Ouro permaneceram aprisionados nas mesmas celas que antes, mas os demônios não vinham mais pegá-los para feri-los.
Não entendiam muito bem no começo, pois ainda se lembravam das torturas da última vez em que estiveram no Submundo e estavam prontos para enfrentar tudo de novo para garantir a vida de suas amadas. Valeria a pena sofrer os maus tratos por elas.
Mas não reclamaram. Era melhor estarem apenas presos em uma cela escura, sem nunca ver a luz do sol, sem nunca saber o que se passava lá fora, do que serem torturados.
Athena sofrera muito com a morte dos doze homens, seus queridos santos. Marin, Shina e os Cavaleiros de Bronze fizeram o possível e o impossível para apoiá-la, ajudar a superar seu estado depressivo e reconstruir o Santuário.
Levara alguns anos e devagar, Athena se reergueu e seu Santuário voltou a sua forma antiga, ou quase. Saori não apenas reconstruíra as Doze Casas, o Templo de Star Hill, o seu Templo e o de Hesfestos, como também construíra um 14 Templo, de modo a homenagear seus Santos. Este Templo ficava localizado perto da fonte e do Templo de Athena, um pouco mais adentro do bosque.
Diferentemente dos outros Templos, aquele foi construído no formato de uma rotunda e era um espaço solene, como um memorial, onde 14 piras viviam acesas. Para que as chamas jamais se apagassem, a Deusa designara 14 soldados e 14 servas que manteriam e alimentariam o fogo.
Nas paredes desse 14 Templo, os frisos em relevo contavam as histórias dos Doze, as batalhas que enfrentaram, o sacrifício diante do Muro das Lamentações, seu aprisionamento, sua ressurreição, a vinda dos brasileiros, mostrando os casais que se formaram durante sua estadia e, por fim, a guerra contra Hell.
Em uma noite em que não conseguia dormir, cerca de sete anos e meio após a guerra contra a deusa nórdica, Saori caminhava junto aos frisos, alisando-os com as mãos nuas e delicadas, porém, agora calejadas.
Depois de Hell, Saori fizera questão que Marin e Shina a ensinassem a lutar, de verdade. As Amazonas hesitaram com o pedido da Deusa, mas ela foi incisiva e ordenou-as que a treinassem no combate corpo a corpo e com Tatsumi, aprendeu a lutar com espadas e a usar o báculo verdadeiramente como arma.
Não deixaria mais que seus Cavaleiros morressem por ela sem que ela lutasse de verdade ao seu lado.
Saori parou na frente do local onde o friso narrava a chegada dos brasileiros. Um nó se formou em sua garganta ao se lembrar de Rodrigo. Se afeiçoara as meninas e a Fernando, estimava a amizade do grupo, claro. Mas Rodrigo era seu amor.
Derramou as lágrimas insistentes e pousou a testa sobre o mármore. O calor das chamas ao lado a reconfortava.
Absorta em seu pesar, não notou uma presença querida a ela se aproximar. Somente quando ouviu a voz infantil que se voltou para Idunn.
– Athena… Ainda está sofrendo pela perda dos seus Santos? Ou sofre pelo mortal?
– Idunn… Por todos eles. - suspirou. - Ainda me dói a perda dos meus queridos Cavaleiros, mas também sinto falta do Rodrigo e dos outros brasileiros. É uma pena que elas nunca saberão que eles se sacrificaram para que elas pudessem viver e que eles nunca poderão ficar juntos.
– Eu não posso dizer que entendo tudo o que você sente, Athena. Mas me compadeço de você. - a voz agora saía adulta. - Odin me pediu para lhe contar que vem intercedendo a seu favor e negociando com Hades há alguns anos para que ele permita que os Cavaleiros de Ouro possam ser ressuscitados em nome da grande ajuda que prestaram. Ou, ao menos, renascerem.
– Idunn, isso seria um grande presente para mim! - a Deusa grega abraçou a nórdica e seus olhos brilhavam. Seu rosto estava iluminado.
– Fico feliz em ajudar!
