29 de novembro de 2007:

Hoje escolhi para ser o meu aniversário, mamãe nunca me contou o dia em que nasci.

Então em cada ano, mudo a data do meu aniversário, às vezes faço em setembro, outras vezes em janeiro e isso depende do meu humor para aquele dia.

E hoje o dia estava me deixando ansiosa, já andei por essa cela milhares de vezes, meus pés já doem de tanto andar. Mas era um dia importante, finalmente iria conhecer o pequeno Scorpius Malfoy.

Draco já me trouxe várias coisas, fotos e vídeos do pequeno garotinho que parecia muito com ele.

Ele ficou me prometendo e prometendo, e no final ele escolheu hoje. Então escolhi esse dia para ser realmente o meu aniversário, nasci em 29 de novembro de 1991... Bom, se não acontecesse nenhum imprevisto.

Uma data perfeita, para uma ocasião perfeita.

Minhas pernas já estavam melhores e minha costela também, mas se tudo fosse mil maravilhas poderia há muito tempo estar fora daqui.

Ainda tenho que participar de julgamentos, mas esses são fechados para o público e depois que a senhorita Skeeter disse naquele dia, o público estava proibido de ir. Até mesmo o Draco.

Mas isso não impediu a fofoca de se proliferar, todos sabiam e segundo Draco, o jornal também sabia.

Foram publicadas muitas coisas sobre mim, afinal, sou a mancha da Luz e alguns até vieram me matar.

Felizmente a sala não os deixou encostarem um dedo em mim ou de conseguirem lançar um feitiço, porque se tivessem conseguido, não poderia ver a coisa mais perfeita desse mundo.

Draco ainda não me disse o resultado do meu sangue ou se ele conseguiu fazer algo com aquilo. Mas não me importava muito, se ele quisesse fazer algo, que fizesse.

E sobre as torturas, algumas semanas tenho todos os dias sem parar e outras semanas não têm.

Eles ficaram surpresos com a minha força mental, mas isso é o básico para não enlouquecer no mundo das trevas.

Já vi e escutei cada coisa, que essas torturas não são nada, posso dizer que isso está virando um hotel de três estrelas.

E aquela mulher realmente tentou fazer experimentos com a minha bolsa, mas ela não teve nenhum resultado efetivo, então ela parou de vir aqui e apenas pediu a Harry que continuasse o que eles estavam fazendo.

Como se fosse adiantar alguma coisa.

A porta se abriu e um lumos voou, flutuando no meio da sala. Meu coração batia tão rápido e minhas mãos suavam, o que deveria dizer? Oi? Olá? Como vai?

Ele é apenas um bebê, não deve saber falar ainda. Observei minha cama e ela estava perfeita, mesmo estando em um lugar como esse.

Não tinha travesseiros ou cobertores, já que quando Draco tentou trazer para mim, ele foi impedido... Vamos esquecer isso por enquanto.

A primeira coisa que vejo era um garotinho de macacão e com os bracinhos gordinhos e pernas que me davam vontade de morder.

Seus olhos eram cinzentos como do Draco, eles são muito parecidos, na verdade, toda a família Malfoy era parecida, menos a minha mãe e eu.

O garotinho olhou para os lados e me viu, me dando um sorriso cheio de dentinhos branquinhos. Que coisa fofa!

_ Mon petit, te apresento o meu pequeno Scorpius. - Nem vi que Draco estava com ele. _ Você nem me viu, não foi?

_ Que isso, Dragon. Vi, foi a primeira coisa... - O garotinho entrou e veio até mim. _ Estou com as mãos sujas, não sei que dia tomei banho e não posso...

Sinto um ar gelado pelo meu corpo e cheiro a minha pele, sentindo o cheiro de talco de bebê.

_ De nada. - Sentou-se na cama e peguei o bebê no colo, vendo-o sorrir.

_ Como vai, pequeno? Sou sua prima, somos primos, não somos? - Olhei o loiro.

