Disclaimer: Saint Seiya não me pertence e, sim, a Masami Kurumada, Toei e cia.
Obs.: alguns flashbacks nesse capítulo são criados por mim, com aval da Krika, como "cenas não mostradas" em ALSA. Escolhi colocar esses dois flashbacks como forma de fortalecer algumas narrativas, e como transição das lembranças de ALSA para as cenas novas.
Obs.2: propositalmente, para o enredo funcionar, tomei a liberdade de colocar que a música dos Backstreet Boys foi lançada em 2001, ano da Batalha contra Hades, para justificar que eles não conheçam a música. Originalmente, na vida real, a música foi lançada em 1997.
Texto em itálico se refere a flashbacks, quando houver.
Texto normal se refere ao presente.
Músicas temas para o capítulo: As Long as You Love Me - Backstreet Boys e alguns covers dessa música, Heroe de Enrique Iglesias e alguns covers dessa tbm.
Capítulo 24
As garotas seguiram com os Cavaleiros de Ouro, conversando. Alguns deles permaneciam mais atrás, enquanto outros caminhavam com elas.
– Vocês gostam tanto assim de nós, mesmo?
– Claro!
– Mesmo que vocês não acreditem ou achem que somos apenas tietes… - Mabel falou, frisando o tietes como indireta para Shura, que seguia mais atrás. - Nós gostamos de vocês, de verdade.
– É como naquela música dos Backstreet Boys… As long as you love me.
– Quem?
– Vocês não conhecem Backstreet Boys? - exclamou Sheila.
– Aah, é verdade. Eles lançaram essa música no mesmo período de Hades*… Acho que por isso, vocês não conhecem. - Isa comentou, ao lado de Camus.
– É aquela tipo I don't care who you are…- Julia falou.
– Não vamos saber qual é, assim… É melhor se você cantar. - Kanon mexeu com ela.
– Não sei cantar muito bem.
– Canta pra gente, Ju… - Milo insistiu.
– Although loneliness has always been a friend of mine… - Julia iniciou cantarolando.
– I'm leavin' my life in your hands… - Isa se juntou a ela, encorajando a amiga.
– People say I'm crazy and that I am blind, risking it all in a glance… - Cris continuou.
– And how you got me blind is still a mystery… - Paula cantou.
– I can't get you out of my head… - Marcela e Helu continuaram o coro.
– Don't care what is written in your history… - Julia continuou, estalando os dedos para ajudar a seguir o ritmo da música.
– As long as you're here with me! - Sheila, Isa, Marcela, Helu, Cris e Paula cantaram junto com ela.
– I don't care who you are, where you're from, what you did, as long as you love me! - Todas as meninas cantaram juntas o refrão, enquanto Sheila dançava a coreografia. - Who you are, where you're from, don't care what you did, as long as you love me…
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Y si entonces
Temblaras por mi
Y lloraras
Al verme sufrir
Ay sin dudar
Tu vida
Entera dar
Como yo la doy por ti
Si pudiera ser tu heroe
Si pudiera ser tu dios
Que salvarte a ti mil veces
Puede ser mi salvación
Shura sentiu a luminosidade sobre as pálpebras e apertou um pouco os olhos fechados. Mas estava tão claro que os abriu, levando a mão sobre o rosto para protegê-lo. Piscou algumas vezes até se acostumar novamente com a luz do sol que entrava pela janela aberta. Sentiu o peso do corpo feminino sobre si e, com cuidado e delicadeza, ergueu de leve o corpo de Julia liberando seu braço já dormente, e se reacomodou na cama. Fez uma careta de leve dor, abrindo e fechando a mão e esfregando o antebraço algumas vezes, tentou fazer a circulação voltar e aliviar a sensação incômoda.
Ficou deitado mais algum tempo, mirando o teto, ainda sonolento. Uma suave brisa, ainda que quente, soprou a cortina branca quase transparente e pela temperatura, imaginou que já era tarde.
Virou para o lado, apoiando a cabeça com o braço recuperado e Julia permanecia adormecida, em um sono profundo e pesado. Sua respiração era calma e serena. Suspirou, ela estava dormindo tão tranquilamente…
Sorriu, observando o rosto delicado da brasileira, acariciou com as pontas dos dedos, enquanto em sua mente, vieram algumas lembranças…
Julia o ficou observando enquanto preparava ovos mexidos para o café da manhã. Se, antes, ele tinha ficado incomodado ao notar o olhar dela sobre si, acompanhando sua movimentação pela cozinha no dia em que a mostrou a estátua de Athena, dessa vez, ele sorriu, sem tirar a atenção da frigideira.
