Após o encerramento das atividades do parque de diversão devido a "falta de luz", todos estavam reunidos e naquele momento subiam as escadarias das doze Casas.
Athena usava seu báculo para auxiliá-la na subida, sendo acompanhada pelos bronzeados e logo atrás, o casal que naquele momento mal podiam se olhar.
Koga estava com sangue nos olhos, sentia sua boca seca enquanto ouvia burburinhos dos demais atrás de si. Ao seu lado, Kanon nem dava sinais que iria puxar assunto, de vez em quando, olhava para ela, mas depois virava o rosto, bufava e seguia sério, de olhos fechados. Mais uma vez, por impulso, ferrou tudo com sua morena. Já a virginiana tinha ganas de jogá-lo ali de cima se pudesse, estava tão envergonhada, será que ele se machucaria se caísse dali? Tomara, porque seria muito bem feito!
— Milo, já sabem da Calisto? – Luísa perguntou aos sussurros, olhando preocupada para o escorpiano que assentiu, confirmando a pergunta.
— O Máscara já nos mandou uma mensagem por cosmo, que está com ela vindo para cá.
— Ah, que bom, que alívio. – Milo passou os braços pelos ombros da castanha fazendo um carinho de leve em seu braço, até mesmo para aquecê-la, pois o sol ainda não tinha aparecido no horizonte e o orvalho da madrugada se fazia denso.
— Vai ficar tudo bem, bonequinha, pode confiar. – Milo tentou passar confiança, mas Luísa franziu os lábios, negando de leve com a cabeça.
— Sei não, Milo, você viu a cara da Saori? Nunca tinha visto Athena tão nervosa.
— É, ele vai ter que se explicar muito! – os olhos azuis repousaram no casal que estava à frente, a tensão no ar era palpável e provavelmente, depois do esporro que Saori daria, possivelmente, ficaria pior.
x.x.x.x.x.
O sol já despontava no horizonte, Máscara e Calisto já estavam a poucos metros dos portões do Santuário
O canceriano, ainda querendo fazer uma ligação com Calisto, procurava algum assunto, porém, sabia que mesmo se o fizesse ela iria calá-lo.
Ela então rompeu o passo ao ouvir algo se mexendo na moita, achou estranho e ficou observando no sentido do barulho, já o cavaleiro sabia que não era nada demais e continuou a andar com passos lentos e mãos no bolso, não sentia nenhum cosmo inimigo, porém ao ver o pescador sair da trilha que levava a prainha com uma corda com dezenas de caranguejos vivos e pendurados, os olhos castanhos se arregalaram e as pernas fraquejaram, o dourado sentiu o medo da jovem e saiu correndo antes que ela caísse de qualquer jeito no chão.
— CALISTO! – ele a segurou de lado e se ajoelhou no chão a colocando em seu colo.
Ela por instinto enlaçou os braços em seu pescoço e escondeu o rosto na curva fechando os olhos marejados.
— Mask… caranguejos... – mal podia ouvir a sua voz embargada, ele passava as mãos grandes em seus cabelos e beijava-lhe a testa tentando acalmá-la.
— Shhh, tenha calma, respira, shhh... – ele sentiu ela apertar mais o enlace e ficou com pena, pois sentia o corpo miúdo tremer, o pânico pelos bichinhos indefesos era real e incontrolável. Ele então a carregou em seu colo. – Vou levar você para Aquário, não se preocupe.
Ela fez um sim frenético com a cabeça, estava sem forças de discutir ou fazer manha, só queria sair dali.
x.x.x.x.x
Athena pediu para que o demais cavaleiros fossem para suas casas descansar, sobrando somente Kanon à sua frente, pois lhe pediu para ficar mais um pouco.
— Athena te pedindo para ficar está se tornando algo frequente, não é mesmo, Kanon? – a voz de Shion cortou o silêncio do Décimo Terceiro Templo.
O Patriarca apareceu pela lateral do salão trajando seu manto de Grande Mestre, ostentando sua figura de maior poder no Santuário. Não havia sido coincidência, Saori pediu para que ele comparecesse àquela conversa pois, sendo o ariano uma figura paterna para o Marina, sua presença seria necessária, até mesmo para ter um julgo mais justo, pois ela mesma estava furiosa com o geminiano que havia acabado de se ajoelhar perante a presença dos dois.
