Nota da autora: Mais um capítulo do passado mostrando mais o lado da Rin. Espero que não tenham pensado que Sesshoumaru ia embora de vez já agora... 😂
Notei que vocês estão lendo e comentando mais os capítulos sobre o presente... não se preocupem que, quando terminar de contar sobre o passado, teremos capítulos direto sobre o presente 😁 Fiquem pra ver o que aconteceu com a Rin 😭 Alguns de vocês já notaram que parecem que são Rin's completamente diferentes, e que a do presente (parece que) não seguiu com os planos do passado...
Obrigada a quem comentou no capítulo passado: 05csomoragnes11, Line Sagittarius, Yuki, Isa Raissa, DindaT e a quem comentou anonimamente 😘❤️ Comentem neste aqui, por favor! 😭
(Mudei a atualização para os domingos. Acho que desta vez fica melhor. Geralmente preciso trabalhar às sextas e sábados).
Até semana que vem! ❤️
De todo coração
Capítulo 8: Passado
Parte IV
Em um restaurante japonês em uma movimentada rua em Shinjuku, Rin terminava de atender os últimos clientes antes do final do expediente – a última vez que trabalharia por dois turnos. No dia seguinte, com o retorno das aulas, ela seria contratada para trabalhar por apenas um turno.
— Rin-chan... – ouviu o chefe dizer – Obrigado por hoje de novo.
O chefe era um senhor já idoso com pouco cabelo e de bigode extremamente simpático, um ex-monge budista de quase o dobro do tamanho de Rin que havia viajado pelo mundo todo para conhecer todo tipo diferente de culinárias e bebidas. Parecia também que ele havia gostado bastante do trabalho de Rin, mais por conta da simpatia com que atendia as pessoas, mesmo quando os clientes estavam errados.
— De nada, Mushin-sama. – ela dobrou o uniforme e guardou na gaveta e pegou dois bentos que tinha preparado – Vou levar isso aqui hoje.
— Tem certeza que vai chegar bem em casa? – ele perguntou ao vê-la pronta para ir embora. Ele sempre ficava preocupado com ela saindo depois de 21 horas e voltar sozinha para casa.
— Está seguro sim. Ainda está cedo. – ela deu um sorriso – E onde eu moro é seguro.
— Bem, pelo menos vou ver você agora na parte da tarde. – ele começou, abrindo uma garrafinha de bebida alcóolica que sempre tinha no bolso do avental com o nome do restaurante – Ah, eu adoro essa cachacinha brasileira...
Rin apenas escondeu a vontade de rir. Ele tinha uma coleção de bebidas de cada lugar que havia viajado na parte interna do restaurante, que já era a casa dele.
Ao guardar a garrafa, ele lembrou de uma coisa importante, arregalando os olhos para falar:
— Ah, amanhã o salário deste mês estará na conta. – ele avisou.
Rin havia notado antes que, apesar de constantemente beber um gole aqui e ali, o homem permanecia bastante lúcido e nunca ficava com cheiro de álcool característico de quem tinha hábito. Também fazia questão de deixar o ambiente extremamente limpo. A cozinha era impecável, assim como o todo o restaurante.
— Obrigada, Mushin-sama. – ela se curvou rápido num agradecimento – Amanhã depois da aula estarei aqui!
— Vá em segurança. – ele pediu ao vê-la sair pela porta.
Na rua, Rin olhou o celular mais uma vez, algo que teve que controlar para fazer durante um mês, e sentiu o sorriso desaparecer do rosto.
Há três dias Sesshoumaru não mandava mensagens. Em teoria já deveria ter voltado do exterior, mas não tinha ainda nem mandado um oi.
Meia hora depois, já andando pelas ruas de um bairro afastado de Tokyo carregando as marmitas que havia separado de um lado e segurando a bolsa de pano firmemente com o outro braço.
— O que será que aconteceu...? – ela murmurou para si mesma, sem que ninguém ouvisse por perto.