_ Não vamos entrar no nível de parentesco entre vocês, me dá dor de cabeça só de pensar que tenho parentesco com os Weasley e o Potter. Talvez eu seja até mesmo parente de algum dos fundadores.

_ Se for, também sou. - Comecei a cutucar as bochechas do garoto. _ Você é mais bonito que o seu pai, terá várias pessoas atrás de você, isso parte o meu coração.

_ Volta a ser um bebê que você pode se casar com ele. Afinal de contas, o mundo bruxo é uma mistura de primos se casando com primos que no final todo mundo é primo.

_ Ou irmãos.

_ Um dia saberei de um caso de pai e filha. - Faço uma careta. _ É comum. - Deu de ombros.

_ Aceito tudo, menos pai e filha, ou mãe com filho.

_ Se você está dizendo. - Fui até ele e me sentei com o bebê no colo.

Ele se levantou e ficou em pé em meu colo, mexendo no meu rosto, mas o meu cabelo ainda estava pequeno, então ele não estava bom o suficiente para chamar atenção dessa coisa linda.

_ Estava pensando, já pensou em vingança? - Não olhei para ele, apenas continuei brincando com o pequeno.

_ Não, para que iria pensar nisso? Existe algo que preciso me vingar? Se você falar dos meus pais, não acho que isso acenda a minha raiva e a minha sede de vingança. - Dei de ombros. _ Eles morreram e deve estar em algum lugar melhor do que aqui.

_ Não iria me vingar, mas talvez voltasse para o passado e mudaria algumas coisas.

_ Isso iria prejudicar a linha do tempo, talvez Scorpius nem nascesse se você mudasse algo do passado. Mexer com o passado é perigoso, você até pode parar de existir.

_ Você parece saber demais. - Iria falar, mas deixo para lá. _ Meu pai pediu a um amigo meu que criasse um vira-tempo.

_ E ele pula quantas horas?

_ Ele pode pular anos, mas tem uma contagem regressiva de cinco minutos, mas ele disse que vai melhorar o objeto. Entretanto, tenho as minhas dúvidas. - Alisou os cabelos loiros.

_ Anos... - Sussurrei. _ E para que ele quer um vira-tempo?

_ Não faça perguntas difíceis, mas imaginei que ele iria voltar para o passado e ajudar o Lorde, mas ele nunca fez isso, talvez ele goste dessa vida. - Quem não iria gostar?

_ E você está me falando para ir para o passado e me vingar de quem?

_ Talvez, Potter?

_ Dragon, ele não me faz nada que eu tenha sentido muita raiva, e me torturar é o menor dos meus traumas e problemas.

_ Talvez eu voltasse no tempo e ajudasse um ancestral da minha esposa, ele acabou ganhando uma maldição de sangue.

_ Que tipo de maldição. - Nunca conheci ninguém com uma maldição... Além de mim.

_ Não sei, só sei que a minha esposa foi a sortuda e ela já era muito frágil antes do Scorpius nascer, mas ficou ainda mais depois dele nascer. - Estranho. _ Pedi para que ela não engravidasse para apenas ter mais um Malfoy na linhagem, mas ela não me escutou e disse que queria dar um filho a mim e não ao meu sobrenome.

_ Sua esposa é muito corajosa.

_ Também acho.

_ Se um dia eu voltar no passado, algo que não vai acontecer, retiro a maldição de sua esposa. Só tenho que saber o ano desse ancestral. - Acho que isso já é demais, não é?

_ Isso é uma coisa difícil de se conseguir. - Sabia. _ Não sei a data do ocorrido, mas sei que você vai conseguir, se for para o passado.

_ Prometo. - Sentei o pequeno no meu colo e mostrei o meu mindinho para o seu pai.

Cruzei os nossos dedinhos e fiz que o seu dedão beijasse o meu.

_ Tenho uma dúvida, por favor, me tire ela. - Parecia ansioso para essa pergunta.

_ Pergunte.