Alguns meses depois, Athena acordou enfim sentindo quatorze presenças em seu Santuário. Fracas, muito fracas, era verdade. Mas as sentia ali, no recém construído 14 Templo.
Em um ímpeto, correra para o imponente salão redondo, encontrando os soldados e as servas atônitos, uma Marin muito emocionada, uma Shina confusa e os quatorze homens deitados sobre o chão, aparentemente adormecidos.
– Marin!
– Athena, o que está acontecendo? Eles…
– Eles voltaram, Marin! Estão de volta para nós!
Em meio a risos e lágrimas de felicidade das duas mulheres e dos soldados e servas, Shina se aproximou de Shion, tocou-lhe o pulso e verificando que estava - de fato - vivo, tentou acordá-lo.
Em vão.
– Hades concordou, depois de muitas negociações, a permitir que voltassem a vida, mas pelo visto, ainda deixou seu orgulho tomar o melhor de si. - a voz de Odin ressoou, conforme o Deus nórdico apareceu no local.
– Como assim, Odin?
– Eles estão vivos, Athena. Mas estão em coma.
– Em coma? - a voz de Saori saiu em um fiapo. Teria de viver com aquele mesmo pesadelo que passara com Seiya, agora com os Santos de Ouro?
– Sim, infelizmente. Eu virei pessoalmente ajudá-la a despertá-los usando o cosmo, Athena. Sou muito grato a ti e a eles por terem impedido Hell. Tudo que eu puder fazer por vocês, eu o farei.
A cada seis meses, Odin vinha ao 14 Templo e usando seu cosmo junto do de Athena, inundava os quatorze homens com sua energia sagrada.
Foram dois anos assim, até que, por fim, Odin e Athena pensaram em desistir. Seiya, Shina e Marin já há tempos achavam que aquilo seria em vão. No entanto…
No dia em que Odin estava com Athena, discutindo sobre o que mais poderia ser feito, notaram algo de diferente.
Quando Athena ocasionalmente se aproximou do friso onde haviam os retratos das brasileiras, sentiu os cosmos dos Cavaleiros reagirem. Odin também notou a diferença.
– Athena, volte para onde estava. Ali, um pouco antes da guerra contra Hell…
– Onde os brasileiros aparecem?
– Isso! Veja! Eles estão reagindo?
– Parece que sim! Será que o amor deles pelas garotas…
– O amor deles? - Odin observava os homens atentamente, prestava atenção especialmente aos seus cosmos e suas presenças, então tentava fazer Athena falar mais sobre o grupo.
– Sim, quando os brasileiros estiveram aqui, eles conheceram meus Cavaleiros. As meninas eram doidas por eles e… A Elite de Athena se apaixonou por elas.
– Eles se apaixonaram por essas garotas? - o nórdico percebeu que as presenças ficavam mais fortes conforme Athena mencionava as brasileiras e se aproximava de seus retratos.
– Sim. Por quê, Odin?
– Não sente a presença deles mais forte quando você as menciona?
– Odin…
– Athena, apenas me conte… por quem eles se apaixonaram, exatamente?
– Shion se apaixonou por Paula, Mu por Esther, Aldebaran e Afrodite por Mabel… - Saori agora prestava atenção, conforme mencionava vagarosamente os nomes das garotas, sentia as presenças dos dourados se fortalecerem. Mas além disso, sentia que seus cosmos clamavam por elas.
– Continue, Athena! Continue! - Odin, empolgado, a incentivava.
– Saga e Ares se apaixonaram por Cristiane, Kanon por Suellen, Máscara da Morte por Heluane, Aiolia por Gabe! - a Deusa sentia a presença deles mais forte e com os incentivos e empolgação de Odin, falava com mais ânimo e mais rápido. - Shaka se apaixonou por Juliana, Dohko por Jules, Milo por Marcela e Aiolos por Sheila!
– Isso! Eles se lembram delas!
– Shura se apaixonou por Julia e Camus por Isabel! Todos eles, todos, encontraram o amor!
