Saint Seiya pertence a Masami Kurumada e às empresas licenciadas.

Boa noite/bom dia, meus amores! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Bem... quem me acompanha sabe que amo um drama, e que minhas últimos histórias focaram mais em romance. Pois bem, nesta fanfic, além de uma draminha básico, teremos ação, comédia, romance...

Dedico esta fanfic para @NanyPimenta

Espero que gostem dessa história nova e tenham uma boa leitura.

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Milo POV on

Eu estava de pé na varanda da minha casa, como fazia todas as manhãs. O amanhecer sempre foi um dos momentos que mais apreciei, e aqui, no alto do Templo de Escorpião, o espetáculo do sol nascendo parecia ainda mais grandioso. Da minha posição, eu podia ver o céu lentamente se transformar, as tonalidades alaranjadas e rosadas tingindo o horizonte, e o brilho dourado do sol refletindo nas montanhas distantes. A luz da manhã tocava suavemente minha pele, e eu sentia o cosmo fluir tranquilamente ao meu redor.

Observar o nascer do sol se tornou um ritual para mim. Talvez fosse o silêncio, ou a forma como a luz banhava o Templo de Escorpião, que sempre me dava a sensação de que, por alguns instantes, eu era parte daquela transição entre a noite e o dia. Algo quase sagrado. Acredito que, por estar no alto, o espetáculo da aurora se tornava ainda mais belo, como se os raios do sol fossem uma bênção aos guerreiros que protegem Athena.

Eu me permitia alguns minutos de paz e contemplação quando ouvi, ao longe, passos apressados quebrando o silêncio da manhã. Não desviei o olhar do horizonte, mas já sabia que se tratava de alguém a serviço do Santuário. Quando o soldado finalmente se aproximou, eu continuei ali, imóvel, sentindo o calor do sol se intensificar.

Depois de alguns segundos, ele parou atrás de mim, claramente ofegante pela pressa. Esperei que ele falasse.

– Senhor Milo... – Sua voz era hesitante, quase com receio de me interromper naquele momento. – A deusa Athena e o Grande Mestre ordenam sua presença imediata no Décimo Terceiro Templo.

Por um momento, fechei os olhos, absorvendo a gravidade da mensagem. Athena e o Grande Mestre... ambos me chamando logo ao amanhecer. Isso não era algo que se ignorava.

Me virei lentamente para o soldado, e com um movimento simples, as partes da minha armadura começaram a se prender ao meu corpo. A sensação do metal dourado era familiar, quase reconfortante.

– Entendido – respondi, minha voz calma, mas firme. Não havia necessidade de perguntar o motivo do chamado. O que quer que fosse, eu descobriria em breve.

Dei uma última olhada para o horizonte, o sol já rompendo completamente as montanhas, iluminando o Santuário como uma promessa de que um novo dia começava. Algo importante estava por vir, e eu estava pronto.

Com um aceno, fiz sinal para o soldado se retirar, e comecei a subir os degraus em direção ao Décimo Terceiro Templo.

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Eu estava na varanda em frente ao Décimo Terceiro Templo, observando a manhã que avançava. A luz do sol já iluminava as colunas de mármore, mas meu foco estava em outro lugar, tentando entender o motivo do chamado de Athena e do Grande Mestre. O vento leve tocava minha armadura dourada, trazendo consigo uma sensação de expectativa no ar.

Foi então que senti um cosmo se aproximando. Familiar e discreto, mas com uma presença inegável. Não precisei me virar para saber de quem era — Luisa, a amazona prateada de Apus. Mesmo com sua chegada silenciosa, o poder de seu cosmo era claro para mim. Seu passo era leve, mas carregava a firmeza de uma guerreira que estava sempre preparada para qualquer coisa.

Quando finalmente me virei, lá estava ela, com sua armadura brilhando à luz do sol. Sua máscara cobria o rosto, como sempre, ocultando qualquer expressão que pudesse revelar seus pensamentos. Ainda assim, eu a sentia me observando de forma atenta, intrigada por me encontrar ali.

– Luisa – eu disse, cruzando os braços, percebendo que ela não esperava me encontrar nesse lugar, embora sua postura permanecesse controlada.

Ela parou diante de mim, mantendo a distância respeitosa que a armadura e a máscara exigiam. Mesmo sem poder ver seu rosto, sabia que algo em seus olhos indicava uma leve surpresa, talvez uma pergunta silenciosa: por que estávamos os dois ali?

