Alerta de gatilho:

Este capítulo ira aborda temas sensíveis como a violência doméstica e o abuso infantil! As cenas de violência pode perturbadores e causar desconforto emocional

Castiel ficou apenas três dias internado, recebendo visitas de seus amigos e, surpreendentemente, de Dakota, seu quase "assassino". O garoto parecia muito arrependido, e Castiel, apesar de tudo, até se divertiu com a situação. De volta para casa, Castiel precisava de repouso e só retornaria à escola na semana seguinte. Respirou aliviado por estar em casa. Estava sozinho. O irmão estava na escola e o pai, no trabalho. Os dias de folga eram legais até o final da tarde, mas Castiel sempre ficava entediado. Levantou-se e foi para a cozinha procurar algo para comer. Procurou no armário e, como sempre, na sua opinião, não havia nada de bom. Deu um pequeno grunhido de chateação e foi para o seu quarto.

A casa dos três homens era uma mistura dos estilos vitoriano, gótico e moderno, menos as suítes, cada uma no gosto dos moradores. No quarto do Lysandre, havia móveis no estilo vitoriano que deixa um ar de romance e elegância. Uma cama de casal com cabeceira estofada em veludo na cor verde-água dominava o centro do quarto, com roupa de cama de algodão egípcio em tons de branco perolado e no mesmo tom do estofado, e com rendas delicadas.

As paredes, todas brancas,com molduras nos cantos e no teto. Do lado esquerdo da cama, uma porta de vidro com detalhes em ferro dava acesso à sacada. Perto da porta de vidro, uma escrivaninha de madeira maciça, com tampo de mármore e gavetas com detalhes de flores, tinha um notebook e ao lado uma estante com livros. De frente da cama, em um móvel de madeira clara, havia fotos da família e amigos, também têm uma TV moderna que contrastava com o estilo do ambiente, se não fosse por ela, o quarto iria parecer com os de séries de reis e rainhas. Atrás da TV, havia uma porta dupla que dava acesso ao closet e ao banheiro. Do lado direito desta porta, a casinha do coelhinho, com 1,50 metro por 2 metros, era um cantinho charmoso e confortável para a filhotinha.

O quarto do pai dos meninos, apesar de mais simples, exala uma elegância discreta. A cama, posicionada no centro do cômodo, possui uma cabeceira de madeira maciça, com linhas retas e acabamento em tom de nogueira. A cabeceira se estende até o teto, onde uma fita de LED indireta cria um efeito luminoso suave, proporcionando um ambiente aconchegante e relaxante. As paredes, revestidas com um papel de parede texturizado em tom de café com leite. A porta de entrada, em madeira

escura, está localizada à direita da cama.

Do lado oposto, uma escada em madeira clara, com corrimão entalhado, leva ao closet e ao banheiro. Na parede frontal, uma TV de tela plana, sobre um rack de madeira, contrasta com a decoração clássica. Atrás da TV, um grande espelho reflete a luz natural que entra pela janela, ampliando o espaço. A varanda, com acesso pelo lado esquerdo da cama, oferece uma vista panorâmica do jardim, com seus arbustos floridos e a piscina cintilando ao sol. Quadros em molduras douradas, com fotos dos filhos em diferentes fases da vida, e também fotos da falecida esposa. Um abajur antigo, posicionado sobre a mesinha de cabeceira, emite uma luz suave e quente, convidando à leitura e à reflexão.

No quarto de Castiel, a iluminação era minimalista, com luzes LED que se alternavam em cores vibrantes. Uma cama de casal ficava encostada na parede direita (na vertical), enquanto a porta de entrada estava na mesma parede, a cerca de um metro dos pés da cama. Ao lado esquerdo da cama, um sofá vermelho(na horizontal)e macio, que se transformava em cama, era o local perfeito para relaxar e tocar violão.

A parede atrás do sofá era revestida com tijolos à vista, criando um ambiente rústico e moderno. Em frente ao sofá, uma TV de tela plana, suspensa em uma estrutura de ferro industrial, podia ser ajustada para diferentes ângulos, proporcionando a melhor experiência visual. A apenas 40 centímetros do lado esquerdo do sofá, uma porta dupla de vidro fosco dava acesso ao closet e ao banheiro. Entre a porta e o sofá, um pequeno armário de madeira pintado de preto, com gavetas e prateleiras, guardava os medicamentos necessários para o tratamento contra o câncer e outros cuidados.

