Disclaymer: Essa fic se passa no universo de Forgotten Realms e Golarion. Seus personagens e locais citados são de propriedade da Wizards of the Coast, da Paizo e dos jogadores que estão participando dessa campanha. Escrita sem fins lucrativos.

PS.: Essa história conta a origem do meu personagem para uma campanha de D&D mestrada pela minha amiga Wan. O Phalanx é um monge Warforged. Como essa campanha terminou em um hiato e não tem previsão de voltar, decidi reaproveitar ele em uma outra ideia para uma possível campanha do sistema que mais estamos jogando atualmente, Pathfinder. Então, a história dele estará ligada agora ao Meio-Orc Jade Rockbell, um aventureiro e membro da Sociedade Pathfinder. Por conta disso, essa fic vai ter mais dois capítulos e será levemente diferente da original.

FULLMETAL SUMMONER

Capítulo 02: O Intrépido Caçador de Horizontes

Jade Rockbell cresceu como um pária na vila onde nasceu. Sua herança orc, conferiu-lhe uma exótica pele verde e presas protuberantes que fizeram com que as pessoas da vila o desprezassem desde pequeno. Por conta disso, sua vida nunca foi fácil e o preconceito ainda dificultava mais para a mãe que tinha de prover sustento ao filho.

Apesar disso, Jade nunca deixou de ouvir os conselhos da mãe Diane Rockbell e nunca desanimou.

"Não deixe a maldade deles contaminar seu coração, meu filho. Não é a aparência que nos define, mas sim o que fazemos. Um dia, eles verão o quão bom voc respeitarão como você merece."

"Está bem, mãe." Ele respondeu sorrindo. "Eu nunca vou esquecer de ser uma boa pessoa."

As palavras permaneceram com ele desde criança e foram seu credo pela vida.

Um dia, passou pelo vilarejo um grupo de exploradores, conhecidos como a sociedade Pathfinder. Jade ficou incrivelmente admirado com a coragem e as histórias dos aventureiros e decidiu que um dia se juntaria a eles.

Quando completou 18 anos, achou melhor deixar o vilarejo em busca de seu sonho. Isso faria com que o ressentimento dos aldeões deixasse de recair sobre sua mãe e com trabalho, poderia enviar dinheiro para cuidar dela.

A despedida foi mais triste do que imaginava, mas Jade estava determinado, se tornaria um aventureiro da sociedade Pathfinder.

"Você sabe que não precisa ir, não é, meu filho?"

"Será melhor assim, mãe. Eu poderei trabalhar e enviar dinheiro para você. E as pessoas da vila não vão mais te odiar por minha causa."

A mãe de Jade sorriu com a ingenuidade do filho. Ela conhecia o coração dos homens a mais tempo, tempo suficiente para saber que eles não mudam tão facilmente.

"Se após todos esses anos, você ainda consegue manter essa fé na humanidade, meu filho… Eu fiz um bom trabalho em criá-lo."

"Você foi a melhor mãe do mundo."

"E você, o melhor filho. Lembre-se, onde você for, saiba identificar e valorizar seus verdadeiros amigos."

"Eu prometo, mãe."

Jade partiu para a sede da Sociedade, com a intenção de se tornar um aventureiro e conseguiu. Logo foi designado para um grupo de exploração na facção dos "Caçadores de Horizontes", sob a liderança do oficial comandante, o Inventor Klaus Armstrong. Faziam parte do grupo também a gnoma alquimista Vika Fleetus, o Elfo batedor Loras Grassrunner e a Artilheira Adara Knoxville.

"Atenção, grupo. Amanhã exploraremos o território de Monte Prata." Começou a discursar Klaus. "Não sabemos que tipo de perigos encontraremos lá, mas as lendas falam sobre artefatos tecnológicos além da nossa compreensão. Portanto, cabe a nós, da Sociedade Pathfinder, encontrar esses tesouros arqueológicos e catalogá-los."

"Uma empreitada perigosa, num lugar provavelmente cheio de perigos e sem garantias de sobrevivencia?" Ironizou Loras. "É só mais um dia de trabalho, chefe."

"Você parece despreocupado, mas aposto que deve estar com medo, Loras." A artilheira humana brincou, enquanto carregava seu rifle.

"Não seja tão dura com ele, Adara. Eu estou preparando umas poções de cura para nós. E se por acaso algum perigo aparecer… Tenho umas coisas mais explosivas."