– Milo – respondeu ela, a voz abafada pela máscara, mas clara e precisa. – Também fui convocada por Athena.

Eu assenti, sem demonstrar surpresa, mas agora totalmente atento ao fato de que o chamado envolvia mais do que eu havia previsto. Se Luisa, uma amazona prateada, também estava presente, então o assunto era maior, mais urgente.

– Parece que estamos no mesmo caminho – comentei, deixando que meus olhos passassem brevemente pelo templo à nossa frente, onde o Grande Mestre nos aguardava.

Ela inclinou a cabeça levemente, um sinal de acordo. Sob a máscara, eu podia sentir sua curiosidade, talvez a mesma sensação de que estávamos diante de algo grande. O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo sussurro do vento, como se o próprio Santuário aguardasse o desfecho de nossa convocação.

– O que quer que seja, estamos prontos – disse ela, a voz carregada de confiança, apesar da tensão implícita.

– Sempre – respondi, sentindo o cosmo ao meu redor se intensificar enquanto me preparava para o que estava por vir. Sem mais palavras, nos viramos em direção ao templo, prontos para descobrir o que o destino nos reservava.

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Caminhávamos pelo vasto corredor do Décimo Terceiro Templo, o silêncio preenchido apenas pelo eco de nossos passos. A cada passo, a sensação de expectativa crescia, como se o próprio ambiente estivesse à espera do que estava por vir. A luz dourada do sol da manhã entrava pelas altas janelas, iluminando o salão onde Athena e o Grande Mestre nos aguardavam. A presença deles trazia uma gravidade ao momento, e mesmo antes de nos ajoelharmos em respeito, já sabíamos que algo importante estava para ser revelado.

Ao nos ajoelharmos diante de Athena e do Grande Mestre, o silêncio que caiu sobre a sala foi denso, carregado de significado. Eu sentia a tensão no ar e sabia que Luisa, ao meu lado, também percebia. A máscara que cobria seu rosto ocultava qualquer expressão, mas seu cosmo estava inquieto, ressoando levemente o mesmo sentimento de incerteza que eu também carregava.

Athena nos observava em silêncio, seus olhos brilhando com uma sabedoria calma e imperturbável. O Grande Mestre, sempre enigmático, mantinha-se ao seu lado, com uma postura imponente. Depois de um momento de reflexão, foi Athena quem finalmente quebrou o silêncio.

– Milo, Luisa – começou Athena, sua voz tranquila, mas carregada de um peso que indicava a seriedade do que estava por vir. – Vocês foram convocados para uma missão de natureza delicada, e por isso precisam trabalhar juntos.

Eu senti uma tensão imediata, trocando um breve olhar com Luisa. Não era comum sermos chamados juntos para missões, e a própria Athena parecia medir cuidadosamente cada palavra.

– A missão exige discrição absoluta – continuou ela, seus olhos percorrendo calmamente nossos rostos. – Vocês terão que se infiltrar... e para isso, devem adotar uma fachada convincente.

Eu franzi ligeiramente a testa, ainda sem entender completamente o que ela estava tentando dizer. Então, Athena respirou fundo, como se a próxima revelação exigisse um cuidado especial.

– Vocês terão que se passar por um casal – disse ela, finalmente, sua voz suave, mas firme.

As palavras ressoaram no salão como um golpe inesperado. Senti meu corpo enrijecer por um instante, pego de surpresa pela natureza da missão. Ao meu lado, Luisa também ficou imóvel, seu cosmo ondulando brevemente, como se a tensão em torno dela tivesse aumentado de repente. Sob a máscara, eu podia imaginar a surpresa e o desconforto que ela provavelmente sentia, mas como sempre, Luisa manteve sua postura firme.

Antes que pudéssemos reagir, o Grande Mestre interveio, sua voz grave cortando o ar.

– A missão envolve desmantelar uma organização criminosa que tem agido disfarçadamente durante cruzeiros de luxo pelas ilhas gregas – explicou ele. – Essa organização tem utilizado essas viagens para tráfico de pessoas e outros crimes que ameaçam o equilíbrio de regiões importantes. Para se infiltrar e investigar de perto, vocês precisam agir como um casal em um desses cruzeiros.

Eu absorvi a informação lentamente, sentindo a gravidade da missão. O que antes parecia uma simples operação de infiltração agora tomava proporções muito mais complexas. Um disfarce de casal? Para mim e Luisa, ambos guerreiros acostumados ao combate direto, seria uma experiência completamente fora de nossas rotinas.

