Nota da autora: Oi, pessoal! Devo dizer aqui de novo que amo de todo coração os comentários que estou recebendo da história! Acho que já falei que fico com imensa vontade de postar tudo o que tenho escrito no momento, hahahaha 😆

Vou responder com todo carinho os comentários depois das férias... Acho que consigo postar um capítulo depois do dia 15... mas se por acaso não sair nada em fevereiro, não briguem comigo!

Para quem quiser acompanhar a viagem, postarei no IG e no Twitter: ukitaketai 😊

Espero que gostem do capítulo e que possam comentar dizendo o que acharam!

Beijos da Shampoo-chan


De todo coração

Capítulo 5 – Presente

Parte III

Sesshoumaru subiu calmamente as escadas do primeiro andar de um pequeno conjunto de apartamentos em Takasaki, olhando de quando em quando para os lados para observar os arredores. A área parecia ser segura para muitas pequenas famílias que viviam ali, com café, restaurantes, comércio e farmácia por perto. Havia notado também a existência de um parque próximo e que tinha um caminho direto até a escola onde Rin trabalhava como professora de disciplinas do lar e onde as gêmeas estudavam.

Durante a semana, havia combinado por e-mail com Rin um jantar para ele conhecer as gêmeas na sexta, às sete da noite, na casa delas. Ela justificou que preferia que as meninas se sentissem mais "seguras" para conhecê-lo em um local familiar.

Na frente da porta, ele estalou o pescoço e olhou o relógio no braço esquerdo.

Apenas antes de tocar a campainha é que ele se deu conta de que não havia trazido nada para dar de presente para Towa e Setsuna. O que seria de bom tom trazer naquelas circunstâncias? Brinquedos? Roupas?

Lembrou-se da sobrinha, filha do irmão mais novo. Ela era bem mais nova que as gêmeas e já usava celular e tablet todo o dia e o dia todo.

Para não perder tempo, ele tocou a campainha e aguardou alguns segundos antes de a porta abrir um pouco e o rosto de Setsuna aparecer na fresta, como se precisasse tomar cuidado com estranhos.

Ao ver quem era, ela abriu lentamente a porta e ficou frente a frente com Sesshoumaru.

— Boa noite. – ele cumprimentou para quebrar o silêncio.

— Boa noite... – ela começou numa voz suave. Era a primeira vez que a ouvia porque no dia do concerto também não conversaram – Tire o sapato pra entrar, por favor.

Sesshoumaru entrou no genkan e tirou lentamente o calçado, observando a mais nova pelo canto dos olhos. Ela mantinha o rosto sem expressão e não parecia ter tanto interesse na presença dele ali.

Quando ele saiu do pequeno espaço, ela o levou até a sala, onde uma mesa pequena estava arrumada.

— Ah, Sesshoumaru. – Rin falou, apenas o rosto aparecendo da fresta do que parecia ser a porta da cozinha – Perdão, o jantar fica pronto em 10 minutos.

Sem dizer nada, ele concordou brevemente com a cabeça e a ouviu fechar a porta.

Passou a observar a casa – fotografias nas paredes, uma estante com livros infantis e de educação, prateleiras com vidros com areia e com nomes de cidade indicando a procedência, um sofá grande e uma poltrona de canto, a mesa pequena de centro com quatro almofadas no chão.

Sentiu a presença de alguém atrás e olhou por cima do ombro para ver Setsuna ainda ali. Ela era tão silenciosa que, por alguns minutos, havia se esquecido dela.

— Você pode sentar. – ela indicou a poltrona com os olhos.

Voltou-se para ficar de frente para ela e tentar iniciar uma conversa:

— Setsuna, certo?

A menina parecia ainda desconfiada, confirmando com a cabeça apenas alguns segundos depois.

— Setsuna... – Rin a chamou da cozinha numa voz musical – Leve os pratos pra mesa, por favor.

— Já vou, mamãe. – ela saiu correndo, a voz mais animada do que quando falava com Sesshoumaru, e o deixou sozinho.

Aproveitando o momento, ele voltou a olhar as fotos. Rin com as gêmeas, fotos de Setsuna em alguma apresentação de violino, Towa segurando uma medalha e com um band-aid no rosto, as gêmeas com quatro ou cinco anos de mãos dadas num chão com flores de cerejeira em pleno hanami, as duas sorrindo e sem preocupações.

Setsuna voltou da cozinha com uma pequena bandeja com um copo de cerâmica.

— Trouxe chá verde. – ela sussurrou, indicando novamente com os olhos que iria colocar na mesinha para ele se servir.

Um pouco incomodado com aquela atitude, ele sentou-se e viu que ela fez o mesmo apenas para deixar a caneca de cerâmica verde oliva na frente dele, permanecendo sentada em seiza.

— Obrigado. – ele tocou no copo com as duas mãos – Foi você quem fez?

Setsuna desviou o olhar para não encontrar o dele.

— Minha mãe fez.

Sesshoumaru nada respondeu, apenas observou de canto a mais nova enquanto dava um gole no chá verde preparado por Rin. Setsuna parecia agir daquela maneira por timidez, mas também como se estivesse chateada e triste por ter que ficar ali com ele.