Retirou os ovos do fogo e passou-os para uma tigela. Ao colocá-la sobre a mesa, roubou um beijo da brasileira que riu, se sentindo nas nuvens.
– Bom apetite!
O espanhol sorriu e sentou-se ao seu lado, tomando o café da manhã juntos. Quando terminaram, ainda ficaram conversando um pouco à mesa, aos risos, beijos e carícias. Até que Julia se calou por uns instantes e ficou séria, olhando para a xícara de seu café. O capricorniano fez contato visual e ela o mirou, com aqueles olhos intensos e um olhar que ele não sabia decifrar.
– Shura… Naquele dia, você me perguntou como eu te vejo… Você quer mesmo saber?
– Sim…
– Ontem… Quando me contou o que realmente aconteceu entre você e o Aiolos, eu fiquei indignada por ter me confrontado comigo mesma, com toda a situação, com as circunstâncias… Não foi com você, realmente. - A escorpiana fez uma pausa e virou-se totalmente para ele, tomando as mãos dele nas suas. - Eu entendo que, para você, convivendo com uma criança que sempre foi instável e que mudava de comportamento drasticamente, se tornando cruel quando estava com o seu alter ego… o medo de que Saga fizesse algo contra você, ou mesmo te expulsasse e tirasse de você seu sonho e as condições de vida que você tinha aqui no Santuário, sua nova família, era um medo real e natural. Quando se tem tanto medo… é natural agir pelo medo, mesmo fazendo algo que a gente sabe que é errado e não por simplesmente ser um desvio de caráter. Você não estava mal intencionado. Isso pode não ser exatamente igual a como eu te vejo, mas isso aconteceu quando você só tinha dez anos…
– Mas Julia, o que eu fiz… - abaixou os olhos.
– Você era uma criança, Shura! - Julia tomou seu rosto entre as mãos e o fez encará-la. -Você ainda estava em formação e exigir de uma criança ações e decisões diferentes das que você tomou, não é justo! Porque para lidar com esse medo, fosse ele real ou não, e saber discernir entre o medo e o que fazer, saber discernir as motivações certas para agir, você precisaria ter a maturidade, a estrutura emocional e as ferramentas internas que, como criança, você não tinha. Mesmo adultas, muitas pessoas não conseguem ter. Ou, mesmo tendo, é difícil de não se deixar levar pelo medo e agir diferente. E isso, o que você fez, o que aconteceu no passado, não necessariamente representa o adulto que você é, que você se tornou.
Shura sentiu um nó na garganta e lágrimas se formaram em seus olhos.
– Eu te vejo como um autêntico guerreiro, Shura. Você é forte fisicamente, é forte mentalmente, você foi capaz de suportar o fardo de ser considerado traidor pelos outros Cavaleiros, de suportar e carregar culpa por tudo que você fez a Aiolos e Shion por tantos anos, sem desmoronar… Você é forte em força de vontade, não se deixou abalar pelo fardo de ser renegado para alcançar o real objetivo da sua missão em Hades. Você é honrado, mesmo que tenha cometido erros como todo ser humano, mesmo se tornando um Cavaleiro renegado, se manteve fiel aos seus ideais, você fez isso para avisar e proteger Athena. Você se sacrificou para salvar o mundo. E eu te admiro muito por isso…
O cavaleiro desmoronou, permitindo-se se mostrar vulnerável, deixou as lágrimas correrem livres. Ajoelhou-se à frente de Julia, deitou seu tronco sobre o seu colo, se agarrando a ela, e envolveu sua cintura com os braços.
Sentia como se um grande peso tivesse sido retirado de seu peito e ombros. Sentia-se aliviado, pela primeira vez compreendido, era como se Julia tivesse removido um espinho de sua alma. Como se as palavras dela aliviassem e levassem embora toda a dor e toda culpa.
Ao ver toda a dor da qual ele se libertava, a brasileira sentiu os olhos marejarem e acariciou os cabelos negros.
– Buenos días, amor de mi vida. - Shura a chamou para acordá-la, dando-lhe um beijo sobre a testa.
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– Acho melhor nós subirmos, Esther. Se não, não dará tempo para prepararmos o almoço.
A brasileira-americana meneou a cabeça concordando e o soltou, ainda sentindo seu coração cheio de alegria e com um sorriso no rosto.
