Nota da autora: Obrigada pelos comentários! Aaaahh, amei todos! ❤️❤️❤️ Tive uma imensa vontade de atualizar assim que comecei a receber as mensagens, mas tive que me controlar aqui! 😁 Obrigada a 05csomoragnes11, Yuki, Isa Raissa e Vicman ❤️❤️❤️
Ainda não fiz propaganda da história no grupo e nas redes sociais porque ainda não mandei fazer uma capa para divulgação... Eu tenho procurado as ideias para mandar fazer uma, mas até agora nada... 😩
Bem, espero que gostem do capítulo... Semana que vem teremos mais uma parte do passado.
Comentem dizendo o que estão achando! Vou ficar muito feliz! 😘❤️
De todo coração
Capítulo III: Presente
parte II
No restaurante Eijutei, em um bairro central de Takasaki, Sesshoumaru aguardava por Rin sentado à mesa em um canto isolado para não ser incomodado nem pelos atendentes. Havia tomado apenas um café e não sentia fome, apesar do horário ser o de almoço.
Havia chegado mais cedo e observava a porta com intensidade, com um traço de dúvida se ela cancelaria a vinda, como já havia feito uma vez com ele.
Ao vê-la entrar, notou que ela estava acompanhada de uma pessoa, aparentemente um colega de trabalho. Viu-a falar com uma atendente, fazer o pedido, escutar mais alguma coisa que o colega falou, depois pagar a refeição.
Quando ela escolheu outro lugar para sentar-se, o colega fez o mesmo, e então ele precisou se levantar e fazer-se presente.
— ... E então meu avô me ensinou a ferver um pouco de casca de laranja para curar minha gripe, não é ótimo? – ouviu o outro colega falar e Rin ouvir atenta e educadamente. O rosto também não dava sinais de que estava entediada, mas também não parecia querer mostrar ao colega que não estava interessada em ouvir, durante o horário de almoço, sobre questões relacionadas à saúde.
Aparentemente os dois sentiram a presença de outra pessoa porque pararam de conversar. Ou, melhor dizendo, apenas o homem parou de falar:
— Ah, Houjo-san... Preciso conversar em particular com este senhor aqui. – Rin explicou num tom educado.
— Ah, claro... – o homem piscou, um pouco confuso, e rapidamente se levantou, levando a bandeja com a refeição para longe.
Rin sorria o tempo todo quando o colega estava por perto. Mas, no segundo em que notou que ele estava longe o bastante para não vê-la ou ouvi-la, o sorriso foi substituído por um olhar mais sério.
— Eu cheguei atrasada? Desculpe. Achei que estava no horário. – ela começou a falar quando Sesshoumaru puxou a cadeira para sentar-se.
— Eu cheguei mais cedo. – ele respondeu num tom ríspido.
— Oh. – ela murmurou – Já comeu alguma coisa?
O olhar estreitado dele respondeu antecipadamente à pergunta dela.
— Eu não vim para comer. – ele falou secamente.
— Certo... – ela respondeu com cuidado – Você se importa se eu comer enquanto conversamos? Eu estou morrendo de fome e vou voltar para a escola depois.
Sesshoumaru ainda tinha o olhar levemente estreitado enquanto cruzava os braços. Ele preferia comer depois que resolvesse aquela situação, mas em outro lugar.
— Faça como quiser. – foi a resposta dele.
— Desculpe. Estou faminta. – ela começou a comer um frango frito com arroz e tratou de iniciar a conversa ao notar como ele a observava – Não sabia que estava no Japão.
— Eu não vim para conversar sobre onde moro agora, Rin. – ele tratou de cortá-la novamente.
Rin apenas mastigou lentamente a comida sem tirar os olhos dele ou piscar, depois discretamente engoliu e preparou outra vez uma porção de hashi para levar à boca:
— É que você me falou que queria conversar, mas está calado. – ela explicou calmamente antes de começar a mastigar novamente, parando apenas para completar – Então estou tentando conversar. Sobre o que quer falar, então?
— Sobre Towa e Setsuna. – ele falou diretamente.
O hashi com uma porção de arroz e de frango hesitou por um momento, apenas por alguns segundos, antes de ir à boca. Era muito estranho ouvi-lo pronunciar o nome das gêmeas.
— Bem... – ela parou de mastigar por alguns segundos e esconder a boca atrás de um guardanapo de papel mais grosso com o nome do restaurante – O que tem elas?
— É sério que você ainda me pergunta isso?
Ainda segurando o hashi, ela parou de comer e mudou de posição, descansando as costas na cadeira sem curvar-se mais.
— Você que precisa me dizer. Você é inteligente, você não veio aqui me perguntar quem são elas. Quer saber sobre o que elas fazem nas horas de folga? Sobre o que elas mais gostam de estudar? Sobre o quê?
Sesshoumaru a encarou com o olhar mais sério e duro que tinha, fazendo pouquíssimo efeito. Parecia que ela nem entendia a gravidade ou o efeito que aquela notícia tinha sobre a vida dele agora.