As paredes laterais eram pintadas de um preto fosco, exibindo pôsteres desbotados de bandas lendárias como Black Sabbath, The Doors e, claro, Winged Skull, além de grafites psicodélicos criados pelo próprio Castiel. A parede de tijolos vermelhos, iluminada por um foco de luz, dominava o ambiente e era o local onde a expressão artística do jovem roqueiro mais se destacava. Em um canto à esquerda, um móvel rústico de madeira abrigava um toca-discos Pioneer PLX 1000 e uma vasta coleção de vinis, cuidadosamente organizados em ordem alfabética. Entre os discos, destacava-se uma edição limitada autografada do primeiro álbum da sua banda favorita.

Uma guitarra Fender Stratocaster, de um vermelho vibrante, repousava sobre um amplificador Marshall, enquanto um violão Martin, com um tampo de madeira envernizada, encontravam-se pendurados na parede, lado a lado. O aroma adocicado de incenso se mesclava ao leve resquício de fumaça de cigarro. A sacada, com suas portas de vidro corrediças abertas, oferecia uma vista panorâmica para a piscina e o jardim exuberante do pai, onde a luz do sol dançava sobre as folhas das árvores.

Castiel deitou-se na cama e ficou olhando fixamente para a sacada. Estava extremamente aborrecido e o tédio o consumia. Passou o dia espreguiçando-se no sofá, zanzando sem rumo pelo celular e procurando algo interessante na TV, mas nada o agradava. "Mais um dia perdido", pensou, "preciso de um pouco de adrenalina". Suspirou fundo. Já estava farto de tudo. Como não tinha nada a fazer em casa, o garoto decidiu sair. Trocou sua camiseta surrada por uma jaqueta de couro e pegou o capacete. Na garagem, retirou o pano que cobria sua fiel companheira, uma Harley Davidson Nightster 2022 de um preto brilhante, customizada com um guidão mais alto e pedaleiras avançadas. O ronco característico do motor V-twin a ecoou pelo espaço, vibrando em seu peito e animando-o. Pegou o controle do portão, abriu-o e saiu em disparada, mas lembrando de fechar o portão , sentindo o vento gelado em seus cabelos enquanto acelerava sua donzela.

Castiel ficou duas horas andando sem rumo, apenas aproveitando a liberdade que sentia. Amava andar de moto, mas fazia muito tempo que não o fazia. Tinha sido um pedido de seu pai e ele atendeu para deixar o mais velho despreocupado, afinal, por conta do câncer, o pai tinha medo que Castiel passasse mal na moto e sofresse um acidente, no fim, motivos para o pai pedir aquilo.

Depois de 1 hora andando sem rumo, decidiu ir ao shopping. Estava com vontade de comer seu lanche favorito. Quando chegou, estacionou a moto e foi direto ao McDonald's, onde fez o seu pedido. Logo após comer, aproveitou o tempo para dar uma volta. Porém, sua pequena caminhada foi interrompida quando uma moça de cabelos castanhos e olhos verdes o abordou com um sorriso contagiante.

- Olá, meu nome é Camille. Hoje estamos com uma feira de adoção – ela disse, mostrando um cartaz com fotos de cães e gatos. – São animais que uma instituição resgatou de situações muito tristes. Antes, eles viviam em locais abandonados, sem comida e água. Infelizmente, por conta da reprodução em massa, temos muitos filhotes sem uma casa. Bom, se não quiser adotar, também estamos arrecadando fundos para ajudar a instituição.

Castiel apenas concordou com a cabeça e entrou no local. O salão estava decorado com balões coloridos e repleto de latidos e vozes infantis. Um pequeno filhote com pelos negros e marrons, chamou sua atenção. O cãozinho, com os olhos cheios de esperança, pulava dentro de um cercado, abrindo a boca em um sorriso e latindo freneticamente.

– Oi, amiguinho! – Castiel se agachou, sentindo seu coração se aquecer. O filhote lambeu sua mão com tanta força que quase o derrubou.

– Ele te escolheu! É um amor de cachorro – um voluntário sorriu

-Eu quero adotá-lo – Castiel disse, com um sorriso radiante.

O garoto pegou o cachorrinho e se apresentou: "Meu nome é Nathan". Um garoto de pele negra, com os cabelos raspados dos lados e lindos cachos no topo da cabeça. Os dois foram até um balcão.O pequeno filhote balançava o rabo freneticamente. Os dois foram até um balcão na clínica veterinária. Nathan entregou o cachorro para um homem de jaleco branco, que, Castiel deduziu, ser o veterinário. O menino voltou para o balcão e explicou, com um sorriso no rosto

-Vamos lá, preciso de alguns dados para colocar no chip dele. Qual é o seu nome?- O garoto perguntou, olhando para a tela do computador.

-Castiel Collins Ainsworth - disse com calma, algo incomum até para ele que, normalmente, sempre falava com tédio.

Qual é o seu endereço, número de telefone e um contato de emergência? - Castiel passou as informações enquanto o garoto digitava.