_ Por que você não tem Macmillan no sobrenome?

_ Meu avô pensa que não sou a neta dele e proibiu a mamãe de colocar o sobrenome dele no meu. Mas prefiro ter apenas Avery no nome.

_ Não se esqueça do Malfoy.

_ Não tenho realmente Malfoy no nome, só uso de vez em quando. - Lembrei de algo. _ Você se esqueceu que o ministro até falou isso para todos no meu primeiro julgamento? - Ele me olhou surpreso e disse:

_ Tinha me esquecido, mas mudaremos isso agora e você terá Malfoy no sobrenome...

_ Dragon, mesmo se isso acontecesse, não poderia sair daqui, então o que adi...

_ Não ligo, você terá Malfoy no sobrenome e será madrinha do Scorpius. - Fiquei sem palavras. _ Agradeça, ou pensarei que você odeia o meu filho.

_ Isso é golpe baixo, não pode usar o pequeno Scorpius para me chantagear.

Encostei meu rosto no do garotinho, fazendo nossas bochechas ficassem espremidas.

_ Vocês não se parecem em nada.

_ Parecemos sim.

_ O que vocês têm em comum?

_ O branco dos olhos. - Olhou-me e tive de rir, mas o garotinho bateu palmas. _ Se você for falar algo, por favor, me chame de tia...

_ Prima.

_ Tia, sou sua tia.

_ Madrinha.

_ Não aceitei. - Ficou perplexo. _ Não acho que ele vá querer uma madrinha como eu.

_ Você não decide isso e você está praticamente presa por injusta causa.

_ Matei pessoas.

_ Para se proteger, foi legítima defesa.

_ Torturei pessoas.

_ Já disse, legítima defesa. - Balancei a cabeça negando suas palavras.

_ Dragon. - Observou-me. _ Se eu voltar, como você vai se lembrar de mim?

_ Então você pensa em voltar, isso é bom. Só não ressuscite o Lorde ou sei lá.

_ Claro. - Sorri cruzando os dedos.

_ Bom, se você voltar, vou te dar as minhas memórias.

_ Mas você vai me esquecer.

_ Existe um feitiço que apenas retira suas memórias para ser observadas e inseridas em alguém, mas você, a pessoa que entregou suas memórias, não as perde.

_ Isso é interessante. - Concordou.

_ Farei a papelada para colocar o seu sobrenome como Malfoy e madrinha do Scorpius. - Sorriu de lado. _ Espero que não diga palavras negativas e de oposição.

_ Não prometo. - Lembrei de algo. _ Se a sua esposa tem uma maldição de sangue, isso...

_ Não, acho que não. - Arrumou os cabelos. _ Se tiver, só espero que o meu amigo consiga criar um vira-tempo que pule anos e que não tenha limite de tempo, não aguentaria perder a minha família para uma maldição.

_ Não sei como é esse sentimento, mas não deixarei nada acontecer a vocês, e mesmo que esteja trancada aqui, darei um jeito de saber sobre vocês.

_ Você iria me ajudar? - Apertou as mechas de seu cabelo em seus dedos.

_ Você foi o único que estendeu sua mão para mim e acho que devo retribuir.

_ Leesa. - Pegou minha mão e a beijou. _ Não pense que o que estou fazendo é apenas algo banal e sem sentimentos. - Iria falar, mas ele não deixou. _ Não, não estou fazendo isso só porque você é uma Malfoy.

_ Então diga-me, qual é o motivo? - Sinto o pequeno Scorpius deitar a sua cabeça no meu peito.

_ Gostei de você, acho que às vezes me vejo em você, mas só quero o seu bem e farei de tudo para fazer o que puder por você. Eu e a família Malfoy, sempre conte com eles, sempre.

Realmente podia confiar? O que eles iriam ganhar em troca?

Tenho que tirar esses pensamentos da minha cabeça, nem todos são como a mamãe e nem todos querem me usar. Aprenderia isso.