Nota da autora: Semana passada foi uma semana conturbada, não tive tempo de postar o capítulo que tá pronto há algum tempo 😅

Aaahhh, fico tão feliz que vocês gostaram da capa. Quis mostrar os quatro juntos, mas notem que as meninas ainda estão com a Rin e o Sesshoumaru está longe e perto ao mesmo tempo. A imagem foi inspirada em um dos capítulos de Yashahime (acho que o capítulo de março ou abril)😍❤️

Pessoal, desculpem por esquecer de explicar algumas coisas. Onsen é um lugar com águas termais, é bem popular no Japão. Queria fazer essa parte em separado, enviando como um outtake para quem comentou. O que acham? Tenho mais uma semana pra decidir…

Obrigada pelos comentários: 05csomoragnes11, Yuki, Isa Raissa e DindaT.

Espero que gostem de mais uma parte do presente! Comentem, por favor! 💖

Beijos!😘


De todo coração

Capítulo 11: Presente

Parte VI

Diante de um grande shopping em uma área mais afastada de Tokyo, quase saída da cidade, Jaken aproveitava que o patrão não estava no carro para dar um suspiro cansado. Em pé, com o carro devidamente parado em uma vaga e com a hora do estacionamento pago, ele observava as pessoas enquanto pensava no que possivelmente Sesshoumaru iria fazer em plena sexta-feira em outra cidade com um advogado.

— Talvez seja uma casa nova…? — foi uma suposição. Ele conhecia razoavelmente de "ouvir falar" sobre a cidade para onde estavam indo. Era tranquila e segura, ideal para uma pessoa reclusa como Sesshoumaru.

Ou ainda: nova cidade para expansão das empresas Taisho. Quem seria transferido para lá? Há tempos que ele havia notado que Sesshoumaru não gostava tanto de Tokyo, pelo menos desde que havia retornado ao país e…

As grandes portas de vidro automáticas abriram e Jaken viu Sesshoumaru sair acompanhado de Hakudoushi, este segurando uma sacola de papelão da Lupicia, uma conhecida loja de chá do Japão, e um pacote menor de uma rede de farmácias.

— Não acredito que você nunca visitou uma pessoa doente antes. — Hakudoushi reclamou, dando um suspiro tão cansado quanto o que Jaken havia deixado escapar anteriormente. Aparentemente, Sesshoumaru provocava aquela reação nas pessoas — O mínimo que levamos nessa situação é um bom chá da Lupicia.

Sesshoumaru nada disse. Simplesmente lançou um olhar para Jaken, que logo entendeu que deveria abrir a porta para ele e para Hakudoushi entrarem.

Jaken esperou que entrassem para então encerrar o período do estacionamento. Pelo que havia entendido, estavam indo visitar alguém. Seria algum político? O presidente de alguma empresa? Até agora não havia entendido a recusa do patrão em dizer o que exatamente fariam no final da tarde em outra cidade.

Quando entrou no carro, ele notou que o advogado ainda falava sobre a "etiqueta" relacionada a visitas num tom absolutamente profissional: levar chá, flores ou chocolate para a pessoa doente. Perguntar como ela está. Perguntar se precisa de alguma coisa.

— Enfim… - ele tirou um caderninho da inseparável pasta de couro — Precisa saber fazer política nessas horas também.

Abriu o caderninho e começou a anotar algumas coisas, olhando de vez em quando o horário e também o recibo com valor e nome das lojas.

— O que está fazendo? — Sesshoumaru perguntou.

— Estou anotando essa ida ao shopping e as compras nos meus honorários. — ele respondeu tranquilamente.

— Você anota tudo aí? — o outro perguntou.

— Sim. — Hakudoushi respondeu fechando o caderninho com força.

Jaken, que a tudo ouvia, olhou rapidamente pelo retrovisor e notou o olhar intrigado de Sesshoumaru na ação de Hakudoushi, que anotava tudo o que fazia para cobrar depois.

Advogados, Jaken pensou com certo desprezo.

o-o-o-o-o

Já no final da tarde, um carro se aproximava da frente do prédio de Rin. Diferentemente dos outros dias, um veículo maior, com mais espaço parou, de onde desceram Sesshoumaru, Jaken e, por último, Hakudoushi.