"E não precisa ter medo, novato." Disse Loras para Jade. "Fique atrás da gente e longe de qualquer perigo que aparecer."

"Sim, claro." Jade entusiasmado bateu continência e colocou sua mochila nas costas.

Jade não era bem um lutador ou mago. Ele era um recruta. Basicamente ajudava o grupo de exploração com tarefas básicas, enquanto estudava para se tornar um membro efetivo da Sociedade, nas horas vagas. Não era completamente inútil também. Recebeu uma adaga e uma espada curta e umas breves aulas de como manuseá-las para sobreviver. Além de algum treinamento básico de sobrevivência. Mas a realidade era: Ele era o menos experiente ali, enquanto os outros já eram veteranos forjados à fogo.

Jade chamou a atenção dos recrutadores devido a sua sagacidade e disposição para aventuras, as qualidades mais valorizadas pela sociedade. Mas ainda precisava concluir seu treinamento e provar seu valor. Ainda precisava encontrar seu talento para se tornar um membro efetivo.

"Que tipo de artefatos vamos encontrar, eu imagino." Disse Jade subindo numa árvore para observar o horizonte.

"Concentre-se em fazer reconhecimento de terreno, garoto." Comentou o comandante.

"A empolgação do novato é contagiante, não é?" O elfo batedor Loras espreguiçou e bocejou desinteressado. Seu comentário não era malicioso, apenas despojado. A verdade é que ele gostava do entusiasmo do jovem recruta Jade.

"Não pegue no pé dele, Loras." Respondeu Adara enquanto fazia manutenção em seu riflhe. "Com o entusiasmo dele, logo você será o subordinado e ele o oficial."

"Até parece!" Loras sorriu. "O novato ainda precisa crescer muito para chegar aos pés do grande Loras Grassrunner."

"Pois prepare-se, Loras. Comandante Jade soa muito bem." O jovem dromaar pulou da árvore, caindo ao lado do elfo.

"Ora, temos um ambicioso aqui!" Vika riu ao ouvir o comentário de Jade, enquanto misturava suas poções em seu laboratório improvisado.

"Chega de conversa. Terminem de armar o acampamento."

Após recolherem o acampamento, o grupo partiu para Monte Prata. As horas de caminhada até o local foram tranquilas e sem problemas. O grupo tinha experiência em se mover sem chamar atenção. Ao se aproximarem das ruínas, encontraram coisas com as quais nunca se depararam antes. Até mesmo para Klaus que era um cientista. Torres de metal, casas arruinadas mescladas a uma tecnologia surpreendentemente avançada, construtos destruídos e jogados pelos cantos.

Passaram dois dias procurando por algo que interessasse Klaus e embora encontrassem algumas peças aqui e ali que pudessem ser catalogadas, o líder parecia inquieto.

Klaus e os exploradores procuraram locais fechados para se protegerem à noite e poderem fazer suas refeições e seus preparos em paz. Jade atualizava seu diário e lia o manual da Sociedade, sempre procurando aprender mais habilidades para um dia ser aprovado como membro.

Klaus estava introspectivo, em um canto, observando sua bengala mecânica, como se estivesse hipnotizado por ela. O jovem garoto meio-orc se aproximou, sempre ansioso por demonstrar interesse nos assuntos da sociedade, mas pensando em como o líder da expedição parecia particularmente distraído.

"Com licença, chefe? Posso conversar com o senhor?"

"Sente-se, menino." Disse o velho comandante. "O que deseja?"

"O que exatamente estamos procurando aqui? Acho que já encontramos tesouros suficientes para voltar para o quartel general, não acha?"

"Meras bugigangas, menino. Olhe ao redor, veja a tecnologia que nos cerca. Algo deve ter sobrevivido aqui que valha a pena coletarmos."

"Perdão, senhor, mas me parece que o senhor está atrás de algo mais específico." Disse o rapaz meio-orc. O velho comandante sorriu.

"Você é mesmo perspicaz, jovem Jade." O comandante sorriu. "Antigas lendas de Karamoss sobre esse lugar falam de poderes incríveis. E de uma ciência avançada, muito à frente do nosso tempo. Tesouros arqueológicos que pertenceram ao Soberano Negro… Essa tecnologia deve pertencer a nós, filho."

"Você quer dizer, à Sociedade, certo, comandante?"

