Capítulo 7 - Trio

A casa de campo da família Delacour, situada nos arredores de Londres, exalava uma tranquilidade enganadora. As árvores ao redor e os jardins bem cuidados contrastavam com a tensão que pairava no ar dentro da casa. Lucius e Fleur estavam impacientes, esperando pela chegada de Rita Skeeter. A coruja de Fleur, disfarçada de uma mensagem de sua mãe, havia convencido Skeeter a fazer a visita.

Lucius caminhava de um lado para o outro na sala, seus passos ecoando pelo chão de madeira polida. Fleur estava sentada perto da janela, observando a entrada da propriedade com olhos atentos. Ela sabia que, para esta conversa, precisaria de uma mistura de naturalidade e improviso.

Lucius olhou para o anel de joia preta em sua mão direita, tocando as rachaduras que apareceram desde o duelo com Fleur.

— Não sei quanto tempo meu anel vai aguentar assim — murmurou ele com um toque de preocupação. — Ainda sinto a energia mágica nele, mas temo que não resistirá aos nossos próximos treinos.

Fleur sorriu, um gesto sereno e confiante, estendendo a mão para ele.

— Venha, sente-se aqui ao meu lado.

Lucius hesitou por um momento, tentando perceber se existia algum truque em sua oferta. Lucius estava muito alerta em relação a Fleur e desde o incidente no Beco Diagonal ele decidiu não subestimá-la em hipótese alguma. Ele sentou-se ao lado dela, sentindo um leve arrepio quando ela pegou sua mão com delicadeza e a aproximou de seu rosto.

— Deixe-me ver esse anel — disse ela, seus olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e determinação. — Se essas inscrições forem mesmo Veela, talvez eu possa consertar. Tire o anel.

Lucius, intrigado, removeu o anel e entregou-o a ela. Fleur colocou o anel sobre a mesinha de centro e olhou para Lucius, seus olhos refletindo uma seriedade profunda.

— As Veelas não possuem o mesmo tipo de preconceito com as magias de sangue que a maior parte dos outros bruxos — começou ela, sua voz baixa e firme. — Para nós, o sangue não é algo das trevas, mas algo vivo, forte, conectado à natureza. Usamos a magia de sangue para curar e fortalecer, não para destruir.

Ela pegou sua varinha e sussurrou:

— Sictu — criando um pequeno corte em seu dedo.

Com movimentos precisos, ela esfregou o anel, desenhando alguns símbolos com o sangue.

Lucius observava, fascinado, enquanto ela trabalhava. Então, com uma confiança inabalável, Fleur apontou a varinha para o anel e disse:

— Reparus.

Com alguns estalos, o anel voltou à sua forma original, sem nenhum rastro de sangue. Fleur sorriu, satisfeita com o resultado, e devolveu o anel a Lucius.

— Está como novo — disse ela suavemente, seus olhos encontrando os dele.

Lucius observou o anel, impressionado e com um toque de admiração.

— Suas habilidades são notáveis, Fleur, você me surpreende cada vez mais.

Ela sorriu, um som suave que causou um leve arrepio em Lucius. Ele ponderou, por um momento, se realmente fora uma boa ideia permitir que ela inserisse seu próprio sangue no anel de autocontrole que ele usava. Fleur, com um brilho enigmático nos olhos, disse:

—E isso que ainda nem começamos nosso treinamento.

Hipnotizado pelos olhos dela, Lucius murmurou:

— Estava pensando nisso agora mesmo.

Fleur inclinou-se ligeiramente para ele, seu sorriso se alargando.

— E no que mais o senhor estava pensando, senhor Malfoy?

Antes que ele pudesse responder, a governanta entrou na sala, seguida por Rita Skeeter, que observou a cena com diversão estampada no rosto.

— Jovem Delacour — disse Skeeter, com um sorriso malicioso. — Espero que não esteja interrompendo nada. A propósito, senhor Malfoy, fiquei sabendo do seu divórcio. O senhor realmente parece devastado, um casamento de tanto tempo — disse ela, com uma ironia cortante, seus olhos passando rapidamente entre Lucius e Fleur, deliciando-se com a situação.

