Notas Iniciais:

Atualização - 28.10.2024: Este capítulo foi reescrito com o intuito de se adequar a forma a forma de escrita que segue do capítulo 3 pra frente, além disso, vários erros foram arrumados, além de pequenas coisas novas adicionadas, se você leu esse capítulo antes da data marcada ali em cima, recomendo fortemente que leia de novo! Garanto que a experiência será melhor desta vez.


Capítulo 2: Uma manhã inesquecível


Meus olhos... É o sol? Ele machuca meus olhos... Já amanheceu? Ainda estou com sono... Ah sim... Fiquei pensando como vou conseguir entregar isso... É só um cartão, mas por que eu não consigo parar de pensar nisso? Não consigo parar de pensar em você, Ayanami?

. . .

Shinji estava deitado em seu futon em seu quarto, próximo a janela. O garoto se revirava com a luz solar entrando pela sua janela, virando para seu lado oposto para evitar assim as radiantes luzes da manhã. Shinji permaneceu pensando enquanto ainda estava deitado, porém, decide-se levantar. O garoto olhou para o pequeno móvel onde acima estava o cartão da Rei Ayanami, ele estava no mesmo lugar ao qual ele havia deixado na noite passada. O garoto então se levanta e observa de perto o cartão com a foto da garota... Tão estranho. Milhões de pensamentos rondavam a cabeça do garoto, porém ele decide que precisava usar o banheiro.

Era domingo, não teria escola naquele dia, isso só enchia ainda mais os pensamentos de Shinji, deixando o garoto apreensivo com essa informação. Ele pensava novamente, ele terá que encontrar ela em outro ambiente que não seja a NERV ou a escola, possivelmente, a casa da garota. Shinji então saiu do banheiro indo até a cozinha, oito horas da manhã, foi o que o garoto viu ao verificar a hora em um dos eletrodomésticos da cozinha, isso o fez lembrar, ele terá que estar na base da NERV às 11:30 da manhã para realizar os teste de sincronização, então ele teria que se apressar para entregar o cartão da garota, caso o contrário, ela não iria poder entrar para fazer os teste também... Mas, ele ainda se perguntava como ele faria isso.

Shinji se lembrou então do número que Ritsuko deu para ele no dia anterior. O garoto foi em direção ao seu quarto buscar o papel com o número de telefone de Ayanami junto de seu celular. Atentamente, Shinji discava os números presentes no papel, sentindo sua garganta secar a cada dígito, pensando no que iria falar. Tão estranho, era tudo que Shinji poderia sentir, era uma simples entrega de cartão, mas essa tarefa parecia estar ficando desnecessariamente difícil. Apreensivo, Shinji treinava as palavras que iria dizer para a garota, então, o telefone finalmente começou a chamar...

"Ah, alô..." Antes mesmo que pudesse terminar, a ligação caiu. Shinji apenas olhou para seu telefone e desligou. O mais plausível a se pensar é que Ayanami não estava com seu telefone.

Shinji tentou mais algumas diversas vezes, ligação atrás de ligação, pensando toda vez em um futuro diálogo diferente, porém, nada de respostas, o silêncio era o que respondia o garoto através do aparelho. O garoto se sentia apreensivo, ele estava errando algum número? Será que Ritsuko lhe passou o número errado? A ansiedade o consumia, mas ele não podia tirar essa conclusões ainda, a garota poderia estar ocupada, com o celular descarregado ou qualquer outra coisa... Shinji começou a pensar em como ira lidar com a situação, ele então pensou em Misato.

Misato ainda está dormindo? Pensava Shinji na frente da porta.

"Misato? Hã... É o Shinji... Tá dormindo?" Dizia o garoto dando leves batidas na porta esperando alguma resposta... Ele não as obtém. Acho que ela bebeu demais ontem... Diz Shinji se lembrando do jantar e das tantas latinhas de cerveja que Misato virou durante a ocasião.

