Nota da autora: Olá, pessoal! Mais uma atualização da nova história! Queria agradecer imensamente quem está comentando porque eu fico muito feliz de ler o que estão achando: 05csomoragnes11, Yuki, Isa Raissa e DindaT! 😘❤️

AVISO: Semana que vem vou atualizar na sexta! Mas em fevereiro estarei viajando de férias, então deve sair no máximo um capítulo depois da metade de fevereiro, no dia 18... Desculpem por isso, mas quando viajo fico dependente de internet do local 😩😭

De qualquer forma, volto logo no dia 1º de março para casa, aí as atualizações seguem semanalmente! 😁

Achei que vocês não iam gostar tanto desse negócio de passado e presente... Mas parece que ficou bom mesmo. Vai chegar um momento em que o passado vai alcançar próximo aos eventos do primeiro capítulo, hihihihi

Espero que gostem desse capítulo sobre o passado pra conhecer um pouco o contexto envolvido na separação deles... Até semana que vem com mais uma parte do presente! 😘


De todo coração

Capítulo 4 – Passado

Parte II

No alto de um dos prédios do Instituto Técnico, Sesshoumaru ouvia em silêncio às novidades que Rin contava da turma, de vez em quando emitindo um "hmm" de concordância. Entre os dois, ela era a que falava mais e que não se incomodava com o jeito dele de poucas palavras, até gostando da forma de como ele ouvia tudo atentamente.

Era o horário de almoço, e ela havia trazido um bentô com arroz, abóbora assada e tempura com legumes e frutos do mar para dividir com ele.

— Provavelmente Ayumi e eu vamos nos separar porque ela quer trabalhar com gastronomia e vamos ficar em cursos diferentes. – ela comentava sobre o destino da amiga – Espero conseguir passar nas provas do final de ano pra ficar nas turmas de moda ano que vem.

— Hmm. – ele concordou mais uma vez. Era a época do ano em que os estudantes, principalmente as mulheres, precisavam sair das disciplinas técnicas mais gerais e a escolher a área nas quais iriam trabalhar depois de formados. Sabia que a namorada tinha talento e mais interesse em corte e costura desde criança. Ela mesma fazia as próprias roupas, bordados ou peças em tricô ou crochê.

— Ah, vou visitar meus pais neste final de semana. – ela falou de repente, deixando o hashi sujo em cima da vasilha de plástico com a comida – Vou na sexta à tarde e volto no domingo à tarde. É aniversário do meu irmão mais velho.

— Pensei que só ia viajar mês que vem. – ele colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, notando que o rosto ficou mais rosado apenas com aquele gesto – Como vou ficar bem durante o fim de semana sozinho e sem companhia?

Não havia drama na voz, mas ela entendeu que ele brincava com o fato.

— Se você se comportar, vou trazer um presente bem legal de Kashima. – ela prometeu, diminuindo a distância entre eles ao sentar casualmente nas pernas dele – Mas você quer me distrair, né? Ainda não falou nada sobre a briga com o seu pai.

Só a palavra fez com que ele não se sentisse mais à vontade para comer. Deixando o hashi de lado, Sesshoumaru ficou em silêncio enquanto ela procurava os motivos no rosto dele como se fosse uma especialista em ler as expressões dele.

— Você não me contou ainda o que aconteceu... – ela falou suavemente – Fico preocupada com essas coisas. Vocês se davam bem antes, não é?

Realmente, ele não havia contado até aquele momento sobre o motivo das brigas porque ela iria ficar realmente preocupada quando entendesse que...

— Nem sempre. – ele tocou no lábio inferior dela com a ponta do dedo.

... eles teriam que se separar.

— Não tinha ninguém que você admirava mais do que ele. – ela apontou com uma sobrancelha erguida para mostrar que tinha razão.

O dedo continuou deslizando pelo lábio inferior dela.

— Tem você. – ele contra-argumentou e ganhou um sorriso tímido como resposta.

— Vamos jantar juntos hoje na minha casa? – ela descansou o rosto no ombro dele, tentando comunicar com os olhos o motivo de querer a visita dele – Tenho que voltar pra aula agora.