– E o que vamos cozinhar, Mú?
– Pensei em preparar Dal Bhat, um prato muito popular da região do Nepal.
– Hummm, interessante.
– Além disso, é um dos pratos favoritos do Kiki. - Mú sentou-se sobre a cama para calçar de volta os sapatos. - Por falar nisso… Parece que ele já chegou ao Santuário.
O ariano parou o que fazia, olhando fixamente para os pés por alguns poucos segundos, sentindo o cosmo do pupilo.
– Espera, Mú… O Kiki vai vir almoçar conosco?
– Sim, Athena o avisou que voltei do coma e ele disse que viria imediatamente. Ela me contou ontem pela manhã, mas quis fazer uma surpresa. - O cavaleiro virou-se para ela e sorriu. - Acredito que vocês se darão muito bem. Vou recebê-lo, já volto.
E, dizendo isso, Mú deu-lhe um beijo e desapareceu, deixando Esther surpresa.
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Mabel e Aldebaran recolhiam os pratos do brunch que o taurino havia preparado para eles aos risos. O clima entre eles havia aliviado, Mabel contava algumas coisas dos anos que se passaram, de como ela e algumas das garotas ainda mantiveram contato e coisas de sua família e Aldebaran contou mais coisas da sua infância e juventude.
– Você quer subir já para o almoço do Mú e da Esther ou prefere dar uma volta e vamos mais tarde? - Ricardo a observou, enquanto apoiava-se com uma das mãos sobre a pia.
– Acho que podemos ir mais tarde, gostaria de ver como está o lago que fomos da outra vez… Era tão bonito!
– Você quem manda, Bel!
O guardião da segunda Casa tomou uma de suas mãos e a guiou para a saída de Touro. Caminhavam tranquilamente e Mabel não podia deixar de se sentir nas nuvens, como há muito tempo não se sentia. Um sorriso alegre emoldurava seus lábios e parecia que ela estava mais leve.
Seguiram pelo salão da Casa de Touro e ganharam as escadarias, descendo até Áries e depois, tomando um caminho cercado por pequenos arbustos que serpenteava por trás das Doze Casas e levava até Rodório. O sol forte do final da manhã brilhava e os passarinhos cantavam. Borboletas voavam por entre os arbustos e flores e o calor já nem lhe incomodava tanto, porque estava junto do seu grande amor.
– No que está pensando? - a voz grave dele indagou de maneira terna.
– Em como faz muito tempo que eu não me sinto assim, tão leve. Tão feliz…
Ricardo sorriu e tomou a mão dela entre as suas, parando um pouquinho embaixo de uma frondosa oliveira que parecia bem antiga, e a levou aos lábios.
– Eu não sei se algum dia eu já me senti assim antes de conhecer você, Bel. Não me lembro de ter me sentido tão feliz enquanto fui apenas o Cavaleiro de Touro.
– Você nunca foi apenas o Cavaleiro de Touro, Ricardo. - Bel sorriu.
– Mas agora, além de ser o Cavaleiro de Touro, sou seu namorado, seu amor, seu homem, e isso me deixa muito feliz.
– Você não está mais chateado por eu não ter aceitado seu pedido de casamento?
– Digamos que eu ainda esteja processando isso… Mas não adianta eu ficar chateado e deixar de aproveitar a sua presença na minha vida e jogar minha felicidade fora…
Bel olhou fundo nos olhos azuis e pousou a outra mão sobre o rosto dele. Aldebaran era tão alto, tão grande, que ela se sentia minúscula perto dele. Mas a piauiense adorava isso. Se sentia protegida por aquele enorme homem.
– Vamos aproveitar muito, Deba. Eu te amo! - o beijou com carinho e ele envolveu sua cintura com os grandes braços.
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Ares parecia tão sereno e tranquilo enquanto dormia em seu colo. Não queria acordá-lo, mas se não o fizesse, iriam se atrasar para o almoço no Templo de Athena. Na verdade, Cris não tinha certeza se ao acordar, seria Ares ou Saga, mas isso… já não tinha mais importância.
É claro que ainda sentia um resquício de apreensão. Uma parte mais racional ainda lhe gritava para sair correndo, que se relacionar com um homem que havia tentado lhe matar era errado. E, embora Cristiane soubesse que em uma situação normal, ela faria exatamente isso, não era o caso dessa vez, pois não era uma situação normal.
Era o Cavaleiro de Ouro de Gêmos, afinal, quem agora repousava sobre seu colo. Cris suspirou e deu tapinhas leves sobre os grandes ombros do geminiano.
