Sem um feitiço tosco, mas com uma faca cega para ver rasgar pouco a pouco a garganta do garoto, enquanto chorava e se sufocava com o próprio sangue...
Mas ele era um bebê, ele não me fez nada ainda. Nada. Mesmo não fazendo, quero matá-lo, mesmo ele não sendo aquele Harry Potter, quero exterminá-lo.
Quero ter sua cabeça numa bandeja de prata e quando me cansar de vê-la no mesmo lugar, vou colocá-la numa estaca de madeira para que todos vissem o que acontecia quando consigo o que quero.
Ele pagará, vai pagar por me torturar por quase doze anos, quase doze malditos anos dentro daquela cela, sendo vista nua por pessoas que nem conhecia.
Perdendo anos da vida de Scorpius, perdendo a oportunidade de ter uma vida feliz em alguma casa de campo.
Mas não é só ele que vou me vingar, não, vou me vingar da minha mãe. Aquela desgraçada que me fez jurar por magia.
Vou me vingar, vou tirar tudo dela, tudo. Sou capaz de voltar nesse ano e matar o meu irmão que estava em seu ventre, sou capaz de me matar apenas por vingança. Não me importava se iria sumir depois.
Apenas queria ter o gostinho de vê-la chorar e implorar.
Também vou me vingar daquela sangue-ruim, não por ter matado os meus pais, mas por ter ajudado Potter.
Vou torturar ela mil vezes pior que Bellatrix a torturou, e para limpar as minhas mãos, posso ter a cabeça do Weasley como algo dispensável.
Não, não será apenas eles que matarei, matarei todos que entrarem no meu caminho, vou matar e torturar todos...
E tem aquele idiota do Rowle, mas ele, destruirei toda a sua família, sua herança e seus bens serão meus.
Encostei a minha cabeça na parede de madeira e comecei a batê-la para os meus pensamentos voltarem ao normal. Matar, era só isso que pensava há dias.
Preciso aprender a controlar a minha impulsividade, preciso controlar os meus sentimentos, mas principalmente a minha necessidade de vingança que está corrompendo a minha alma a cada segundo que se passava.
Preciso ficar normal, preciso saber agir como uma adolescente normal, mesmo não sendo mais. Mesmo nunca tenha sido uma adolescente ou criança normal.
Ok, só preciso contar até mil e ficarei calma, essa personalidade tenho que esquecê-la, tenho que ser uma boa garota, preciso ser aquela menina que ninguém iria desconfiar de matar uma mosca.
Eu consigo, sou capaz... Consigo?
Estalei os meus dedos e as coisas que joguei no chão começaram a ser colocadas no lugar. O vira-tempo flutuou até mim e vejo que a ampulheta estava quebrada e o pó tinha evaporado.
Realmente precisava controlar os meus nervos.
O faço ir para a mesa e escuto passos no corredor, mas dessa vez não sou ríspida com a Batilda, apenas a espero entrar no meu quarto.
_ Fiz chá. - Entregou a caneca fumegante e o cheiro estava bom. _ Camomila, acalma os nervos.
_ Me perdoe, não queria surtar. - Bebi conteúdo quente.
_ Leesa, não sei exatamente o que você passou no seu futuro, mas vejo que você sofreu muito e isso está te machucando por dentro.
_ Quando era apenas uma criança, jurei pela minha magia que iria salvar o Lorde das Trevas. - Sentou-se na minha cama e continuou a me ouvir. _ Não tinha nem feito um ano direito da queda do Lorde, mas na época não sabia o que estava me metendo.
_ Quem fez isso? Quem te fez jurar? - Olhei para a caneca e digo:
_ Minha mãe. - Bebo o chá. _ Então anos se passaram e tinha que fugir com os meus pais para um lado e para o outro. Recebi a carta de Hogwarts, mas fui proibida de frequentá-la. Não sei o motivo, sempre pensei que fosse medo dela me ver morta ou medo de eu ver outra visão desse mundo, mas acho que ela só não queria perder o bichinho dócil que ela criou.
_ Vejo que o dócil está equivocado. - Zombou.
_ Quando tinha 15 anos, eu e meus pais saímos da casa do meu avô, havíamos recebido uma carta de um dos Comensais, dizendo que ele tinha encontrado um lugar seguro na Albânia. Mas não conseguimos chegar nesse lugar, nem sei se realmente existiu esse lugar seguro. Provavelmente não, foi ele que deu a nossa localização para os aurores. - Começo a divagar.