— Eu posso falar sobre tudo isso, mas não sei se está mesmo interessado em saber. Não quero perder o meu tempo, acho que você também não.
Mudando de posição, com as costas eretas na cadeira, ele resolveu começar a perguntar algumas coisas que pareciam mais relevantes saber primeiro:
— Elas sabem sobre mim? – ele começou.
Rin parou de comer por um momento. Elas não haviam perguntado quem era o homem que as interceptou na noite anterior. Também não comentaram nada na viagem de trem e nem quando estavam jantando.
— Acho que elas perceberam quem você era... – ela voltou a comer – Não falamos sobre nosso encontro ontem.
Viu-o franzir a testa e completou depressa:
— Elas nunca perguntaram se tinham um pai.
— E você nunca ia falar para elas?
Desta vez, quem franziu a testa foi Rin, como se pensasse pela primeira vez naquela situação.
— Para ser sincera, eu nunca pensei mesmo. Acho que ia esperar que crescessem mais um pouco para conversar sobre isso. – ela comeu mais uma porção.
Por um minuto ou mais, os dois apenas compartilharam o silêncio – ela fazendo a refeição e ele apenas observando-a.
— Towa é a mais velha. – ela começou a falar, ainda um pouco preocupada que ele não tivesse interesse – Ela gosta muito de esportes. Está agora no time de kendo da cidade e foi campeã onde morávamos antes.
— Antes? – ele repetiu.
— Ah... – ela terminou de comer e colocou o hashi em cima da tigela – Nós morávamos em Chiba antes de mudarmos para cá. Towa começou a treinar kendo lá e já está em uma equipe daqui. Setsuna nasceu quase cinco minutos depois. Ela também aprendeu piano e violino na escola de Chiba. A professora sempre dizia que ela era um prodígio que nascia a cada cem anos... não, quinhentos anos!
Para falar das filhas, ele notou que ela parecia mais comunicativa, quase da mesma maneira que a conheceu na escola técnica.
A Rin de agora parecia mais... cautelosa.
Uma atendente de meia-idade aproximou-se da mesa com duas marmitas lacradas, colocando-as na frente de Rin.
— Separei a torta de maçã para a Setsuna-chan e a de matcha para a Towa-chan. – ela mostrou a tampa com os nomes escritos à caneta.
— É? – ela parecia extremamente surpresa – Setsuna-chan gosta de torta de maçã também? Achei que ela gostava de matcha.
A atendente lançou um olhar incrédulo para ela, como se questionasse se, como mãe, conhecia mesmo as filhas, e colocou a nota para pagar em cima da mesa.
— Obrigada de qualquer forma. Vou pagar daqui a pouco.
Assim que a mulher deu as costas, Rin deu um sorriso e disfarçadamente, para a atendente não ver, trocou as tampas das marmitas, indicando assim que Towa gostava de torta de maçã e que Setsuna tinha preferência pela torta com creme de matcha.
— E quanto a você? – ela quis saber, voltando a comer – Casou? Teve filhos?
O olhar estreitado dele fez com que ela mudasse a pergunta:
— Além delas, claro. As meninas iam gostar de conhecer sua família. – ela esclareceu.
— Não casei, Rin. – ele respondeu à pergunta – Você sabe que eu também não pretendia casar.
— Certo...
Ficaram os dois em silêncio, ela piscando e ele olhando fixamente para ela.
— Trabalhou muito nos últimos dez anos? Como foi estudar fora? – ela perguntou um pouco sem jeito, forçando um sorriso educado.
— Não quero falar a respeito disso agora.
— Sobre o que você quer falar então? – ela insistiu na pergunta num tom gentil para mostrar que ele estava errando o tom – Você ainda não me disse. Eu já contei que Towa é a mais velha e Setsuna nasceu cinco minutos depois. Elas gostam de esporte e música. Ah, o aniversário delas é em vinte e um de outubro.
Houve um momento de hesitação por parte dela antes de continuar e ele notou: a boca mexeu para pronunciar algo, parou por alguns segundos, depois continuou:
— Se você estiver no país, quer participar deste ano da festa? Sempre preparo um bolo e comida em casa. É bem simples, mas elas preferem assim.
— Não entendo ainda como escondeu esse fato de mim.
Novamente ela encostou-se na cadeira para encará-lo:
— Não tinha sentido em contar quando você estava tão longe. Você disse que era melhor não termos contato. E ia fazer o que se soubesse...? Voltar para conhecê-las? Cuidar delas também?
— Pelo menos eu teria tomado providências para que nenhuma delas fosse a um show de talentos para conseguir dinheiro.
Rin o encarou seriamente, tão sério que ele lembrou da forma dura com que o pai tratava indistintamente um familiar ou um funcionário da empresa.
— Você quer então falar de dinheiro? Porque você podia ter mandado alguém para discutir sobre a pensão, mesmo elas não precisando.