A porta da cozinha abriu novamente e Rin saiu da cozinha carregando uma panela fumegante e colocando no centro da mesa, atrás dela vinha Towa com um vasilhame com arroz branco. As duas usavam aventais brancos com os respectivos nomes bordados na frente.

Rin colocou a panela em cima de um descanso de panela que estava preparado na mesa, limpando a testa com o braço.

— Falta só uma coisa, eu já volto. – Rin saiu por um momento.

— Precisa de ajuda, mamãe? – Setsuna perguntou um pouco ansiosa.

Não precisou ouvir a resposta para ver, segundos depois, Rin voltar com uma vasilha tampada e colocar em cima da mesa.

— Muito bem... – ela desfez o nó do avental e Towa a imitou, as duas tirando a proteção ao mesmo tempo quase em sincronia – Vou pegar os pratos. Towa-chan, pode me entregar o avental. Sente-se com a sua irmã.

Depois que a mais velha entregou a roupa para a mãe, Rin foi rápido para a cozinha, deixando os três sozinhos. Towa e Setsuna sentaram lado a lado, de frente para Sesshoumaru, que podia agora observá-las melhor.

A mais velha, que ele imediatamente reconheceu como sendo filha dele, tinha praticamente os mesmos traços que ele tivera na infância, mas tinha um sorriso tímido que lembrava Rin. A mais nova lembrava um pouco do jeito silencioso dele com um rosto que lembrava o de Rin.

— Pronto... – ela voltou da cozinha com tigelas e pares de hashi para cada um à mesa – Desculpe pela demora, tive um contratempo no trabalho e acabei me atrasando para voltar para casa.

Os três continuaram em silêncio, apenas observando como ela calmamente organizava a refeição enquanto cantarolava alguma canção. Sesshoumaru notou o quanto agora ela parecia mais com a antiga Rin, mais sorridente e sempre contente em dividir comida com os outros.

— Antes de começarmos... – ela sentou-se em seiza e voltou a atenção para as filhas – Meninas, eu gostaria que conhecessem uma pessoa.

Deu uma pausa para estender a mão para Sesshoumaru.

— Este aqui é o senhor Sesshoumaru. Ele quer conhecer vocês um pouco e vai nos visitar algumas vezes.

O silêncio predominou entre os três e ela, preocupada, decidiu continuar:

— O senhor Sesshoumaru morou muitos anos fora do Japão. – ela deu um sorriso educado para ele – Ele viaja bastante. Vocês também gostam de viajar, né?

Ao notar o olhar quase ansioso da mãe por conta do clima entre as gêmeas e Sesshoumaru, Towa se antecipou e começou:

— Muito prazer. – a voz saiu firme e amigável – Eu sou a Towa.

A irmã tentou não ficar para trás, mas atrasou para tentar mostrar-se mais receptiva:

— Prazer em conhecer você, senhor Sesshoumaru. Meu nome é Setsuna. – a voz saiu tímida, um pouco preocupada com o que a mãe poderia achar do comportamento.

Sesshoumaru demorou um pouco para responder por estar impressionado com a semelhança das duas. Semelhantes e diferentes ao mesmo tempo. A mais velha era como uma autêntica fotografia dele de infância, com exceção do cabelo comprido, que ele mantinha curto por causa da escola. Mas os olhos, o formato do rosto, testa e nariz... eram tudo dele. A mais nova tinha, sem dúvida, os olhos dele e o trejeitos silenciosos e calmos. Pelas fotos, as duas tinham o sorriso de Rin.

Notou o olhar preocupado de Rin e limpou a garganta antes de começar:

— Muito prazer em conhecer vocês duas... – ele olhou de canto Rin e a viu mais aliviada –Eu estava apenas notando que vocês são muito parecidas.

As gêmeas trocaram um olhar confuso, mas não fizeram mais perguntas e nem Sesshoumaru quis esclarecer o que quis dizer.

— Bem... – Rin começou a servir o convidado e as filhas – Vamos comer antes de esfriar, né?

Em poucos minutos, ela tinha terminado de servir e unia as mãos em agradecimento.

— Obrigada pela comida. – as três falaram ao mesmo tempo, com Sesshoumaru apenas acompanhando o momento de comer.

Alguns minutos se passaram até Towa quebrar o silêncio com uma pergunta:

— Você viajou pra onde? – ela quis saber.

Sesshoumaru lançou um olhar para Rin, que, concentrada na comida, não prestou atenção.

— Fui para a Hong Kong e Inglaterra.

— Você viajou de avião? – ela estava curiosa.

— Sim. – ele confirmou com a cabeça – Bastante.

— Nós também viajamos bastante, mas de trem. – Setsuna falou segurando a tigela de arroz com a palma da mão e o hashi com a outra – Nunca fomos de avião.

— E para onde vocês já foram? – ele perguntou.

— Pra praia! – elas falaram ao mesmo tempo.