Fiquei olhando para o nada quando me dei conta que não terminei de falar.
_ Então fui tecnicamente sequestrada e levada para o ministério, meus pais foram mortos por umas pessoas insignificantes...
_ Não acho que eles sejam insignificantes, você parece odiá-los e você está quase quebrando a caneca com suas mãos. - Olhei para baixo e realmente estava quase fazendo isso.
_ Não percebi. - Relaxei minhas mãos. _ Fui humilhada publicamente pelos bruxos que trabalhavam naquele lugar, mas...
_ Você se apaixonou? - Balancei a cabeça.
_ Não é paixão, mas é um amor puro entre irmãos, conheci o meu primo e ele era medibruxo. Foi ali que a minha vida mudou, mas foi para melhor, ele não podia vir me visitar sempre, mas os dias que me visitava mudava tudo. Tinha uma família com problemas mentais que tentou assassinar o mundo todo, mas era a minha família, imperfeita, mas era minha. Entende o porquê estou fazendo isso?
_ Você está fazendo por amor.
_ Amor e ódio andam realmente juntos. - Terminei o chá. _ Mas em um ano qualquer fomos separados, não sei o porquê ele acatou a ordem, mas a partir daquele dia não tive descanso. Era torturada dia e noite, não comia ou bebia. - Coloquei a caneca no chão. _ Era alguém insignificante que tinha coisas que eles queriam.
_ Então você não era insignificante, era bastante importante. Pensei que tivesse um pouco de autoestima. - Ri me lembrando de um loiro.
_ E tenho, aprendi com o melhor, apenas preciso de tempo para colocar quase doze anos em ordem.
_ Ou você quer colocar 20 anos em ordem? - Gargalhou. _ Você ainda precisa ficar atenta aos seus pensamentos, ainda é uma criança com falta de amor. - Levantou-se e ficou olhando o quarto. _ Não destrua o quarto.
_ Tentarei. - A vejo caminhar até a porta. _ Você teria uma penseira? - Parou e estalou os dedos, fazendo uma bacia aparecer.
_ Use-a com sabedoria. - Concordei e vejo a caneca desaparecer do meu lado.
Espero ouvi-la descer a escada, me levantando e indo até a penseira que saiam alguns fiapos prateados.
_ Accio memórias. - Quatro vidrinhos saíram da bolsa e ficaram em cima da cama.
Vou até as memórias e vejo que uma era do Draco, mas quando procurei por mais coisas na bolsa não tinha nada, será que ele colocou na minha bolsa? Ainda não tinha coragem de ver essas memórias, não estou pronta.
Segurei meu pulso e alisei a linha negra que tinha nele, um dia terei coragem o suficiente para saber o que essas memórias guardavam, mas hoje não tinha cabeça para ver.
Então guardei a memória na bolsa, pegando uma do Scorpius, queria saber como era a realidade que ele foi, a realidade que ele dizia que eu estava.
Vou até a penseira e destampei o vidrinho, mergulhando nas memórias do garoto.
───※ ·❆· ※───
As sombras começaram a ganhar formas e me encontro em Hogwarts. Scorpius estava com seu uniforme da Sonserina e ele ficava tão bonito. Deveria guardar essa memória para sempre.
_ Aí está você, Copinho. - Copinho?
Olhei para o garoto que mudava os seus cabelos constantemente e ao seu lado tinha um garoto de olhos dourados intensos.
_ Não vi você no jogo de hoje, estava passando mal? Se quiser, a gente pode te acompanhar até a enfermaria.
_ O quê? - Scorpius ficou confuso e quase dei um tapa na minha cara. _ Ah, sim, não estava muito bem, mas já fui à Madame Pomfrey. - Os garotos se olharam e colocaram a mão no rosto do menino. _ O que foi?
_ Você deve estar doente, todos sabem que a tia fez que a Madame Pomfrey se aposentasse desde o nosso primeiro ano. - O de cabelos coloridos falou. _ Temos que levá-lo para um dos curandeiros.
Uns? Pensei que Hogwarts só tivesse um curandeiro, mas essa é uma realidade alternativa e parece ser bem mais... Aquilo são sentinelas espirituais? Incrível.