O caminho de cinco minutos da estação até o pequeno prédio era relativamente tranquilo, sem movimentação naquele horário.
Ao dobrar a esquina, ela paralisou.
Na frente do prédio, em pé, com as costas apoiadas na parede e braços cruzados, estava Sesshoumaru esperando por ela.
Ao perceber que alguém estava próximo, ele ergueu o rosto e encontrou o olhar dela.
— Rin. – ele falou.
Rin piscou, depois deixou escapar o ar que estava preso no peito.
— Sesshoumaru-sama! – ela correu e o abraçou com sacolas de bento e tudo, os braços circulando o torso dele.
O cheiro dele continua tão bom, ela pensou.
— Você sempre volta nesse horário pra casa? – ele perguntou, a voz num tom preocupado.
Contra o peito dele, ela balançou a cabeça para os lados.
— Não mais. – ela ergueu o rosto – Hoje foi o último dia. A partir de amanhã ficarei só na parte da tarde.
Afastando-se, ela digitou rápido o código do prédio e entrou, seguida por ele.
No elevador, ela encostou-se nele.
— Você nem me disse que estava de volta.
— Eu falei que voltaria em 25 dias.
— Mas você não mandou mais mensagem. – ela franziu a testa – Fiquei preocupada. Achei que tinha acontecido alguma coisa.
— Eu estava resolvendo algumas coisas pessoais. – um braço dele circulava a cintura dela – Consegui terminar hoje e vim direto para cá.
A expressão preocupada deu lugar a um sorriso. Ela estava mais tranquila por tê-lo ali.
No apartamento, ela deu espaço para ele entrar e, enquanto a porta do apartamento fechava, eles aproximavam o rosto para se beijarem.
o-o-o-o-o
— Mas qual foi o prato mais estranho que você comeu? – em cima de Sesshoumaru, ela deslizava a mão pelo peito dele. Um lençol fino cobria os dois, algo mais leve para a noites quentes de verão, quando a temperatura passava de 30 graus. O ar-condicionado do apartamento também estava ligando, deixando o ambiente mais agradável aos dois.
Sesshoumaru pausou a mão que deslizava pelo cabelo dela por um momento. Ele pensava no que poderia ter sido, até revelar:
— Sopa de carne de cobra.
Rin franziu a testa e tinha uma expressão de não ter gostada só de ouvir o nome.
— É bom. – ele falou – Você devia perguntar a seu chefe, ele deve conhecer.
— Vou perguntar amanhã. – ela deu um sorriso – Não acho que teria coragem de comer se soubesse. Mushin-sama falou que uma vez experimentou cérebro de macaco na Tailândia.
— É extremamente caro. – o dedo dele brincava com o cabelo dela, enrolando-o no indicador todas as vezes que a mecha escapava do contato – Não é muito comum em Hong Kong.
— Ele disse que só comeu porque ninguém falou o que era. – ela deu uma risada – Só depois da refeição foi que o amigo dele contou. Falou que prefere esquecer a origem porque estava muito bom!
A mão que brincava com o cabelo dela deslizou e tocou o rosto de Rin, com o polegar deslizando pelas maçãs do rosto. A discussão sobre comida havia começado depois do jantar – ela dividiu os bentos com ele e começou a contar sobre o período que trabalhou dois turnos no restaurante.
— Você ainda não me falou o que aconteceu pra você sumir. – ela lembrou de repente – Fiquei muito preocupada.
Sesshoumaru deitou-se de lado para conversar com ela.
— Você estava trabalhando. – ele começou – Achei melhor resolver o que tinha que ser resolvido primeiro.
— Mas o que aconteceu?
— Eu saí da casa do meu pai. Estou agora morando com a minha mãe.
— Oh... – ela saiu de cima dele, deitando-se de lado, e perguntou num tom gentil – Aconteceu de novo alguma coisa entre vocês?
Sesshoumaru sentou-se no futon e ela viu a mão direita dele fechar num punho tão forte que deu a impressão que os dedos estalaram.