Ele não poderia fazer muita coisa a não ser entrar. "Estou entrando." Disse o garoto abrindo gentilmente a porta. A expressão do garoto muda de repente, de uma calma e serena, para uma de desagrado com a visão que estava tendo. Misato estava estirada em seu futon, Penpen por sua vez, estava dormindo debaixo do braço da mulher num quarto em um estado totalmente deplorável de sujo. Shinji sentiu pena do pinguim. Shinji continua observando a situação, ele percebe, Misato ainda estava segurando uma latinha de cerveja, então a mulher dormiu ainda bebendo... Preciso acordá-la. Pensou o garoto.

"Misato?" Disse Shinji chegando perto da mulher, agachando-se aos poucos.

"O que... O que é, hein...?" Misato respondeu com sono em sua voz, além de parecer estar acabada, provavelmente pela ressaca. "Tá cedo... Eu só vou mais tarde pra NERV hoje, deixa eu dormir..." Disse Misato colocando a mão em cima da cabeça de Shinji como se estivesse desligando um despertador.

"... Eu... Eu sei disso, eu preciso de uma ajuda sua." Disse Shinji balançando a mulher enquanto tirava a mão dela de cima dele.

"Ajuda com o que?" Disse Misato que parecia estar quase dormindo de novo durante a conversa.

"Eu não consigo contato com a Ayanami pra entregar o cartão para ela, preciso saber onde ela mora." Disse Shinji balançando a mulher para que ela não durma ali.

"Vai ver ela pessoalmente, gatinho?" Disse Misato provocando o garoto mesmo parecendo estar quase dormindo de novo. Shinji sente seu rosto esquentar com a fala de Misato, mas antes que pudesse retrucar, a mulher continua. "Só preciso de uma caneta e papel, eu anoto pra você não esquecer." Disse Misato com voz de sono enquanto colocava a lata de cerveja no chão e erguia a mesma mão.

Shinji saiu rapidamente do quarto indo até a cozinha em busca de uma caneta e papel, após alguns minutos, Shinji voltava para o quarto da mulher e entregava os objetos solicitados para ela. Misato, ainda na mesma posição, começava a escrever sem sequer olhar para o papel, era um feito realmente impressionante, mas Shinji não sabia se a letra da mulher naquele estado seria legível.

Enquanto Misato anotava, o garoto não conseguia parar de pensar o que iria dizer quando se encontrar com a garota de cabelos azuis, seus encontros não foram dos melhores no começo, ele temia de saber o que falar quando a encontrar, a ansiedade o consumia.

"Aqui." Os pensamentos de Shinji foram cortados quando Misato falou erguendo o papel já anotado para o garoto. "Agora me deixa dormir... Você já tem o número e o endereço da sua querida garota." Disse Misato morrendo de sono em tom provocativo. Shinji mais uma vez sente suas bochechas queimarem, mas tenta ignorar as provocações da mulher.

"Obrigado." Disse Shinji enquanto se levantava e saia do quarto, fechando a porta.

Shinji encosta na parede ao lado e começa a analisar o papel com o endereço da garota. Parece longe, nunca ouvi falar dessa parte da cidade, parece ser onde ficam os prédios antigos. Pensa Shinji enquanto analisava os detalhes do endereço. Shinji guardou o papel no bolso enquanto caminhava para preparar-se para sair.

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Passou-se um tempo desde que o garoto pediu o endereço da garota de cabelos azuis. Shinji havia acabado de terminar seus afazeres e de se organizar, ele já estava pronto para sair, mas permanecia apreensivo. Shinji olhava mais uma vez para a foto no cartão da garota, apertando apreensivamente o cartão antes de abrir a porta de saída da casa e trancando-a por fora.

Cada passo até o elevador o fazia se sentir tonto, as possibilidades, os acasos, rondavam a sua cabeça enquanto dava mais uma olhada no papel de endereço em sua mão.