— Que lugar é esse...? – Jaken perguntou mais para si mesmo do que para os outros. Havia dirigido por quase duas horas depois de saírem da loja em Tokyo, seguindo apenas as ordens do patrão e sem qualquer outra explicação... E Sesshoumaru só conversava com aquele advogado de cabelo claro, de quem Jaken sempre desconfiou de ser muito próximo do patrão.

E há mais de uma semana aquele homem não parava de ligar e visitá-lo no escritório. Agora ele estava com eles na frente daquele prédio residencial extremamente simples. Será que Sesshoumaru tinha negócios com alguém ali?

Os três subiram as escadas e Jaken viu Hakudoushi e Sesshoumaru se arrumarem – alinharem as costas, tirarem uma poeira aqui e ali na manga, apertarem o nó da gravata. O advogado tinha ainda em mãos duas sacolas de papelão, segurando-as pela frágil alça junto com uma pasta executiva de couro.

Na frente de uma das portas, Hakudoushi tomou a dianteira e tocou a campainha. Jaken também o viu sussurrar alguma coisa no ouvido de Sesshoumaru, a mão em forma de concha como se não quisesse que o assistente ouvisse também.

Será que ele está tentando pegar o meu lugar...?, ele pensou, estreitando o olhar. Era comum a vaga de assistente ser preenchida também por um advogado.

Deu um suspiro mental, temendo que Sesshoumaru pudesse ouvi-lo se fizesse fisicamente. Logo agora que ele havia desistido de se aposentar... Ele precisava tanto ficar naquele emprego...

A porta abriu e Jaken, segundos depois, arregalou os olhos quando viu duas meninas na entrada, uma de cabelos prateados como os de Sesshoumaru e outra de cabelos castanhos quase negros.

— Boa tarde, senhor Sesshoumaru. – elas falaram em uníssono.

Sesshoumaru abaixou-se para ficar na mesma altura delas, colocando um joelho no chão.

Era a primeira vez que Jaken o via naquela posição. Nem com a sobrinha dele Sesshoumaru costumava ficar daquela maneira!

A boca dele abriu, mas não saiu som. As meninas eram nariz e focinho do patrão. A de cabelos prateados estava usando camisa listrada em azul e branco e um macacão jeans, o cabelo comprido preso em um rabo de cavalo. A menina de cabelos negros estava de saia branca e um moletom de mangas compridas em tom lilás com "princess" escrito na frente em letra cursiva. Parecia que conversavam com Sesshoumaru num tom sussurrado, até Jaken dar-se conta que, na verdade, estava em estado tal de choque que os ouvidos estavam bloqueados e não conseguia entender nada.

Sesshoumaru levantou-se e o advogado limpou a garganta, abaixando-se para também ficar na mesma altura delas. Jaken "despertou" apenas quando ouviu percebeu que Hakudoushi havia imitado o patrão e deixado as sacolas no chão para conversar com as duas.

Eram filhas dele.

Filhas de Sesshoumaru-sama.

Quantos anos elas tinham? Será que a família Taisho sabia disso?

— Boa tarde, Towa, Setsuna. – Hakudoushi tentou ser mais cordial.

As duas se olharam rápido de canto, mantendo ainda a postura rígida com ele. Muito provavelmente Rin havia conversado sobre a atitude delas na última visita, quando bateram a porta na cara dele.

— Boa tarde, senhor Hakudoushi. – elas responderam um pouco tímidas.

— Vocês estão bem hoje?

As duas confirmaram com a cabeça.

— Nós viemos conversar com a sua mãe. Ela pode nos atender agora?

As gêmeas confirmaram com a cabeça.

— O homem grande veio de novo hoje. – Towa contou num tom de novidade.

— "Homem grande"? – ele ficou confuso.

Sesshoumaru deu uma leve tossida antes de explicar:

— Elas estão se referindo ao médico que enviei aqui ontem.

Ah, então foi pra isso que ele me chamou. Na noite anterior, Jaken havia feito um serviço fora do horário: Sesshoumaru ligou para pedir que ele encontrasse com urgência um médico que atendesse em casa.

— Oh... E ela pode mesmo nos receber agora?

Setsuna confirmou com a cabeça e Towa completou:

— Ela já tá esperando.

— Certo... – ele assentiu – Podemos entrar?

As duas não responderam imediatamente e olharam desconfiadas para Jaken, que ainda estava com a boca aberta.

Hakudoushi seguiu o olhar delas.

— Ah... – ele falou – Este é o senhor Jaken. Ele trabalha para o senhor Sesshoumaru.