_ Oi, coisa fofa. - O de olhos dourados cutucou a sentinela que se parecia com uma cobra e ela alisava o seu rosto.
_ Você precisa ir em algum lugar, Copinho? Estávamos indo para o Salão Principal.
_ Não está cedo para isso? - Perguntou o meu garoto.
_ Fiquei sabendo que a tia vai fazer um discurso, mas provavelmente o tio vai atrasá-la como sempre.
_ Se o tio te pega falando desse jeito, é Crucius na certa. - De olhos dourados, beliscou a bochecha do outro.
_ Como se a nossa tia o deixasse fazer isso com a gente, mamãe e papai me disseram que o tio é preso em uma coleira reforçada com vários feitiços.
_ Não se esqueça que ele é dono deste mundo. - Era tão estranho especificar ele como "o garoto de olhos dourados".
Os três começaram a andar e fiquei olhando em volta, tinha sentinelas espirituais por onde a gente passava, tinha até mesmo centauros e bruxos estudando magia... Esse mundo era inacreditável.
Como eles fizeram as criaturas mágicas terem magia?
_ E aí vem elas, as morceguinhas da Corvinal. - Seus cabelos ficaram no rosa. _ Olá, meu bem, tudo bem com vocês?
_ Olá, Rosier. - Sorriram e se foram.
_ Um dia vou me casar com aquela do meio, escute as minhas palavras.
_ Lobisomem e vampiro, que bela junção. - Scorpius riu e olhou para o de olhos dourados.
_ Na verdade, apenas meu pai é lobisomem, então, sou híbrido? Isso, sou híbrido.
_ E eu sou o Lorde. - Revirou os olhos.
_ Se o tio te pega dizendo isso...
_ Nem me lembre, os ciúmes dele está insuportável.
_ Está tão ruim assim? - Scorpius comentou.
_ Bom, na última vez os meus pais foram parabenizar a tia pela sua conquista por se sentar na cadeira do ministério... - De olhos dourados começou.
_ E o que ela está fazendo lá?
_ Ué? O tio Draco não te contou...
_ Meninos. - Olhamos para frente e tinha um homem de olhos verdes e cabelos pretos bagunçados.
_ Professor Riddle. - Disseram os dois garotos e fico surpresa.
Ele não parecia com Tom Riddle, será que era filho dele? Mas ele odiava o sobrenome, o que esse mundo virou?
_ Estamos a sós, papai e mamãe não estão por aqui. - Sorriu o homem. _ Bela vitória contra a Lufa-Lufa. - Os garotos sorriram.
_ Tio Arius, a tia ficou muito brava?
_ Sabe que a mamãe é apaixonada pela Lufa-Lufa, mesmo não sendo realmente a casa dela. - Olhou para Scorpius. _ Senti falta de você no jogo, está tudo bem?
_ Está sim. - Sorriu o meu bebê.
_ Se você está bem, isso é um alívio, mas vamos para os recados. Tio Lupin está te chamando na sala dele.
_ Papai? - Os seus cabelos ficaram pretos. _ Fiz alguma coisa? Burlei alguma regra?
_ Que dia você não burlou uma regra? - O professor olhou para o garoto que zombou. _ Ah, não, não tenho nada a ver com esse idiota que não consegue deixar os cabelos numa cor só.
_ Não tenho culpa que a mamãe passou isso para mim.
_ Parem. - Todos ficaram calados. _ Orion está te esperando no salão Comunal da Corvinal. - Presto atenção em suas vestes e realmente era um Corvino.
_ Papai quer me matar?
_ Se ele quisesse te matar, teria trazido o tio Cygnus. - Zombou Rosier.
_ Olha aqui, seu...
_ O amor é lindo, mas vocês têm que ir.
_ Mas não quero perder o discurso da tia. - Rosier começou a espernear.
_ A mamãe vai se atrasar...
_ Como sempre. - Disse o Corvino. _ Estou indo antes que o papai chame o pai Cygnus. - Começou a correr.
_ E vou antes que o papai chame a mamãe, odeio vê-la brava. - Tremeu e começou a correr em direção oposta.
_ Bom, vou para...
_ Você precisa ir à sala do diretor.
_ Por quê?
_ Tem coisas que aquele homem não gosta de me dizer ou explicar. Infelizmente sempre foi assim. - Deu de ombros.