Luisa, ainda em silêncio, parecia refletir sobre o que acabara de ser dito. Eu podia sentir que ela estava processando a situação tanto quanto eu.

– Vocês terão que lidar com situações que exigirão paciência, observação e sutileza – continuou Athena. – Mas confio que, juntos, vocês são capazes de lidar com essa tarefa de extrema importância.

O silêncio voltou a tomar conta do ambiente. Athena nos observava com a mesma calma serena, mas seus olhos se fixaram por um instante em Luisa, como se preparasse o terreno para dizer algo que sabia que seria delicado. A tensão que já existia no ar aumentou levemente quando ela dirigiu a palavra diretamente à amazona prateada.

– Luisa – começou Athena, sua voz gentil, mas com um tom de seriedade inegável. – Há algo mais que preciso discutir com você. Durante essa missão, será necessário que você não use sua máscara.

As palavras pairaram no ar, e pude sentir a onda de surpresa e tensão que emanou de Luisa ao meu lado. Mesmo sem poder ver seu rosto, eu sabia que a máscara era uma parte integral de sua identidade como amazona. Ela permaneceu em silêncio, mas seu cosmo oscilou ligeiramente, refletindo o desconforto que sentia.

– Entendo que essa é uma questão sensível – continuou Athena, com um olhar compreensivo. – A máscara, no contexto da missão, causaria estranheza e chamaria a atenção que não podemos permitir. Sua presença precisará ser discreta, e o disfarce exige que você adote uma postura diferente da de uma amazona em combate.

O silêncio de Luisa era palpável. Eu conhecia a força e o controle que ela sempre demonstrava, mas naquele momento, a exigência de abandonar a máscara parecia ter atingido um ponto delicado. Athena, percebendo o desconforto, respirou fundo antes de continuar.

– Pensei em enviar Marin ou Shina para essa missão – disse Athena, com uma leve pausa. – Marin já não usa mais máscara, e Shina também tem seguido esse caminho. No entanto, Marin está em lua de mel com Aiolia, e Shina requisitou uma viagem à Itália nos próximos dias. Assim, a missão recai sobre você, e confio plenamente em sua capacidade de realizá-la.

As palavras de nossa deusa eram cheias de confiança, mas a tensão em Luisa aumentou. O uso da máscara não era apenas uma questão de tradição ou protocolo para ela. Havia algo mais profundo, uma razão que ainda não tinha sido revelada, e Athena parecia compreender isso.

– Luisa, quero que saiba que você não é obrigada a aceitar esta missão – afirmou Athena, sua voz suavizando ainda mais. – Embora a lei das Máscaras tenha sido revogada, entendo que você tenha suas razões para continuar usando a sua. Ninguém aqui forçará você a fazer algo que vá contra suas convicções.

A sala ficou em silêncio novamente, enquanto Luisa processava as palavras de Athena. A oferta de recusa estava clara, mas a confiança da deusa também era inegável. Luisa tinha uma escolha diante de si, e o peso dela parecia ser maior do que o simples fato de participar de uma missão.

Eu conseguia sentir a tensão no ar crescer em torno de Luisa. A revelação de que ela teria que abrir mão de sua máscara durante a missão havia claramente a abalado, mesmo que ela tentasse manter sua compostura impecável. O silêncio que seguiu parecia se estender por tempo demais, então decidi intervir, talvez para quebrar o peso daquele momento e também para obter mais informações sobre a missão.

– Minha deusa – comecei, com a voz firme mas respeitosa, voltando meu olhar para Athena e o Grande Mestre. – Poderiam nos contar mais detalhes sobre a missão em si? Como será realizada e qual é a nossa real função?

Athena, que até então havia mantido sua atenção em Luisa, voltou-se para mim, seus olhos revelando que já esperava essa pergunta. Ela trocou um breve olhar com o Grande Mestre antes de assentir levemente.

– Venham conosco – disse ela, com uma calma que apenas aumentava minha curiosidade. – Há mais que vocês precisam ver.

Seguimos Athena e o Grande Mestre por um longo corredor que se abria em uma outra sala mais privada. Ao entrarmos, deparei-me com algo inesperado: dois homens de meia-idade estavam sentados à mesa no centro da sala. Ambos pareciam carregados de uma aura de autoridade, mas ao mesmo tempo, não eram figuras conhecidas do Santuário. Minha primeira reação foi de estranheza. Quem eram eles? E como haviam chegado até ali?

