Disclaimer: Saint Seiya não me pertence e, sim, a Masami Kurumada, Toei e cia.
Obs.1: Capítulo focado em Camus e Isa
Obs.2: a primeira parte são cenas de ALSA, fic da Krika Haruno, que pincei apenas do casal deste capítulo para simbolizar a recuperação das memórias e também, do compartilhamento das memórias dos casais.
Texto em itálico se refere a flashbacks, quando houver.
Texto normal se refere ao presente.
Músicas temas para o capítulo: por maaais que a mana tenha passado Only Exception, a música que me inspirou foi Beethoven's 5 Secrets do Piano Guys.
Capítulo 22
Em Aquário, Isa estava sentada no sofá compenetrada na pesquisa. Kamus tinha pedido licença cerca de dez minutos atrás. Trocaria a lente pelos óculos.
- Desculpe por deixa-la sozinha.
- Não tem... - parou de falar ao ver o aquariano usando óculos. - você usa óculos?
- Para leitura. - disse seco e sem render. - pensou naquela hipótese? Se for por ela esse livro é melhor. - indicou o que ela estava lendo.
- Acha? - o fitou não muito convicta.
- Sim.
- Posso tirar xerox? - indagou convencida.
- A vontade.
Isa foi até a mesa, era como qualquer multifuncional, mas resolveu perguntar antes de usar.
- Como faço para tirar xerox?
- É fácil. Aperta esse e aquele botão.
A paulista seguiu as orientações, realizando o trabalho.
- Você não sabe o quanto está me ajudando. - olhava para a cópia que saia. - vai adiantar meses de pesquisa.
- É sempre gratificante ajudar quem se interessa pela cultura.
Os dois se olharam por alguns minutos. Isa queria sorrir, pois parecia um sonho está ao lado de Kamus e envolvidos na sua linha de pesquisa, mas tinha que conte-se para não espanta-lo. O francês a olhava fixamente. Ela tinha um belo rosto, mas o que o atraiu foi a inteligência. Pelas conversas tidas sobre a pesquisa, percebeu que era uma pessoa séria e dedicada aos estudos. Qualidades que sempre colocou em primeiro lugar.
- Você tem namorado Isabel?
Não esperava pela pergunta.
- Não. O meu jeito de ser não é o convencional.
- Como assim?
Ela abaixou o olhar. Se contasse a ele como era na verdade, certamente seria olhada com outros olhos. Nunca se importou com que as pessoas achavam de si, mas com Kamus temia que ele se afastasse.
- Como assim Isabel? - indagou novamente.
- Eu tenho um estilo de vida próprio. - não tirou os olhos das folhas que saiam. - já me encheram muita a paciência por eu não comer carne, ser nerd e seguir a Wicca como religião...
- Se é por isso, também sou "anormal" sigo uma deusa grega...
- Mas é diferente... além do mais eu... - temia a reação dele. - eu sou...
- É o que? - segurou o queixo dela, fazendo-a encara-lo.
- Sou bi.
Disse e ficou esperando a reação dele, que não veio. Seu rosto continuou sem expressão alguma.
- E qual o problema em ser bi? - indagou.
Isa piscou várias vezes, não acreditando no que tinha escutado.
- Você não se importa? - o fitou perplexa.
- Me importaria se fosse mau caráter. Coisa que você não é. Eu não julgo as pessoas pela orientação sexual e sim pelo caráter.
- Se todo mundo pensasse assim...
- Infelizmente o mundo é mais cruel.
.
- Posso fazer uma pergunta nada haver? Se bem que não é bem uma pergunta e sim um pedido.
- Diga.
- Pode fazer algo em gelo?
- Faça comigo.
O cavaleiro aproximou parando atrás de Isa.
- Estique o anti-braço e abra a mão. – posicionou-se pouco atrás dela.
Ela obedeceu. Kamus posicionou seu braço abaixo do dela e colocou a mão dele em paralelo ao dela. Isa estava surpresa, pois sentia o calor do corpo de Kamus, mas ao mesmo tempo um vento frio os envolvia.
- Se doer me avisa.
Isa não viu, mas Kamus começou a liberar seu cosmo, aos poucos sentiu seu braço esfriar, a sensação era estranha. Ela fitou sua mão e nela começou a surgir uma espiral feita de cristais de gelo. A brasileira arregalou os olhos surpresa.
