Nota da autora: Gente, semana retrasada eu tive que trabalhar durante todo o final de semana e não pude postar. E semana passada foi Dia das Mães – esse eu já tinha planejado não postar nada mesmo porque ia ficar ocupada durante o dia. Aqui finalmente temos o capítulo 10 – Parte 5 do passado. Espero que gostem!

Finalmente saiu a capa da história! Eu adoro os trabalhos da Gaby. O que acharam? A versão completa e colorida estará disponível no canal do Telegram (mandei uma mensagem privada aqui ou no twitter para eu mandar o link).

Comentem dizendo o que acharam!

Até domingo que vem!


De todo coração

Capítulo 10: Passado

Parte V

Na cidade de Kashima, Rin caminhava por uma das ruas principais do comércio com uma sacola grande de tecido em mãos para guardar as compras que estava fazendo para aquele dia especial – o aniversário dela, dia que tinha decidido passar com a família também.

Pela manhã ficaria em Kashima e à noite voltaria para Tokyo, onde encontraria Sesshoumaru. Ele havia mandado uma mensagem perguntando que horário ela chegaria, o que ela iria fazer depois, se tinha algum trabalho para fazer e qual seria o horário de trabalho dela no outro dia. Eram perguntas que ele normalmente fazia quando queria sair com ela, então...

Não conseguiu conter um sorriso. Ele queria fazer alguma coisa. Seria um jantar? Será que era em algum restaurante? Ou só queria ficar no apartamento dela? Ia precisar de alguns minutos para arrumá-lo, se fosse o caso de Sesshoumaru passar a noite lá.

A rua, próximo à estação da cidade, estava cheia tanto de moradores locais quanto de turistas que saíam direto da estação para as compras. Ela passou desapercebida pela multidão, olhando aqui e ali para ver o que poderia comprar para preparar no almoço em família.

— Ah...! – ela falou ao ver a vitrine de uma confeitaria que gostava e cujos donos conhecia desde criança.

Ao entrar, ela foi recebida por uma atendente idosa com um tom formal de "bem-vinda", até a mulher reconhecê-la:

— Ah! – ela exclamou – É a Rin-chan! Há quanto tempo!

— Mitsuko-san – ela se curvou numa reverência respeitosa – Há quanto tempo mesmo. Como vocês estão?

— Estamos todos bem por aqui... Satoru! – a mulher gritou para alguém dos fundos – Vem cá um instante!

Segundos depois, um homem da mesma idade da atendente aparecia na porta que ligava à cozinha, limpando as mãos no avental sujo de trigo.

— Olha só quem está aqui. – a mulher anunciou e Rin, sorrindo, acenou.

— Rin-chan... – ele começou surpreso, terminando de limpar as mãos no tecido – Voltou para Kashima?

— Ah, não... – ela moveu uma das mãos como se quisesse fazê-los esquecer daquela ideia que considerava horrível. Voltar a morar em qualquer outra cidade do interior depois de conhecer Tokyo era uma das coisas que definitivamente nunca faria na vida – Estou aqui só de passagem. É meu aniversário.

— Oh... – os dois falaram ao mesmo tempo e saíram de trás do balcão.

Mitsuko abraçou Rin primeiro, murmurando um "parabéns". Atrás dela, Satoru tentou meio sem jeito parabenizar a aniversariante sem sujá-la.

— Vai passar o final de semana aqui, então? – Satoru perguntou.

— Ah, não! – Rin deu um sorriso e respondeu com a mesma tranquilidade que teve com a esposa dele – Vou ficar só algumas horas. Preciso voltar ainda hoje.

— É Tokyo, né? – Mitsuko perguntou.

— Sim... – o sorriso de Rin aumentou – Gosto bastante de lá.

— Que bom que está gostando. Tem muita gente que diz que lá é muito grande e barulhento. – Satoru continuava limpando as mãos no avental mesmo elas não estando mais sujas – Aposto que nem tem doces bons que nem os nossos.

— Definitivamente não tem. – Rin negou com a cabeça sem perder o sorriso.

— Sua mãe nos disse que estava feliz por você estar lá. – Mitsuko continuou indo atrás do balcão, abaixando-se para abrir a porta de vidro do balcão para escolher algum doce – Mais uma advogada na família formada pela Universidade de Tokyo!

O sorriso que Rin tinha até aquele momento desapareceu por completo, o que foi notado logo por Satoru.

A mãe dela estava mesmo dizendo isso para os outros? Que ela cursaria Direito na Toudai? Nem ela talvez tivesse tanto dinheiro assim para ajudá-la nos primeiros meses nisso.