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O garoto caminhava entre as ruas empoeiradas e quebradas, o tipo de ambiente que Shinji se encontrava o deixavam cada vez mais confuso, se perguntando por que tudo nessa parte da cidade era desse jeito. Eu passei por aqui com o Eva? Tá tudo quebrado... Isso já estava quebrado? A Ayanami não pode morar num lugar como este... Pensava o garoto enquanto analisava as estranhas ruas quebradas e desgastadas.

Em torno, havia muitos edifícios abandonados, em sua maioria apartamentos, ainda assim, havia um mínimo de civilização por ali, com poucas pessoas andando ao redor e entrando em algumas casas desgastadas.

O caminho pelas ruas ainda se seguiu um pouco longo, até encontrar o suposto prédio da Ayanami ao qual Misato havia o informado... Está todo quebrado, assim como todos os outros, A Misato realmente me passou o endereço certo? Este prédio está tão... Se questiona Shinji ao analisar a integridade do prédio. Parece que o prédio vai ser demolido. Pensou mais uma vez. Mais algumas olhadas, Shinji viu que o portão de entrada do prédio estava de livre acesso, além disso, havia algumas pequenas flores plantadas no jardim do prédio, como se alguém estivesse cuidando delas. A Ayanami é uma piloto importante, não acredito que ela esteja morando por aqui, mas ainda assim... Não tenho para onde ir a partir daqui. Disse Shinji enquanto decidia entrar no prédio, se deparando com uma escada suja e empoeirada.

Quarto andar, número quatrocentos e dois, de acordo com Misato. Não deve ser difícil de se achar, não é? Se não for aqui, posso tentar ligar para ela de novo... Pensou Shinji subindo as escadas.

. . .

Uma longa subida pelas escadas tem sido difícil, mas as escadas não estavam tão desgastadas como estava por fora, ainda assim, era cheio de poeira, como se ninguém tivesse limpado aquele lugar a anos.

Shinji chegou ao andar ofegante, não imaginando que uma escada poderia o matar de cansaço assim, imaginando que estava muito acostumado com o elevador de seu prédio. Finalmente o quarto andar... Agora é só procurar o número 402... Disse Shinji enquanto caminhava olhando os numerais acima das portas.

407, 406, 405, 404... 403... e 402... Shinji analisou percebendo que havia o nome da Ayanami escrito ao lado do número de seu apartamento. Ela realmente mora aqui... Pensou Shinji incrédulo.

O garoto analisou a sua volta, apreensivo de como deveria prosseguir, até se encontrar com um interfone ao seu lado. Shinji então cria um esforço mental para apertar o botão, apreensivo, ele aperta, porém, não fazia som. O garoto apertava mais algumas vezes. "Alô...?" Diz o garoto ao interfone, porém, nada, então concluí que estava quebrado.

Ele observou que a fechadura estava aparentemente entreaberta, e uma ideia surgiu na sua mente. Talvez eu devesse entrar? Isso seria certo? O garoto se questionava. Ele pensou: Esse pode ser o velho apartamento dela, não tem como alguém morar aqui... Shinji pensava de novo com dúvida em seu peito. Mas e se ela na verdade estiver ocupada...? Ou nem estar aqui, eu estaria invadindo a privacidade dela... Mas Misato pode ter me passado realmente o endereço errado. Eram tantos pensamentos e dúvidas na cabeça de Shinji, que ele não sabia como prosseguir a partir dali. Mas talvez ele devesse entrar...

Os pensamentos intrusivos do garoto o vencem, assim, delicadamente o garoto rodava a maçaneta, que parecia estar quebrada, assim, abrindo a porta. Se essa é realmente a casa da Ayanami, Shinji não conseguia se sentir muito seguro de saber que a garota poderia morar em uma casa sem segurança alguma.

