N/A – Capítulo passado durante os eventos de "Harry Potter e os Talismãs da Morte", após a… chamemos-lhe "conversa acalorada" entre Harry e Lupin.

Para Sempre
- Como é que tens coragem de aparecer aqui depois daquele bilhete ridículo?
Tonks nem queria acreditar quando viu Lupin, à porta de casa.
- Perdoa-me, por favor. Perdi a cabeça, entrei em pânico...
Fez menção de entrar na casa, mas ela tapou-lhe a passagem, exclamando, num tom revoltado, pouco característico da Tonks que ele conhecia:
- já sabia que te transformavas involuntariamente numa fera uma vez por mês, mas não sabia que eras capaz de ser um monstro mo teu estado normal. Foste capaz de abandonar a tua mulher, grávida de um filho teu!
As palavras atingiram-no como um feitiço Cruciatus de tão dolorosas:
- aquele não era o meu estado normal. - respondeu, tristemente. - Fiquei apavorado, achei que tinha estragado a tua vida e a de uma criança inocente, o meu próprio filho. Não percebi que as estava a estragar, isso sim, ao abandonar-vos. Só queria proteger-vos, mas percebi que o melhor caminho não era fugir, mesmo que fosse só até a guerra acabar. Tinha de ficar e proteger-vos de outra forma. Não posso ser um cobarde, sou um Griffindor!
- O que te fez chegar a essa conclusão?
- o Harry.
- o Harry?
- sim. Disse-me coisas duríssimas, talvez até injustas, e confesso que não reagi nada bem... mas era o que eu precisava de ouvir. Vi toda a situação por um prisma diferente, pelo qual nunca a tinha olhado.
Ela sorri amargamente:
- Foi preciso um miúdo de 17 anos abrir-te os olhos.
- O Harry é muito mais do que um miúdo de 17 anos.
- Eu sei. A vida obrigou-o a amadurecer antes do tempo. E deu uma lição de maturidade ao seu antigo professor. Que irónico.
- Dora, perdoa-me, por favor. Deixa-me cuidar de ti e do nosso filho. Deixa-me ser o marido e o pai que vocês merecem e que eu tanto desejo ser, apesar do medo. Aconteça o que acontecer, vamos ultrapassar tudo, juntos.
Ela respira fundo, antes de dizer num tom calmo mas firme, quase como uma professora a falar com um aluno:
- Remus, há uma coisa de que parece que te esqueces em relação a esta guerra: sim, és um alvo por seres um lobisomem. Sim, o nosso filho também será, mesmo que não herde a tua condição, mas não apenas por ser teu filho. Por ser nosso filho. Esqueces-te de que eu estou marcada para morrer? Sou o alvo favorito da minha querida tia Bellatrix, talvez mais ainda do que o Harry! É uma guerra, Remus, ninguém está a salvo.
- Eu sei. - Disse ele, com firmeza. - E é justamente por isso que estou aqui. Não vos posso abandonar, muito menos quando mais pdecisam de mim. Amo-vos mais do que à minha própria vida... e é com a minha própria vida que vos vou proteger.
Um silêncio quase insuportável reinou durante uns segundos. Até que, finalmente, Tonks sorriu e disse:
- A tua sorte é que conheço o teu interior, sei que tudo o que disseste é verdade, sentiste mesmo que eu e o bebé estaríamos melhor sem ti, quiseste proteger-nos. - Foi então que o seu tom de voz se tornou mais sério. - Mas, por favor, que tenha sido a última vez que me abandonas, Remus Lupin. És a melhor pessoa que conheço, mas, por vezes, até as melhores pessoas são capazes dos piores atos, mesmo que as intenções sejam as mais nobres. É a última vez que te recebo de volta na minha vida.
Remus segurou-lhe nas mãos e olhou-a bem fundo nos olhos, afirmando com toda a convicção:
- Juro pelo nosso amor e pelo nosso filho que serei o melhor marido e o melhor pai do mundo.
Tonks voltou a sorrir, tentando passar-lhe a leveza que começava a sentir:
- Se não fores, dou uma palavrinha ao Harry.
Ele deixou escapar uma pequena gargalhada nervosa.
- Anda cá, seu idiota. - disse ela, envolvendo-lhe o pescoço com os braços e depositando-lhe um rapido beijo nos lábios. - Porque é que te amo tanto?
- Porque sabes que te amo mais do que tudo no mundo. - respondeu ele. - e agora ao bebé também. E sou capaz de tudo para vos proteger. Foi por isso que...
- Remus - interrompeu ela - antes de começares a dizer disparates outra vez, cala-te e beija-me.
Lupin sorriu e obedeceu. Aquela era a sua Tonks. A pessoa que ele queria ao lado dele para sempre. Todas as dívidas que sempre o tinham assolado tinham deixado de existir, e ele nunca se sentira tão livre e feliz.
Assim que terminaram o beijo, ele levou a mão até ao ventre dela, acariciando-o. Depois, baixou -se e beijou-o, sem conseguir evitar uma lágrima de emoção.
- Sabes... - disse ele, logo depois - acho que o Harry devia ser padrinho do bebé.
- Achas? - Tonks sorriu. - depois de tudo isto, eu tenho a certeza absoluta.