— Será que esta maquiagem não está forte demais? – Marin observava seu reflexo no espelho, estranhando os longos cílios postiços que Shina havia lhe colocado, ao que a amazona de Ofiúco revirou os olhos por ter uma amiga tão careta.

— Como você gostaria de estar? De cara lavada no dia do seu casamento?!

Marin engoliu em seco só de ouvir que o tão esperado dia do seu casamento havia chegado e mordeu os lábios, imaginando todos os habitantes do Santuário a aguardando. Da tenda em que estava se arrumando podia ouvir as vozes alegres e felizes, porém três mulheres podiam dizer que estavam radiantes com aquele dia.

Koga estava sentada numa penteadeira próxima a noiva arrumando a presilha de flor em seus cachos, contudo, a todo momento que dava uma olhadela em Marin sentia seus olhos marejarem. Não podia com casamentos, chorava até naqueles em que nem sabia quem eram os noivos.

Foi tirada de seus pensamentos ao sentir a mão de Calisto pousar sobre seus ombros e assim que a virginiana se virou, viu que ela estava na mesma situação.

— Assim vamos borrar a maquiagem. – fungou a canceriana.

Já Luísa, que havia acabado de se arrumar, puxou uma cadeira e apoiou o queixo em uma das mãos com olhar sonhador.

— Quem diria que um dia iríamos presenciar esse casamento? – sorriu para as amigas.

— Ééééééé… – as duas repetiram o gesto da escorpiana apoiando o queixo nas mãos e suspirando audivelmente, até que um barulhão de coisas caindo cortou todo o clima sonhador de todas.

Aiolos havia entrado como um foguete na tenda e acabou deixando cair alguns objetos no chão.

Marin logo se levantou assustada com a entrada abrupta do futuro cunhado, dando alguns passos para se aproximar porém foi interrompida por June.

— Deixa que eu checo o que está acontecendo. Você tem que ficar lá, bonitinha terminando de se aprontar, não se preocupe. – a loira virou a noiva pelos ombros direcionando ela de volta ao lugar que estava.

Já Shina correu efusiva para cima do sagitariano, Aiolos parecia pálido e cochichava fervorosamente com a amazona, que fazia algumas caretas de espanto. As garotas repararam no mal estar e se entreolharam preocupadas. Logo Shina voltou.

— Está tudo sob controle! Esse Aiolos se preocupa com cada detalhezinho... – falando em voz alta.

— Está tudo bem mesmo, Shina? – Marin a encarou preocupada, enquanto Shina, tentando disfarçar, riu desengonçada:

— Cl-claro! Aiolos às vezes consegue ser mais perfeccionista que o Shaka. – ela então segurou os cabelos ruivos da noiva torcendo para finalizar um penteado alto. – A única preocupação que deve ter, ragazza, é de ficar linda pro seu Leão, ok?

Luísa achou estranha a mudança de postura de Shina mas da mesma forma que a amazona tentava acalmar a noiva, a escorpiana tentava mudar o assunto para deixar o clima mais leve.

— Ei gurias, será que esse casamento vai ter os rituais gregos? Casamento grego sem quebrar prato não é casamento grego! – Luisa falou enquanto retocava o delineador.

— Concordo com você, Lu! Acho que é uma das coisas que mais espero assistir! – Koga complementou a fala da amiga, porém um flash de memória passou por sua mente, o dia que Kika resolveu limpar o armário da confeitaria e deixou cair quase todos os pratos, espatifando-os no chão. Um frio percorreu a espinha da virginiana. – Se bem que, acho que não quero ver isso não. – conclui que com certeza daria um mal estar.

— Desastrada do jeito que sou, se alguém me der um prato pra quebrar, com certeza é capaz de atirar o prato em alguém. – Calisto riu e as amigas a acompanharam.

— Ahhhh – a escorpiana se levantou e foi até a noiva – Ei Marin, você colocou raminhos de tomilho no teu buquê? E a parte do mel, vocês prepararam também?

Marin que já estava mais calma e respondeu fazendo cara de mistério:

— Isso vocês terão que descobrir na cerimônia – para descontentamento de Luisa que fez um bico enorme, fazendo todas rirem.

— Sem graça! – a escorpiana murmurou cruzando os braços.