Lucius ergueu o olhar para Skeeter, sua expressão cuidadosamente controlada.

— A vida é cheia de mudanças inesperadas, Skeeter. Algumas são mais difíceis de aceitar do que outras, mas seguimos em frente.

Skeeter fingiu acreditar, mas seu tom estava carregado de malícia, quando ela respondeu.

— Por mais que eu gostasse de ficar aqui conversando com os dois sobre seus assuntos tão importantes, eu tenho uma reunião com Apolline Delacour sobre o Profeta Diário.

Fleur recuperou a compostura rapidamente e respondeu com firmeza:

— Sobre isso, Skeeter, na verdade minha mãe não vem. Fui eu quem lhe chamou aqui.

Skeeter arqueou uma sobrancelha, claramente intrigada.

— Ah, então há algo ainda mais interessante em jogo, não é? Muito bem, estou ouvindo.

Lucius e Fleur se afastaram ligeiramente, a tensão no ar se dissipando com a chegada inesperada. Fleur respirou fundo, pronta para começar a explicar a verdadeira razão da reunião.

— Há alguns dias, houve um incidente no Beco Diagonal — começou Fleur, mantendo os olhos fixos em Skeeter. — O Beco Diagonal caiu no sono e, ao mesmo tempo, apareceu uma mala com evidências que deixaram todos muito preocupados, principalmente por causa do comício da Ministra da Magia que acontecia lá.

Skeeter assentiu.

— Eu sei disso, senhorita Delacour. Fui eu quem escreveu a matéria.

— Skeeter — continuou Fleur — A verdade é que foram duas coisas separadas. Quem colocou o Beco para dormir não foi a mesma pessoa que carregava a mala. E nem de longe Lucius está envolvido nisso. Eu sei disso porque quem fez as pessoas dormirem fui eu.

Skeeter a olhou com avidez. Aquilo com certeza era um grande furo, mas Fleur era filha de sua chefe, a única pessoa que lhe deu uma oportunidade de voltar a escrever depois que seu nome foi para a lama. O dilema era evidente: seguir sua natureza curiosa e aproveitar a oportunidade ou preservar a lealdade à pessoa que a reabilitou. Ela suspirou, dividida, e disse:

— Continue, Fleur. Como e por que você fez isso?

Fleur olhou para Lucius e estendeu a mão, buscando a dele.

Fleur respirou fundo, tentando recuperar a compostura.

— Lucius e eu estamos apaixonados. Nós já nos correspondíamos quando ele estava em Azkaban. Aquele dia foi nosso primeiro beijo real, a emoção foi tanta que não pude controlar meus poderes de Veela e a situação saiu do controle.

Lucius, pego de surpresa, sustentou o olhar de Fleur e prontamente entrou no seu jogo, apertando sua mão. Porém, em vez de um simples aperto, Lucius entrelaçou seus dedos nos dela. Fleur sentiu um leve arrepio com esse toque inesperado, fazendo um rubor suave colorir suas bochechas.

Skeeter olhou, sem acreditar muito.

— Considerando que acredito no que você disse e que Lucius Malfoy realmente tem o beijo mais magnético do mundo bruxo. Por que você não conta aos aurores e acaba com essa perseguição contra ele?

— Porque, se essa história vier à tona, não teremos um momento de paz para investigar por que a joia da família Malfoy estava na mala suspeita. Mesmo com meu depoimento, Lucius ainda estaria no centro da investigação. Além disso, minha mãe ficaria furiosa por eu ter manchado o nome das Veelas com essa falta de controle. Eu preciso fazer algo significativo, como desvendar esse mistério para redimir meus atos. Assim que provarem a inocência de Lucius, poderemos revelar nosso relacionamento. E você, Skeeter, terá a oportunidade de contar ao mundo como tudo isso se resolveu.

Skeeter olhou de Fleur para Lucius, seus olhos brilhando com uma curiosidade afiada.

