Agosto de 2019:

Caio com tudo no chão frio de algum lugar, mas os meus pensamentos continuavam confusos, mas a dor no meu braço me fez lembrar de algo.

Sentei-me rapidamente no chão asfaltado e olhei para o meu pulso...

Ali estava uma linha negra e nunca pensei que essas linhas iriam escurecer, nunca pensei que um dia veria a linha de Draco Malfoy escura como uma noite sem estrelas. Ele tinha se ido, ele se foi primeiro e me deixou sozinha.

Quero ressuscitá-lo e batê-lo até que minhas mãos ficassem em carne viva, ele não poderia ter me deixado.

Meus olhos e minha pele ardiam, mas a música que estava na minha cabeça parou de tocar, entretanto, meus olhos queriam se fechar por cansaço, mas não podia.

Tinha que salvar o meu bebê e aquelas pessoas não tinham um vira-tempo, espero que realmente não tenham.

Levantei-me e olhei para as minhas roupas desgastadas e sujas, não me importava com isso, mas não queria aparecer assim na frente do meu garotinho.

Observei os lados e percebi que estava em algum bairro trouxa.

As luzes dos postes estavam acesas e isso era um pouco acalentador, pelo menos não me deixava com a sensação de abandono.

Fui em direção dos fundos de uma casa, enquanto meus pés batiam no chão frio, tentava achar alguma coisa na minha bolsa que pudesse me ajudar.

E encontrei, uma varinha marrom, mas ela queria se soltar da minha mão e ir para um lugar bem longe de mim.

_ Se você voar ou se quebrar quando fizer um feitiço, consertarei você e lhe darei uma morte dolorosa, tirarei fibra por fibra de seu corpo. Então é melhor você funcionar direitinho. - Sussurrei, a fazendo parar de se mexer.

Tento abrir a porta dos fundos de uma casa, mas estava trancada e isso não era problema para mim, e nem para nenhum bruxo.

Abro a porta e entro, sentindo duas pessoas no andar de cima, caminho até o segundo andar sem fazer barulho, mas era um pouco difícil já que a escuridão era predominante.

Mas não poderia fazer um lumus para me ajudar, apenas poderia pensar que não existia escuridão e me adaptar ela, mesmo sendo difícil.

Subo os últimos degraus e vejo uma porta aberta, que continha duas pessoas na cama, não fico os observando e os invejando por dormir.

Apenas deixei o medo de lado e apontei a varinha para a primeira pessoa, fazendo seu corpo parar de se mexer.

Apontei a varinha para a segunda pessoa e falo novamente o feitiço da morte.

Faço um feitiço para detectar outras pessoas na casa, mas não tinha ninguém, nem mesmo um gato, um cachorro ou um rato andando pelos encanamentos.

Saio do quarto e entro em um banheiro.

Retiro minha bolsa e a varinha, os colocando em cima do balcão. Tiro o vira-tempo e minhas roupas, os deixando no chão.

Começo a tatear a parede do banheiro e quase dei de cara no box de vidro, e já poderia sentir a dor de ter feito isso, mesmo não fazendo.

Abro o box e ligo o registro do chuveiro.

Não fico muito tempo no banho, mesmo querendo esfregar minha pele até que ficasse em carne viva, ou quisesse apenas chorar sentada no chão desse banheiro e esquecer de tudo. Não podia fazer isso.

Não podia deixar o meu bebê em um passado desconhecido, precisava salvá-lo.

Fechei o registro e não peguei uma toalha para me secar, tinha pressa para salvar o meu pequeno, então apenas fui em direção da bolsa.

Não estava com paciência para procurar coisas na bolsa, então faço um Accio, achando rapidamente o que queria.

Coloquei roupas confortáveis e até coloquei uma capa que escondia completamente o meu rosto, que provavelmente estava destruído, cheio de marcas e hematomas, já que podia sentir meus lábios rachados.

Mas não tinha sapatos... Tudo bem, não me importava com isso.