— A que horas você vai chegar hoje? – ele perguntou, aceitando o convite. Não havia problema algum em ficar algum tempo na casa dela, quem sabe parte da noite, só para não voltar para casa.

— Depois das 18 horas. Vou passar no mercado antes. – ela saiu de cima dele e começou a arrumar os vasilhames vazios da refeição em uma ecobag.

Enquanto a observava arrumar as coisas e a deixar o local limpo como se ninguém tivesse passado por lá, Sesshoumaru viu-se pensando sobre como e quando teria que contar quais problemas estava tendo com o pai.

O pai dele havia deixado claro que Rin não poderia ir com ele.

— ... Alguma coisa? – ela quis saber?

— O quê? – ele pediu para repetir.

— Quer comer alguma coisa em específico hoje? – ela perguntou gentilmente, sabendo que ele estava preocupado com as discussões com o pai – Pra preparar em casa.

— O que você preparar está bom. – ele respondeu.

o-o-o-o-o-o

Dias depois, Rin caminhava pelas ruas quase desertas do interior de Kashima, onde moravam os pais e os dois irmãos mais velhos. Da estação até a casa da família ela levava cerca de 20 minutos a pé, podendo ser mais dependendo da quantidade de malas ou de sacolas que trazia da viagem.

Deu um suspiro cansado ao chegar nos degraus da porta de entrada da antiga casa de madeira onde cresceu e viveu até decidir mudar para Tokyo e, consequentemente, conhecer Sesshoumaru. Subiu contando os passos em "um, dois, três" sussurrado e tocou a campainha.

Levou um minuto para ouvir a chave girar e a porta abrir, encontrando o rosto da mãe.

— Oi, mãe! – ela deu um largo sorriso – Cheguei!

— Ah, que bom que é você. – ela deu as costas e saiu do genkan, dando espaço para a filha entrar e tirar os sapatos – Me ajuda a terminar a comida pro jantar do seu irmão.

— Claro. – ela confirmou, calçando um par de pantufas que tirara da mochila – A que horas é a festa?

— Às 20 horas. – a mãe falou caminhando à frente para entrar na cozinha – Você pode descascar as batatas e depois preparar o molho?

Rin apenas concordou com a cabeça, acostumada ao tipo de tratamento. Não houve nem um abraço de boas-vindas ou alguma pergunta sobre a viagem ou sobre a vida dela em outra cidade. Era como se ela tivesse apenas ido ao mercado e retornado logo.

— A viagem foi boa. – ela começou a falar mesmo sem a mãe nem havia perguntado, reunindo todo o ressentimento e jogando-o num fosso para que não a afetasse de forma negativa – E também tenho tirado boas notas. Vou conseguir entrar nas turmas de corte e costura. E depois na faculdade de moda!

A mãe ficou apenas cantarolando uma canção.

— Ah, Rin-chan... Deixei algumas caixas no seu quarto. São apenas livros do seu irmão. – a mãe explicou. O outro irmão de Rin, também mais velho, estudava Medicina e era outro de quem a mãe se orgulhava muito.

Ao contrário de mim..., pensou ela em silêncio ao tentar encontrar as palavras adequadas para negar o pedido. A cada visita, o quarto parecia virar um depósito de tudo o que eles queriam descartar.

Enquanto os dois irmãos mais velhos estudavam Direito e Medicina, ela havia optado por estudar Moda. A formação na escola a ajudaria a encontrar um emprego e a conseguir uma boa vaga nos cursos superiores da capital.

Mas os pais, principalmente a mãe, achavam aquilo perda de tempo. Um dos motivos de ter escolhido ficar longe dos pais era que a mãe vivia fazendo menosprezando-a pela escolha que havia feito.

— Meu quarto já é pequeno, mais uma caixa lá e eu vou ter que sair porque vai ficar sem espaço pra mim. – falou num sussurro.

A mãe parou de cortar cebolinha por um ou dois segundos e retomou a tarefa com um suspiro cansado.

— Eu vou colocar em outro lugar. – disse, por fim.

