30 de dezembro de 2007:

Estava frio, mas não sentia nada, apenas o calor entrando pelo meu corpo, o suor caindo pela minha testa e mais uma vez o Draco gemeu. Ele me observou e seus olhos não demonstravam carinho como sempre.

_ Se você pisar mais uma vez nos meus pés, vou fazer você massageá-los por três horas! - Falou entre dentes.

_ Não tenho culpa que não sei dançar e você inventou isso! - Fiz biquinho. _ Não sirvo para isso.

Dragon chegou com um pequeno rádio e disse que a aula de hoje seria dança.

Ele já me ensinou a como me comportar na mesa, como andar como um verdadeiro sangue puro e como escolher as melhores roupas para certas ocasiões.

Sempre escolha preto, preto nunca vai sair da moda e a cor é maravilhosa, segundo Dragon.

Para essa ocasião, ele teve que fazer pequenas tranças nos meus cabelos para que não caíssem nos meus olhos, já que ainda estavam curtos e estariam por bastante tempo.

Bom, ainda era punida, mas não me importava mais. As visitas do Draco estavam me fazendo apreciar minha estadia aqui e às vezes ele trazia o pequeno Scorpius.

Tio Lucius também vinha me ver de vez em quando, mas ele era sério, porém, algumas vezes ele brincava e tirava sarro de nós, ou me chamava de filha sem querer. Ele era uma pessoa boa e nada idiota como o chamei.

Gostava dele.

_ Mon petit, não preste atenção nos meus pés e sim, em mim.

_ Mas os pés são seus. - Revirou os olhos e apertou minha mão. _ Ainda quero mexer minha mão, então não a quebre.

_ Ok, vamos com calma. - Suspirou derrotado. _ Apenas sinta a música, sinta o ritmo, você pelo menos consegue isso? - Idiota. _ Mon petit, você conseguiu várias outras coisas tão difíceis, não consegue essa? Acredito em você.

_ Se acreditasse, não estaria brigando comigo.

_ Isso é para o seu bem, vamos novamente? - Concordei e começamos a dançar novamente.

Tentei não olhar para baixo e apenas prestar atenção em seus olhos cinzas, eram tão bonitos e me lembravam do pequeno Scorpius...

Enquanto pensava em coisas sem nenhum sentido, Draco sorria cada vez mais e era bastante bonito o seu sorriso, Astoria deve amar.

_ Dragon. - Não falou, mas sei que iria me escutar. _ Por que existem pavões na mansão Malfoy?

_ Papai gostava, mas agora não tem mais. - Deu de ombros. _ Foram apreendidos e colocados na natureza novamente. - Mas isso não mataria eles? _ Ele ficou bem triste na época, ainda mais que foi presente do vovô.

_ Você o conheceu?

_ O vovô Abraxas? - Concordei. _ Bom, sim, mas ele não era muito de conversa e morreu por varíola de dragão.

_ Mas tem cura. - Piscou algumas vezes.

_ Sim, mas o vovô já estava muito debilitado e com certa idade.

_ Que eu saiba, ele tinha 70 anos. - Parou de dançar e me olhou. _ O que foi?

_ Você realmente sabe muitas coisas, mas finge que não sabe.

_ Só falei a idade dele, não falei nada de importante. - Dei de ombros. _ E se soubesse de muitas coisas, saberia que ele pegou a varíola de dragão e que ele deu os pavões como presente.

_ Mas você sabe informações pessoais e talvez essas informações estejam desatualizadas. - Realmente estavam, nem sabia que Abraxas tinha contraído varíola de dragão.

_ E se essa informação estiver correta? O que você vai fazer? - Começou a dançar novamente e fiquei confusa.

_ Dançar conforme o destino se desenrola e se você tiver tudo sobre certas pessoas, então você precisa de algo atualizado, não acha?

_ Dragon, o que você está pensando em fazer? Não se esqueça que estou presa aqui. - Ele me girou e me puxou para o seu corpo.

_ Quando você não pensa, você é ótima na dança, mon petit. - Dei a língua para ele.

_ Você não me respondeu.

_ Mas você acha que vou deixá-la aqui para sempre? Só quero achar uma oportunidade e pode levar meses ou anos, vou te tirar daqui. - Sussurrou a última parte. _ Confie em mim.

_ Estou aprendendo a confiar. - Sorriu. _ Só não quero me arrepender disso.