Era fato que as presenças estavam mais fortes, mas Saori e Odin notaram que ainda não haviam despertado do coma. Estavam muito perto disso, era verdade.
O que seria preciso para que eles acordassem de fato?
– Por favor, sentem-se. Vou explicar a vocês por qual motivo estão aqui na Grécia.
O grupo se sentou nos sofás e poltronas. Saori respirou fundo e iniciou a falar, pausadamente.
– O que vou contar a vocês agora poderá parecer loucura, mas peço que ouçam com a mente e os corações abertos. - seu olhar pousou em Rodrigo e se demorou por alguns instantes, para depois correr pelos rostos das garotas e Fernando.
Saori explicou que era a encarnação de Athena, que em todos estes séculos vinha a Terra para protegê-la, que possuía guerreiros poderosos que a protegiam e ao mundo… Enfim, tudo aquilo que o grupo, no fundo, já sabia.
Contou também sobre Kurumada ter passado pela barreira - o que não se lembraram de registrar - e sobre ter ocorrido o mesmo com eles quando estiveram na Grécia uma década antes, sobre a guerra contra Hell, o amor dos Cavaleiros de Ouro por elas e seus relacionamentos. O que eles também já sabiam.
Mas quando Athena explicou que os seus dourados haviam morrido na guerra, o grupo sentiu o coração apertar. Então, a garota Deusa narrou como seus amados haviam sido trazidos de volta a vida, inicialmente em coma, e como ela e Odin descobriram que eles eram a chave para trazer seus Santos de volta.
– Por isso, eu utilizei o poder que tenho como herdeira Mitsui para trazê-los de volta a Grécia. Quando vocês pisaram em solo grego e se aproximaram da acrópole… do Santuário, eles reagiram à presença de vocês e despertaram…
Neste exato momento, uma porta abriu-se e foi como em câmera lenta que as garotas viram quatorze homens incrivelmente bonitos, altos e atléticos entrarem pelos fundos.
Julia arregalou os olhos quando viu aquele mesmo homem lindo que a fitou intensamente na hora do jantar. Os cabelos negros eram mais altos na frente e topo da cabeça. Estavam penteados para cima, meio arrepiados, tinha duas costeletas pequenas e os cabelos nas laterais eram cortados curtos. Tinha o rosto alongado, com o maxilar bem marcado, o nariz era reto e estreito. Os olhos negros brilhavam como duas obsidianas sob as sobrancelhas escuras e ligeiramente espessas, seu olhar e semblante eram sérios. Era alto, de tipo físico magro, porém atlético e musculoso, com braços fortes e coxas grossas, como se podia perceber pela forma como o paletó e a calça do smoking preto se ajustavam nesses pontos.
A mente de Julia repassou em milésimos de segundos tudo que registraram no caderno, o relato de Athena, o momento em que ele se aproximou dela durante a festa, a olhando tão intensamente e ficando tão próximo que podia sentir o calor que emanava dele e, estranhamente, fazia seu próprio corpo vibrar.
Era ele, finalmente. O homem por quem sempre estivera procurando há tanto tempo e por quem seu coração parecia agora explodir em seu peito.
Espontaneamente, levantou do sofá e correu segurando o vestido, para ele.
– Shura! - Pulou em seu colo, enlaçando seu pescoço com os braços e sua cintura com as pernas e o beijou várias vezes com sofreguidão em seguida.
– Cariño! - Shura a chamou por entre os beijos, segurando-a pelas pernas.
Esther ouviu a voz de um dos rapazes a chamando em sua mente, fazendo-a tapar a boca com as mãos e se aproximar devagar do homem de longos e lisos cabelos loiros, olhos azuis claros, de face jovial e semblante bondoso e inocente. A pele era clara, com algumas poucas sardas suaves, o nariz arrebitado e o desenho do maxilar e queixo formavam um triângulo perfeito, dando ao rosto do rapaz um ar quase angelical.
– Mú… - Ela disse com a ajuda do dispositivo.