— Tudo deu errado. – ele começou – Rompi definitivamente com ele. A viagem toda foi um desastre atrás do outro. Ele queria tentar me convencer a ficar nos negócios da família.
Rin ouviu tudo com atenção. A situação era um pouco mais difícil do que imaginava entre os dois.
Aparentemente pais e filhos sempre decidiam entrar em conflito em todas as famílias.
— E a sua mãe...?
— Ela não gostou de eu ficar na casa dela, claro. – ele usou um tom irônico e deixou escapar um hunf irritado – Disse que posso ficar até minha formatura. A verdade é que ela não gosta de um filho adulto morando com ela ainda.
— Então você não vai comemorar sua formatura com a sua família...? – ela quis dizer. O pensamento dela voltou à roupa que estava costurando para a ocasião.
— Creio que só vou comemorar com você.
Um sorriso apareceu no rosto dela.
— Eu vou preparar então algo especial pra nós dois. – ela falou.
— Sua família vem de Kashima?
A menção à cidade e à família fez com que escondesse rápido o olhar sob a franja.
— Hm... Eles ainda não falaram nada. Acho que terei que ir pra lá pra comemorar. – ela mentiu de leve, não querendo dar maiores explicações. A verdade era que também não sabia se a família viria. A mãe nunca aceitou bem a mudança para Tokyo para estudar algo que "não desse dinheiro", nas palavras dela.
— Bem, eles têm até ano que vem pra falar, certo?
— Hmm... – ela deu um sorriso tímido – É verdade.
— Amanhã você tem que escolher o que vai estudar ano que vem, certo?
— Sim. – ela parecia mais animada com a mudança de assunto. Conversar sobre os pais a deixava apreensiva e não queria que ele notasse aquilo quando ele também estava passando por problemas familiares – Quero chegar cedo. Fico preocupada de todo mundo ter a mesma ideia e eu perder minha vaga.
— Eu vou com você amanhã quando for escolher. – ele voltou a brincar com o cabelo dela – Qualquer coisa, eu bato em quem pegar a sua vaga.
Rin quase não conseguiu controlar, precisando esconder o rosto na almofada para abafar a risada para os vizinhos não ouvirem e depois reclamarem.
— Obrigada. – ela agradeceu – Vou depois do almoço.
— Vamos almoçar juntos? – ele sugeriu e a viu concordar com a cabeça. A mão agora brincava com a orelha, deslizando o dedo pelo ouvido externo e tocando o lóbulo que ele gostava de morder.
— Sua mãe não vai reclamar por você passar a noite aqui? – ela quis saber.
— Ela nem deve ter percebido que saí. – ele respondeu sem nenhum traço de ironia – Ela não se incomoda muito.
— Você quase não fala dela... – ela escondeu a risada atrás da mão – Eu me lembro da primeira vez que você a mencionou, eu até me assustei.
— Ela só é uma pessoa muito independente. Preferiu que eu fosse criado por meu pai. Não discutimos porque ela não interfere na minha vida. Diz que eu já tenho idade de assumir minhas responsabilidades.
— Oh... – ela franziu a testa – É mesmo bem diferente do seu pai.
— Por isso eles se separaram. – ele continuou – Mas ela está sempre quis morar por perto.
— Então pode mesmo passar a noite aqui?
Sesshoumaru confirmou com a cabeça.
— Vou pegar então a roupa que você deixou aqui. – ela se sentou no futon – Você pode...
Sesshoumaru a segurou antes que pudesse se levantar e deitou-se por cima dela, acomodando-se entre as pernas. O cabelo caía no rosto dela como uma cortina.
— Sess... – ela fechou os olhos ao sentir os lábios dele tocarem o pescoço, o ombro, a mandíbula, o canto dos lábios. Deixou também escapar um suspiro apaixonado, deslizando os braços pelas costas dele.
Acho que ele estava com saudades de mim, ela pensou ao cruzar as pernas na cintura dele enquanto sentia as investidas.