Antes que eu pudesse perguntar, o Grande Mestre Shion deu um passo à frente e começou a falar.

– Vejo que está surpreso, Milo. Isso é compreensível. Esses homens não atravessaram as Doze Casas. – Ele fez uma breve pausa, seus olhos penetrantes analisando nossa reação. – Athena, por alguns minutos, retirou o escudo propretor do Santuário, permitindo que eu teletransportasse esses dois em segredo diretamente para o Décimo Terceiro Templo.

Isso explicava tudo. O escudo que protege o Santuário impede o uso de teletransporte dentro do domínio do Santuário, a menos que seja removido por Athena. E o fato de ela ter feito isso apenas reforçava a importância dessa missão. Ainda assim, a identidade dos dois homens permanecia um mistério.

O Grande Mestre gesticulou para que os homens se apresentassem. O primeiro, de cabelos grisalhos e expressão séria, levantou-se levemente de sua cadeira.

– Sou Nikolai Ivanov, chefe da polícia da Bulgária – disse ele, com um sotaque forte e uma presença marcante.

O segundo homem, de aparência igualmente séria e com olhos afiados, falou logo em seguida.

– Eu sou Stavros Demetriou, chefe da polícia da Grécia. Estamos cientes de uma série de atividades criminosas relacionadas a cruzeiros de luxo e, como esta operação afeta diretamente nossos países, nossa cooperação é essencial.

As palavras deles começaram a dar forma à missão diante de mim. O envolvimento das autoridades locais explicava o porquê da necessidade de sigilo absoluto. Uma organização criminosa atuando nos cruzeiros... A presença de Luisa e eu, disfarçados, serviria para nos infiltrar sem chamar atenção. Olhei de relance para Luisa, que permanecia em silêncio, ainda processando tudo.

– A organização que vocês irão enfrentar é perigosa – continuou Shion, quebrando meu pensamento. – Eles estão infiltrados em altas esferas da sociedade, utilizando os cruzeiros de luxo como disfarce para tráfico de pessoas e outros crimes que põem em risco a segurança de várias nações. Essa missão não será fácil, mas com suas habilidades, acreditamos que poderão desmantelar essa operação a partir de dentro.

Compreendi o perigo e a complexidade do que estávamos prestes a enfrentar. Não seria uma batalha convencional.

Depois que Athena nos conduziu à sala privada, todos nos sentamos em torno da grande mesa de mármore. O ambiente estava carregado de seriedade e expectativa, e eu sabia que o que ouviríamos a seguir traria à tona a verdadeira gravidade da missão. Os dois chefes de polícia, Nikolai Ivanov e Stavros Demetriou, pareciam imersos em seus próprios pensamentos, suas expressões fechadas, refletindo a tensão do que estava por vir.

Nikolai foi o primeiro a falar. Sua voz grave e arrastada pelo sotaque búlgaro cortou o silêncio com precisão.

– A organização que estamos lidando é chamada de Griffon Negro – começou ele, olhando diretamente para mim e Luisa. – Inicialmente, suas operações eram limitadas à Bulgária. Eles começaram como uma rede de tráfico de pessoas, concentrando-se no sequestro de mulheres jovens para o mercado negro. No entanto, perceberam que os lucros não vinham apenas da exploração de pessoas, mas também de outros tipos de crime, como o tráfico de órgãos.

Stavros interveio nesse momento, sua voz mais firme e direta. – Quando o Griffon Negro percebeu o potencial de expandir seus negócios para o turismo de luxo, especialmente os cruzeiros pelas ilhas gregas, eles criaram uma filial em nosso país. Os cruzeiros se tornaram o disfarce perfeito para o tráfico de mulheres destinadas à prostituição de luxo. Usando as águas internacionais como um campo de operações, é difícil para as autoridades rastrearem suas atividades.

Enquanto Stavros falava, senti uma onda de desconforto se espalhar pelo meu corpo. O nível de corrupção e crueldade dessa organização era evidente. Nikolai continuou, sua voz agora carregada de uma frustração contida.

– A Griffon Negro também lucra com o tráfico de órgãos, e, em alguns casos, vendem as vítimas para redes de escravidão moderna. Eles têm ligações em vários países, tornando-os uma ameaça transnacional. Não estamos lidando apenas com uma organização criminosa comum. Eles são meticulosos, altamente organizados, e possuem contatos dentro de várias esferas de poder.

