Encontrar as amigas não estava sendo nada fácil. Koga não imaginava que toda a Rodório participaria da despedida dos noivos para a lua de mel. Eles realmente eram muito amados e isso deixou o festejo ainda mais bonito.
— Ai, que lindo! Era a parte que eu mais queria ver – falou a virginiana, novamente com os olhos marejados, enquanto seguia ao cortejo embalada pela alegria de todos.
As pétalas sendo arremessadas pelos moradores em suas janelas, a música linda que a fez até esquecer que procurava as amigas. Até que ouviu as vozes das duas mais atrás de si.
Luísa vinha consolando a Calisto que se debulhava em lágrimas pelo fim da festa mais romântica que elas já presenciaram, é claro que as emoções embaladas pelo álcool estavam muito mais afloradas que o normal.
Koga franziu o cenho ao perceber que a canceriana parecia não conseguir andar em linha reta, mas ignorou o fato, logo se juntando às amigas.
— Meninaaasss, que coisa mais lindaaaa!!! – a virginiana abriu o berreiro abraçando as duas, ainda emocionada.
— Até tu, Koga! Não sei porque tanta choradeira? – Calisto viu Luísa disfarçar algumas lágrimas e não perdoou a amiga.
— Você também tá chorando, Lu?! – deu um sorrisinho sarcástico – Para de se fazer de durona e vem cá! – agarrou a escorpiana, trazendo para o abraço enquanto chorava alto e Luisa não segurou mais, apertando a mais baixa quase a sufocando.
Enquanto as três dançavam e cantavam alto embaladas pela procissão, Calisto de rabo de olho localizou Máscara da Morte que fazia praticamente o mesmo com Afrodite e Shura, seus melhores amigos. A castanha sorriu encantada, porém logo sentiu a mão de Koga a puxar, tirando-a do devaneio. Sentiu seu coração se aquecer de coragem, iria conversar com ele assim que o novo casal fosse embora.
As três brasileiras ficaram abraçadas, sorrindo uma para a outra, emocionadas por terem tido a honra de assistir e serem madrinhas do casal mais shippado do anime que tanto amavam. E enquanto se entregavam a essas emoções o cortejo seguia adiante, as deixando para trás sem que nem percebessem que ficaram sozinhas abraçadas no centro de Rodório. Foi o silêncio que chamou a atenção delas e fez com que percebessem que não tinha mais ninguém por ali, apenas as pétalas de rosas voando com a brisa.
— MENINAS, PANGUAMOS AQUI! – Calisto disse colocando as mãos na cabeça, ao que Luísa a olhou com estranhamento.
— PAN o quê??? – fez uma careta.
— Affs, nada não, a Cali deve ter acabado de inventar essa palavra! – Koga disse pegando novamente as mãos das meninas para que corressem.
— Se corrermos ainda alcançamos o pessoal – Luisa falou enquanto já começava a caminhar.
— Não, Lu, eu conheço um atalho. – a canceriana empacou puxando as outras duas – Se formos por ele vamos chegar antes do pessoal. É por ali… – Calisto disse apontando para uma ruela.
— Ihhhh Cali, tu tá mais pra lá do que pra cá, vai fazer a gente se perder, isso sim! – Luísa disse tentando puxar a castanha que empacou novamente.
— Isso aí! Você está bem tontinha. – Koga concordou com a escorpiana.
— Que nada, meninas! Eu tô bem. Olhem! – Calisto tentou cruzar a perna pra formar um 4, abriu os braços para os lados, mas quase caiu, teve que se apoiar nas amigas.
— Não tô dizendo?! – Koga falou, com uma cara de brava.
— Tá bom, ameeeegas, eu tô bebinha, mas não cega. Vamos, deixem de ser chatas, pode confiar, sei TUDO de Rodório, sou quase o Google Maps.
Sem ter alternativa, a escorpiana e a virginiana fizeram um muxoxo e seguiram com a canceriana.
— Que os deuses nos protejam! – disse Luisa levantando os braços para os céus.
— E que Athena nos guie! – complementou Koga.
Calisto, que ia na frente, às vezes tropicava no nada, se dirigiu para uma viela e no fim desta, iniciava-se um caminho por entre a floresta.
Se embrenharam por ela e, ao invés de chegarem no porto, onde os noivos iriam embarcar em direção a sua lua de mel, foram parar num barranco onde de lá podiam ver a multidão.
— Caliii, olha onde tu nos trouxe! Não vamos conseguir nos despedir! – Luisa estava indignada – Eu sabia que isso não ia acabar bem, QUE EU NÃO DEVIA CONFIAR EM BÊBADA!