Espera, precisava escovar os dentes, talvez esteja com bafo...

Dragon estava tão perto, ele deve ter sentido um nojo horrendo...

Procuro no armário uma escova lacrada e tinha. Peguei a pasta e começo a escovar os meus dentes, não precisava de luz para isso.

Enxaguei a boca e faço a escova evaporar, não podia deixar mais coisas que poderiam me incriminar, já bastavam minhas digitais.

Coloco a roupa suja bolsa, pegando minhas coisas para sair dessa casa, porém, antes que fizesse isso, fiz que o cano de gás se rompesse.

Faremos uma grande explosão como despedida para esse ano, mataremos alguns trouxas e dar um belo trabalho para aquele ministério.

Saio da casa e andei por algum tempo, procurando alguma coisa na bolsa que Draco colocou na minha bolsa. Isso era confuso.

Retirei um amontoado de cartas e deveria ter pelo menos umas duas mil, para que tantas? Fiquei parada e aponto minha varinha para o bolo.

_ Accio Scorpius. - Uma carta saiu do amontoado e ficou flutuando na minha frente.

Jogo as outras na bolsa e leio a carta que, na verdade, não era uma carta e sim, um bilhete. Então para que gastou envelope, se não era uma carta?

Draco, você me prometeu que teria uma carta me explicando sobre o motivo de Scorpius estar no passado e isso... Isso é nada mais que o ano que ele está!

Seu estúpido!

───※ ·❆· ※───

"Vá para 1981, você se lembra quando Potter quase morreu, não é?"

──※ ·❆· ※───

Que grande notícia, verei a pessoa que não queria ver. Claramente não estou falando do Potter e sim, do sem nariz, faço de tudo para ficar o mais longe dele, mas sempre acabo ficando cada vez mais perto.

O destino gostava de me foder, esperava o grande dia para que eu fizesse isso com ele.

Tudo bem, não posso lamentar muita coisa, tenho que salvar Scorpius e por ele, pela família Malfoy, faria de tudo, até mesmo matar o Lorde das Trevas, mesmo que isso me matasse logo em seguida.

Vejo a casa onde tomei banho e lanço um feitiço em sua direção, a vendo explodir.

O ar quente da explosão fez a minha capa balançar e meu capuz cair nos meus ombros.

Várias pessoas começaram acender a luz e sair de suas casas, ou abrir as janelas para ver o que havia acontecido.

Porém, algumas residências sofreram as consequências da explosão, nada de mais. Por enquanto. Lanço mais alguns feitiços e vejo outras casas explodindo ao longe.

Espero que a ministra goste do meu presente de despedida.

Desaparato dali e vou para outro lugar.

Antes de usar esse vira-tempo tinha que saber como funcionava, não queria viajar para a era dos dinossauros e ficar presa sem a chance de voltar.

Olhei em volta e me vejo em um parquinho de criança trouxa, não sabia que lugar era esse, mas não me importava.

Fui até o balanço que tinha correntes grossas segurando a tábua e me sentei, observando o vira-tempo e ele era muito bonito.

Era feito de ouro e tinha como colocar a data e o ano que você queria ir. Mas o local, bom, não tinha como colocar, talvez com a força do pensamento eu conseguisse, afinal, esse objeto era mágico e tudo era possível.

Entretanto, não podia ir para Godric's Hollow, acabaria sendo capturada novamente e dessa vez não teria ninguém para entrar na minha frente para levar a maldição Avada...

Volto a olhar o vira-tempo e não tinha nada de errado com ele, e parecia tão bem-feito.

Tinha uma pontada de inveja no meu coração, mas não queria pensar nisso agora.
Então coloquei o vira-tempo no meu pescoço, colocando a data no objeto e desapareço dali, para nunca mais voltar.

───※ ·❆· ※───

31 de outubro de 1981:

Observei o meu redor, dando alguns passos nessa comunidade bruxa, não sabia que sentimento estava sentindo no momento, mas finalmente estava na inesquecível Godric's Hollow.