— Kanon, me explique objetivamente o que aconteceu esta noite no parque de diversões? Não foi somente uma "falta de energia" pela queima de um disjuntor. – Shion se sentou no trono enquanto perguntava. Sabia que a resposta seria vaga e sem motivos reais para a oscilação que sentiu no cosmo do loiro algumas horas atrás.
Kanon negativou algumas vezes com a cabeça, mordeu os lábios, sua postura estava tensa, sabia que seu ciúme desenfreado havia acabado com a noite de todos, inclusive de sua deusa.
— Nós estávamos no parque e… – ele suspirou profundamente, como ia explicar o ataque descabido de ciúme para o velho mestre? – e eu vi um rapaz dando em cima da Koga e… acabei perdendo a cabeça.
Athena estreitou o olhos, segurou seu báculo com mais força.
— O que quer dizer com perdendo a cabeça Kanon?
O geminiano abria e fechava a boca várias vezes, porém qualquer coisa que dissesse não iria tirar sua culpa.
— Vamos, Kanon! Athena lhe fez uma pergunta. – Shion o apressou.
O loiro passou a mão na cabeça puxando os cabelos para trás de forma nervosa, passou a língua nos lábios que cada vez ficavam mais secos devido ao nervosismo.
— Eu acabei atacando um civil… – sua frase saiu baixa, quase um sussurro, contudo a deusa ouviu muito bem, e aquele semblante que antes parecia furioso, foi se tornando triste e decepcionado.
Kanon observava a mudança na fisionomia de sua deusa e, se antes ele estava nervoso, agora sentia seu coração partir, parecia que Athena fazia questão que ele sentisse sua aura.
— O que mais, Kanon? – dessa vez foi Shion quem perguntou.
De cabeça baixa e muito envergonhado Kanon continuou:
— Eu magoei a Koga mais uma vez... – ele mordeu os lábios e depois olhou para o Grande Mestre – Eu perdi a cabeça e falei coisas que eu nem sinto de verdade e quanto ao civil, eu acho que destruí seu carrinho de algodão doce. – os olhos azuis se arregalaram, Shion segurou a ponte no nariz fechando os olhos rogando paciência aos deuses.
— Bom, nem preciso dizer que usaremos seu soldo para reparar o estrago que fez… – Kanon assentiu para Shion, ele nem precisava falar isso, pois já tinha pensado em voltar lá e arrumar aquele estrago.
— Quanto à Koga – agora Athena tomou a frente. – Peça desculpas! – Kanon franziu os lábios, era um homem orgulhoso, por mais que amasse sua Bombom de paixão, ele ainda estava convicto que ela pisou na bola com ele e seu corpo na hora retesou, o que não passou despercebido pela deusa. – É uma ordem! – ela completou e ele voltou a encará-la sem dizer nada.
Athena levantou do seu trono e desceu as escadarias de encontro a seu cavaleiro, ao ter acabado de ouvir o relato do geminiano, sentia um turbilhão de sentimentos em relação a isso: raiva, decepção, frustração, tristeza, eram somente alguns. Havia chamado as meninas para defendê-los e Kanon havia tido aquela atitude infantil, parecia um menino mimado. Suspirou fundo para tentar controlar as lágrimas e a bola que se formou em sua garganta, chegando até o Marina que a olhava debaixo.
— Kanon, jamais pensei que você fosse capaz de ter uma atitude como essa! Estou muito desapontada. – sua voz embargou, o geminiano só baixou a cabeça, mais uma vez sentiu aquela vergonha avassaladora que até chegou a corar sua face e não havia o que fazer ou dizer. – Eu acho que você passou dos limites, porque além de tudo, tentou ferir um civil e você sabe que isso é inadmissível.
Kanon sentia, que a cada palavra que saía da boca da Deusa, seu corpo ia diminuindo, diminuindo.
Saori percebeu a reação do Marina, olhou para o Grande Mestre e voltou a olhar para Kanon.
— Por isso tomei uma decisão. – os olhos verdes Jade grudaram em sua deusa.
— Decisão?
— Quero que você vá passar um tempo no Templo submarino. Poseidon já havia requisitado a sua presença para uma missão humanitária com Sorento, e eu havia negado, pois você estava ajudando Saga a resolver o caso das meninas. Porém, do jeito que anda seu comportamento, acredito que será melhor você ir.