— Eu jurava que era por aqui… Bêbada não! Levemente alterada por substâncias quase nocivas. – a canceriana respondeu com a maior cara deslavada do mundo.
— E agora, o que faremos? – Koga também estava indignada, apoiou numa pedra que tinha ao seu lado, estava triste em não poder ver de pertinho.
Quando Luisa ia falar, viu que a embarcação dos noivos já havia deixado o pequeno porto.
— Que droga! O jeito vai ser ir embora e voltar pra casa. – bateu o pé no chão emburrada.
— Olha lá! – Calisto apontou para o sol laranja se pondo em meio ao Mar Egeu – Que lindo! Vamos ver? – empolgada, nem esperou resposta e já foi sentar no barranco.
Koga e Luisa se entreolharam, deram de ombros e se juntaram a amiga.
— Quanta coisa aconteceu nesses seis meses que estamos aqui, não é mesmo? Choramos, rimos, amamos, fomos amadas, aprontamos e aprontaram pra nós. Às vezes penso que isso tudo é um sonho e que uma hora vou acordar. – Luisa olhava o astro rei, admirada. No fim das contas, não tinha sido tão ruim ir parar ali naquele lugar.
— É verdade! – Koga concordou – Quando paro e penso, acho tudo tão surreal. Principalmente por causa do Kanon, só de pensar em tudo o que vivemos juntos, não consigo acreditar, até no Cabo Sunion ficamos presas. – elas se entreolharam e riram – A Calisto até inventou uma nova santa, "Nossa Senhora de Athena Aparecida" – Koga riu alto.
— Oras, pelo menos deu certo e ela apareceu! – a canceriana não sabia se ria ou se chorava – Acho que foi o pior momento da gente aqui. Sem contar quando fui naquele pardieiro que era o alojamento dos prateados. Argh!!! – as três fizeram uma careta balançando as cabeças.
— Lembram da nossa reação quando Athena se apresentou para nós? – Luisa mal continha o riso ao lembrar que as três desmaiaram ao mesmo tempo, sendo seguida pelas amigas na risada.
— E pensar que eu achei que estávamos mortas, hahahaha – Koga completou.
— E eu achando que estávamos num manicômio do Vaticano. – Calisto gargalhou alto com a lembrança, pois essa de todas era a mais engraçada. – Mas acho que eu correndo que nem uma barata tonta em volta da biblioteca fez eu me superar. Ahhhhh e os cabelos do Shion gente? O que é o cabelo daquele homem?! – as três riram de novo.
— Só você, Cali – Koga negativou com a cabeça.
— Bah, e eu me afogando no raso. – a escorpiana bateu a mão na testa. – eu sempre passando vergonha. Mas, de nós três tu foi a que se deu melhor, hein, Koga – deu um tapinha no ombro da amiga. – caiu bem encaixada no colo do Kanon... safadinha. – Luisa fez uma cara safada.
— Hahaha, nem me fala, e eu chamando ele de anjo. Só eu mesmo pra chamar o Kanon assim.
As três gargalhavam mais e mais com as lembranças.
Enquanto isso…
Kanon, Milo e Máscara da Morte estavam no meio da multidão se despedindo dos noivos, estavam imensamente felizes por eles, até que o escorpiano olhou para os lados e depois para os amigos.
— Vocês viram as meninas? Não as vejo. – os olhos azul-esverdeados corriam tentando encontrar algum rastro na multidão
O geminiano e o canceriano então começaram a olhar em volta, se dando conta que elas não estavam ali.
— Não. Estranho elas não estarem aqui, elas são apaixonadas por eles! – Kanon complementou.
Os três forçando uma vozinha irritante falaram em uníssono:
— "É O CASAL MAIS SHIPPADO DE CDZ!" – eles riram, mas logo se recompuseram com a olhada matadora de Shion
— Modos, cavaleiros! – disse em voz baixa e cortante.
Enquanto os dois conversavam, Máscara da Morte fechou os olhos tentando procurar o pequeno cosmo delas, quando conseguiu encontrar, um arrepio percorreu sua espinha e uma sensação ruim invadiu seu coração.
— Elas estão lá! – falou por fim, apontando o barranco em que elas estavam.
— O que será que elas estão fazendo naquele barranco? – Milo perguntou
— O dia que você entender aquelas três, por favor escreva um manual e entregue para nós, peçonha. – Kanon falou em tom de sarcasmo e os três riram alto, mas logo engoliram com outro olhar de repreensão do Grande Mestre.
— Bom… vamos atrás delas! – Milo os chamou por fim, sendo seguido pelos outros dois em direção às brasileiras.