— Setsuna está procurando patrocínio até ontem.
— Ela quer encontrar um patrocinador importante porque sabe que isso abre portas para várias coisas. – ela explicou com certa frieza, quase num modo automático para rebater qualquer acusação – Nenhuma delas passa fome ou dificuldade. Elas sempre foram minha prioridade em tudo e eu trabalho muito para mantê-las bem.
Rin olhou o relógio no pulso e deu um suspiro.
— Desculpe, preciso me apressar. – ela procurou algo da bolsa, tirando a carteira – Uma pena que não quis comer aqui. A comida é muito boa.
Enquanto ela olhava o valor das fatias tortas encomendadas para as filhas na nota e começava a tirar as notas de iene da carteira, ele ainda pensava nas respostas às perguntas dela. Era claro que ele se sentia revoltado por ela ter escondido o que aconteceu todos esses anos, quase dez anos, mas a pergunta dela era válida:
Teria voltado?
Ficaria por perto por causa delas?
— O que vocês vão fazer mais tarde? – ele perguntou, fazendo-a parar de contar as notas por alguns segundos até ela entender o que ele queria dizer.
— Estaremos ocupadas. – ela evitou explicar que trabalhava até dez da noite e que as filhas ficavam sozinhas no apartamento até o retorno dela, os olhos negros mirando-o de soslaio – Você queria alguma coisa? Continuar a conversa sobre dinheiro? Pode pedir para um advogado isso. Não precisa marcar pessoalmente comigo. Também não faço questão.
Ignorando o tom mais frio que ele já estava acostumado a ouvir de empresários em posição de poder, ele começou:
— Pensei em jantar com elas. –o tom era quase estrategista, como se estivesse se preparando para receber um "não" como resposta – Para conhecê-las.
Nem havia necessidade de se preparar para aquilo. Rin deu um pequeno sorriso sincero, talvez o primeiro desde que começaram a conversar.
— É uma ótima ideia. Você vai adorar conhecê-las, Sesshoumaru. – até o tom de voz de Rin estava diferente, mais animado com a possibilidade de ele querer ter contato com as gêmeas – As meninas são maravilhosas, tenho certeza que você vai gostar muito delas.
Mas ela parecia preocupada com o horário, decidindo ser mais direta para encurtar a conversa:
— Durante a semana ficamos ocupados com a escola e trabalho... que tal na sexta à noite na nossa casa?
— Sexta?
— Ou sábado. – ela forçou novamente aquele sorriso que ele notou que ela tinha quando tentava evitar algum conflito, dando outra solução para a agenda dele – Imagino que deve ser uma pessoa muito ocupada, então pode ser nesse dia também.
— Sexta-feira está bem. – ele finalmente concordou, cruzando os braços.
Rin tirou um pequeno cartão com dados pessoais – nome, local de trabalho, e-mail e telefone para contato e segurou pelas pontas com as duas mãos educadamente.
— Podemos combinar o dia e o horário por telefone ou e-mail. Demoro um pouco para responder, mas vai dar certo sim na sexta. – ela deu um sorriso.
Rin ajeitou a bolsa depois de determinar o dia e o local sem dar qualquer chance para ele contestar.
— Ah, mais uma coisa... – ela assumiu uma expressão mais tranquila – Elas não precisam saber o motivo da nossa separação. Vamos só dizer que você precisou morar longe, por favor.
Os dois se encararam por alguns segundos antes de ele virar o rosto para o lado:
— Faça como quiser.
Por um momento, ela pareceu confusa com as decisões dele. Depois deu outro sorriso forçado e curvou-se numa despedida:
— Até sexta, então.
Deu as costas e ele viu o colega dela interceptar parar no caminho que ela fazia até o caixa para falar novamente sobre alguma coisa de trabalho ou de saúde.
Foi nesse momento que ele levantou-se e passou por eles, sendo ignorado pelos dois.
—... mas o meu avô achou na Daiso da capital uma sandália que ajuda no reumatismo... – o homem completou rapidamente.
— Ah, obrigada. – ela curvou-se num agradecimento – Preciso ir agora, sinto muito.
— Tudo bem! – ele afastou-se com um aceno – Conversamos no próximo intervalo!
Rin o observou ir embora e deu um suspiro de alívio ao ver-se finalmente sozinha, como se aquilo ajudasse a tirar aquela carga pesada de ser educada o tempo todo com todo mundo.
Ao ir para o caixa, ela estendeu a nota para pagar.
— Ah, Rin-chan... – a atendente falou – Aquele homem que estava com você já pagou.
— "Homem"? – ela repetiu. Havia conversado com dois ali e...
Olhou rápido pelo vidro da fachada do restaurante e viu Sesshoumaru indo embora tranquilo e imponente.
Deixou os lábios curvarem em um pequeno sorriso.
Sesshoumaru tinha comprado sobremesa para as filhas.