Então, reparou nas pintinhas sobre as sobrancelhas e com a ponta dos dedos as tocou, ao que Mú fechou os olhos se entregando a carícia e a abraçou.
Mabel encarou o homem alto cuja pele tinha um tom que lhe lembrava chocolate, com o maxilar quadrado, queixo pronunciado e covinhas quando sorria, olhos azuis contrastando com sua pele negra, ombros largos e músculos definidos sob a camisa branca e paletó preto.
– Alde… - sorriu conforme algumas lágrimas escorreram de seus olhos.
Levantou e foi até ele, tocando em seu rosto com carinho e o abraçando em seguida.
– Bel… - o taurino acariciou seus cabelos e beijou o topo de sua cabeça.
Abraçada a Aldebaran, viu um homem de cabelos loiríssimos, cujos fios batiam na altura das bochechas altas, nariz reto e fino, olhos muitíssimo azuis e lábios perfeitamente desenhados. Era alto, elegante e vestia um smoking claro, em um tom de champagne e gravata borboleta vermelha. Acenou, e riu.
– Afrodite, você só pode estar cego por se apaixonar por mim.
– Não diga isso, flor. A beleza não é só sobre nossa aparência.
O sueco se aproximou e respeitosamente, beijou-lhe o dorso da mão.
Ao ver o homem muito alto, de ombros bastante largos e ligeiramente musculoso, cabelos lisos loiro escuros que desciam até a altura dos ombros, têmporas altas, olhos azuis estreitos e lábios levemente grossos sob o nariz alongado e ligeiramente pronunciado, Cristiane deu um grito.
– Saga! Meu Deus, é você, Saga! Sagaa!
– Sou eu… Sou eu, Cris! - Em seguida, a face e o olhar bondosos mudaram para a expressão cínica de Ares. - Não precisa gritar, Cristiane. Nenhum de nós dois somos surdos!
– Ares! Você também está aqui! - Cristiane se aproximou do Cavaleiro de Gêmeos.
– Estou, não está feliz em me ver?
– Estou, estou feliz por ver você e o Saga, vivos e bem. Esses anos todos, queria tanto ver vocês.
Ares a pegou de surpresa, enlaçando sua cintura e beijando-lhe possessivamente. Não queria admitir, mas sentira tanta falta daquele corpo feminino e de sua boca.
Juliana se aproximou daquele cuja testa era cingida por uma marca vermelha ao estilo indiano, sobre as sobrancelhas medianas ligeiramente mais escuras que a cabeleira loira que caía lisa até abaixo de seus ombros e os olhos muito azuis que adornavam o rosto masculino de formato triangular, com o queixo bem fino.
– Shaka… - Ela baixou os olhos primeiro e depois, inclinou o tronco em respeito, como na tradição japonesa. - Me desculpe. Confundi você com empregado antes e essa noite, chamei você de segurança.
– Tudo bem, Juliana. - A voz saiu suave e ele trouxe o rosto dela para cima, segurando delicadamente em seu queixo, fazendo-a mirá-lo nos olhos. Abaixou o rosto e sussurrou em seu ouvido. - Para você, eu posso ser seu empregado, ou seu segurança. Posso ser o que você quiser… Desde que continue sendo minha e continue me amando.
Juliana sentiu sua face esquentar. Não era mais tão tímida ou inocente como antes, mas sentiu um calor lhe subir só de ouvir as palavras dele carregadas de uma sensualidade e desejo que não se recordava pelas anotações. O indiano deslizou os lábios pelo seu rosto quase sem tocá-lo e tomou os dela em um beijo carinhoso.
Gabe hesitou um pouco a ir até Aiolia. Por fim, caminhou até o leonino, que trajava um smoking composto por um paletó de um dourado suave, camisa branca, gravata borboleta dourada e calças e sapatos pretos.
Os cabelos castanho claros estavam penteados para trás e eram altos no topo da cabeça, ondulados e pareciam tão macios. Os olhos verdes tinham uma expressão de que pouco conseguia se conter em si mesmo, tamanha felicidade. Os lábios, um pouquinho mais grossos do que ela mesma havia descrito, esboçavam um sorriso que teimava em dançar em seu rosto.