– Está na hora de acordar, Belo Adormecido.
– Só mais 5 minutos… - ele resmungou.
– Vamos nos atrasar para o almoço…
– E daí, o Carneiro que se dane… - Ares retrucou.
– Levanta logo daí, que minhas pernas estão dormentes… - reclamou Cris, que o sacudiu de leve.
– Nem dormir no colo da própria mulher um Cavaleiro pode mais… - Reclamaram Saga e Ares, juntos, enquanto se levantavam.
– Vocês são pesados, sabiam? Ai, minhas pernas.
– Podemos ser pesados, mas é só músculo… - Ares deu um sorriso debochado.
– Iiih, baixou o Aiolia aí, maninho? - Kanon surgiu na porta.
– Maninho é o caralh…
Cris deu um pedala em Ares que ficou quieto.
– Olha a boca!
– E aí, vocês estão prontos para o almoço? - Su perguntou.
– Preciso tomar um banho. - Cristiane estralou as costas. - Ai, minhas costas.
Ares já ia falar besteira, mas Saga o conteve.
– Vamos aguardar a Cris tomar banho e, então, subiremos.
– Tudo bem, então, vamos indo, Su! - Kanon puxou a mulher pela mão.
Quando Kanon e Suellen saíram, Ares tomou Cristiane nos ombros.
– Aaah, Ares! - Cris deu um gritinho ao ser lançada sobre os ombros dele.
– NÓS vamos tomar banho!
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Giovanni não queria soltar Helu de jeito nenhum. O abraço era tão forte que ela quase não conseguia respirar.
– Gio, estou sem ar… - Helu murmurou.
– Perdão. - Giovanni a soltou e se afastou, segurando o rosto dela entre as mãos e conferindo se ela estava bem. - Você está bem?
– Estou, só não conseguia respirar direito com esse abraço de urso…
– Perdão, não foi minha intenção.
– Tudo bem. - Ela sorriu. - E agora, o que vamos fazer?
– Hã?
– Nós temos tempo até o almoço, então… O que vamos fazer?
Giovanni olhou o relógio na parede e coçou a cabeça, pensando. Tinham umas duas ou três horas, no máximo, até o almoço e não sabia bem o que fazer.
– Nós podemos trepar…
– Giovanni! Mas é um pervertido mesmo, seu sem vergonha! - Helu dava tapas no ombro de Giovanni.
– Aaaiii! Foi só uma ideia!
– Seu pervertido! - foi para lhe dar mais um tapa no ombro.
– Mas você bem que gosta do jeito que eu faço… - Ele segurou sua mão e a agarrou, colando seus corpos.
Helu enrubesceu um pouco, mas sorriu de canto.
– Gosto mesmo. Mas agora não é hora…
– Ma perché? Você mesma disse que temos tempo até o almoço… - Giovanni deslizou a mão para seu bumbum.
– Justamente. Não quero fazer rápido por causa do horário. Quero fazer com calma para aproveitar bem cada uma…
Giovanni riu, entre satisfeito e envaidecido, já planejando o que fariam à noite.
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Ooi, ooi!
E aí, gostaram das meninas cantando As Long as You Love Me para os dourados? Hahahaha!
Outro dia, percebi que essa música combina muito com a história de ALSA, quando pensei nessa cena de flashback da conversa entre a Julia e o Shura. Aí, conforme fui ouvindo a música tentando colocar a ideia no capítulo, me veio essa outra ideia, de as meninas cantarem para os dourados para eles conhecerem a canção.
Eu incluí como flashback sem um momento determinado em ALSA, MAS é claramente depois que as meninas ficam sabendo do que o Shura disse na arena, hehehe.
Às reviews:
Gabe - Hahahaha, foi uma ideia que surgiu enquanto escrevia. Athena é uma Deusa apaixonada por um mortal, pq não fazer o mortal tentar trollar ela? Kkkkkk Que bom que gostou!
Cris - Aaah, mas Athena pode bancar todas essas bocas a serem alimentadas! Hahahaha Afinal, ela vai dar emprego pra todo mundo que decidir ficar, hehehehehehe. Por falar nisso, que emprego você quer que a Saori te dê? Hihihihi
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PS: quando eu li a letra da Héroe do Enrique Iglesias, pensando na história do Shura em ALSA, pensando que ele se sacrifica por mim, meus olhos se encheram de lágrimas! Se puderem, busquem a música.