— Como vocês sabem sobre a joia? Vocês percebem que o fato de saberem que a joia está sob tutela dos aurores coloca o senhor Malfoy numa situação ainda mais complicada?

Fleur manteve o olhar firme e respondeu:

— Acidentalmente, ouvi minha mãe mencionar que você, Rita, tem uma fonte que afirmo ter uma joia de Lucius na mala que continha o mapa.

Skeeter olhou para as mãos entrelaçadas de Fleur e Lucius, seu sorriso irônico alargando-se.

— Mas o que exatamente o casal de pombinhos quer de mim? Vocês já têm a minha informação sobre a joia. E quanto ao meu silêncio sobre o romance de vocês, isso não pode ser, pois até agora eu não sabia de nada. Me diga logo: qual é o verdadeiro pulo do gato?

Fleur continuou, com determinação.

— Queremos saber mais sobre a joia para entender quem pode estar tramando contra Lucius. Mais do que isso, desejamos fazer uma parceria com você, Rita Skeeter. Nós lhe contaremos todos os nossos avanços, e você compartilhará tudo o que tiver conosco. Sabemos que seu conhecimento sobre a joia de Lucius na cena do crime não é uma coincidência. Você tem fontes, contatos, anos de experiência em conseguir informações, e nós precisamos disso. Quando tudo estiver finalizado, você pode publicar tudo em primeira mão.

Skeeter deu de ombros, satisfeita e claramente vaidosa.

— Está bem. Eu aceito a proposta, mas, mais do que troca de informações, eu preciso de recursos para investigar. Máquinas de escuta, poções de invisibilidade, pagar testemunhas... essas coisas custam caro. Afinal, minha experiência e contatos não são baratos. Se vocês querem minha ajuda, terão que garantir que eu tenha todas as ferramentas necessárias.

Lucius assentiu, mantendo a compostura.

— Como quiser, Skeeter.

Ela continuou, um sorriso astuto se formando em seus lábios.

— Eu também pensei que talvez o senhor Malfoy pudesse me ceder uma moradia temporária. É claro, depois que eu desvendar o mistério do Senhor Boa Noite, certamente poderei pagar mais que o aluguel do estúdio onde moro atualmente.

Lucius hesitou por um momento, mas então concordou.

— Isso pode ser arranjado.

Rita Skeeter os olhou por um momento e sorriu.

— Ok, aceito trabalhar com vocês. Já faz muito tempo que trabalho sozinha. Vamos ver como nos saímos como um trio.

Rita Skeeter cruzou as pernas e suspirou dramaticamente antes de começar a falar, como se estivesse prestes a narrar uma grande história.

— Uma bruxa me disse que uma joia muito pequena, foi catalogada na sala de provas como pertencente à família Malfoy. Aprofundei minhas pesquisas e descobri que, na mesma semana, um pequeno diamante foi testado no departamento de artefatos mágicos. Ninguém conseguiu descobrir as propriedades mágicas de seu diamante — continuou Rita Skeeter, com um tom de mistério. — Ele foi inserido em aneis mágicos, pulseiras, colares e diademas, e até agora nada. Somente se sabe que ele de fato emite energia mágica.

Fleur, curiosa, virou-se para Lucius.

— Você sabe algo sobre essa joia, Lucius?

— Bem, eu consigo — Rita disse, orgulhosa de si mesma. — Eu consegui a lista de joias mágicas da família Malfoy, e existem 10 joias com essa descrição no catálogo, todas elas no cofre da família.

Ela abriu a bolsa e tirou um pedaço de papel. Lucius a observava, surpreso e visivelmente irritado.—

— Com quem você conseguiu isso?

Rita, sem levantar os olhos do papel, respondeu com um tom de satisfação.

— Eu concordei em compartilhar minhas informações, não em divulgar minhas fontes.

Fleur interveio firmemente.

— Rita, é essencial que nada disso seja publicado até que tenhamos esclarecido tudo e isso se torne de conhecimento público. Precisamos manter a discrição.

Rita assentiu, um sorriso malicioso aparecendo em seus lábios.

— Discrição é meu nome do meio, Delacour.