A pele bronzeada de sua tez o fazia parecer jovial, naquela expressão quase convencida. Mas Gabe amava essa pose toda do leonino.
– Olia! - seus olhos estavam marejados, de uma alegria absurda que há muito tempo não sentia. Ela riu. - Não tinha um smoking mais chamativo?
– Esse smoking é perfeito para mostrar minha beleza. - Ele a beijou com carinho. - E combina com seu vestido preto. Você está tão linda!
Marcela fuzilava Milo com o olhar e cruzou os braços. Ela queria bater nele, queria fazer picadinho do seu ferrão, queria arrancar os cabelos loiros ondulados que caíam perfeitamente sobre a testa morena, descendo pouco acima de sua sobrancelhas um pouco escuras bem desenhadas e seus olhos azuis cujo olhar intenso, característico de escorpianos, não desgrudavam de si, enquanto o grego umedecia os lábios carnudos, que se curvavam sutilmente em um sorriso safado.
Depois de se encararem por alguns segundos que pareciam longos minutos, de tão forte que miravam um ao outro, gerando uma tensão que começava a lhe arrepiar, acabou se dando por vencida e caminhou até ele, puxando-o pelas lapelas do paletó para um beijo voraz. Como aquele homem era perfeito!
– Nunca, nunca mais faça isso comigo! - Ela bateu com uma certa força no braço do grego.
– Ai! Ai! Mas foi você quem passou pela barreira!
– Nunca mais morra e me deixe sozinha! - Marcela o abraçou forte e afundou o rosto na curva do pescoço de Milo, que correspondeu, acariciando suas costas. Seus olhos marejaram e sua voz saiu chorosa. - Se você morrer e me deixar sozinha de novo, eu prefiro morrer também.
– Ei, ei. - Milo a soltou e a afastou delicadamente, fazendo-a olhar para si, que estava com a expressão muito séria. - Não diga isso, nunca. Com a morte não se brinca. O Inferno é frio e solitário, estar morto é horrível. Mas eu dei minha vida por você, Marcela, para que você pudesse viver, eu faria isso mil vezes mais se você pudesse estar segura.
Dizendo isso, Milo colou sua testa a dela e a beijou de forma apaixonada.
Isabel olhou para o homem de fios alaranjados, longos e presos em um meio rabo de cavalo. Seu rosto era alongado, não tinha o maxilar forte e quadrado de outros Cavaleiros, mas era um rosto viril mesmo assim. De uma beleza mais suave, que combinava com seu jeito mais intelectual, por mais que seu corpo fosse atlético e forte.
Não que Camus fosse muito musculoso. Ele tinha músculos bem definidos, mas em uma proporção mais natural, do mesmo modo que Shura, tal como Julia costumava dizer, se divertindo ao imaginá-los, provocando a amiga, ao longo desses anos.
Os olhos azuis dele observavam o melhor amigo ao seu lado. Isa havia se aproximado e ouvira o que Milo havia dito a Marcela e sorriu, de forma misteriosa, ajeitando o óculos sobre o nariz.
Sabia que as palavras do cavaleiro eram verdadeiras e que mesmo que parecessem extremas, eram o jeito escorpiano de demonstrar seu amor. Já estava acostumada a ele, Julia era do mesmo jeito. A melhor amiga já havia dito que iria até o inferno por ela para ajudá-la, se pudesse.
– Bem escorpiano, não é mesmo? - Ela disse, chamando a atenção de Camus.
– Oui. J'en ai l'habitude.
– Moi aussi, Julia c'est pareil.
– Ela parece estar muito feliz em ver o Esdras.
– Sim, não imagina o quanto. - Isa riu, conhecia bem a amiga. - Mas eu também estou muito feliz em ver você!
– Mesmo? - Os dedos frios do francês tiraram uma mecha que caíam sobre seus olhos.
– Oui, Camyu. - Isa passou os braços pelo pescoço dele e o beijou.