A porta estava totalmente aberta, ele observava a sala a sua frente que parecia ser uma cozinha, porém, não era das mais limpas. "Ayanami, você está aí?" Retraído, Shinji perguntava na esperança de receber alguma resposta, porém ele apenas podia ouvir o eco de sua voz voltar até ele.

O garoto fechava a porta atrás de si e começava a tirar os sapatos, deixando-os em um canto perto da entrada, onde havia sapatos escolares femininos. "..." Algo parecia errado, o chão estava sujo, faria realmente diferença tirar os sapatos para caminhar aqui? Ele não sabia nem o que o aguardava mais a frente, isso estava indo longe demais...

Shinji olhou à sua frente, e percebeu uma luz vindo do outro lado da pequena cozinha do apartamento, o garoto então decidiu prosseguir para averiguar, caminhando nas pontas dos pés para não sujar suas meias. Ao chegar ao outro cômodo, Shinji se deparou com um quarto que ele nunca havia visto antes, nada parecido. A luz que tinha visto, vinha de uma janela ao qual a luz do sol invadia por uma brecha da enorme cortina, cobrindo a janela que era do mesmo tamanho. Na cama ao lado da janela, havia alguns conjuntos de roupas íntimas largados acima do lençol, também havia roupas íntimas penduradas em um varal giratório ao lado da cama. O chão tinha muitos papeis com sangue, ataduras sujas e um saco de lixo cheio deles. Uma pequena geladeira se encontrava à direita da sala, e um pouco à esquerda, entre a cama e a geladeira tinha uma cômoda cheia de roupas, que dava para ver diversas roupas íntimas femininas espalhadas lá dentro...

O ambiente deixava Shinji mais apreensivo, porém sua curiosidade o matava, além de todo ambiente estranho, parecia que realmente havia alguém morando por aqui, mas ainda assim, era muito difícil de acreditar que a Ayanami vivia em uma condição dessas. Shinji adentrou cada vez mais a sala, até observar um óculos acima daquela cômoda de roupas. "A Ayanami usa óculos?" Dizia Shinji perguntando a si mesmo, se direcionando ao objeto para vê-lo melhor. Ao observar de perto, Shinji pôde perceber os óculos desgastados e com as lentes rachadas, o garoto então pegou para analisá-lo e viu poeira de vidro acima das lentes, Parece recente, pensou o garoto enquanto passava o dedo sobre as lentes. Shinji então abriu os óculos para ver o grau. Hã, aparentemente não é tão forte, pensou-o olhando as lentes quebradas. Huh? Tem um nome neles... Ikari Gendo... Estes óculos são do meu pai?! Pensou Shinji enquanto pensava em mais mil possibilidades do que aquilo poderia estar fazendo ali.

De repente no ambiente silencioso, o barulho de uma porta de correr vinha de suas costas, especificamente do corredor por onde ele havia passado, o garoto então sente um calafrio na espinha enquanto começava a ouvir seu próprio coração acelerar. Apreensivo, Shinji decide olhar para trás, e ao fazer, não podia acreditar em quem estava ali, Ayanami, mas não como ele esperava a encontrar.

A garota de cabelos azuis estava no meio do corredor entre a cozinha e o quarto, apenas com uma toalha acima dos seus ombros cobrindo parte de seus seios, apenas uma toalha e nada mais que isso cobrindo seu corpo. As gotas de água pingavam suavemente de seu corpo e seu cabelo, ela tinha acabado de sair de um banho. Uma pequena expressão de surpresa se formou no rosto da garota, ela estava secando seu cabelo com uma parte da toalha, porém interrompeu imediatamente ao ter contato visual com o garoto. O tempo de contato visual entre os dois parecia enorme, Shinji não conseguia descrever os milhões de sentimentos que estava sentindo naquele momento, medo, vergonha, admiração, preocupação, constrangimento... Shinji observava atentamente os olhos vermelhos da garota, ele não queria descer o olhar o resto. O silêncio ensurdecedor da parte dos dois fazia seu coração bater forte, em um ato descontrolado, Shinji grita involuntariamente, soltando os óculos no chão a fim de tapar a própria visão em sinal de desconforto e em respeito a Ayanami. Tentando recuar daquilo, Shinji se esbarra na cômoda atrás de si, tendo que se apoiar ali com uma das mãos para não cair.