As palavras dele ecoaram no salão, e foi nesse momento que senti uma oscilação repentina no cosmo de Luisa ao meu lado. Ela permanecia imóvel, mas a intensidade de sua energia era inegável. Olhei de relance e vi seus punhos se fechando lentamente, como se tentasse controlar uma raiva crescente. Seu cosmo, normalmente tão sereno e firme, começava a vibrar de maneira descontrolada, revelando a intensidade do que ela estava sentindo.

Eu sabia o que estava acontecendo. As atrocidades que acabáramos de ouvir não eram apenas um ataque à moralidade, mas tocavam profundamente em algo pessoal para Luisa. Talvez ela tivesse visto ou enfrentado algo semelhante em algum momento de sua vida. Mesmo que eu não conhecesse todos os detalhes de seu passado, a raiva que emanava dela era clara.

Senti uma onda de raiva crescendo dentro de mim também. O simples pensamento de uma organização como essa prosperando através do sofrimento alheio, de sequestrar mulheres e vendê-las para um destino cruel e desumano, era revoltante. Minha mão instintivamente apertou o braço da cadeira, o metal de minha armadura rangendo levemente sob a pressão.

Stavros e Nikolai continuaram a falar, mas minha atenção estava parcialmente dividida entre o que eles diziam e o cosmo inquieto de Luisa. A raiva dela era palpável, e eu sabia que, assim como eu, ela estava se preparando mentalmente para a batalha que estava por vir. A Griffon Negro havia se tornado mais do que apenas um inimigo. Eles agora representavam tudo o que precisávamos destruir, e não havia dúvida de que essa missão era pessoal para nós dois.

Quando Stavros terminou de falar, o silêncio caiu novamente sobre a sala. Athena observava a todos com sua calma habitual, mas seus olhos brilhavam com compreensão. O Grande Mestre Shion, ao seu lado, manteve sua postura imponente, como se estivesse aguardando nossa reação.

Eu olhei para Luisa e percebi que ela estava pronta para lutar, e eu também. A missão havia se transformado em algo maior do que apenas um dever para Athena. Agora, era uma questão de justiça.

Após o relato dos chefes de polícia, a sala permaneceu em um silêncio pesado, até que Luisa, ainda com os punhos cerrados, falou com uma voz firme, mas carregada de questionamento.

– Com todo respeito, se a Griffon Negro é apenas uma organização criminosa, mesmo que altamente organizada, por que a polícia precisa de nossa ajuda? – Suas palavras eram afiadas, e o tom sério indicava que ela não estava convencida da necessidade de nos envolvermos. – A polícia tem poder e recursos suficientes para lidar com traficantes, e ainda assim, os cruzeiros continuam operando, mesmo com esses riscos evidentes. O que realmente está acontecendo aqui?

Nikolai trocou um olhar com Stavros antes de responder. O chefe de polícia grego, Stavros, inclinou-se um pouco para a frente na cadeira, sua expressão mais fechada do que antes.

– É verdade que somos capazes de lidar com criminosos comuns – começou ele, sua voz baixa, como se estivesse ponderando cuidadosamente suas palavras. – Mas a situação com a Griffon Negro é muito mais complexa. A agência de viagens responsável por promover esses cruzeiros, a mesma que vem sendo usada como fachada para as operações criminosas, entrou em contato conosco. Eles próprios começaram a perceber que algo estava errado. Foi através dessa colaboração que conseguimos chegar perto de prender alguns dos responsáveis pelos sequestros.

Nikolai continuou a explicação, com um olhar sombrio. – Na última operação, recebemos uma pista de que um carregamento de vítimas seria transportado durante um desses cruzeiros de luxo. Montamos uma operação e conseguimos cercar alguns dos envolvidos no convés de um navio.

Nesse momento, Stavros abriu uma pequena pasta que estava sobre a mesa e puxou de dentro um disquete. Ele então se levantou e caminhou até um computador que estava em um canto da sala. O som de teclas e o zumbido da máquina funcionando preencheu brevemente o espaço antes de ele chamar nossa atenção de volta.

– Quero que vocês vejam algo – disse Stavros, com a mão indicando a tela. Ele inseriu o disquete, e em poucos segundos, o vídeo começou a rodar.