O comandante parou por um breve momento, antes de sorrir e voltar seu olhar para o rapaz dizendo: "Mas é claro, filho. Agora vá dormir. Amanhã retomaremos a excursão."

Pela manhã, o grupo fez suas refeições e seus preparos diários antes de retornar à pesquisa. Revirando os escombros daquela cidade antiga. Mas tudo que conseguiram achar de algum valor, talvez fosse alguns cristais mágicos, que pareciam fontes de energia para as máquinas daquele lugar.

Observando ao longe, no centro da cidade arruinada, Klaus apontou para a estrutura mais alta, parecia ser um templo ou castelo.

"Ali. Vamos procurar lá. Se há alguma chance de encontrarmos um objeto de valor, será ali."

"Com todo respeito, comandante… mas, quanto mais nós nos aproximamos do interior, maiores as chances de sermos atacados por algum monstro ou construto enlouquecido…" Disse Loras.

"Somos a Sociedade Pathfinder. Somos os mais corajosos aventureiros do mundo. Nenhum monstro ou construto nos amedronta." Respondeu o velho cientista. "Vika. Prepare explosivos. Vamos precisar."

"Sim, senhor!" A gnoma bateu continência e começou a revirar seus ingredientes para preparar as misturas que já sabia de cor.

Dirigiram-se para o centro da cidade, aproximando-se da enorme estrutura. Parecia ser realmente um castelo, mas o portão estava colapsado e bloqueado por seus próprios escombros.

"Vika. Os explosivos."

"Deixa comigo!"

A gnoma pegou dois frascos de líquido verde, agitou-os e os lançou nos escombros, causando uma explosão que destruiu os pedregulhos e abriu caminho para o grupo. O interior do templo estava escuro e poeirento, com teias de aranha por todos os lados.

O grupo formou um círculo, onde um membro dava as costas ao outro. Cada um preparou a arma que tinha em mãos quando uma criatura humanoide e metálica, caindo aos pedaços veio do teto sobre eles. O grupo se dispersou e se preparou para lutar, quando Klaus apontou sua bengala para ele e o cristal na ponta disparou um relâmpago contra a criatura, destruindo-a no ato.

"O que era aquela coisa?"

"Algum guardião. Um sistema de defesa deste lugar, talvez. Não sei." Respondeu Klaus. "Pode haver mais. Então, fiquem atentos."

Das sombras, mais soldados mecânicos começaram a surgir e atacar o grupo. Adara disparava contra eles com seu rifle, enquanto Loras atingia as juntas com suas adagas. E Vika atirava frascos de ácido nos rostos deles, destruindo-os. Klaus imediatamente se colocou entre um soldado e Jade, sacando uma lâmina de sua bengala e fincando-a no pescoço do soldado mecânico, decapitando-o. Jade avançou com sua espada curta atingindo o peito de outro soldado que surpreendeu seu comandante e assim o derrubou de imediato.

De repente, mais olhares brilhantes surgem nas sombras e mais soldados mecânicos começam a atacar o grupo. A batalha retoma. Entre explosões causadas pela alquimista e disparos de raios do comandante, o grupo começa a, lentamente, se dirigir para o interior do templo. Aos poucos, os soldados mecânicos caem e a batalha chega ao fim.

"Bom trabalho, filho." Disse o comandante guardando a lâmina. "Estão todos bem? Alguém ferido?"

"Não senhor. Tudo em ordem." Respondeu Adara recarregando seu rifle.

"Acho que não tem mais inimigos…" Diz Jade limpando o suor da testa.

De repente, o chão aos pés do Dromaar começa a trincar e ele cai numa infinita escuridão. Seus amigos tentaram segurá-lo, mas sem sucesso. Só conseguiram observar a figura do jovem recruta desaparecendo na escuridão e seus gritos se tornando cada vez mais inaudíveis.

"Jade!" Gritou Adara. "Temos de encontrá-lo! Ele ainda pode estar vivo."

"Ele não sobreviveria a essa queda." Disse Klaus. "Seguimos sem ele. Preparem acampamento aqui dentro mesmo."

"Senhor. É prematuro dizer que o Jade não sobreviveria. Ainda podemos encontrá-lo."

"Eu disse que seguiremos sem ele. Armem acampamento."

O trio troca olhares antes de responder:

"Como quiser, senhor."