— E tem algum paranauê para quem é madrinha? – Calisto chegou tropicando nos próprios pés.

Aproveitando que Marin estava distraída, June se aproximou de Shina

— E aí, o que tá pegando? – cochichou em seus ouvidos.

— Não estão encontrando o Saga. – Shina respondeu sem desviar o olhar da noiva, que se divertia com as meninas.

— E o que tem? – June perguntou sem entender a preocupação de todos.

— Ele ficou responsável em trazer o bolo dos noivos. – Shina respondeu ainda mais baixo.

— O que?! – os olhos de June quase saltaram das orbitas.

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No templo de leão, os homens também se arrumavam. Aiolia terminava de fazer a barba enquanto Garan depositava sobre a cama o terno que o leonino usaria. Na sala estavam Kanon, Milo e Máscara da Morte.

— Vocês viram o Saga? – o sagitariano apareceu no quarto abrindo a camisa, pois já estava suando de tanto correr pra lá e pra cá atrás do geminiano. – Não acho ele em lugar nenhum.

— Ele deve ter ido fazer alguma coisa, logo ele deve aparecer. – o geminiano respondeu calmamente.

— Vocês não estão entendendo. Eu combinei com aquela maldita fotocópia que ele seria o responsável por trazer o bolo! – Aiolos sentou na cama segurando as cabeça com as duas mãos, sentindo o desespero correr pelo seu corpo, faltavam 20 minutos pra tudo começar.

— Qualquer cosa, corremos e compramos outro bolo – Máscara da Morte disse simplesmente.

— Ah sim, onde vamos encontrar a pronta entrega um bolo de quatro andares, cheio de florzinhas rosas e lilases, que a Marin fez questão de escolher a dedo e ainda SEM GLÚTEN? – Aiolos sentia o peito apertar. – Acho que vou infartar. – olhou incrédulo para Garan e depois se jogou de braços abertos na cama passando a mão nervosamente no rosto – Tô ferrado!

— Mudando rapidamente de assunto. Vocês se acertaram com as meninas? – Garan tentou amenizar a situação e perguntou enquanto olhava detalhadamente para cada um, checando se as gravatas borboletas estavam bem colocadas.

Os três se entreolharam desconcertados com a pergunta. Aiolos até levantou o tronco apoiando nos cotovelos, mas os padrinhos apenas se entreolharam.

— Vocês não têm jeito. – a resposta muda fez com que balançasse a cabeça negativamente, deixando cair o corpo novamente.

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Bem afastado de onde a cerimônia seria realizada, Saga estava na campina de treinamento, já estava arrumado de camisa branca e suspensório, porém sem o paletó, este estava pendurado num galho próximo para não sujar.

Já havia passado um mês desde que descobriu sobre o portal em que abria a dimensão das garotas. Por mais que tivesse decidido que aquele segredo seria guardado a sete chaves, a dúvida de estar fazendo o certo assombrava sua mente a todo momento.

Tinha que extravasar aquela aflição, então acumulou seu cosmo na palma de suas mãos e com uma grande explosão abriu o portal

— OUTRA DIMENSÃO! – o clamor de seu golpe tremeu a terra.

Saga ficou olhando o túnel que levaria as três mulheres de volta para casa por alguns minutos e, num piscar de olhos do geminiano, o portal se fechou e assim que abriu de novo encontrou os verdes de Aiolos.

— Quer me infartar?! Treinando uma hora dessas em que o BOLO DE CASAMENTO DO MEU IRMÃO QUE ERA SUA RESPONSABILIDADE DEVERIA ESTAR EM CIMA DA MESA!!!

— Por Athena, o bolo! – Saga colocou um das mãos na testa.

— "Por Athena, o bolo!" – Aiolos imitou o geminiano com uma voz de bobo – CORRE SUA CÓPIA PARAGUAIA MADE IN CHINAAAAA! – Aiolos apontou o dedo em direção a cidade de Rodório.

— Tá bom , tá bom, não precisa ser tão dramático. – Saga pegou o paletó e saiu correndo na direção apontada.

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Marin começou a andar no caminho feito de folhas e pétalas de rosas, levando nas mãos o buquê de lavanda com um pequeno ramo de tomilho, sendo levada por Shion que estava bastante emocionado.