Na gravação, um grupo de policiais armados cercava vários homens em um navio de luxo. Tudo parecia sob controle. As armas estavam apontadas, os criminosos estavam de mãos para cima, e o vento do mar soprava forte ao redor. Parecia ser o fim da linha para aqueles homens. Então, em um piscar de olhos, o cenário mudou drasticamente.

Um dos criminosos, em um movimento tão rápido que parecia impossível para um ser humano comum, derrubou os policiais ao redor com uma série de golpes precisos. Tudo aconteceu em uma fração de segundo. Quando os policiais tentaram reagir, já estavam no chão, inconscientes.

Stavros pausou o vídeo, e o silêncio na sala era ensurdecedor. Eu e Luisa assistíamos incrédulos.

– Demoramos a entender o que havia acontecido – admitiu Stavros, cruzando os braços e olhando para nós. – A princípio, achamos que os criminosos usavam algum tipo de técnica de combate avançada ou até mesmo armas ocultas. Mas quando analisamos o vídeo em câmera lenta…

Ele avançou o vídeo novamente, desta vez em velocidade reduzida. Ao revermos a cena, pudemos ver o que Stavros descrevera. Em câmera lenta, uma leve aura brilhante começava a envolver os criminosos. Era inconfundível, mesmo que tênue. Era cosmo.

Luisa soltou um leve suspiro de surpresa, sua máscara mal conseguindo esconder sua incredulidade. Eu, por outro lado, senti um calafrio subir pela espinha. Como alguém envolvido em atividades tão sujas podia estar manipulando cosmo? A presença dessa energia nas mãos de criminosos comuns era perturbadora, para dizer o mínimo.

– Não sabemos exatamente o que estamos enfrentando – continuou Stavros, desligando o vídeo e voltando para a mesa. – Mas o que ficou claro para nós é que esses homens não são simples mortais. Eles estão manipulando cosmo, e isso está muito além das capacidades de nossa força policial. Tentamos combatê-los como criminosos normais, e pagamos o preço.

Nikolai assentiu com a cabeça, completando a explicação. – É por isso que precisamos de vocês, Cavaleiros. A Griffon Negro tem algum tipo de conexão com o cosmo, e não podemos enfrentá-los sozinhos. Precisamos de guerreiros que compreendem essa força e que possam detê-los antes que façam mais vítimas.

As palavras de Stavros e Nikolai ecoavam em minha mente. A presença de cosmo nesse cenário tornava tudo muito mais perigoso.

O silêncio pesado após a revelação foi interrompido pelo Grande Mestre, que observava atentamente a confusão no ar, refletida na minha expressão e no cosmo oscilante de Luisa. Sua postura era serena, mas seus olhos carregavam a gravidade do que ele estava prestes a explicar.

– Eu entendo que isso possa parecer desconcertante para vocês, Milo, Luisa – começou ele, sua voz firme, mas de tom quase paternal. – É importante lembrar que todas as pessoas, sem exceção, possuem cosmo dentro de si. O cosmo é a energia que permeia tudo no universo. Alguns nascem com a habilidade natural de despertar e desenvolver esse poder, enquanto outros vivem suas vidas inteiras sem nem ao menos perceber sua existência.

Ele fez uma pausa, deixando que processássemos suas palavras.

– No caso dos membros da Griffon Negro – continuou o Grande Mestre –, não sabemos exatamente como ou por que alguns deles começaram a manifestar o cosmo. É possível que, em algum momento, tenham descoberto essa capacidade sem orientação adequada. Isso significa que, sem treinamento, o controle deles sobre essa força é extremamente limitado. E esse descontrole torna a situação muito mais perigosa, não apenas para as pessoas ao redor, mas para eles próprios.

Meu semblante ficou sério, as implicações dessa revelação começando a pesar. Eu conhecia o poder do cosmo, mas sempre o tinha associado à disciplina e ao equilíbrio que aprendemos desde cedo. A ideia de criminosos manipulando essa força sagrada sem nenhum controle me incomodava profundamente.

Luisa, ainda em silêncio ao meu lado, apertou os punhos levemente. Mesmo com a máscara cobrindo seu rosto, pude sentir a inquietação que ela emanava. Então, com a voz abafada pela máscara, mas cheia de determinação, ela fez a pergunta que eu sabia que estava em sua mente.

– O que o senhor está dizendo é que eles estão brincando com forças que não compreendem? – Sua voz firme, porém, revelava uma preocupação contida.