_ Então tá. - Deu tchau para o homem e as memórias mudaram para uma sala, provavelmente do diretor.
_ Ele não está, como sempre. - Disse um quadro.
_ Diretor Phineas, o que o senhor quer dizer?
_ Quero dizer que ele não está, mas se quiser encontrá-lo, provavelmente está naquela escola que a Lady inventou de construir.
_ Você não pode dizer que foi uma má ideia, Phineas. A Lady fez aquela escola com muita dedicação. - Esse conhecia, era Dippet. Sua foto estava em um dos diários da tia Cisa.
_ Não estou dizendo que foi uma má ideia, só sinto um pouco de inveja por estar morto. - Bufou e olhou para Scorpius. _ Diga-me a senha que o deixarei passar para a escola primária.
_ Senha?
_ Todos os alunos receberam uma senha, diga-me a sua. - Bom, o quadro tinha cobras e talvez seja bas...
_ Salazar?
_ Senha correta. - O quê? Era... Desisto.
A memória mudou novamente e vejo Scorpius atrás da porta, escutando algo... Que coisa feia!
Fico ao seu lado e começo a escutar também, era uma pessoa curiosa e gostava de saber informações confidenciais.
_ Minha Lady, o que devo a honra de sua presença?
Escutei passos vindo e vejo Scorpius se arrumando e levantando a mão e quando iria bater à porta, a porta se abriu por uma mulher muito bonita, nossa, ela parecia uma Deusa.
Cabelos castanhos ondulados que iam até os seus ombros, olhos violeta, mas que tinham runas em volta de suas íris e elas se mexiam. Ela usava óculos de grau, mas não fazia ela ser menos atraente.
Boca volumosa e nariz fino, ela deveria ter a minha altura, mas usava calças e uma blusa de frio, e em suas mãos tinham luvas de couro.
Ela era linda e sua pele não era branca igual à minha, mas um moreno saudável e muito bonito.
_ Scorpius, tem tempo que não o vejo. - A voz da mulher era melodiosa e me dava arrepios.
_ Sim, muito tempo.
_ Scorpius, o que faz aqui? - Leesa dessa realidade perguntou.
_ O diretor me chamou, mas ele não estava lá.
_ Aquele idiota fugiu de novo? - A Lady riu e trouxe Scorpius para a sala.
_ Não pegue tão pesado com ele, você sabe como ele é.
_ Queria não saber como ele é, ele é irritante. - Parou de reclamar e olhou para o meu bebê. _ Sinto muito, Scorpius, mas não sei o que aquele idiota queria com você.
_ Está tudo bem, tia Leesa. - As duas olharam estranho para ele. _ Desculpe-me.
_ Você nunca me chamou assim.
_ Pensei que iria gostar já que é uma Malfoy. - Fez uma careta e fiquei surpresa por isso.
_ Apenas considero um sobrenome e esse é Slytherin.
_ Também, olha quantos sobrenomes você tem, você tem cinco ou seis sobrenomes. - A Lady zombou.
_ Não exagere. - Leesa revirou os olhos.
_ Então, posso voltar?
_ Claro, desculpe por tirar você do seu dia importante, espero que a Sonserina tenha vencido.
_ Não me fale sobre isso, estou fugindo daquele idiota do meu marido por causa disso.
_ Ah, então a senhora está aqui para se esconder do terrível Lorde das Trevas?
_ Terrível só com vocês. - Sorriu de lado.
_ Lembro do dia que ele tentou me matar e tentou matar aquele idiota. - Tremeu e olhou para a mulher que se intitulava como Lady.
_ Scorpius, quando você voltar e ver o meu marido, diga para ele que morri.
_ Não, não diga isso. É bem capaz dele tentar matar todo mundo para te trazer de volta à vida, e dessa vez é bem capaz dele conseguir isso do que a última vez. - Parecia aflita. _ Apenas diga que ela está aqui.
_ Sua malvada.
_ Apenas não quero morrer jovem.
_ Claro, se eu o encontrar. - Iria sair, mas olhou para a mulher. _ O pessoal aguarda a senhora para fazer o discurso.
_ Sabia que estava esquecendo de algo.
_ Você tem memória de peixe? - Leesa perguntou e tive de rir.
_ Não, não sou o meu marido.