Lucius levantou uma sobrancelha, sua voz fria e controlada.

— Isso é altamente perturbador, Skeeter. Mas se essa joia foi vendida, o inventário deve conter os detalhes do comprador.

Rita Skeeter aproveitou a oportunidade.

— O senhor não escutou o que eu disse, senhor Malfoy? — perguntou ela a Lucius, com um tom irônico. — Essa joia e as suas nove irmãs deveriam estar todas no seu cofre, nenhuma foi vendida. Este inventário é recente.

Ela se recostou no sofá, olhando os dois com um sorriso nos lábios, satisfeita em mostrar o quanto estava informada. Rita continuou:

— Então, aqui está a sua primeira tarefa para minha dupla investigativa: vá até sua casa e verifique se há mais joias faltando na sua coleção. Você pode levar o inventário.

Lucius olhou para o papel com um ar de tédio e um toque de arrogância na voz.

— Eu não poderia simplesmente pagar alguém para realizar essa tarefa?

Rita Skeeter respondeu firmemente.

— Esta é uma missão altamente confidencial, e é extremamente recomendável que você não envolva mais pessoas nisso.

Fleur sorriu para ele, simpaticamente.

— Eu posso ajudar, Lucius.

Lucius assentiu, claramente mais calmo.

— Eu agradeço, Fleur. Sua ajuda será muito bem-vinda.

Enquanto isso, Skeeter puxou um mapa de sua bolsa, exibindo uma expressão vitoriosa.

— Esta é uma cópia exata do mapa que estava na mala encontrada no dia do incidente. Acabei de consegui-lo, e não foi barato.

Lucius, que havia observado atentamente quando Moody balançou o mapa em seu rosto para acusá-lo de ser o responsável pelo Beco Diagonal adormecer, franziu a testa ao examiná-lo e falou.

— Não é o mesmo mapa.

Rita olhou de Lucius para o mapa, incrédula.

— Como assim? O que quer dizer?

Lucius continuou, sua voz carregada de certeza e frustração.

— O mapa encontrado tinha vários tracejados de rotinas e números.

Rita, exasperada, exclamou.

— Não acredito que aquele filho de um vampiro piolhento me vendeu uma pista falsa! — Suas palavras estavam carregadas de irritação. — Desculpem o linguajar, mas paguei caro por isso. — Ela balançou a cabeça, visivelmente aborrecida por ter sido enganada, seu olhar ainda fixo no mapa, como se tentasse encontrar alguma validade em sua aquisição.

Lucius suspirou, desapontado.

— É uma pena que não seja o mapa certo. Na hora que vi o mapa, não pensei nisso, mas se tivéssemos os números do mapa original, eu poderia identificar exatamente qual setor de Azkaban está sendo visado e as pessoas que trabalham ali.

Rita exclamou:

— Isso é grande, Malfoy! Quer dizer que se tivermos o mapa com esses números, você pode nos dar informações concretas?

— Acredito que sim. — Lucius respondeu.

Fleur interveio com firmeza.

— Rita, sabemos que você pode se transformar em um animago pequeno. Você poderia voar até a sala de evidências e fazer uma cópia do mapa.

Obviamente contrariada, Skeeter respondeu:

— Entrar disfarçada para roubar informações do centro de operações dos aurores me garantiria uma passagem só de ida para Azkaban. Além disso, não se pode simplesmente copiar um mapa dentro da central dos aurores. Eles têm detecção de magia; assim que alguém lança um feitiço, mil alarmes irão tocar.

Fleur disse então com determinação:

— Então não tem jeito. Eu vou precisar roubar essa informação.

Rita Skeeter olhou para Fleur com uma mistura de admiração e divertimento.

— Delacour, você não está calculando os riscos. Você vai entrar na central dos aurores sozinha e roubar um item da sala de evidências?

Lucius interveio.

— Fleur, eu sou obrigado a concordar com Skeeter. Não é possível roubar nada do quartel-general dos aurores. Todas as evidências são encantadas com alarmes que comunicam o Ministério inteiro em milésimos de segundos.