O Grande Mestre assentiu lentamente.

– Exatamente. Eles despertaram o cosmo, mas não o dominam completamente. Isso os torna imprevisíveis. Um cosmo fora de controle pode ser devastador. Como vimos no vídeo, eles são capazes de derrubar adversários em um piscar de olhos, mas o poder que manipulam é instável e longe de ser refinado. E é essa falta de controle que torna a organização Griffon Negro ainda mais perigosa.

Eu respirei fundo, absorvendo a seriedade da situação. A noção de que o cosmo — essa energia que nós cavaleiros treinamos tão intensamente para dominar — estava sendo usado de forma irresponsável por criminosos me causava repulsa. Ao meu lado, pude sentir a tensão no cosmo de Luisa aumentar, o desconforto dela evidente.

O Grande Mestre olhou para nós com uma expressão grave.

– Então, o que vocês enfrentarão não é apenas uma organização criminosa comum. Vocês estão lidando com pessoas que, mesmo sem controle completo de suas habilidades, têm em mãos um poder que pode devastar vidas e corromper ainda mais suas almas. Como sabem, um cosmo fora de controle é tão perigoso quanto qualquer arma mortal.

Eu e Luisa trocamos um breve olhar. Por trás da máscara dela, eu sabia que suas preocupações não eram menores que as minhas. Enfrentar criminosos já seria desafiador, mas lidar com pessoas que manipulavam o cosmo, mesmo de forma desequilibrada, tornava essa missão ainda mais complexa e perigosa do que qualquer um de nós havia previsto.

Após a explicação do Grande Mestre, um silêncio pesado pairou na sala. O vídeo ainda estava pausado na tela, e as imagens dos policiais caídos e dos criminosos envoltos em uma aura perigosa permaneciam vívidas em nossas mentes. Eu podia sentir o cosmo de Luisa ainda tenso ao meu lado, sua respiração controlada, mas sua determinação inabalável. Quanto a mim, a raiva misturada com o dever já se consolidava.

Athena, que até então observava atentamente, finalmente se pronunciou. Sua voz suave, mas cheia de autoridade, quebrou o silêncio.

– Milo, Luisa – ela começou, seus olhos brilhando com a sabedoria e a compaixão que sempre demonstrava. – Vocês compreendem a gravidade desta missão. Não estamos lidando apenas com criminosos comuns, mas com pessoas que, mesmo sem controle total, estão manipulando forças que podem causar destruição incalculável.

Ela fez uma breve pausa, avaliando nossas reações.

– Por isso, pergunto a vocês dois: estão dispostos a aceitar essa missão? A lutar contra essa organização e impedir que esse poder continue sendo mal utilizado?

O olhar de Athena fixou-se em mim primeiro, e depois em Luisa. Seu pedido não era uma ordem, mas um chamado, um apelo à nossa lealdade e ao nosso senso de justiça. Eu não precisei de tempo para pensar. Essa era a nossa responsabilidade, nosso dever como cavaleiros.

– Eu aceito – respondi sem hesitar, minha voz firme e determinada. – Não deixarei que esse poder caia nas mãos erradas.

Ao meu lado, Luisa fez um movimento quase simultâneo. Mesmo com a máscara cobrindo seu rosto, sua resposta foi clara, carregada com a mesma determinação.

– Eu também aceito – disse ela, a voz abafada pela máscara, mas cheia de resolução. – Vamos acabar com a Griffon Negro e garantir que esse poder não seja mais uma ameaça.

Athena assentiu, visivelmente satisfeita com nossas respostas. Seus olhos transmitiam gratidão e confiança.

– Muito bem. Confiamos a vocês essa missão. Que a justiça de vocês como Cavaleiros e a proteção que vocês oferecem aos inocentes guiem suas ações.

Ao lado de Luisa, senti a responsabilidade pesar sobre nós, mas também a honra de servir sob o olhar atento de Athena.

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Bem, conversando com a Nany e contando para ela as primeiras ideias que surgiram sobre a história, ela gentilmente me ofereceu usar a Griffon Negro, que ela criou para sua fanfic Destinada. Vou deixar o link aqui, caso vocês quiserem ler.

https//historia/destinada-14867100

Lembrem-se: inicialmente, cdz de passa em 1986, data esta que foi corrigida para 1990 pelo próprio autor. Essa história eu calculo que se passa uns 2 anos após a Saga de Hades, então 1992.