— Tome, Rin-chan. – Mitsuko apareceu com uma grande embalagem de papelão – Bolo de melão. Seu favorito.

— Ah... – ela, atordoada ainda com o que havia acontecido, atrapalhou-se por alguns segundos para segurar o bolo enquanto procurava a carteira jogada na sacola de compras – Quanto eu devo?

— Não deve nada. – Satoru se antecipou à esposa – É presente.

— Oh... – Rin parecia um pouco mais feliz com aquela informação, suavizando as linhas de preocupação que surgiram depois de ouvir o comentário de Mitsuko – Muito obrigada.

Depois de receber ajuda para guardar o bolo na sacola e de se despedir formalmente do casal, Rin saiu pela porta e acenou mais uma vez pela vidraça do lado de fora.

— Ela ficou toda estranha de repente, né? – Mitsuko comentou.

— Hmm... – Satoru cruzou os braços, ficando pensativo e preocupado – É bem problema de família.

Na rua, Rin tentava processar aquelas informações enquanto fazia o caminho de casa. Como a mãe podia mentir daquela maneira para os outros? Era tão vergonhosa assim a carreira que havia escolhido?

Deu um suspiro cansado. Não queria ouvir comentários desagradáveis bem no dia do aniversário, mas iria conversar com a mãe sobre o assunto.

E esperava que ela compreendesse.

o-o-o-o-o

Na cozinha de casa, Rin terminava de preparar o almoço de aniversário cantarolando uma antiga canção da infância. O bolo que havia recebido do casal de confeiteiros já estava em cima de um prato maior, o arroz estava pronto, o peixe assado já estava quase no pronto e a sopa de missô... Ela precisou provar um pouco na ponta de uma colher para dar o veredito:

— Está bom mesmo. – ela sorriu.

No timer do pequeno forno, ela notou que ainda precisava de cinco minutos para terminar o peixe, então começou a separar os pratos, colheres, hashi e copos para levar para a mesa, onde a família se reuniria.

— Rin... Está terminando? – a mãe apareceu no cômodo, aproximando-se dela – Oh... que bolo bonito! É aquele de melão da Mitsuko-san?

— Sim. – ela respondeu com um sorriso. Evitou dizer que havia ganhado porque não sabia como a mãe, um pouco orgulhosa, poderia interpretar a ação daquele casal tão gentil que sempre a tratou bem desde criança – O peixe vai terminar em alguns minutos.

— Se eu soubesse que ia passar por lá, teria pedido pra trazer aquele cheesecake que seu irmão gosta. – a mãe comentou ainda olhando o bolo – Ele vai viajar mais tarde.

— Oh... – Rin murmurou. O irmão mais velho trabalhava em outra cidade e tinha vindo a pedido dela para um almoço especial – Eu também preciso viajar hoje, não vamos demorar.

— Ah, que bom. – a mãe parecia aliviada e Rin lançou um olhar surpreso.

— Que bom por quê? – ela perguntou e notou a mãe sem jeito. Rin tinha decidido passar um dia especial que ocorria apenas uma vez por ano com a família e a mãe parecia mais preocupada com o outro filho que nem ia perder o trem.

— Ah, eu quis dizer que bom que não vai demorar a comida. Estou faminta. – ela forçou um sorriso.

Rin nada disse, abrindo o forno para tirar o peixe pronto um minuto antes de soar o alarme do timer.

— Mitsuko-san falou que você disse pra eles que vou cursar Direito na Toudai. – ela começou sem olhar para a mãe, optando por ficar de costas para ela enquanto abria gavetas para procurar por um utensílio para ajudar a servir o peixe.

— Não acredito que eles ficam comentando essas coisas! – a mulher ficou vermelha de irritação, cruzando os braços – Eu nunca mais piso lá!

— Não foi eles que inventaram isso. – Rin murmurou, usando uma voz calma e sem rancor para explicar as coisas – Vocês nem devem ter dinheiro pra me ajudar nos primeiros meses. Cursar Direito na Toudai significa que no mínimo você nasceu numa família rica.

— Não significa que você não poderia cursar Direito ao invés de Moda. – a mãe falou um pouco irritada – Os seus irmãos, por exemplo...

— Eu não sou meus irmãos. – Rin interrompeu. O peixe estava finalmente em uma travessa e ela havia "enfeitado" com verduras e legumes temperados.

— Mas eu ia preferir gastar meu dinheiro com você cursando Direito. Onde já se viu alguém pensar hoje em fazer alguma coisa assim? Que tipo de emprego vai ter?