O loiro a olhou com os olhos arregalados, não podia acreditar no que tinha ouvido.
— Mas, minha deusa… Shion… – Kanon sentiu um buraco abrir abaixo de seus pés e ele estava caindo.
— Não é um pedido, Kanon, e sim, uma ordemsisio Grande Mestre sentenciou, sério. – Pode se retirar, Athena precisa descansar.
Kanon engoliu o gosto amargo do orgulho ferido, já ia se retirando quando estancou o passo após Saori o chamar.
— Espero que você aproveite esse tempo para refletir sobre o que é importante na sua vida, Kanon.
x.x.x.x.x
Koga chegou até o Templo de Virgem, mesmo com a insistência de Luísa para ficar com ela, a virginiana queria ficar sozinha. Não gostava de dividir seu sofrimento com ninguém, achava que ao fazer isso, estaria incomodando.
Quase se arrastando, caminhou pela casa torcendo para não encontrar o dono pelo caminho até seu quarto. Ela não sabia se estava triste, frustrada ou com raiva, porque sentia tudo isso ao mesmo tempo. Além de querer jogar o geminiano escada abaixo, queria fazer picadinho de dragão marinho com o que sobrasse dele.
Pegou uma roupa leve, a toalha e foi para o banheiro, sentia que precisava de um banho pra tirar todo o peso daquele passeio frustrado. Embaixo da ducha pensava sobre tudo o que aconteceu e uma pontinha de culpa se infiltrou em sua mente. Se não tivesse começado um relacionamento tão sério em tão pouco tempo que se conheciam nada disso teria acontecido.
Sempre pensou um milhão de vezes antes de se envolver com alguém, e só porque caiu no colo dele, e ele foi tão charmoso, e lindo, e alto, e inteligente, e...
— Afffff. Não quero pensar! Não quero pensar! – enfiou a cabeça embaixo do jato e apertou os olhos bem fechados, ficando ali até perceber que mesmo que se afogasse embaixo do chuveiro não conseguiria deixar de pensar no general.
Fechou o registro e se enrolou na toalha, levando as roupas que havia separado para vestir de volta para o guarda-roupa, e lá escolheu uma outra própria para uma caminhada naquele início de manhã. Não conseguiria dormir e o banho ao invés de relaxá-la a despertou.
Depois de amarrar a sandália na panturrilha deu uma checada diante do espelho alisando a bata e deixou o quarto. Já chegava em Leão quando lembrou que teria que passar por Gêmeos para então deixar as 12 Casas. Porém, antes mesmo que pisasse na quinta casa sentiu um frio na espinha.
Olhou para trás e lá estava ele descendo os degraus atrás de si, todo lindo e com cara de arrependido. Sentiu uma pontada no coração pois ele nem mesmo a havia visto, sua cabeça parecia estar bem longe dali, o que significava que não era encenação dele. O observou por mais alguns segundos e então voltou a descer a escadaria para Leão, achando que ele não a notaria.
— Koga. – a voz profunda e séria do geminiano a fez parar, mas ela não se virou.
— Vai pedir desculpas mais uma vez, Kanon? Pra depois surtar com mais alguma besteira e vir me pedir...
— Eu fui até Virgem para me despedir de você, Koga! – o marina a interrompeu sem alterar a voz. Só então a virginiana se voltou com os olhos violetas muito abertos. Se despedir?! – E o Shaka me disse que você tinha saído.
Koga apenas confirmava com a cabeça, em sua mente só repetia a palavra "despedir" várias e várias vezes.
— Você não deveria estar dormindo? A noite foi bem longa – Kanon baixou o olhar, envergonhado.
— Não consegui, resolvi fazer uma caminhada para espairecer... – "despedir...despedir..."
Kanon levantou os olhos para ela e fez menção de tocá-la, tirar os cachos que voavam com o vento sobre o rosto da morena, mas fechou o punho e enfiou as mãos nos bolsos e olhou para o outro lado.
— Me desculpa por isso... – falou muito baixo a ponto de Koga pensar que ele havia apenas suspirado. Então não aguentando mais aquela palavra se repetindo em sua cabeça, ela inspira profundamente e pergunta de uma vez, mesmo com medo da resposta:
— Você disse que foi atrás de mim em Virgem para se despedir?