"A-ah... Me desculpa, eu não..." Diz Shinji gaguejando enquanto evitava contato visual com a garota, Shinji se interrompe ao perceber Ayanami se aproximando do garoto.

Ayanami estava com uma expressão de raiva, era nítido na visão entre os dedos da sua mão. A garota então agachou-se e pegou seus óculos que ele havia derrubado, o que deixou o garoto confuso, porém Shinji permaneceu envergonhado com tudo aquilo, evitando ao máximo olhar para a garota à sua frente. A garota permanecia ali, parecendo estar analisando os óculos que havia caído, a falta de preocupação da garota com Shinji presente ali deixava o garoto cada vez mais confuso.

"Desculpa, E-eu juro que não vi nada!" Shinji gritou desesperado, tampando totalmente seus olhos.

Shinji se sentia encurralado, ele apenas podia ver Ayanami em sua frente se abrisse os olhos, e numa tentativa de se esquivar disso, o garoto tentou contornar a garota de olhos fechados, porém, Shinji pôde perceber a garota se levantar no exato momento, fazendo Shinji tropeçar na perna da garota, caindo no chão enquanto levava a garota de cabelos azuis junto dele.

No momento da queda, Shinji viu a toalha e os óculos que a garota segurava voarem para longe. Após o impacto do duro chão, Shinji abriu seus olhos, e o azul, os azuis cabelos da garota pálida se revelaram, ele estava em cima dela, e ela estava deitada olhando fixamente para o garoto sem nenhuma expressão. Podia se ouvir um barulho de vagão de trem ao fundo, era a única coisa que cortava o silêncio naquela situação.

"Você pode... Pode tirar a mão?" Disse Ayanami em um tom calmo, permanecendo olhando para o garoto.

"O q-que." Gaguejou Shinji antes de perceber que estava com uma de suas mãos em cima do seio da garota, e a outra em cima do pulso da garota. "AH!" Gritou Shinji assustado, tirando sua mão imediatamente daquele local, sentindo suas bochechas queimarem pelo ocorrido.

O garoto então se esquivou rapidamente para o lado, saindo de cima da Ayanami, assim que feito, a garota se levantou no mesmo instante, enquanto Shinji permaneceu no chão.

"M-me desculpa, eu juro que não foi por querer..." O garoto gaguejou em tom baixo, suas bochechas ainda estavam quentes por toda aquela situação.

Shinji então se levantou, enquanto raciocinava tudo que acabara de acontecer, a sensação em sua mão, o calor que ele sentiu. Seu rosto ardia só de lembrar, seu arrependimento era claro, mas ele não conseguia deixar de ter pensamento impuros com aquele momento. Ele via a garota pegar os óculos do chão e ir em direção a cômoda, foi então que percebeu que estava olhando demais e desviou rapidamente o seu olhar.

"O que veio fazer aqui?" Perguntou Ayanami em tom frio enquanto guardava os óculos quebrados em sua caixa.