Vai demorar muito?- perguntou, tentando parecer o mais simpático possível.

-Não, os dados para o microchip já estão prontos - ele sorriu, pegando um papel. - Qual será o nome dele?

-Dragon - Castiel respondeu rápido, sempre quis ter um cachorro com esse nome.

-Aqui está a carteira de vacinação. Ele tem 2 meses e 1 semana, já desmamou e recebeu as vacinas V8 e V10. As próximas estão anotadas aqui.- Nathan apontou para as datas.

-Ok, tem algum cuidado específico?- - Castiel perguntou, pegando a carteira e guardando no bolso.

-Ah, sim. Com o tempo, você vai perceber que ele tem uma personalidade bem marcante - ele disse com um sorriso- Será entregue um panfleto com todas as informações sobre a raça, mas se prepare! Essa raça tem muita energia - ele riu. Logo, o veterinário trouxe o cachorro.

-Sr. Collins, parabéns pela atitude! Aqui estão todas as informações sobre ele e os cuidados.- O homem entregou o pequeno animal para o novo dono.

-Obrigado. Vou passar no pet shop para comprar tudo que for necessário"- Castiel disse, saindo do local. Antes de ir, deixou uma doação em dinheiro. Afinal, também tinha um coração mole.

….

O menino chegou em casa super cansado. O coitado teve que chamar um Uber para ir para casa. Deixou o Dragon em seu quarto, junto com as coisas que comprou, e voltou para o shopping buscar sua moto. Como ele esperava, pagou um "rim" no estacionamento. Neste momento, o cachorro está dormindo enquanto Castiel termina de arrumar as coisas do novo morador da casa.

– Filho, por que você gastou mais de 2.500 em... – O homem ficou sem palavras, os olhos arregalados ao ver o filhote que abanava o rabo freneticamente. Castiel, por sua vez, abriu um sorriso de orelha a orelha.

– Oi, pai, tudo bem? Este é o Dragon. – O garoto apresentou o cachorro com orgulho. – Ele é um amor de cachorro!

– Pastor Beauce? E esses gastos todos? – O pai cruzou os braços, mas um sorriso gentil começava a se formar em seus lábios.

– Eu sei que foi caro, mas ele precisava de tudo: ração especial, brinquedos, caminha... E eu o amo demais para economizar nele. – Castiel se aproximou do pai e colocou a mão em seu ombro.

– Tudo bem, eu fui pego de surpresa. – O pai dos meninos sabia que não podia ficar bravo. Seu outro filho tinha uma coelha e Castiel também tinha direito de ter um bichinho.

Leigh saiu do quarto do filho mais velho, foi até a cozinha e, neste momento, percebeu que tinha dispensado sua cozinheira. O homem nunca gostou de cozinhar; esse foi o único motivo de ter contratado a moça.

Mesmo sendo atualmente um grande estilista e sua loja tendo se tornado uma empresa, muitos diziam que ele tinha condições de pagar mais de 5 funcionários, porém o homem não via necessidade disso. Leigh decidiu pedir comida por aplicativo. Após alguns minutos, decidiu comprar pizza. O mais velho nem imaginava o que Castiel tinha comido naquele dia, caso contrário teria pedido algo mais saudável.

…..

Por que?

Por que?

Não para!

Ela não fez nada!

Não!

Não!

Por favor! Não faz isso!

Mamãe!

Aquela cena era tão comum para aquela criança, porém sabia que não era normal. Ele queria salvar sua mamãe, mas o medo era maior. Cada soco que ela recebia, a criança chorava mais. Cada tapa que era dado, mais a criança forçava as mãozinhas nos ouvidos

- Sua vadia! - Ele a puxou pelos cabelos e gritou - Acha que pode chegar a essa hora? Virou puta!? Responde!- . A mulher, assustada, tentava se defender, mas ele continuava a agredi-la.

-Me perdoa, por favor! - implorou ela, os olhos marejados. Ele a olhou, a mão ainda levantada, as veias pulsando no pescoço. A abaixou lentamente.

- Espero que não se repita - ele murmurou, a voz rouca de raiva contida

A criança observava tudo, os olhos arregalados de medo e tristeza. Não entendia por que a mamãe chorava e por que o papai parecia tão bravo. A garrafa que ele pegou da geladeira era grande e escura, e a criança nunca a tinha visto antes. Queria abraçar a mamãe, mas seus pés pareciam presos ao chão. Olhou para a casa, para os móveis quebrados, para as paredes manchadas. Uma lágrima solitária escorria pelo seu rosto, silenciosa e dolorosa. Com um suspiro, o menino tomou coragem e foi até sua mãe.