Fleur sorriu e disse:

— Eu não vou roubar nada. Só vou dar uma olhada naquele mapa.

— Como assim? — perguntou Lucius, curioso.

Fleur, orgulhosa de si mesma, explicou:

— Eu possuo memória fotográfica. Já ganhei dois torneios de memorização na França. Só preciso dar uma olhada nas marcações do mapa original e depois transcrever tudo para este aqui.

Ela apontou para o mapa que Rita havia deixado em cima da mesa de centro.

— Você pode mesmo fazer isso? — perguntou Lucius, cético.

Fleur o olhou desafiadora.

— Você vai mesmo querer duvidar de mim novamente?

Lucius a encarou por alguns instantes antes de dizer:

— Então está decidido. Eu vou com você. Será necessário criar uma distração para que você possa dar uma boa olhada no mapa.

Fleur olhou para Lucius, sorrindo.

— Você vai entrar na central dos aurores comigo para fins escusos, mesmo estando em condicional? Tem certeza que você não era Grifinória na escola, Malfoy? — disse, rindo.

Lucius manteve o olhar desafiador.

— A casa Grifinória age como se tivesse patenteado a coragem. Particularmente, acho que nenhuma outra casa demonstra menos coragem que essa mencionada; talvez apenas façam menos alarde sobre seus feitos.

Rita os olhou incrédula.

— Eu acho que os dois são muito mais insanos do que eu havia calculado. Se forem pegos roubando dos aurores, por favor, não mencionem meu nome.

— Ninguém vai mencionar o seu nome, Skeeter. — falou Fleur — Mas, se me pegarem, no máximo vou levar uma bronca. Uma evidência como um mapa não deve estar na sala de evidências, possivelmente deve estar exibido em um quadro na sala do quartel general. E ninguém pode me prender por observar um mapa na sala dos aurores.

Lucius, com um sorriso, comentou:

— Parece que você já tinha tudo planejado.

Ela balançou a cabeça, um brilho de astúcia nos olhos.

— Não, na verdade pensei nisso agora mesmo. Não é um plano completo, mas já é um começo.

Lucius riu levemente, claramente impressionado.

— Devo dizer que estou admirado com a simplicidade com que você resolveu esse problema. Realmente, ninguém pode lhe punir por olhar um mapa. Acredito que, mesmo no pior dos cenários, ficaremos bem.

Rita Skeeter, observando a interação entre os dois, disse:

— Se os dois não se importam, eu preciso ir atrás da fonte que me vendeu esse mapa falso. Talvez consiga trocar por outro favor. Me mandem notícias.

Fleur interveio rapidamente:

— Rita, não leve o mapa, vamos precisar dele para transcrever as informações.

Pegando o mapa e batendo levemente na palma da mão esquerda, Rita respondeu com um sorriso malicioso:

— Não se preocupem, eu trago ele de volta. Só vou deixar o piolhento saber que ele me deve um favor. Adeus, Delacour, adeus, Malfoy. Não me acompanhem, sei o caminho.

Lucius e Fleur trocaram olhares de entendimento enquanto Rita saía da sala, sua presença desaparecendo tão rapidamente quanto havia chegado. Quando a porta se fechou, ainda sentados lado a lado no sofá, Lucius olhou para Fleur, seu olhar intenso.

— Por que você disse a Skeeter que nos beijamos na loja?

Ela sorriu enigmaticamente.

— Você conhece o termo "viés"?"

Ele negou com a cabeça.

— É um fenômeno psicológico onde as pessoas tendem a acreditar mais facilmente em algo que acham que já conhecem ou que se encaixa em suas expectativas pré-concebidas. No mundo bruxo, existe uma ideia popular de que Veelas, como eu, são propensas a cometer tolices impulsivas quando envolvidas em romances. Então, ao dizer que nos beijamos na loja, estava tocando justamente nesse imaginário. Isso faz com que a história pareça mais plausível e fácil de aceitar para alguém como Skeeter.

Ela fez uma pausa, permitindo que Lucius absorvesse suas palavras, e então continuou.