Quando terminaram de conversar, Calisto, Koga e Luisa se levantaram começando a caminhar pelo local. A escorpiana ia mais a frente, ela ria e girava o corpo enquanto algumas pétalas de flores voavam por causa do vento. Até que sentiu uma forte energia a puxar e fazer seu corpo levitar, ela se desesperou porque não conseguia sair.
— Gurias, SOCORRO!!!! – gritou para as amigas que ao ver a cena correram até ela, porém o mesmo aconteceu com elas.
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO??? – Calisto estava desesperada, segurando a saia do vestido para baixo para não aparecer a calcinha.
— Eu não sei!!!! – Koga estava tão assustada quanto as outras, foi então que ela viu as luzes roxas e se deu conta do que estava acontecendo. – NÃO! ISSO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO AGORA!
Enquanto as meninas eram envoltas no portal do Outra Dimensão, Kanon, Máscara da Morte e Milo chegaram até o local e viram as últimas fagulhas de luz e o portal se fechar.
— NÃOOOOO!!!! – o geminiano gritou caindo de joelhos no chão.
— Aconteceu o que estou pensando? – o escorpiano perguntou indo até onde o portal estava segundos atrás tateando o chão.
— Infelizmente sim. Elas se foram, meus amigos. – o canceriano complementou já deixando as lágrimas correr por seu rosto másculo, trincando a mandíbula, ele suspirou e então completou para a tristeza dos outros. – Elas voltaram para casa.
— Bombom? Não! Isso não pode... não tem como! – então os olhos verdes de Kanon se arregalaram e seu semblante de desespero foi para um de ódio e puro rancor. – Saga, seu maldito!!! – Kanon estava furioso, socou a árvore que estava ao seu lado fazendo-a cair de maduro no chão da campina, então bateu as mãos para limpar a fuligem, endireitou as costas foi em direção do Templo Zodiacal. Tinha contas para acertar com o irmão, ou não se chamava Kanon General de Dragão Marinho.
Milo e Máscara da Morte sentiram a fúria do gêmeo e estavam igualmente injuriados. Eles acenderam seus cosmos pois também tinham ganas de matar Saga.
Na outra dimensão...
Luisa, Koga e Calisto caíram sentadas em meio ao Parthenon. As três se olharam, levantaram devagar, os pares de olhos passavam por toda e já conhecida paisagem grega, era igual a de antes, mas algo no ar fazia ter certeza que haviam despertado de seus sonhos.
Koga sentiu o nó na garganta apertar. Então tudo havia acabado, não havia mais esperança...
Luísa se aproximou da pedreira colocando a mão na superfície dura para se apoiar, as lágrimas já desciam até a ponta do seu nariz caindo no chão de cascalho. "Milo.." pensou.
Calisto esfregou as mãos no rosto, sentou no chão e começou a soluçar.
— Agora que eu tinha decidido voltar pra você, Máscara da Morte. – agarrou as pernas, encaixando a cabeça entre elas para esconder o rosto.
— Voltamos! – Koga disse de forma firme, tirando a atenção das duas. – Voltamos para casa.
As três olharam o mesmo horizonte onde o Sol, há poucos minutos, se recolheu para dar lugar a imensa Lua cheia no céu.
Fim!!!
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— FIM??? – Calixto escreveu em letras garrafais.
— Não, gente! A gente não pode terminar assim! – LuisaPoison mandou uma mensagem no grupo.
— Meninas, a gente tem que acabar essa fic, acho que ficou bom! – KogaRin escreveu, assertiva.
— O povo vai matar a gente! kkkkkkkk – Calixto.
— KKKKK – Luisa Poison.
— kkkkkkkk – Kogarin.
E as três autoras decidiram dar mais um pouquinho para as leitoras.
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Um mês já havia passado desde que voltaram para suas dimensões. Agora moravam juntas em um apartamento na cidade de São Paulo, seus corações ainda pesavam por não poder mais ver seus amados. Calisto e Koga conversavam na cozinha quando viram Luisa passar correndo para seu quarto.
— O que será que deu nela? – Calisto perguntou indo atrás da amiga e Koga fez o mesmo.
Ao chegarem no cômodo, viram que Luisa estava no banheiro. Foram até a porta e bateram e, como não obtiveram resposta, entraram, pois a mesma estava destrancada.
A escorpiana estava apoiada sobre a pia com um pequeno objeto nas mãos.
— Lu, o que aconteceu? – Calisto se aproximou da amiga, preocupada.
— Eu...eu estou grávida! – respondeu num sussurro.
Fim!!!