Ainda olhando para a encosta, o geminiano meneou a cabeça confirmando:
— Vou voltar para o Templo submarino. Poseidon precisa de mim para uma missão. – deu um riso vazio – Não poderia ser num momento mais oportuno não é, Koga? – quando voltou a encará-la viu os olhos violetas marejados e a força que ela fazia para não deixar as lágrimas rolarem. Deu um passo na direção da amada e estancou no lugar, fazendo uma força tremenda para não abraçá-la naquele momento e fugir com ela dali, pra longe de qualquer um que pudesse atrapalhar, longe de qualquer problema, mas tinha consciência de que o problema ali era ele mesmo. Seu ciúme descontrolado e sem sentido que estava sufocando a relação e causando a dor que ela sentia nitidamente. A dor que causava a si mesmo por não saber como lidar com um sentimento tão forte que pegou a ambos de maneira tão fulminante.
— É... – Koga engoliu o nó que se formava na garganta e abaixou a cabeça, escondendo os olhos sob a massa de cachos que caiu sobre seu rosto e sorriu, um sorriso tão vazio quanto o dele. – ...os deuses sabem o que fazem. – um silêncio pesado se formou entre os dois, apenas o som das ondas quebrando na encosta do Santuário.
Koga mantinha a cabeça abaixada, pensando em sair dali e se esconder em algum lugar onde pudesse chorar até não ter mais lágrimas e dormir até esquecer aquela sensação horrível, então ouviu os passos de Kanon em sua direção e sentiu os dedos das mãos fortes em seus ombros a puxarem contra seu corpo, prendendo-a num abraço apertado e o ouviu sussurrar:
— Nem sempre, Bombom... – então depositou um beijo no topo da cabeça cacheada e desfez suavemente o abraço.
Sem voltar a encará-la, o General Marina passou por ela e iniciou a descida para a casa de Gêmeos.
x.x.x.x.x
Chegando em Aquário, Calisto já havia dormido no colo de Máscara da Morte já fazia um tempo, o canceriano passou pelo salão aquático admirando o teto submarino pedindo permissão para entrar na ala residencial do guardião.
Camus já estava a postos de braços cruzados o aguardando descer até sua sala de estar, assim que o casal apareceu à vista, Camus logo se prontificou a segurá-la mas sentiu uma certa resistência do grisalho.
— Mon ami, já pode deixar ela aqui, vou levá-la para o quarto.
Ainda segurando Calisto que ressonava em seu peito, o canceriano a apertou mais contra si.
— Por favor, Camus, deixe eu colocá-la na cama? – falou baixo para não acordá-la.
Camus levantou uma das sobrancelhas bifurcadas, sabia do sentimento do canceriano mas como ele lidava com isso era todo errado, porém os olhos cristalinos não mentiam, ele estava apaixonado e queria mesmo cuidar de sua amiga.
— Ok, Mask. Mas não se demore, eu ficarei aqui esperando. – o canceriano assentiu.
— Grazie mille, amico mio. – se virou e foi até o quarto de Calisto, abrindo a porta com o pé, mas sem fazer barulho. Ela parecia tão em paz e relaxada depois daquele susto, que estava com dó de acordá-la.
Mask arregalou os olhos em espanto ao ver o pequeno pandemônio particular da ex. Como ela conseguia se achar naquela bagunça?! Aliás, cadê a cama?!
Máscara olhou para ela novamente e sorriu. Ela era única com certeza! A colocou em cima da maçaroca de edredom, lençol e roupas jogadas sobre a cama, e passou suavemente a mão em seu rosto, tirando a mecha de cabelo comprido que havia caído por cima do rosto. Infelizmente esse gesto acabou acordando de leve a canceriana que abriu os olhos se deparando com os dele.
— Mask? – o encarou ainda muito sonolenta.
— Shhh... bella, já está em seu quarto, eu já vou, buona notte.
Sorriu se erguendo da cama para se retirar, onde foi prontamente impedido por ela, que segurou sua mão.
— Obrigada, Mask…
O sorriso do canceriano ampliou ainda mais, então se aproximou e se inclinou para beijar seus lábios, no entanto, Calisto sentiu o estômago gelar, virou o rosto para que ele lhe tocasse a bochecha e ele o fez, entristecido, mas como poderia culpá-la?