As outras garotas também se aproximaram de seus Cavaleiros. Apesar de não se lembrarem de suas feições, pelos relatos no caderno de Julia, era inegável que ao vê-los, seus corações sabiam quem eles eram. Algumas os abraçaram, outras os beijaram ternamente.
As reações delas, todas ao mesmo tempo, se levantando e indo até seus amados, declarando seu amor por eles, como se nunca os houvessem esquecido, surpreendeu Athena.
– Mas o que é isso? - Saori assustou-se e observava incrédula. Tinha certeza que a barreira havia apagado suas memórias.
– Desculpe, Athena. Mas nós já sabíamos de quase tudo. - disse calmamente Fernando.
– Como?
– Eu sou a culpada por isso, Athena. - Shura desceu Julia de seu colo, que se aproximou da Deusa, sem soltar a mão do espanhol. - Eu anotei em um caderno a minha história com o Esdras e fiz cada uma delas fazerem o mesmo com as suas histórias e romances, o Rodrigo e o Nando também. - Olhou para o homem ao seu lado com carinho. - Eu prometi ao Shura que não o abandonaria e que eu não o esqueceria. Eu não poderia deixar que isso acontecesse, não depois de saber que o medo dele que isso acontecesse era o que impedia ele de estar comigo e não depois do que vivemos. Então, eu precisava de um jeito de não quebrar essa promessa e de nos lembrarmos quando voltássemos ao Brasil.
Athena observou a brasileira seriamente. Estava irritada que a mortal havia quebrado suas regras.
– Você desobedeceu minhas ordens, Julia. - A voz de Athena saiu pesada, muito séria e fria. O olhar mostrava raiva. - Colocou a segurança do Santuário em risco. Colocou as vidas das pessoas de Rodório em risco, como também de Marin, Shina e de outros Cavaleiros, além da minha e das suas próprias!
– Señorita, por favor, te lo pido… Perdoe a Julia… - Shura adiantou-se colocando-se a frente de Julia de modo a protegê-la da raiva de sua Deusa. Sabia que era arriscado, mas não poderia deixar que a brasileira e sua felicidade lhe fossem tiradas de novo.
– Nós mantivemos tudo em segredo por esse tempo todo, Saori. Por você. - Rodrigo tentou acalmar a mulher.
– E por vocês também! - Isa disse em alto e bom tom, olhando para todos os Cavaleiros, buscando ajudar e defender a amiga.
Rodrigo olhava Saori e notava como ela estava brava. Se aproximou da Deusa e essa foi a deixa para que Shura puxasse Julia pelas mãos, afastando-se. Hesitante, o baiano tocou-lhe a mão com cuidado e gentileza, olhando-a no fundo de seus olhos por longos instantes. Depois indicou para que Saori olhasse ao seu redor, o que ela acabou por atender.
Era notável a felicidade no olhar de cada um deles. O ambiente estava inundado de alegria, felicidade e amor. Ela podia sentir o amor emanando de cada um deles.
– Saori, por favor, perdoe a Julia. Para todos nós foi difícil deixar o Santuário e as memórias para trás, e foi difícil esse tempo todo sem vocês. Todos nós sofremos muito, sentimos falta de vocês. Mas pra ela foi um pouco mais difícil.
– Rodrigo…
– A maioria de nós chegou a ter outros relacionamentos antes de vir para o Santuário, chegou a ter seu amor correspondido, a se sentir amado… Ela, não. Todos os rapazes que ela conheceu antes do Shura partiram o coração dela, a ponto de ela passar a acreditar que ela nunca seria amada. Ainda mais por conta de outras coisas do passado dela que a feriram muito. A Julia nunca teve um relacionamento antes do Shura e você deve se lembrar de como foi difícil de ele admitir o que sentia por ela e de eles se acertarem. Quando eles finalmente ficaram juntos, ela se sentiu amada pela primeira vez, aí a Hell apareceu e nós tivemos de ir embora. Perder isso foi muito duro pra ela. Depois que voltamos para o Brasil, parte de nós teve outros relacionamentos depois. Ela até tentou, mas não deu certo de novo, então, ela se fechou. O Shura é o grande amor da vida dela!
