20 de agosto de 2012:
Estava meditando e organizando minhas memórias, já que a pasta de felicidade precisava ser expandida, ou não iria aguentar mais nada que colocasse nela.
Bom, tinha a pasta de tortura, não queria expandi-la, mas era preciso. Infelizmente.
Já se passaram quase cinco anos e continuo no mesmo lugar. Meus cabelos já haviam crescido e estavam presos em um coque.
Cresci alguns centímetros, segundo Draco, pouco, mas cresci.
Entretanto, emagreci bastante, odiava ver minha pele aparecendo os ossos, mas não poderia fazer muita coisa.
A minha família não poderia vir aqui todos os dias para me entregar comida e dar comida para algum inominável poderia acabar me matando.
Claro, tem alguns que me deixavam usar o banheiro para tomar banho e fazer as minhas necessidades, até me davam roupas e me emprestavam livros. Algo que praticamente já li tudo e anotei tudo que precisava.
Mas eles não iriam fazer serviço de babá, não mesmo.
Vejo a porta se abrir e fico confusa, Draco veio ontem, ele não viria por pelo meno dias.
Vejo uma pessoa pequena correndo até mim e se jogando no meu corpo.
_ Segunda mãe! - Gritou a criança e olhei para baixo, vendo a criança ter cabelos loiros.
_ Meu pequeno. - Abraço o meu bebezinho que cresceu. _ Como você está?
Desgrudou de mim e se sentou ao meu lado, sorrindo como sempre. Adorava apertar suas bochechas que ainda continham gordura de bebê. Coisa fofa!
_ Segunda mãe, senti muita saudade e pedi ao papai que me trouxesse para te ver. - Baguncei seus cabelos e o abracei apertado. _ Está me sufocando, segunda mãe.
_ Me perdoe, meu bebê. A tia não queria te sufocar, mas me conte...
_ Ei! - Olhei para frente e vi Draco vindo todo descabelado. _ Na próxima vez que correr de mim, você vai ficar de castigo.
_ Mas você estava muito lerdo, papai. Até parece que não queria ver a segunda mãe. - Esse garoto era terrível, adorava ele.
_ Não quer me ver, Dragon? - Mordeu os lábios e se sentou perto do garotinho.
_ Nunca disse isso. - A porta se fechou.
_ Se você está dizendo.
Parei de olhar para ele e fiquei olhando para o meu garotinho de seis anos, já tinha dois dentinhos faltando em sua boca.
_ A primeira mãe me disse que para fazermos amigos temos que oferecer um doce para quebrar o gelo, ela está certa, segunda mãe?
_ Bom, ela está certa, mas...
_ Nem pense. - Draco não me permitiu falar.
_ Mas não iria falar nada. - Olhou-me como se soubesse de tudo, provavelmente sabia.
_ Sei que você iria falar, então não fale.
_ Continuando, sua mãe está certa. Ela é uma pessoa muito inteligente.
_ Segunda mãe, você vai me levar até a estação? Quero você lá. - Também queria...
_ Sinto muito, bebê, mas não posso prometer isso, infelizmente. - Seus olhinhos encheram de lagrimas. _ Mas o seu pai vai colocar você por mim e vai me contar qual casa você ficou. - Draco, me ajude!
_ Queria que você estivesse comigo, segunda mãe. Queria que toda a minha família estivesse comigo nesse dia. - Merlim, odiava vê-lo assim.
_ Mas estarei. - Coloquei minha mão no seu peito e sinto seu coração bater. _ Sempre estarei aqui, ok?
_ Ok. - Mostrou o seu dedinho e ri, me lembrando do Draco quando ainda usava dedinhos como promessa.
Mostrei o meu mindinho e selamos o nosso acordo.
_ Papai quer que eu vá para Sonserina, na verdade, todo mundo quer que eu vá para lá. - Deitou sua cabeça no meu colo e colocou seus pés no colo do seu pai.
_ Seu pai é idiota.
_ Pirralha arrogante. - Deu-me um peteleco na testa.
_ Velho. - Dei um peteleco em sua testa, o fazendo ficar irritado. _ Acho que já posso ver cabelos brancos. - Suspirei. _ Coitado, nem chegou direito na meia-idade.
_ Só tenho 32 anos.
_ E eu 21. - Sorri e o vejo revirar os olhos. _ Continuando, meu bebê. Você pode ser de qualquer casa, ninguém vai brigar com você e se brigarem, vem até mim que o protejo, você sabe que protejo.
_ Sim. - Riu se lembrando de algo. _ Ainda me lembro quando vim pela primeira vez sozinho, papai ficou uma fera.
_ Mas é claro que fiquei, do nada você sumiu da minha frente quando falei que aquele vaso que você quebrou era muito importante para a sua vó.
_ Mas não tinha culpa que o vaso quebrou sozinho. - Ele fez sua primeira magia aos quatro anos.
_ Mas você não deveria... Tudo bem, você não sabia que foi sua magia e se sentiu ameaçado. - Draco era um bom pai.
_ Então corri para a segunda mãe.
_ Lembro que naquele dia fiquei bastante surpresa de você ter vindo até aqui sozinho, você chorava tanto.
_ Não chorei. - Ficou emburrado. _ Sou um homem e não choro. - Belisquei sua bochecha.
_ Homens podem chorar, Scorpius. Isso não quer dizer que você é fraco, apenas que você tem sentimentos e todos respeitam eles, entendeu, meu homenzinho? - Faço cosquinhas em sua barriga.
_ S-sim! - Conseguiu falar enquanto ria.
_ Seu pai já chorou, seu avô já chorou, todos já choraram.
_ Chorei por um passarinho. - Comentou e Scorpius o olhou. _ Sua tia está certa.
_ Segunda mãe. - Falou emburrado.
_ Não vou discutir. - Encostou sua cabeça no meu ombro e disse em um sussurro. _ Tive plantão e não consegui dormir, deixa-me dormir por alguns segundos.
_ Ok. - Brinquei com a mãozinha do meu pequeno e apoiei minha cabeça na do loiro que fazia meu ombro de travesseiro.
Em algum momento todos dormiram naquela posição desconfortável, bom, confortável apenas para uma pessoa.