As gêmeas pareciam ainda desconfiadas, depois falaram em uníssono:

— Boa tarde, senhor Jaken.

Como ele não respondeu e ainda estava com aquela cara estranha, elas se entreolharam.

— Jaken! – a voz de Sesshoumaru soou mais firme e o assistente "despertou".

— Ah... D-Desculpe... – ele se curvou ligeiramente numa reverência. Afinal, elas eram filhas do patrão – Boa tarde, meninas. Meu nome é Jaken. Estou às suas ordens para qualquer coisa que desejarem.

Towa e Setsuna piscaram em sincronia. Ele falava num japonês engraçado, de tempos antigos, como os personagens dos animes que assistiam.

— Podemos entrar? – Hakudoushi perguntou gentilmente, voltando a trazer a atenção delas para ele.

— Sim. – elas saíram do genkan e entraram na sala, deixando espaço para eles – Por favor, tirem os sapatos.

Os três entraram e obedeceram ao pedido, entrando na sala. Jaken aproveitou e deu uma rápida olhada nas fotografias, evidentemente ainda surpreso com aquela história.

Eram várias fotos das duas meninas em diferentes idades ao lado de uma mulher de cabelos negros, uma jovem encantadora e sorridente em todos os momentos das capturas.

Não demorou muito para que essa mulher viesse do corredor — usava um vestido verde oliva de alças finas e terminava de ajeitar um xale branco por cima dos ombros, cobrindo o colo e os braços. Tinha máscara descartável no rosto e os cabelos soltos, escondendo a expressão debilitada.

Ao vê-la, Towa e Setsuna correram para segurar as pernas dela como se quisessem se esconder.

Ah... agora eu lembro, Jaken pensou. Ele queria patrocinar uma das meninas depois daquele concerto.

E uma se parecia com ele e a outra com ela.

— Boa tarde, Sesshoumaru, Hakudoushi-sama. – ela começou com a voz ainda falhando.

Sesshoumaru e Rin ficaram um de frente ao outro, inicialmente em silêncio, como se quisessem ver quem venceria ao tentar falar primeiro.

E quem venceu foi ela:

— Obrigada por enviar o médico ontem. Ele veio hoje de manhã de novo.

Hakudoushi observou a interação atentamente, torcendo para que Sesshoumaru fizesse a pergunta certa a seguir:

— Como está se sentindo hoje? — ouviu-o perguntar a Rin.

O advogado fechou os punhos discretamente numa comemoração. Não podia esquecer de anotar aquele serviço no caderninho.

— Estou me sentindo menos cansada hoje. Jinenji-sensei passou uma medicação e está me acompanhando. Ele virá amanhã de novo.

Rin viu Sesshoumaru assentir com a cabeça e, depois, olhou para Jaken por um canto, notando-o pela primeira vez ali. Educadamente, ela assentiu com a cabeça de leve num cumprimento:

— Boa tarde. – ela começou – Meu nome é Rin.

— Boa tarde, Rin-sama. – ele se curvou numa reverência – Meu nome é Jaken. Estou às vossas ordens para qualquer coisa que precisar.

Rin assentiu de novo e sentiu as filhas puxarem a barra do vestido.

— Ele fala que nem no desenho. – Towa sussurrou, com Setsuna concordando com a cabeça.

— Ah, é...? – Rin afagou a cabeça delas. Elas falavam sobre um desenho de um sapo que era servo de um poderoso youkai e tinha uma voz engraçada.

— Boa tarde, Nakashima-san. Que bom que está se sentindo melhor. – Hakudoushi começou, estendendo com as duas mãos as sacolas de papelão da farmácia e da casa de chá – Trouxe algumas coisas que podem ajudar a melhorar. Gostaria que aceitasse, por favor.

— Obrigada. – ela aceitou de bom grado – Ah, eu adoro o chá dessa loja.

Um silêncio se fez na sala, com as meninas ainda atrás de Rin olhando tudo curiosamente.

Hakudoushi quebrou o silêncio pigarreando.

— Para não tomar muito o seu tempo e deixá-la descansando mais, podemos começar a discussão dos papéis, que tal?

Rin olhou para ele, olhou para Sesshoumaru e, por fim, baixou o rosto para encontrar o olhar curioso e quase ansioso das filhas.