Shinji demorou para responder por alguns segundos até voltar a realidade da onde estava. "O que? Ah... Bem... Eu só..." O nervosismo do garoto era claro, ele estava confuso com toda aquela situação, então ele virou-se para trás para evitar contato visual e encontrar as palavras certas para explicar sua presença na casa da garota. "É que... O seu cartão!" Gaguejava Shinji. "Eu vim... Eu vim entregar o seu cartão de acesso novo..." Diz Shinji olhando brevemente para trás ao ouvir alguns barulhos de gaveta, lá ele vê Ayanami se vestindo, Shinji então tem sua atenção prendida pela aquela cena, o que faz com que ele se perca nas palavras que estava dizendo, se virando de costas novamente, se sentindo culpado. "Ah! Bem eu tentei te ligar só que... Ninguém atendeu, então eu... Vim aqui pra te entregar pessoalmente..." Diz Shinji Gaguejando e fazendo pausas a cada palavra. Seu rosto estava quente, ele sentia seu suor passando pelo seu rosto, ele puxava sua própria gola na esperança de encontrar alguma coisa para poder se explicar. "Eu tentei tocar o interfone, mas acho que ele estava quebrado, e..." Shinji não conseguia encontrar mais palavras a não ser dizer que invadiu a casa da garota por espontânea vontade. Antes que Shinji pudesse dizer mais alguma coisa, Ayanami o corta, começando finalmente a falar.

"Você pode deixar o cartão aí em cima." Rei falava em tom frio enquanto terminava de se vestir, o que deixava Shinji mais surpreendido pela resposta fria e breve da garota, não era assim que alguém deveria reagir com toda essa situação, era?

A vontade do garoto naquele momento era de correr dali, porém, o garoto tentou começar a procurar pelas palavras certas, porém, as palavras que vinham na sua mente eram de desculpas.

"Me desculpa, Ayanami... Eu..." Dizia Shinji apreensivo que ainda estava de costas. Ele roçava a palma das mãos em nervosismo, porém foi novamente interrompido.

"Não há nenhum problema. Se é tudo, pode deixar o cartão aí em cima da cômoda." Disse Ayanami com suas frias palavras atravessando o peito do garoto.

Shinji, derrotado com toda aquela situação, olha para trás e coloca o cartão em cima da onde a menina pediu, evitando contato visual com Ayanami. Após isso, Shinji correu em direção à porta de saída, pegando seus sapatos do chão sem ao menos calçá-los, saindo do apartamento da Ayanami de meia.

O garoto ofegava com tudo que acabou de acontecer, começando novamente a raciocinar todo o ocorrido. Ele se encosta na porta ofegante, quase não conseguindo ficar de pé. A sensação de ter uma garota nua ao seu lado era uma adrenalina enorme no corpo do garoto, ter a violado acidentalmente não saía de sua cabeça, Eu não queria... Com a consciência pesada e de muito pensar, Shinji se senta ali mesmo na frente da porta da garota e começa a calçar seus sapatos...

. . .

Shinji estava sentado em um banco ao lado de uma máquina de bebidas, não muito longe da onde era a casa da Ayanami. Ele pensava no todo ocorrido, tentando manter o controle de suas emoções. Sua memória estava fresca, a sensação na palma da sua mão, quente. O sentimento de adrenalina, sua mão tremia só de lembrar, então ele decidiu de que precisava beber alguma coisa para clarear sua mente. Shinji comprou uma lata de refrigerante com o pouco dinheiro que havia trazido, bebendo ali mesmo, sentado num banco ao lado da máquina. Shinji olhava para a rua enquanto se lembrava, hoje teria testes de ativação dos EVAS, ele ficou tão agitado pelo ocorrido que acabou se esquecendo, logo ele teria que levantar e ir em direção a Nerv.

Eu sou um idiota... Não devia ter agido daquela forma... Ela nem deve querer olhar na minha cara mais. Pensava o garoto com a angústia crescendo em seu peito.

Shinji, que olhava para o chão da rua, de repente vê um par de pernas calçando sapatos brancos parar a sua frente. O garoto então olhou para cima, encontrando seu o olhar com a garota de cabelos azuis, Ayanami, isso fez com que seu rosto esquentasse rapidamente, mas antes mesmo do garoto falar alguma coisa, a garota voltou a sua caminhada, seguindo seu caminho em direção aonde ficava Nerv.