- Que legal.. - começou a sentir o braço doer, mas aquela dor não se comparava a nada do que estava vendo. O espiral subiu mais um pouco para depois juntar-se numa bola do tamanho de uma bola de golfe e como num passe de mágica ela explodiu espirrando cristais de gelo, semelhante como fogos de artifícios estourando.
- Isso foi muito legal.
Kamus notou o braço dela começar a ficar roxo, elevando seu cosmo. A sensação que Isa sentia agora era oposta, uma onda de calor envolvia seu braço e mão.
- Pronto. - ele abaixou o braço dele, dando um passo para trás.
- Isso foi demais Kamus. - o fitou. - obrigada.
Ele não disse nada, apenas analisava o rosto da garota, Isa sustentou o olhar. Kamus aproximou-se dela, ela continuou imóvel. Sem que esperasse o cavaleiro tocou lhe no rosto. Kamus era feito de contrastes, a mão dele estava fria, mas sentia a respiração quente dele. Ela sentiu os braços dele envolvendo-a pela cintura.
Aos poucos foi aproximando tomando os lábios dela. O beijo iniciou de forma terna, quase casta. A fez aproximar mais, sua mente dizia que aquilo era errado, mas algo dentro dizia que era para continuar, pois queria aquilo há muito tempo. Já beijou outras garotas, mas com ela era diferente. Isa estava nas nuvens, nem em seus mais utópicos sonhos, o beijo de Kamus seria como aquilo. Aprofundaram o contato, mas a falta de ar fez com que se soltassem.
O cavaleiro afastou-se ainda um pouco aturdido. Ajeitou os óculos.
- Me desculpe não foi minha intenção.
- Eu que me precipitei.
- Acho melhor voltarmos.
- Também acho...
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Isa colocava os copos que sobraram num canto do banco, quando sentiu uma sombra sobre si.
- Vinho? - a voz de Kamus soou fria.
- Por favor.
Enquanto ele enchia sua taça, Isa o fitava. Como aquele homem poderia ser tão lindo?
- É um dos seus vinhos especiais?
- Sim, mas essa garrafa é só nossa. Acha que daria uma das minhas melhores garrafas para eles? Não que Aioria não mereça, mas não sabem apreciar um bom vinho.
- Que coisa feia Kamus. - disse brincando. - vamos brindar o quê?
- A nós.
Brindaram.
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Isabel e Kamus vieram conversando sobre Marselha, assunto que tinha caído um pouco no esquecimento devido as novas "preocupações".
- Sei que passarei os primeiros seis meses em São Paulo e depois vou para a França. - disse já dentro de Aquário e tomando rumo da cozinha.
- Por quanto tempo? - o francês foi direto para a geladeira.
- Um ano ou mais. Mal posso esperar para esse dia chegar. Eu morando em Marselha? - sorriu. - um sonho!
- É isso que quer que aconteça? - olhava o que tinha para cozinhar, pois não queria ver a expressão feliz dela.
- Claro. O que mais poderia querer?
- "Ficar aqui no santuário." - pensou. - tem razão, não poderia querer mais nada. - a fitou.
Isa notou a expressão séria do cavaleiro e ficou sem saber se era o natural dele, ou se tinha algo por trás.
- O que vai fazer?
- Pode começar a provar a comida local. Bouilabaisse*.
- Vai fazer isso para mim? - indagou surpresa e com a boca cheia d'água. - Sério?
- Sim senhorita Catanio. Talvez eu consiga te segurar pelo estomago.
- Já me segurou.
Respondeu sem entender o real significado da frase.
.
Kamus a conduziu pelas mãos até o interior do templo, a brasileira sentiu um ar frio, ficando intrigada.
- Espere aqui.
Isa concordou ficando com expectativa. Kamus voltou cerca de dois minutos depois.
- Venha.
O francês a levou até a porta.
- Pode abrir.
Isabel abriu os olhos ficando encantada. Pequenos flocos de neve caiam do teto.
- Uau...
- Não era bem isso que eu queria fazer, mas...
Kamus agachou tocando o chão. Este congelou. Isa olhava encantada, da ponta do dedo do cavaleiro viu algo prateado avançar por entre as pedras, pequenos cristais de gelo formavam nas beiradas.
- Sabe patinar?
- Não.
- Levante o pé.
Ela obedeceu. Kamus passou o dedo pela sola da sandália dela criando laminas de gelo. Fez o mesmo procedimento no outro pé e depois em si mesmo.
- Venha.
Um pouco receosa, Isa deixou-se levar. Os dois posicionaram-se bem ao centro, quando Isa foi surpreendida por uma música ao fundo.