_ E não vai. - Parecia mais uma promessa. _ Mas continuando o assunto, trabalho no St. Mungus e posso pegar documentos sobre os pacientes, na verdade, posso pegar tudo sobre os Comensais e aliados para você.

_ Você conheceu todos?

_ Mon petit, fui Comensal e participei até mesmo da reunião do Círculo Íntimo, então conheço todos e todos me conhecem.

_ Pensei que odiasse o Lorde e até mesmo me fez prometer que não iria revivê-lo. - Riu, na verdade, gargalhou.

_ Mas não falei para você revivê-lo e nem o ajudar a governar esse mundo, estou dizendo para você pegar essas pessoas e chantageá-las, ou melhor, usá-las.

_ Um verdadeiro Sonserino, tenho medo de você às vezes.

_ Sinta-se segura, mon petit. - Piscou. _ Não gosto de prejudicar minha família. - Revirei os olhos.

_ Ok, levaremos o seu plano louco como certo, você só vai conseguir os seus prontuários e não sua vida.

_ Por isso que entra o meu pai nisso, ele conhece muito bem o ministério e vai nos ajudar a pegar tudo. Mas se quiser saber fofoca de primeira, teremos a minha mãe.

_ Não se chama fofoca, chama-se coletor de informações.

_ Você esteve com a minha mãe e não estou sabendo? Ela fala exatamente isso. - Ri e continuamos a dançar. _ A única coisa que não conseguirei é a ficha do Lorde.

_ Isso é porque ele a queimou, mas eu a tenho. - Sorri e ele me acompanhou. _ Será que consigo chantagear um psicopata?

_ Mon petit, você pode conseguir o mundo, apenas depende de você.

_ Essa coisa de depender de mim não vai dar muito certo, posso acabar virando o vira-tempo demais e acabar comendo mamute com os dinossauros. - Ele me girou mais uma vez.

_ Acho que você está exagerando, você não iria errar quantas voltas dar no vira-tempo.

_ Se você está dizendo. - Pensei a respeito. _ Cinquenta voltas, está bom?

_ Nem pense, você vai acabar realmente com os dinossauros.

_ Adoraria tirar umas fotos e vender para alguns arqueólogos, vai dar muito dinheiro.

_ Não vou comentar sobre isso, vai que é doença.

_ Ei. - Pisei no seu pé e ele me olhou com raiva. _ Bem feito.

_ Pirralha atrevida.

_ Sou sua mon petit e priminha querida do coração. - Mandei beijinho. _ Ah, me responda algo.

_ Não.

_ Quer que eu te dê um soco como a Granger deu? - Fez careta.

_ Para que contei isso? Que vexame. - Fechou os olhos.

_ Mesmo sendo ela, achei hilário. Mas a minha pergunta é como o Potter e companhia me acharam?

_ Achei que soubesse. - Discordei. _ Bom, segundo algumas fontes do meu pai, a cabeça rachada achou você porque uma pessoa delatou a sua localização.

_ Quem?

_ Ernesto Rowle. - O Comensal que disse que encontrou um lugar seguro.

_ Sério? - Sorri e ele apertou minha mão. _ Acho que se eu voltar para o passado tenho que desfazer uma família inteira, não acha, Dragon? - Parou de dançar e ficou me observando.

_ Leesa.

_ Sim?

_ Você sente prazer quando mata?

_ Não sei, nunca pensei em como me comporto quando estou matando, mas não acho que sinto, por quê?

_ Você estava sorrindo quando falou em matar a família Rowle...

_ Você não se sentiria feliz? - Zombei. _ Posso matar todos daquela família, torturá-los e fazê-los sentir o que sinto aqui. Isso não é nada mais que uma retribuição. - Minha cabeça tombou para o lado.

_ Se você está dizendo, não vou falar mais, apenas me prometa que sempre que for fazer algo...

_ Tenha alguém comigo? - Franziu a testa e concordou. _ Mamãe disse exatamente isso quando matei a primeira pessoa.

_ Deve ter um motivo. - Largou minha mão e fui me sentar.

_ Não sei se tem, apenas me desligo do mundo e só vejo um pedaço de carne na minha frente e preciso, não, necessito acabar com ele. Até que sobre apenas migalhas pelo chão.

_ Espero nunca ser esse pedaço de carne.

_ Também.