As duas prepararam a comida do jantar de aniversário do irmão mais velho pelo resto da tarde em absoluto silêncio.

o-o-o-o-o-o

No domingo, ao retornar para a capital, Rin tinha os pensamentos apenas no desastre que havia sido o fim de semana. A mãe não falava com ela por causa das caixas, os irmãos zombaram do curso que ela fazia, o pai parecia apático – como sempre.

O entulho que havia acumulado no quarto durante a ausência dela foi todo retirado. Eram roupas, caixas de sapato, livros, computadores sem uso... Tudo o que os irmãos não queriam mais tinha ido parar no cômodo como se fosse realmente um depósito.

Ao descer do trem, ela encontrou alguém aguardando por ela numa surpresa inesperada:

— Sesshoumaru-sama! – ela acenou, esquecendo-se dos problemas que ocorreram em casa, e correu até ele.

O namorado a recebeu tranquilo como sempre, tomando a mão dela para caminharem para fora da estação. A outra mão dele puxou a alça da pequena mala que ela trazia.

— Não precisava ter vindo. – ela falou – Mas não estou reclamando.

— Não tinha muito o que fazer hoje. – ele deu de ombros – Como está a sua família?

A diferença de tratamento era enorme. E só provava que ela tomou a decisão certa de sair de uma cidade pequena e, durante o caminho, conhecer Sesshoumaru.

— Sim, deu tudo certo. – ela forçou um sorriso para não dar maiores detalhes. Ele não sabia nada sobre a estranha situação que ela tinha com a própria família, principalmente com a mãe que não aceitava que ela estudasse um curso que considerava inferior.

Rin encostou o rosto no braço dele e fechou os olhos, aprovando a vinda dele à estação apenas para levá-la para casa.

Mas aquilo poderia significar...

— Espera, você vai jantar lá em casa? – ela arregalou os olhos comicamente. Não tinha nada preparado. Talvez a sala estivesse um pouco bagunçada depois de alguns dias fora.

— Pode ser dormir também? – ele perguntou tranquilamente.

Rin piscou, evidentemente surpresa, antes de confirmar com a cabeça. Era a primeira vez que ele pedia para passar a noite no apartamento dela.

— Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou suavemente. Enquanto ela tinha problemas com a família que Sesshoumaru ignorava totalmente, ele também...

— Não aconteceu nada além do normal. – ele respondeu sem qualquer tipo de emoção.

— Como pode dizer que é normal brigar com o seu pai? – ela perguntou franzindo a testa.

Os dois pararam próximo ao carro dele, tendo ele tempo para abrir a porta para ela e depois colocar a pequena mala no banco de trás.

— Ah, será que consigo encontrar alguma konbini aberta? Queria comprar algumas coisas pro nosso jantar e café da manhã... – ela havia mudado completamente de assunto, esquecendo-se de continuar a discussão sobre a briga dele com o pai.

— Podemos passar em uma agora. – ele comentou, olhando-a pelo canto dos olhos antes de partir com o carro.

No meio do caminho, ela cantarolava alguma canção quando lembrou novamente:

— Ah, você mudou de novo de assunto!

o-o-o-o-o

Depois de jantarem no minúsculo apartamento, Rin terminava de arrumar o futon e as almofadas no chão para que os dois dormissem com mais conforto.

Minutos depois, eles já estavam deitados de lado, um de frente para o outro – ela sorrindo vitoriosamente e ele calmo e imperturbável como sempre.

— O que foi? – ele quis saber quando notou que ela parecia não querer dormir.

— É que sempre quis dormir com você aqui... acordar do seu lado. – ela falou timidamente como se revelasse um grande segredo, deslizando um dedo suavemente pela lateral do rosto dele – Você vai me contar um dia o que aconteceu entre você e o seu pai?

Sentiu uma reação muito pequena no rosto que tocava – tão imperceptível que ela só sabia que havia alguma coisa ali porque o sentiu reagir à menção do pai através dos dedos.

— Durma, Rin. – ele pediu – Está cansada agora. Outro dia falo sobre isso.

— Promete? – ela pediu.

Levou alguns segundos para ele responder porque ele se deu ao trabalho de cobri-la até os ombros.

— Prometo. – ele finalmente falou.