- Nessun Dorma*?
- Um mimo. - Kamus sorriu. - para uma pessoa especial.
Ao som da opera, Kamus a conduzia num bailado. Os passos eram suaves. Isa sentia-se nas nuvens, nos braços de Kamus, com a música ao fundo e a neve caindo lentamente sobre eles.
- Se for um sonho não me acorde.
- Não é um sonho senhorita Isabel. - Kamus a rodopiou suavemente trazendo-a novamente para seus braços. - é real.
Os passos continuaram, até o fim da música.
- Gostou? - tocou suavemente o rosto dela, pena que não o via com tanta nitidez...
- Muito. A música, a neve, esse lugar... foi perfeito. Obrigada.
- No almoço perguntou se tínhamos uma relação. Eu disse que sim, mas talvez tenha faltado o pedido. - Sem que ela esperasse, Kamus ajoelhou na frente dela. - quer namorar comigo? Oficialmente?
- Está falando sério?
- Sim.
- Nem precisava perguntar. - sorriu.
- Isso é para você. - tirou algo do bolso. - desculpe por ter sido feito as pressas, mas...
Era um pequeno saquinho de veludo. Isa abriu-o despejando o conteúdo, na mão.
- Não quis imitar o Aioria, mas achei a ideia interessante.
- Fez para mim? - era uma correntinha de prata, com um pingente em formato de cisne com as asas abertas. Quando tocou sentiu a temperatura fria. - de gelo?
- Sim. Não vai derreter pois coloquei uma centelha do meu cosmo nele. Só não deixe o Dohko usar suas armas...o esquife de gelo deve te lembrar de algo. - sorriu.
Isa não tinha palavras, ganhar algo de Kamus e ainda testemunhar aqueles sorrisos?
- Obrigada Kamus. Usarei sempre.
- Pode ser clichê, - levantou. - mas o meu sentimento por você, é como esse gelo, o tempo não destrói.
- Sinto o mesmo. Obrigada. - tocou o rosto dele.
Kamus aos poucos foi aproximando, beijando-a de forma apaixonada.
.
As memórias de Isabel assim como as de Camus foram se cristalizando em sua mente, com cenas que mais pareciam de outra vida. Os anos que haviam se passado, depois de voltar ao Brasil, pareceram ainda mais com uma tortura depois de ver tão claramente como a neve a vida que poderia ter tido se Hell não houvesse destruído seus lindos os momentos que compartilhara com o aquariano no Santuário e não tivesse sido obrigada a voltar a um lugar que não sentia que era seu lar.
A vida de cada uma delas no Brasil não era perfeita antes de virem à Grécia uma década antes. Mas para Isabel, em São Paulo parecia mais que estava apenas existindo, e não vivendo. Sentia que não pertencia àquele lugar, nem ao Brasil. Mesmo na casa em que morava, jamais se sentiu verdadeiramente em seu lar.
Talvez, não fosse Julia e algumas outras amizades, ela não se sentiria verdadeiramente feliz em São Paulo.
E ao saber que Camus existia, que haviam se apaixonado e estavam namorando, a fazia sentir um peso ainda maior em seguir vivendo daquela maneira, tão diferente do que ela sempre desejou e sonhou.
Pesava ainda mais saber que por um breve momento, ela conseguiu, mas que aquilo se esvaiu por entre seus dedos, como o gelo que derrete.
Agora, uma segunda chance se apresentava a sua frente. Isa poderia ter tudo que sempre sonhou.
Camus estava ao lado de Isabel, sentado em uma poltrona. Ela rolou o corpo sobre a cama, virando-se para ele e o fitou, calada, por um tempo.
Algumas notas suaves saíam de seu violino, um Stratovarius herdado de sua avó, entalhado com desenhos de cisnes na lateral do corpo do instrumento.
Claire, ao saber da morte do irmão, havia levado o objeto ao Santuário como tributo e homenagem a ele, sendo uma das pouquíssimas pessoas a quem Saori permitiu a entrada naquele local, posteriormente, apagando-lhe parte da memória.
A melodia suave era calma e tinha embalado seu transe, ajudando Isa a se recordar de tudo, mas naquele momento, especialmente de quando ele tocou para ela.
Ela estava vivendo seu sonho, bem naquele momento.
O sonho de se sentir no seu verdadeiro lar.
Camus tocava de olhos fechados, seu corpo belo e masculino acompanhava os movimentos de seu arco sobre as cordas. Ao perceber que Isa tinha acordado, ele abriu os olhos, revelando as íris azuis que faiscavam como o gelo sob o sol e sorriu.
Lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, emocionada e com o coração transbordando de alívio e felicidade, Isa - que não era uma pessoa que costumava fazer isso - se permitiu chorar.
– Isabel? O que foi? - Camus, preocupado, parou de tocar e levantou-se.
– Estou aliviada… e feliz… por te reencontrar.
– Isa… - Deixou o instrumento de lado, na maleta.
– Você é meu lar, Camus. - A voz embargou e Isa deixou a emoção a guiar, como Julia fazia, espontaneamente abraçou forte o Cavaleiro de Aquário. - Je t'aime…
O francês a envolveu nos braços e fechou os olhos, retribuindo o carinho.
– Je t'aime aussi… Je ne te quitterai jamais… (N.A.: eu também te amo, eu nunca te deixarei jamais)
– Je sais. Je sais bien… - Isa o mirou com um sorriso. (N.A.: Eu sei. Eu sei bem…)
– Alors ne partez pas... Reste ici avec moi pour toujours. - Camus acariciou o rosto de Isabel e retirou algumas mechas de cabelo que caíam sobre seu rosto. (N.A.: Então, não vá... Fique para sempre aqui comigo)
– Eu ficarei…
O aquariano a beijou de maneira terna e delicada. Isa o correspondeu e ficaria assim, abraçada a ele e trocando beijos e carícias para sempre, se pudesse… Até que se lembrou de algo.
– Espere… - murmurou, levantando-se da cama e indo correndo, sorridente, até sua mala.
Camus estranhou, mas ficou sentado, aguardando Isa voltar com uma caixinha revestida de veludo azul escuro.
De frente para ele, Isabel abriu a caixinha e, segurando-a entre as mãos, mostrou seu conteúdo para o Cavaleiro.
O pingente de cisne.
– Eu sei que disse que usaria sempre… Mas… Ele é precioso demais para mim e se eu perdesse, ou se ele quebrasse, eu jamais me perdoaria. Por isso eu guardei, com todo carinho.
Ele sorriu.
– Você deveria usá-lo… Se você perder, ou se quebrar, eu farei outro. E farei outro, e farei outro… Ele é um símbolo do meu amor.
Camus pegou o pingente e a corrente prateada da caixa e delicadamente o colocou em Isa, dando um beijo cálido sobre a nuca da brasileira, que se arrepiou com o toque dos lábios frios dele.
– Eu usarei, então. - sorriu e o abraçou mais uma vez.
X.x.x.
Ooolááás!
Feliz ano novoooo! (Eu sei que é 20 de janeiro já, mas eu não posto nada desde dezembro! Hehehehe)
E aproveitando que o Sol entra em Aquário neste fim de semana, eis aqui o capítulo da minha mana!
(A rima não foi intencional!)
Como eu disse para a Isa… Por mais que eu adore outros casais, para mim, Camus e Isa é o casal perfeito. A história que a Cris criou para os dois é linda!
Eles se conectaram, compartilhando seus interesses, seus gostos…
Confesso que eu gostaria que minha história com o Shura tivesse sido desse jeito também, Cris! Hahahahaha
Então, eu busquei criar algo lindo aqui também!
Espero que vc tenha gostado do seu capítulo, mana! 3
Às reviews:
Gabe - Essa parte do Shaka ir atrás da Kajra que a Cris colocou no desfecho da fic original foi algo que eu quis manter, acho que seria super importante e também um belo final, assim como foi para ALSA. Sobre Aiolos e Sheila… Hahahahahahaha, imagina, os dois velhinhos e brigando e ela falando que vai pegar o Sorento? Kkkkkkkkkkkkkkkk
Cris - Mulher, vc acredita que só agora que eu consegui ler suas reviews e que elas apareceram pra mim no FFnet? Kkkkkkkkkkkkk… O Aiolos vai pegar a Sheila de jeito, sim! Espera só pra ver, hehehehe! Aah, bom saber a idade! Agora, não vai ter mais diferença de idade entre vc, Saga e Ares.
Sheila - Que bom saber que vc amou e que eu consegui captar o que você falou! Mas, gente… Lá vai a Sheila agora dançar e cantar Pablo Vittar na cara do Olos! Kkkkkkkkk Com certeza, vou caprichar no desenrolar a cena, com aquela música, naquela situação… (se eu descobrir de qual das cenas vc ta falando, pq eu planejei tantas, kkkkkkkkkk)