— Não se distraia. – ele falou ao ouvido dela ao notar que ela parecia desconectada daquele momento depois de dias afastados.
— Desculpe... – ela o beijou de novo, tentando provar que estava sim concentrada no que estavam fazendo.
Quero que ele fique bem comigo, ela voltou a pensar ao vê-lo sentar e perceber que ele queria mudar de posição, sentando-se no colo dele.
— Confortável? – ele perguntou, recebendo uma confirmação de cabeça.
Quero ficar com ele pra sempre.
o-o-o-o-o
Num parque próximo da escola, Sesshoumaru tinha a cabeça apoiada nas pernas de Rin enquanto sentia os dedos dela deslizarem pelo longo cabelo. Os pais e a escola já haviam falado que era necessário cortá-lo, mas ele se recusava a fazer tal ato como se fosse um sinal de rebeldia contra as normas vigentes.
Os dois estavam em cima de uma toalha, os bentos que ela havia preparado cedo pela manhã, depois de acordarem, estavam agora vazios. Haviam almoçado depois que foram à direção do curso para que Rin pudesse fazer a seleção da área na qual queria se formar – no caso, o de corte e costura. A Escola Técnica era uma das melhores do país e certamente ela conseguiria estudar moda de uma boa universidade.
— Obrigada por ter ido comigo na hora de escolher o curso. – ela parou por um momento o movimento no cabelo para aproximar o rosto e agradecer face a face – Ayumi ficou mesmo com gastronomia. Essa é outra parte que queria muito fazer. Fiquei inspirada pelas histórias de Mushin-sama!
— São cursos bons e sempre tem emprego, principalmente em Tokyo. – ele pegou a mão dela para "forçá-la" a voltar a deslizar a mão pelo cabelo dele – Não precisaria voltar para Kashima.
À menção do nome da cidade, ele sentiu que a mão dela voltou a paralisar por segundos, mas retomou o carinho logo em seguida.
— Eu não me vejo mais morando no interior... – ela começou a falar – Prefiro ficar em Tokyo mesmo. Construir minha vida aqui.
As pessoas no interior são cruéis. Nunca vão aceitar o que eu gosto de fazer, ela concluiu apenas em pensamento.
— Você não visitou a sua família, não é? – ele perguntou com os olhos fechados.
— Não... – ela quis mudar de assunto – Acho que vou fazer isso em duas ou três semanas. Quando o calor diminuir.
— Não fique muito tempo por lá. – ele pediu.
Nem ele gosta quando vou, ela percebeu.
— Você precisa ir trabalhar. – ele avisou, reabrindo os olhos.
— Oh, é mesmo... – ela começou a arrumar os vasilhames de plástico, tampando-os e guardando-os em uma sacola de pano – Espero que tenha gostado do almoço. Foi meio improvisado. O de ontem que era para ser a comida de hoje.
— É claro que gostei. Sempre gostei da sua comida. – ele falou, a testa franzida – Você vai voltar cedo então?
— Sim. – ela prendeu o cabelo e começou a tirar a poeira imaginária e folhas que eventualmente sujaram a roupa – Mais tarde você me ajuda a escolher a universidade?
— Claro. – ele ergueu uma sobrancelha – Quer dizer que tenho que passar mais uma noite com você?
Um rubor apareceu no rosto dela, e depois ela confirmou com a cabeça.
— Vou esperar então você na sua estação depois da minha aula. – ele deslizou o dedo na parte que havia ficado vermelha no rosto dela, levantando-se primeiro para depois ajudá-la a levantar-se depois de ter ficado algum tempo sentada em seiza.
— Obrigada. – ela ficou em pé e depois segurou o braço direito dele enquanto começavam a caminhar em direção à saída do parque – Prometo levar mais comida hoje.
Quero planejar meu futuro em Tokyo..., Rin decidiu ao encostar o rosto no braço de Sesshoumaru durante a caminhada. E espero que seja com você.