- Mamãe? – a voz saiu fraca, mas pôde ser ouvida pelos adultos.

-O que você está fazendo aqui? – O homem disse bravo. – Responde porra! –

-Pare, querido! Ele deve ter se assustado. – A mulher foi até a criança. – Meu amor, volta para o quarto, por favor. Volta, vai. – disse olhando nos olhos dela.

- Mamãe? – Uma das únicas palavras que sabia falar certo, por conta da violência dentro de casa, tinha muito medo de falar e isso prejudicou seu desenvolvimento.

- Você não ouviu! – O homem gritou, indo até a criança. A mesma correu para os braços maternos.

-Mamãe, medo – falou abraçando mais forte sua mãe.

- Vira homem, moleque. – Puxou pelo braço fino. – Tô cansado de você! – Arrastou a criança até a porta. – Vai dormir lá fora – disse, abrindo a porta. – Sozinho! – A criança foi empurrada para fora e a porta foi fechada e trancada.

-Você é um monstro! Ele é só uma criança! Vai ficar doente! – Gritou, indo para cima de seu marido.

Porém, o homem desferiu vários socos na cabeça da esposa. A pobre mulher desmaiou após alguns instantes. Ele a deixou caída no chão, observando-a com indiferença. Sem remorso ou pena, terminou sua bebida e foi para o quarto.

O frio era insuportável. Castiel batia os dentes e se abraçava, tentando se proteger do ar gelado. O escuro era aterrorizante para a criança, que chorava sem parar. Com medo, queria sua mãe, mas a casa estava em completa escuridão. Decidiu se deitar e esperar que alguém abrisse a porta. A criança tinha esperança, no fundo.

10 min depois

Nada

35 min depois

Nada

50 min depois

Nada

1h25 min depois

Nada

1h47 min depois

Nada

2h53min

O casal de idosos, vizinhos da família, havia chegado de um jantar quando a senhora viu a criança. Agachou-se e acariciou a criança, sentindo sua pele gelada. Conhecendo a situação da família, eles a acolheram em sua casa. Lá, o pequeno tomou um banho quente, comeu e dormiu em uma cama confortável, finalmente entrando no mundo dos sonhos.

Castiel!

Cadê você!

Bebê!!!

Castiel!!

Ouviu a voz da mãe, saiu correndo do quarto e foi até a senhora, que se assustou com a aproximação repentina da criança. Ao ouvir os gritos, a senhora sorriu para o pequeno e foi até a porta com ele. Ao abrir a porta, a criança saiu correndo e abraçou a mãe, que agradeceu pela ajuda.

-Mamãe tá bem? – perguntou com um lindo sorriso.

- Sim, meu amor, tô ótima! Vamos tomar um café rapidinho antes da mamãe ir trabalhar. E cuidado com o papai, hein? – disse, vendo a criança encolher os ombros.

-Tenho medo... – a criança falou baixinho.

-Não precisa ter medo, meu bem. Eu te amo muito. – A mãe deu um beijo na bochecha do filho e o abraçou forte..

A mulher preparou o café da manhã do filho e preparou o almoço para duas pessoas. Depois, se despediu e foi trabalhar. Mesmo a mãe tendo dito para ele não ter medo, a criança ficou escondida. Mas a fome chegou e ela soube que teria que falar com ele.

-Pai! fome! - disse olhando pro chão

-Vai ficar com fome! - disse virando a garrafa de cerveja

-Mas… A mamãe fez comida - era sempre a mesma coisa.

- Porra - o homem rugiu, jogando a garrafa de cerveja no chão. Com um movimento rápido, ele levantou a mão e deu um soco na criança -Tô cansado de você, moleque idiota - logo o homem está espancando o filho.

A cada soco, a criança soltava um grito agudo. A cada chute, encolhia-se mais, protegendo o corpo com os braços. Por que tinham que viver uma vida tão cruel? Por que não podiam ser felizes e brincar como as outras crianças? As lágrimas escorriam como uma cachoeira pelo seu rosto pálido. A situação piorou quando foi trancado no porão escuro e úmido. Com medo do escuro, dos ruídos e da solidão, sentia medo de tudo naquele momento.

Continua ?

Caso você ou alguém que você conhece, está passando por uma situação de violência, não tenha medo, peça ajuda! Você não está sozinha!

DENUNCIAR!

Disque 100: Ligue para este número gratuitamente de qualquer telefone fixo ou móvel para denunciar casos de violência doméstica e outras violações dos direitos humanos.

Conselho Tutelar: Procure o Conselho Tutelar mais próximo da sua residência.

Delegacia da Mulher: Registre um boletim de ocorrência em uma delegacia especializada no atendimento a mulheres vítimas de violência.