— Eu tenho uma proposta... – ela começou – Enquanto Hakudoushi-sama e eu conversamos sobre algumas coisas, Sesshoumaru poderia sair com Towa e Setsuna para irem até o centro... que tal?

Outro silêncio se fez. Jaken notou logo uma troca intensa de olhares entre Rin e Sesshoumaru. Ele parecia surpreso, deixando uma sobrancelha levemente arqueada. Parecia que ele havia alguma coisa a mais ali.

— Ah... isso é... isso é bom. Boa sugestão. – Hakudoushi, surpreso, pigarreou de novo e interrompendo o silêncio e a troca de olhares – Está tudo bem para você, Sesshoumaru-sama?

A sobrancelha ficou mais evidentemente erguida para o advogado, como se quisesse apontar que aquela pergunta era bastante óbvia. Towa e Setsuna olhavam ora para Sesshoumaru, ora para Rin.

Ao perceber que ele havia concordado, Rin ficou de joelhos no chão para ficar na mesma altura das gêmeas:

— Meninas, lembram sobre a nossa conversa de hoje?

As duas confirmaram com a cabeça.

— E sabem também o que fazer numa emergência?

Novamente elas moveram a cabeça num "sim".

— Mamãe, vamos trazer um presente pra você! – Setsuna avisou.

— Um presente bem bonito. – Towa tocou no rosto dela.

— Obrigada. Vou adorar qualquer presente que me derem. – ela deu um sorriso que ninguém viu por causa da máscara, mas as filhas sabiam que estava lá.

Rin levantou-se e viu as meninas andarem com passo sincronizado até Sesshoumaru.

— Está tudo bem mesmo, Rin? — ele perguntou — Em me ver sair com elas?

Rin apertou o nó do xale nos ombros. Ele se recordava do quanto ela gostava de alguns acessórios, como lenços, xales, luvas. Aquele também parecia ter sido feito por ela.

— Está tudo bem. Hakudoushi e eu podemos chegar a algum acordo.

Não quer ficar perto de mim, ele concluiu, notando mais uma estratégia dela para não ficar perto dele.

— Voltaremos em duas horas no máximo, então. - ele avisou.

— Divirtam-se. – ela fez uma breve reverência – Ah, Towa?

A filha mais velha parou, o pé paralisado no ar esperando para continuar o passo.

— Não largue a mão da sua irmã.

Towa concordou e agarrou a mão de Setsuna, as duas sincronizando novamente o passo até o genkan para colocarem os calçados.

— Jaken. – Sesshoumaru falou numa voz de comando e o homem que viera com eles prontamente o seguiu, parando apenas para fazer uma reverência para Rin antes de sair.

Hakudoushi e Rin ficaram sozinhos e ela, inexpressiva, apenas apontou para a mesinha onde já estavam dispostos a chaleira e os copos.

— Não sabia que iria trazer chá, acabei preparando chá preto. – ela andou até um dos lados e sentou-se em seiza – Sente-se também, por favor.

Hakudoushi educadamente assentiu e sentou-se no instante em que Rin começou a encher um copo de cerâmica.

— Não me senti bem pensando que Sesshoumaru poderia perder a chance de conversar com as meninas esta semana... Então sugeri que elas fossem com ele até o centro. Pelo menos eles podem ficar algumas horas juntos se conhecendo. Elas já ficaram a semana toda "presas" aqui sem poder sair para nada…

— Outras mães teriam evitado isso. – ele bebia tranquilamente ao falar – Jamais deixariam os filhos sozinhos.

— Eu também pensei nisso, mas...

Rin havia parado de falar e olhava pensativa para um ponto aleatório na sala.

— "Mas"...? – ele tentou.

"Despertando", ela completou:

— Ele não tentaria fazer mais uma coisa para me decepcionar. E as meninas sabem se defender e o caminho pra voltar pra casa. É uma cidade muito pequena, sabe?

— E o que elas fazem pra se defender? – ele queria imaginar como elas agiriam com Sesshoumaru.

— Elas mordem. – Rin falou tranquilamente e Hakudoushi quase se engasgou.

o-o-o-o

Do lado de fora do carro, Sesshoumaru olhava fixamente para Towa e Setsuna; elas com o rosto erguido para cima e sustentando bravamente o olhar nele.

Depois, ele abriu a porta do carro e permitiu que elas subissem, com Jaken assumindo o lugar do motorista.


Nota: o que vocês acham que vai acontecer nesse passeio? 😁😆