Ele vê a garota se distanciando aos poucos, e então decide se levantar também. Ele teria que fazer os teste de ativação, então era melhor seguir caminho com a garota. O garoto caminhava atrás de Ayanami, diminuindo a distância entre eles, mas mantendo certa distância para que ela não o percebesse ali. O nervosismo crescente em seu peito começava a ficar evidente, ele queria falar com ela, qualquer coisa.

"Ayanami!" Shinji teve coragem, chamando a garota a sua frente, porém, ela não se virou ou deu ouvidos a ele, ele sentiu seu coração apertar. Shinji diminuiu a distância entre os dois. "Você está indo para central, não é mesmo?" Perguntou Shinji em tom amigável, mesmo sabendo que esse era realmente o caso, foi a melhor pergunta que ele pensou. "Eu vou com você, tudo bem?" Disse Shinji em um ato de desespero, para justificar o porquê estava seguindo a garota em constante silêncio.

Ayanami por sua vez, parece não ter dado ouvidos, o que fez Shinji ficar mais apreensivo se ela não estava o ouvindo ou realmente o ignorando.

A caminhada foi repleta de silêncio, com Shinji apenas acompanhando os passos da garota a alguns metros de distância dela. O desejo de falar com ela durante o percurso enchiam seu coração e sua mente, ele queria se explicar, se desculpar, ou implorar para que ela não o odiasse. Seus olhos fixos na menina misteriosa a sua frente, perdendo-se em pensamentos de como se comunicar com ela.

Ambos os dois pilotos chegaram à estação de metrô, embarcando no vagão após alguns minutos de espera na plataforma. Sem sombra de dúvidas, Shinji sabia que Rei sabia que ele estava ali, já que de vez em quando, Shinji via Rei deixar escapar alguns olhares até ele durante a viagem. Isso enchia seu coração de angústia, ela estava o ignorando e sabia exatamente o porquê.

Ambos os dois estavam sentados um pouco distantes um do outro, com os bancos opostos. Shinji não pôde deixar de reparar em um livro ao qual a garota de cabelos azuis estava lendo em suas mãos. Era um livro de capa rosa e branca, com alguns detalhes em vermelho que pareciam corações. Parecia um livro de romance, Ayanami lê livros de romance? Pensou o garoto enquanto permanecia olhando a distante Ayanami. De fato, a visão era impressionante, considerando a personalidade fria e estoica da garota, não fazia sentido vê-la lendo um livro daquele tipo.

A viagem estava terminando com o metrô descendo o Geofront, a luz e a cor do céu artificial tomavam conta do vagão do trem. Shinji pôde ver a garota de cabelos azuis guardando o seu livro e levantando-se, indo em direção a porta, estando em prontidão para descer do vagão quando fosse a hora. Era estranho, Ayanami parecia agir feito um robô às vezes, considerando todo tempo que ele a conhecia, e que esse tempo não era muito, Shinji só tinha visto ela agir dessa maneira, como alguém que segue ordens, alguém fria e fechada. Era extremamente curioso para Shinji, o porquê a garota de olhos vermelhos agia desse jeito.

Shinji sem perceber, viu que a garota não estava mais ali, e que o vagão já tinha chegado ao seu destino. Ele estava tão perdido em seus pensamentos que nem viu o mundo a sua volta passar. O garoto saiu do vagão e avistou Ayanami a alguns metros dali caminhando sobre uma passarela em direção à central.

Ele permaneceu seguindo a garota a sua frente, constantemente pensando em algo que poderia falar para chamar a atenção da garota que seguia ignorando-o. Foi então que por um momento ele lembrou, ele teria que entrar no EVA de novo, depois de duas batalhas tão traumáticas e de quase abandonar a cidade, ele teria que entrar no mesmo robô para fazer teste pra matar mais monstros... Só de pensar nos momentos das batalhas, Shinji sentia um nó no seu estômago, além de flashes de lembranças horríveis aparecendo de repente. Isso também o fazia pensar, Ayanami não sentia medo de pilotar? Uma pergunta, talvez...