— Buona notte, bella. – sussurrou em seu ouvido e saiu do quarto.
Calisto suspirou virando-se na cama para o lado oposto porta, estava exausta, e sabia que em algumas horas com tudo o que aconteceu o dia prometia.
x.x.x.x.x
Luisa e Milo chegaram até escorpião, fizeram o percurso em silêncio. A castanha pensava em tudo o que havia acontecido no parque, nunca imaginou que Kanon fosse tão inseguro assim.
— Lu, – iniciou o escorpiano, tirando-a de seus devaneios – você vai dormir aqui comigo? – Luisa olhou para aqueles olhos azuis-esverdeados que pareciam sempre querer ver dentro de sua alma. Queria ficar, mas ao mesmo tempo não.
Desviou do olhar penetrante dele, muitas incertezas ainda pairavam sobre si. Na verdade não estava entendendo o porquê de tanta insegurança, nunca havia sido fã de palavras e sim de atitudes e isso Milo tinha de sobra. Então, por que estava tão insegura? Será que era por causa dos estereótipos errôneos nas fanfics? Ou seria porque, em sua mente apaixonada, havia inventado um Milo que não existia?
O fato é que estava precisando que ele lhe dissesse e, como ele estava deixando inúmeras oportunidades passarem, iria mudar seu jeito de agir com ele. Por fim, saiu de seus devaneios e o fitou, o escorpiano a olhava esperando uma resposta.
— Eu vou para touro. – respondeu, sua voz saindo um pouco mais fria que o de costume.
Sem esperar ele falar mais alguma coisa, seguiu em direção à saída da área privativa, deixando Milo intrigado com sua postura.
Luísa desceu as escadarias, e quando passou por Virgem pensou em falar com a amiga, mas desistiu, preferindo seguir seu caminho direto até a segunda Casa.
Ao chegar, cumprimentou Aldebaran e foi diretamente para o seu quarto, onde tomou um banho e foi se deitar. Só queria se enterrar debaixo das cobertas e dormir para esquecer todas aquelas incertezas que a relação com Milo estava trazendo ao seu coração
x.x.x.x.x
Seiya ficou aguardando Saori. De todos os guerreiros ele era o mais próximo dela e a conhecia só pelo olhar, por isso, sabia que a castanha estava muito magoada e triste.
Saori caminhava de cabeça baixa pelo corredor que ia dar em seu quarto quando avistou Seiya parado com uma das pernas apoiada na parede e as mãos nos bolsos enquanto olhava para baixo, parecia pensativo. Ela seguiu o seu caminho, parando poucos centímetros de onde ele estava.
— Seiya, aconteceu alguma coisa?
— Ah, oi – ergueu a cabeça – Não, apenas fiquei preocupado com você, sobre o que aconteceu lá no parque e também porque quero te dizer uma coisa... – se aproximou de Saori, colocou as mãos dela entre as suas, seus olhos castanhos avermelhado se fixaram nos azuis da deusa.
Saori sentiu sua respiração falhar nesse momento, todo o turbilhão de sentimentos causados pelos atos do Kanon se dissiparam e agora só a expectativa habitava seu ser. Ela também amava Seiya, só ele não enxergava isso e esperava que se confessasse, e ela sentiu que isso aconteceria naquele momento.
Pégaso ficou encarando a deusa, abria e fechava a boca várias vezes e não proferia nada, era notável seu nervosismo.
— Saori...eu...eu… – fechou os olhos para torná-los a abrir, mas desviou seu olhar – Queria te desejar um bom descanso. – beijou a testa da deusa e saiu.
Saori olhou Seiya sumir na curva do corredor, agora sentia-se duplamente frustrada. Como Seiya podia ser tão lerdo? Aliás, como TODOS os cavaleiros de pégaso poderiam ser tão lerdos. Desde as Eras Mitológicas Athena o amava, por causa disso manteve-se casta. Nesse momento teve ganas de pegar seu báculo e dar na cabeça de Seiya até ele quebrar, quem sabe a deusa da vitória desse um pouco de coragem ao japonês. Será que ela mesma teria que tascar um beijo do moreno para que se desse conta? Será que seria de bom tom conversar com uma das meninas para pedir um conselho? Cansada de tudo o que aconteceu, foi para seu quarto, precisava descansar.
Continua…