Rin ficou em silêncio por alguns segundos até virar-se para ela e se esforçar para dar um sorriso:

— Então não precisa gastar. – ela mantinha uma postura confiante – Se é esse o problema, eu posso trabalhar e pagar as despesas morando em Tokyo.

A mãe ficou em silêncio.

— Não mesmo? – ela perguntou.

Rin confirmou com a cabeça. Era até uma boa maneira de deixar a família menos preocupada se fosse um gasto menor para eles.

— Bem, se vai ser assim... Então estude o que quiser por lá... – o tom de voz era calmo também e com uma pontada de alívio por se livrar de uma "despesa" – Quer ajuda pra levar as coisas pra mesa?

— Os pratos e os talheres. Vou levar a comida e o bolo. – ela continuou com o sorriso, as mãos na frente do corpo como um gesto de extrema humildade.

Depois que a mãe saiu para levar para a sala o que ela havia pedido, o sorriso que Rin mantinha até aquele momento desapareceu e uma expressão preocupada apareceu no rosto.

O que ela havia feito? Ela teria condições de ficar sozinha em Tokyo? O dinheiro que ela estava usando era para outra coisa e...

Não, ela balançou a cabeça para os lados. Não era hora de pensar nisso. Era o aniversário dela. Coisas daquela natureza poderiam ser pensadas e resolvidas no outro dia.

Será que Sesshoumaru tinha algum conselho ou a ajudaria de alguma maneira?

Não, Rin, ela balançou a cabeça para os lados. Ele já estava enfrentando um problema com o pai, talvez fosse melhor não deixá-lo preocupado.

Segurou a tigela de arroz na mão direita e a de missô na esquerda e seguiu para a sala. Ainda teria que voltar para pegar o peixe e o bolo.

Era o aniversário de dezenove anos dela.

E não queria preocupações.

o-o-o-o-o-o

Quase no final da tarde, Rin finalmente retornava à Tokyo. Sentiu inicialmente um alívio por estar em casa, disfarçando um suspiro para que ninguém que estivesse próximo ouvisse.

Ao sair da estação, deu um sorriso ao reconhecer alguém parado perto da saída que levava à casa dela: de braços cruzados, costas apoiadas contra uma parede, rosto virado para o lado enquanto estava pensativo.

— Rin. – Sesshoumaru falou.

Naturalmente que ela nem precisava mais esconder a felicidade em vê-lo ali. Aproximou-se e ficou na ponta dos pés para beijá-lo.

— Achei que só veria você amanhã. – ela o abraçou com força, os braços circulando a cintura dele – Fiquei surpresa com a sua mensagem hoje.

Sem dizer nada, ele pegou a mochila dela e jogou por cima do ombro, pegando a mão dela para caminharem juntos para fora da estação.

— Aonde vamos? – ela quis saber ao perceber que iam para o estacionamento.

Sesshoumaru não respondeu. Apenas apertou de leve os dedos dela, guiando-a em silêncio pelos corredores de carros.

Ao pararem na frente de um carro que ela não reconheceu, ela teve que perguntar curiosamente.

— De quem é esse carro?

— Eu aluguei por dois dias. – ele respondeu, abrindo a porta para ela – Vou mostrar o seu presente de aniversário.

— "Mostrar"? – ela franziu a testa, preocupada. Será que precisava vestir outra roupa, alguma mais apropriada para alguma ocasião especial? – Mostrar o quê?

— Entre primeiro. – ele indicou com a cabeça o assento e ela, mesmo preocupada, obedeceu.

Quando ele finalmente entrou e sentou-se, colocando o cinto, ligou o carro e ocupou-se primeiro em sair dali, notando o olhar curioso da namorada em cada ação dele.

— Sesshoumaru-sama? – ela perguntou timidamente.

— Nós vamos a um onsen. Vamos passar uma noite.

Rin arregalou os olhos.

— O-O-O-ONSEN?! – ela gaguejou, sentindo o rosto queimar de tanta vergonha só de imaginar cenas e mais cenas do local. Ela nunca tinha ido a um antes, nem quando viajava em família – Por que não me avisou?!

— Porque eu sabia que iria querer voltar para sua casa e ficar lá o resto do dia.

— Mas eu preciso de roupas pra passar a noite lá.

Sesshoumaru ainda não havia começado a dirigir, então permitiu-se virar o rosto para ela, erguer uma sobrancelha e vê-la ficar mais vermelha ainda.

— É meu presente, Rin. – ele falou num tom sério – Aceite, por favor.

Vendo a seriedade dele, ela conseguiu sorrir e finalmente concordou com a cabeça.