Bom, pelo menos sei que era apenas na força do pensamento que conseguia ir para qualquer lugar.

A dorzinha de inveja começou a ficar mais forte, esse Nott era muito bom, queria saber como ele conseguiu fazer dois vira-tempo em poucos anos. Talvez um dia descubra.

Mas agora não podia apreciar a arquitetura medonha e brega desse lugar, essas casas eram tão feias que até a minha antiga cela ganhava desse lugar.

Olho mais uma vez em volta e tento ver para onde iria, não sabia a localização da casa dos Potter e nem sabia o horário que o sem nariz iria atacar, ou sabia alguma coisa desse lugar.

A única coisa que sabia, era que esse lugar era uma comunidade bruxa e no futuro teria trouxas andando por aí.

Sigo para a direita e começo a andar rapidamente, tinha que olhar para todos os becos, para todos os esgotos e até mesmo para o céu.

Tinha que encontrar uma criança que não a vejo há mais de dois anos, ele teria mudado muito? Sei que pelo menos os seus cabelos iriam me informar se era ele, cabelos loiros eram notáveis a noite.

Mas meus pés não aguentariam por muito tempo, porém, tinham que aguentar, esse corpo inútil tinha que servir para algo.

Vejo duas pessoas sentadas no meio fio e conversavam baixinho, não conseguia ver os seus cabelos, mas dentro de mim, tinha uma voz dizendo que era ele, que era o meu bebê.

_ Scorpius? - O chamei me aproximando e o garoto me olhou.

Era realmente eles, isso que estava sentindo era alívio?

Os dois se levantaram e ficaram prontos para correr, se não fosse por tudo que aconteceu, seria exatamente assim.

Levantei minhas mãos em rendição, mas não adiantou muito, já que eles olharam para a mão que segurava a varinha.

Eles não voltaram ao normal, eles realmente estavam pensando na possibilidade de correr ou de tentar usar magia sem varinha. Draco deveria ter ensinado a ele.

_ Scorpius, sou eu. - Abaixei minhas mãos e guardei a varinha, andando até ele.

_ Não a conheço. - Disse ríspido, tão Malfoy, tão Sonserino.

_ Sua primeira magia foi feita quando você tinha 4 anos, você quebrou o vaso da tia Cisa e você correu para o ministério, vindo até mim. - Não estava mais com a posição que iria correr, mas estava me olhando confuso.

Mudei tanto assim? Ou era por estar escuro? Ou meu rosto estava muito deformado para que ele se lembrasse de mim?

_ Não abaixe a guarda, pode ser Delphini. - O garoto ao seu lado falou, provavelmente deve ser o Alvo, o Potter que entrou para Sonserina.

Como sei disso? A última carta de Scorpius em 2017.

_ O que falei quando...

_ Você disse que era um homem e não poderia chorar, mas falei para você que podia. Seu pai disse que chorou por um passarinho e nós dormimos desconfortáveis enquanto você dormia confortável.

Correu até mim e me abraçou, ele estava tão grande, já estava do meu tamanho esse pirralho. Meu bebê, meu bebezinho.

O abracei fortemente e a dor de perder o meu irmão fez arder os meus olhos, mas não podia chorar na frente dele, não podia. Tinha que ser forte.

_ Segunda mãe. - Chorou e enfiou sua cabeça no meu pescoço. _ Senti tanta a sua falta, segunda mãe.

_ Também senti, meu bebezinho. - Riu.

_ Não sou um bebê há muito tempo, segunda mãe.

_ Mas para mim sempre será. - Beijei sua testa.

_ Ei, não temos tempo para isso, aquela louca vai atrás do pai. - Olhei para o garoto e ele me olhava com raiva. _ Vi você nas memórias do Scorpius...

_ Mas não era ela, não era a minha segunda mãe. - Scorpius me olhou e mordeu os lábios.

Distanciou-se de mim e fiquei confusa.

O vejo secar o seu rosto que estava um pouco vermelho, fofo.