— Sabia que tinha tomilho! – Luísa falou baixinho para si.

— O que disse, Lú? – Milo a encarou curioso, apertando sua mão entre a dele para chamar atenção.

— Ela está tão linda... – Koga passava os dedos abaixo dos olhos de forma nervosa para não borrar a maquiagem, numa tentativa falha de conter as lágrimas.

— Toma. – Kanon ofereceu o lenço que levava na lapela do paletó e Koga aceitou, dando-lhe um meio sorriso de agradecimento.

— Uau! Mas o leãozinho está um gato! – Calisto pensou em voz alta mas logo sentiu a bochecha ruborizar com a limpada de garganta que Máscara da Morte deu ao ouvir o comentário nada agradável da castanha.

Shion beijou testa de Marin e depois entregou a mão da amazona para Aiolia, que estava também muito emocionado. A cerimônia transcorreu perfeita, não muito longa e logo que terminou, os convidados foram direcionados para o local da festa.

O buffet que Saori havia contratado era espetacular, tinha tudo do bom e do melhor. Havia muita gente comendo sentada e outras já na pista de dança.

Certos olhos azuis não paravam de analisar cada convidado, na verdade um em especial. Bebericou seu martine e logo tirou sua presa para dançar coladinho.

— Ko, que cara é essa? – Luísa reparou que a virginiana olhava para um ponto com cara de poucos amigos.

— Não é nada, eu que sou uma tonta mesmo! – saiu esbarrando na própria amiga, chateada.

— Nossa, o que foi que aconteceu? – Calisto chegou segurando duas taças de champagne.

— Eu não sei, ela ficou estranha de repente mas não quis dizer. – a escorpiana olhou para a amiga que estava com os olhos estatelados na direção que Koga saiu. – Essa bebida é pra quem? – perguntou achando que era para ela.

— Pra mim. – Calisto, ainda de olho na direção de Koga, tomou um gole da taça.

— E a outra? – Luísa estava inconformada.

— Ué, pra mim também! - deu outro gole na outra taça.

— Affe, isso não vai prestar… – Luísa negativou com a cabeça.

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— Eu amo dançar com você! – Thetis passou os braços por trás do pescoço de Kanon sorrindo maliciosa.

— Uhum…

— Sabe, acho que deveria passar mais tempo com a gente no Templo Submarino. – os dedos finos da sereia se enroscavam na cascata loira do geminiano, ela então aproximou os lábios da orelha dele – A gente pode se divertir muito… Como nos velhos tempos, Non.

Ele então segurou seu braço e a afastou com certa brusquidão.

— Não começa, Thétis! – ele abaixou o braço dela.

— Nossa, que grosseria! – a loira rosnou e ficou ainda mais ofendida quando ele, nem aí pra ela, saiu de onde estava pois havia visto Koga passar pelos convidados como um foguete.

— Eu não posso acreditar que ele foi atrás dessazinha. – Thétis bateu o pé no chão, indo na direção oposta parando na mesa de aperitivos e drinks, cruzou os braços bufando.

— Quando você vai entender que ele não quer nadlecoom você?! – Isaak parou na sua frente oferecendo uma taça de vinho.

A comandante bufou levantando a franja e aceitando a taça mas sem muita vontade. O Marina sorriu batendo sua taça na dela propondo um brinde.

— Á nós!

Thetis revirou os olhos, porém logo em seguida Luísa apareceu sem saber o que realmente estava acontecendo ali.

— Olha sua vizinha de quarto, vou te contar, uma egoísta, nem pra pegar uma taça pra mim… – a escorpiana ficou na frente dos dois fingindo estar brava com Calisto..

— Não seja por isso. – Isaak, de forma cavalheira, se virou para servir Luísa, já Thetis ficou encarando a moça com cara de nojinho, ao que Luísa percebeu e mostrou a língua para a comandante que ficou vermelha de ódio, Isaak virou de volta entregando a bebida para a castanha e as duas imediatamente disfarçaram.

— Está belíssima esta noite Luísa! – a elogiou, dando aquele sorriso de tirar o fôlego, já Thetis deixou o queixo cair tamanho inconformidade. Como assim ele estava xavecando ela na sua frente?!