"E-ei... Hoje é seu teste com a Unidade 00, certo?" Shinji gaguejava enquanto falava. Ele respirou por um momento e engoliu o seco em sua garganta, erguendo forças para continuar. "Você não tem medo?".

Parece que Ayanami finalmente lhe deu ouvidos, girando levemente a cabeça para olhá-lo de ombro. "Medo de que?" Perguntou Ayanami de forma estoica enquanto mantinha sua caminhada.

"Do que? Ah... bem." Shinji ficou confuso, como assim de que? A impressão que Shinji tinha da garota, é que ela não entendia muito bem as coisas. Shinji suspirou brevemente. "De pilotar o Eva. Você não tem medo de entrar naquela coisa?" Disse Shinji enquanto se aproximava um pouco mais dela.

"Por quê? Você tem medo de pilotar?" Perguntou Ayanami, fria e calmamente.

Aquela pergunta pegou o garoto de surpresa, ele não esperava que ela mandasse outra pergunta para rebater a dele. Ele respirou fundo e franziu sua testa. "É claro que eu tenho." Ele diminui mais a distância entre eles. "Quem não teria medo pilotando uma coisa daquelas?" Shinji se viu relembrando das suas lutas passadas, o desespero, o medo, o grito, a escuridão, a ansiedade, o pavor, o terror, de como ele foi induzido e forçado a fazer aquilo. Isso lhe subiu um calafrio em sua espinha enquanto caminhava, suas mãos começavam a suar.

"Não confia no trabalho do seu pai?" Mais uma vez, Ayanami o olhava para ele sobre os ombros.

Essa pergunta causou uma pontada de raiva, como ele poderia confiar em um pai que abandonou o próprio filho depois que a esposa morreu? Que se quer veio visitá-lo na casa de seus tios? Que se quer ligou uma única vez para perguntar como ele estava?! Shinji cerrou os punhos, ele não confiava nem um pouco em seu próprio pai. "Como eu posso confiar em um pai como ele?!" Shinji levantou um pouco sua voz, franzindo sua testa em irritação. Aquela pergunta realmente tinha mudado drasticamente o seu humor.

De repente, Shinji pôde ver a Ayanami que estava caminhando parar após alguns segundos de dizer o que ele havia dito. Isso o deixou bem surpreso. A garota se virou, com seus olhos vermelhos se encontrando com os dele, seu olhar de desprezo pelas palavras que ele havia dito, sua testa franzida em um olhar mortal que nunca pensou que poderia vir dela. Ele sentiu seu coração martelar, além de dar um passo para trás por reflexo e sentir-se envergonhado.

"O-o que? Eu disse alguma coisa de errado?" Shinji gaguejou com o medo crescente subindo através de sua garganta, com medo do que poderia vir da ira da garota a sua frente. Shinji sentia o medo e a angústia se formar em seu rosto da resposta que estava por vir, mas para sua surpresa, Ayanami deu meia volta e voltou a sua caminhada, com o olhar de desprezo a última coisa que ele havia visto da garota. O silêncio dela e seu olhar já diziam muito, ela não gostou do que Shinji havia dito, isso só fez o coração do garoto apertar ainda mais ficar cada vez mais confuso com tudo aquilo. Por que você se irritou com isso?

Shinji sentiu que não deveria tentar mais retomar alguma conversa com a garota, além de que seria difícil, seria melhor depois disso tudo. As coisas não estavam boas pra ele.

Realmente foi uma... Uma manhã inesquecível.


Notas do Autor:

Espero que tenha gostado :), apaguei as notas antigas, era relacionado a eu mudar minha forma de escrita, mas isso já foi resolvido.

Qualquer pergunta em inglês ou dúvidas será respondido normalmente, não tenho medo de me mandar.