_ O que ele está dizendo?

_ Segunda mãe, muitas coisas aconteceram, a mamãe morreu e o papai ficou arrasado, a única coisa que o tirava da depressão era escrever cartas para você. - Pensou a respeito. _ Espero que ele também tenha colocado as minhas naquele bolo de cartas.

_ Astoria morreu? Como? - Ele perdeu o pai e a mãe... Pelo menos os meus tios irão cuidar dele, isso me confortava um pouco.

Não podia levá-lo comigo, seria perigoso.

_ A maldição. - Ficou triste e alisei seu rostinho.

_ Sinto muito por não ter estado nesse momento tão delicado para a nossa família.

_ Está tudo bem, entendo o motivo de você não estar conosco e o que o Alvo está dizendo é que fui para um futuro que aquele homem ganhou a guerra. - Tremeu levemente. _ Não sei se papai contou, mas acabamos brincando algumas vezes com o tempo...

_ E foi tão ruim assim? - Fiquei preocupada. _ Me explique.

_ Não temos tempo, mas posso te dar as minhas memórias.

_ Você sabe o feitiço de duplicar lembranças, não sabe? - Tão espertinho.

_ Papai me ensinou. - Sorriu e procurei vidrinhos na bolsa.

Entreguei a ele os vidrinhos, o fazendo colocar suas memórias ali. As guardei e o observei. Ele olhou para baixo e para os lados, mas disse:

_ Nessa realidade você estava ao lado dele, de Voldemort. - Não era impossível, mesmo sendo.

_ E o que eu era?

_ A diretora de uma escola que não existe nesse mundo e era a melhor amiga da esposa daquele homem. - Parecia ansioso. _ A conheci, mas não vi aquele homem, também não tive a vontade de conhecê-lo.

_ Fiz algum mal a você? - Perguntei aflita.

_ Não, mas também não me reconheceu como o seu afilhado, você me disse que o único sobrenome que aceitava era Slytherin. - Franzi o cenho. _ Algo meio estranho.

_ Slytherin? Não existe mais esse sobrenome há tanto tempo. - Será que acabei sendo uma parenta do fundador?

_ Vocês podem conversar depois, temos que impedir uma louca de contar certas coisas para aquele homem. - Não estava errado, mas era irritante.

_ Só queria entregar o vira-tempo para vocês, mas vejo que vou ter mais trabalho. - Bufei e começamos a andar.

Segurei a mão de Scorpius, o fazendo apertar minha mão.

_ Pensei que o papai viria junto.

_ Sobre isso... - Fui interrompida.

_ Ali, é aquela mulher e lá está aquele homem. - Vejo uma mulher de cabelos brancos com algumas mechas em azul, indo em direção de um homem com capa negra em seu corpo.

_ Fiquem aqui. - Concordaram e ficaram no beco, colocando apenas as cabeças para fora para bisbilhotar.

Respirei fundo e coloquei o capuz, só pedia a Merlim que aquele homem não olhasse para nós ou que pensasse em me matar, não queria que isso acontecesse justo hoje.

Tiro minha varinha e pedia a tudo que era Deus para que me ajudasse.

Percebo que ela estava nervosa e iria falar algo, mas a faço ficar com as pernas presas e antes que ela gritasse ou proferisse o contrafeitiço, a faço desmaiar.

Fácil, muito fácil para o meu gosto...

Vou até a mulher e me agacho no chão para confirmar se era realmente um ser humano, e realmente era.

Mas foi tão fácil, tem certeza de que essa mulher era a filha do Lorde?

_ Quem são vocês?

Olhei para cima e vejo uma pessoa com um rosto tão bonito e de olhos tão vermelhos que me lembravam a sangue.

_ Responda-me. - Apontou sua varinha para mim, mas essa varinha...

Era o Lorde e a pessoa que não queria ver nem pintada a ouro!

Mas algo me chamou atenção, ele tinha nariz, santo Merlim, ele tinha nariz! Até que era bonitinho.