Sesshoumaru conseguiu trocar um olhar rápido com Rin, que apenas observava e ouvia atentamente à conversação. Ela fez sim com a cabeça e ele continuou.

— Aqueles potes com areia que vi ali na estante são dos lugares que viajaram?

— São sim. – Towa confirmou.

— Foi ideia da mamãe. – Setsuna completou.

— Nós sempre viajamos nas férias de verão. – Rin explicou enquanto servia um pouco de arroz na tigela de Towa – E também visitamos algumas pessoas em Chiba em alguns finais de semana.

— Nós nascemos em Chiba. – as gêmeas falaram ao mesmo tempo.

Chiba? – ele lembrou-se de ter lido o nome da cidade de nascimento nos documentos que havia recebido sobre elas, mas deu pouquíssima atenção ao fato. Na cabeça dele, ele associou o local de nascimento a Kashima, onde Rin morava antes com a família.

— Moramos vários anos em Chiba. – ouviu Rin explicar – As meninas ainda têm amigos lá, então sempre viajamos com frequência, pelo menos uma vez por mês.

Havia alguma coisa nas informações que ele estranhava, mas resolveu deixar de lado por enquanto para perguntar depois a Rin.

— Você viaja muito pra Inglaterra? – Towa queria saber dele.

— Agora não muito. – ele respondeu dando uma pausa da refeição – Planejo visitar em breve.

— Ah, que legal... – ela murmurou – Nas aulas de inglês o professor vive falando de lá.

— Com licença, vou pegar suco e mais um pouco de arroz para vocês. – Rin levantou-se graciosamente, já segurando a tigela quase vazia.

— Você quer ajuda, mamãe? – Setsuna se ofereceu de novo.

— Não precisa. Pode ficar aqui conversando. – ela pousou a mão carinhosamente na cabeça da mais nova – Volto já.

Atravessou a sala e entrou na cozinha fazendo questão de fechar a porta atrás de si, encostando-se nela. O sorriso que tinha no rosto na frente das filhas e de Sesshoumaru também desapareceu.

Não dava para ouvir o que eles conversavam, mas considerou ser uma boa estratégia deixar os três sozinhos. Sesshoumaru tinha muito a conversar com elas.

Apenas com elas.

o-o-o-o-o

O jantar havia encerrado e Rin pediu para as filhas arrumarem a mesa e a cozinha enquanto conversava, do lado de fora do apartamento, com Sesshoumaru a respeito dos próximos passos.

Também estava curiosa para saber o que ele havia achado delas.

— Então... – ela tinha uma postura educada, as mãos na frente do corpo e um sorriso confiante – Quais são os seus planos depois desse primeiro encontro?

Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha, silenciosamente mostrando que ele queria entender melhor a pergunta.

— Ah, eu quis saber se você pretende voltar para vê-las... – ela gesticulou meio exageradamente como se quisesse apagar no ar alguma coisa dita, um maneirismo que tinha desde que eram mais jovens, voltando a colocar as mãos na frente do corpo para acrescentar – Eu achei que vocês se deram bem. Até Setsuna que é mais desconfiada parece ter gostado bastante de ter conversado com você.

— É mesmo? – ele não parecia muito convencido, olhando para a porta como se pudesse ver, através dela, Towa e Setsuna arrumando a mesa e a cozinha – Ela parecia bem desconfiada.

Rin ficou aparentemente surpresa com a informação, franzindo depois a testa como se lembrasse de algo.

— Ela é um pouco tímida, mas tento fazer com que ela se socialize mais. Ela é bem quieta e silenciosa mesmo.

Quase como eu, Sesshoumaru pensou. Definitivamente as pessoas poderiam reconhecê-lo nela.

— Bem... – Rin começou num tom de despedida – Espero que se interesse em voltar a vê-las... Elas parecem ter gostado de conhecer você. Se quiser, podemos marcar outro jantar... Mês que vem, por exemplo, quando não estiver ocupado, claro.

Parecia que ela havia naturalizado aquela forma de falar que ele estava sempre ocupado, quando, durante a semana, ele notou que ela precisava trabalhar três turnos em alguns dias, quase não respondia às mensagens dele e por pouco não conseguiu chegar a tempo de preparar tudo para o encontro.

— E você, Rin? – ele quis saber.

A pergunta foi tão repentina que ela demorou para entender que ele queria saber quando ela teria tempo.

— Eu sempre tenho tempo pra elas. – ela preferiu responder.

Por um segundo, ele estreitou o olhar ao ouvir as palavras, mas voltou a assumir a faceta da indiferença quando percebeu que ela quis dizer que sempre estaria presente quando marcassem qualquer coisa.

— Eu vou mandar outro e-mail amanhã. Meu advogado também vai entrar em contato para discutirmos a parte financeira.

O sorriso que ela tinha até o momento desapareceu.

— Claro... Tudo bem. – ela disse simplesmente com uma voz sem emoção – Boa noite, Sesshoumaru.

Observou-a abrir a porta e ficou do lado de fora até ouvir a chave girar duas vezes e ela colocar a corrente do trinco.

Depois, deu as costas, desceu as escadas para procurar o carro e voltar para a casa.