— Ah, que isso Isaak! São seus olhos. – Luísa deu piscadelas com seus belos olhos azuis, fazendo o Marina desenhar um sorriso de lado e deixando Thetis ainda mais incomodada.

— Bom gente, eu vou procurar a Cali, vocês não sabem e na verdade, ela também não, mas ela é bem fraquinha para bebidas, com licença. – fez um tchauzinho para os dois, deixando a loira a ponto de ebulição.

— O que foi isso, Isaak? – Thétis encarou o Marina, ainda inconformada.

— Isso o que? – o loiro bebericou levantando os ombros e se fazendo de desentendido.

— Isso... e-esse... Oras! Isso que você fez agora?!

— Seja mais clara, Comandante. – ele ria internamente, seu plano estava dando certo.

Thetis lambeu os lábios, olhava para os lados de forma nervosa, não queria dar o braço a torcer, não podia estar com ciúmes!

— Bom, se não tem nada para me dizer, acho que vou ajudar Luísa a encontrar minha vizinha de quarto como ela mesma disse. – ele começou a se afastar mas logo foi impedido pela loira, que o puxou pela gola da camisa quase encostando seu nariz no dele.

— Você não vai a lugar algum, General! – finalizou a frase com um beijo caloroso no islandês que sentia-se orgulhoso e vitorioso internamente.

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Calisto havia acabado de sair do toillet, já havia bebido algumas tacinhas de champagne, e estava se sentindo alegrinha. Sorria para todos os convidados, uma felicidade só, dançando e rodopiando até quase chegar na pista de dança.

— Ragazza, você está bem? – Máscara da Morte segurou a mão da canceriana fazendo-a virar em sua direção. Contudo, por estar molenga, acabou se jogando nos braços do cavaleiro que a amparou prontamente.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos até ouvirem a voz alta de Aldebaran chamar a atenção de todos.

— Moçada, quem tá afim de quebrar pratos?

Calisto abriu um sorriso enorme, olhou para o dourado, pegou em sua mão e o puxou

— Vamos, italiano, vamos quebrar uns pratos!

— Madonna Mia! – ele sabia muito bem que Calisto poderia ferir ou até mesmo matar alguém naquele estado, seria melhor mesmo acompanhá-la.

E como ele mesmo previu, Calisto jogava os pratos para todos os lados, menos para o chão, porém ele estava se divertindo brincando de goleiro.

— Sua amiga não está nada bem, não é mesmo, Bonequinha?

A escorpiana torceu o nariz por causa do apelido, o que fez Milo rir, afinal ele adorava a irritar.

— Como sempre, ela bebeu mais do que devia. Ainda bem que o Mask está lá ajudando, porque nem sei o que poderia acontecer com as pessoas. – olhou para Milo e ficou encarando os olhos azul-esverdeados dele, que brilhavam intensamente. Mordeu os lábios de uma maneira nervosa enquanto desviava o olhar.

— Lu – aproximou-se mais dela, levando os dedos até o queixo feminino e fazendo ela lhe olhar novamente. Ao fitar o rosto que ele tanto amava, os lábios cheios entreabertos, esqueceu o que ia dizer e foi aproximando seu rosto do dela. Luisa fechou os olhos, mas antes que seus lábios pudessem se encostar um grande burburinho começou, fazendo com que se separassem.

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Koga não participou da quebração de pratos, na verdade mal ficou na festa, sentia-se uma idiota por vários motivos. Se ela tivesse conversado com Kanon antes, dado uma chance, não o teria perdido para aquela lambisgóia da Thetis.

De repente, um monte de gente começou a passar do seu lado, jogando flores, cantando em voz alta.

— Mas o que…? – os olhos ametistas corriam para todas as direções a fim de encontrar as amigas, mas tinha tanta gente que estava difícil, até que Aiolia e Marin passaram por ela sendo erguidos por cavaleiros, os dois sentados em cadeiras decoradas com flores e louros.

O novo casal dava tchau e mandava beijos para o povo de Rodório, que se alegrava pela união. Então Koga resolveu esquecer o que a estava deixando triste e foi para junto do pessoal curtir a felicidade dos habitantes e dos noivos.

Continua…