Jade acordou com o corpo dolorido, em um lugar escuro e poeirento, sem saber quanto tempo se passou desde a luta contra os soldados mecânicos. Sentou-se, abanou a poeira de suas roupas e tentou identificar qualquer coisa ao redor. Na escuridão, tudo o que ele viu foi um leve brilho do que parecia ser uma joia verde.

Levantou-se e cambaleou até o brilho, certo de se tratar de um tesouro de algum tipo. Pegou-o do chão e viu tratar-se de um cubo, onde cada face exibia uma joia verde idêntica à outra.

O cubo era marcado por uma língua desconhecida para o meio-orc.

"Acho que o comandante vai gostar disso." Jade limpou a poeira do objeto tentando observá-lo melhor com sua visão noturna. Não havia um arranhão sequer no pequeno objeto.

"Você tem razão, rapaz. Eu vou gostar disso." A voz emanou da escuridão, fazendo Jade olhar ao redor, procurando a origem. Até que viu o comandante apontando sua bengala para ele. O objeto crepitava com energia elétrica quando Klaus ordenou:

"Me dê isso. Agora."

Jade instintivamente se encolhe, protegendo o objeto.

"O que é isso, senhor? Onde estão os outros?"

"Não virão." Respondeu o comandante. "Agora entregue esse artefato para mim."

Um disparo de energia ilumina a escuridão por um momento e atinge o chão aos pés do recruta, que salta para trás assustado.

"Senhor… Isso é desnecessário." Disse Jade. "Não estou roubando o objeto. Podemos todos entregar para a Sociedade Pathfinder juntos."

Klaus gargalhou ao ouvir as palavras do jovem recruta que respondeu com um olhar de confusão.

"Imbecil. Acha que eu vou dar isso para a Sociedade? Você não consegue sentir o poder que emana disso, não é? Isso é mais que um tesouro. É uma arma. Uma arma que procurei a vida inteira."

Klaus apontou a bengala para Jade mais uma vez.

"Agora, seja um bom garoto e entregue para mim. Ou eu arrancarei do seu cadáver."

"O que houve com os outros?" Perguntou Jade.

"Nada. Estão dormindo no acampamento. Eu não tenho muito tempo. Me dê esse objeto ou eu vou matá-lo…"

"Você não vai me deixar viver, de qualquer forma, não é?" Jade sacou sua adaga. A espada estava perdida na escuridão. Klaus sorriu com a visão do jovem resoluto.

"Você é esperto demais para o próprio bem. Mas burro demais para escolher a saída mais fácil."

Jade avançou com a adaga forçando Klaus a se defender com a bengala. O velho comandante sacou a lâmina e cortou o abdome de Jade com um corte rápido.

"Você tem muito a aprender, moleque. Ainda é verde demais para me enfrentar."

Dessa vez, o relâmpago da bengala atingiu o jovem em cheio, jogando-o para trás e fazendo-o rolar pelo chão. O cubo caiu no chão a poucos metros de si. Jade se arrastou atrás do cubo estendendo a mão para ele e foi atingindo por mais um relâmpago.

Seu corpo fedia a carne queimada. Podia sentir a dor das cicatrizes em seu corpo. Klaus não estava brincando. Queria mesmo matá-lo.

"É uma pena. Você era um bom recruta, rapaz. Mas vou ter de matar você e arrancar esse artefato de seu cadáver."

Quando Jade tocou novamente o objeto, Klaus disparou mais um relâmpago e o jovem cobriu seu rosto com as mãos. O relâmpago atingiu o cubo e carbonizou o braço direito de Jade. No entanto, o artefato começou a brilhar intensamente, explodindo e lançando as várias faces do cubo para os lados. Klaus gritou apavorado, pensando ter destruído o artefato, mas uma joia radiante pairava no ar a poucos centímetros de Jade e com seu braço carbonizado, ele a agarrou.

Uma chama esverdeada começou a iluminar o ambiente escuro até que todo o salão ficou visível e Jade gritou de dor.

Seus olhos brilharam com uma luz esmeralda e sua mente foi tomada pela visão de um imenso ser metálico, numa fazenda? Cercado por pessoas que ele nunca viu. E uma pedra similar a que ele segurava em sua mão, partida sobre uma mesa e engolindo tudo ao seu redor.

"Não! O que você fez?" Klaus gritou e correu até Jade, mas cambaleou para trás quando uma energia pulsou da joia na mão direita do recruta.

E, de repente, uma explosão cegante emanou de Jade. Seu grito foi abafado pela explosão que abalou a estrutura do templo.

Continua…