Observou Julia nos braços de Shura, próximos a uma das janelas. Conversavam e as vezes, trocavam carícias, depositando beijos carinhosos nos lábios, rosto e pescoço um do outro, enquanto o espanhol a segurava possessivamente pela cintura. A brasileira estava radiante e com Capricórnio, não era diferente. O cavaleiro nunca esteve tão feliz.
– Eu não gosto muito que ela tenha me desobedecido… - Saori sentia a felicidade que emanava de ambos e isso amoleceu seu coração. - Mas eu entendo. Eu nunca me esqueci de você.
– E o noivado com o Julian?
– É só fachada. - A Deusa o olhou nos olhos e sorriu para ele. - A diretoria não me deixou em paz nesses anos todos. Até que há uns dois anos atrás, eu combinei com Julian que faríamos um noivado de fachada, apenas por conveniência, para a diretoria parar de me incomodar. Mas nós não temos nada realmente um com o outro.
– Mas ele não cortejava você? Te mandava presentes e flores.
– Sim, disse bem, ele cortejava. No passado. Há uns três anos atrás, ele admitiu ser bissexual. Ele tem um relacionamento secreto com outro homem.
Ambos se olharam carinhosamente e Saori tocou-lhe o rosto, deslizando os dedos ao longo da face direita dele. Depositou um cálido beijo sobre seus lábios.
– Eu senti tanto a sua falta, Rodrigo.
– Eu também senti a sua.
– Bem, acho melhor dizer que perdoo a desobediência. - Saori levantou-se e pediu a atenção de todos. - Eu posso sentir que todos vocês, Cavaleiros e meninas, estão felizes por terem se reencontrado. Pensando melhor e vendo como estão apaixonados, entendo que o amor de vocês é incondicional, superou a morte… E os fez guardarem segredo por 10 anos. Então, quero dizer que perdôo a desobediência e o caderno, Julia. Mas… - a Deusa fez uma pausa, mantendo o semblante sério por instantes, que logo se desmanchou em um sorriso - Mas tenho um pedido a fazer e torço para que considerem com todo amor e carinho. Peço que permaneçam aqui, na Grécia, e façam meus Cavaleiros felizes.
xxxx
Aae, capítulo do reencontro pronto!
Eu tentei coletar referências visuais para poder escrever esse reencontro, mas nem todos os golds eu consegui.
Então, vou tentar ao máximo possível fazer isso para os próximos, no meu tempo livre.
Coloquei um pouco mais sobre a Julia, indo um pouco mais a fundo e tbm de uma forma mais dramática pq eu precisava dessa cena da Athena descobrindo sobre meu caderno e ficando puta.
Eu quase me ferrei, hein? Kkkkkkkk
As reviews;
Cris, o surto teve! Hahahah Eu sei que vc queria que o Ares aparecesse depois, pq eu sei que vc adora um drama, mas eu adoro um romance e achei que seria fantástico esse reencontro dessa forma, hahahahaha.
Sheilinha, siiim, assistente do CFO e do CEO e ama seu trabalho aqui na fic tbm. Estou tentando mesclar o maximo possível da realidade com o melhor cenário para cada uma de acordo com seus objetivos. Mandei mais 2 caps, hein? Kkkkkkkk Me conta depois o que vc imagina para seu reencontro e se alguma referência daquele Insta que te mandei poderia ser o Aiolos.
Bel, tentei fazer a cena exatamente como me contou que imaginava! Espero que tenha ficado do seu agrado!
Sobre o comentário no Facebook, Juzinha, eu espero que vc tenha gostado dessa continuação do diálogo. Espera que vai ter mais, hehehehehe!
Observações: rotunda é o nome que damos para um prédio de estilo clássico em formado redondo, na arquitetura, explicando de forma bem simples.
Tradução do diálogo de Isa e Camus:
- Sim. Estou acostumado com isso.
- Eu também, Julia é a mesma coisa.