— Agora, imagine se eu tivesse dito a ela que estava em um duelo com um dos bruxos mais temidos dos últimos tempos. Isso levantaria uma série de perguntas complicadas: Por que estávamos duelando? O que exatamente aconteceu? E, mais importante, por que eu, uma Veela, estaria enfrentando um dos bruxos mais temidos dos últimos tempos? Essas questões poderiam colocar nossas intenções em dúvida e, provavelmente, fariam com que Skeeter se tornasse ainda mais cética. Convencê-la a nos ajudar demandaria um tempo excessivo. Além disso, pelo olhar curioso e a expressão de fofoqueira que ela exibiu ao nos ver juntos, ficou evidente que era exatamente isso que ela desejava.

Lucius com um sorriso vaidoso surgindo em seus lábios, perguntou:

— Você realmente acredita que sou um dos bruxos mais temidos dos últimos tempos?

Ela riu suavemente, seus olhos brilhando de provocação.

— Você acha que não é?

— Você vai continuar respondendo minhas perguntas com mais perguntas? — perguntou ele levantando a sobrancelha.

Ela não desviou o olhar, a tensão entre eles era quase palpável.

— Você vai continuar me dando a oportunidade para isso?

Uma risada tímida escapou de ambos quando, de repente, a porta se abriu novamente. Rita Skeeter entrou, surpreendendo-os.

— Nossa conversa foi tão envolvente que acabei esquecendo minha bolsa. Já estou de saída, finjam que nem estou aqui — disse Skeeter, com um sorriso malicioso. — Mas, se aceitarem um conselho, sugiro que controlem os olhares prolongados e os elogios a cada cinco minutos na presença dos outros. Não conseguirão esconder seu romance desse jeito. Eu, particularmente, percebi assim que atravessei aquela porta, caso não saibam — ela acrescentou, com um sorriso astuto.

Fleur, mantendo a compostura, respondeu:

— Obrigada pelo conselho, Rita. Vamos ser mais cuidadosos.

Lucius, com um tom de tédio, comentou:

— Rita Skeeter, sempre atenta às grandes fofocas.

Rita pegou sua bolsa e, com um gesto dramático, disse:

— Agora sim, Adeus, Delacour. Adeus, Malfoy. — E saiu da sala, deixando um rastro de tensão no ar.

Fleur suspirou, voltando-se para Lucius.

— Acho que é nossa deixa, Lucius. Melhor sairmos logo antes que minha mãe volte. Além disso, temos uma pilha de joias para verificar.

Ele deu um suspiro resignado, aceitando a mão dela.

— Tem certeza? Eu preferia ir atrás do mapa de uma vez.

Fleur pegou a lista de cima da mesa de centro, sorrindo.

— Lucius, você sabe que não podemos entrar na central dos aurores sem lapidar melhor nosso plano. E precisamos resolver essa questão das suas joias antes de você receber uma intimação. Vamos Lucius, vamos que a noite vai ser longa.

Quando os dois cruzaram a soleira, Fleur deu um leve tapinha no braço de Lucius.

— Anime-se, Lucius. Nós podemos pedir macarrão italiano na caixa — disse ela, divertida.

Lucius a olhou, curioso.

— O que é isso?

Ela sorriu, seus olhos brilhando com um toque de diversão.

— É uma maravilha bruxa que inventaram enquanto você estava fora.

Lucius assentiu com um leve sorriso.

— Muito bem, Delacour. Surpreenda-me. Parece ser algo que você faz com frequência desde que nos conhecemos.

A risada de Fleur ecoou pelo grande salão Delacour, reverberando nas paredes elegantes, enquanto eles fechavam a porta atrás de si. O som alegre e contagiante parecia ainda flutuar no ar, mesmo quando a casa ficou silenciosa novamente. Era o início do entardecer quando os dois finalmente saíram da casa. A tensão que antes permeava o ar havia se transformado em uma determinação silenciosa. Cada passo que davam juntos era um passo mais perto de desmascarar os verdadeiros culpados e limpar seus nomes.