_ Pensei que não podia piorar. - O homem parecia que iria desmaiar.
_ Avisei.
_ Você é uma assassina de varinhas. - Salazar sussurrou no meu ouvido. _ Isso é interessante, pequena menina.
_ Mas avisei, quadro velho. - Revirou os olhos.
_ Tente...
_ Não. - Gritou e se consertou. _ Quero dizer, não acho que nenhuma varinha em minha pequena e humilde barraca poderá ser dessa adorável senhorita.
Era como dizer que não iria me entregar nenhuma varinha para experimentar, mesmo que ele fosse pago.
_ Tudo bem, tome dois galeões pelo ocorrido. - Salazar entregou dois galeões e me tirou daquela barraca. _ Assassina de varinhas.
_ Mas avisei que aquilo iria acontecer. - Fiquei emburrada.
_ Não pensei que o seu núcleo fosse tão forte.
_ O que quer dizer?
_ A se... Você não sabe? - Saber eu sabia, mas vamos escutar a sua explicação. _ Bom, a varinha escolhe o bruxo, mas, na verdade, escolhe o núcleo e magia.
_ Então a minha magia...
_ É poderosa demais para varinhas comuns, você teve sorte com essa. - Ele ainda segurava a varinha que ele partiu ao meio.
_ Ou apenas tive a originalidade de ameaçá-la. - Concordou.
_ Você quer alguma coisa? - Fiquei olhando para as barracas, mas não tinha nada que quisesse.
_ Você tem ouro?
_ Tenho. - Sorriu de lado. _ Muito.
_ Então preciso disso, preciso fazer um novo vira-tempo. - Concordou. _ Quantos anos você tem? Alguns livros diziam que você nasceu em 976, mas você não parece ter 17 anos.
_ Tenho 35. - Olhou-me esperando por algo, me fazendo ficar sem entender por algum tempo.
_ Ah, tenho 28.
_ Você parece ser mais velha. - Fiquei chocada com isso. _ Acho que posso ver algumas rugas... - Corri até uma bandeja que não era de prata e começo a me observar. _ Você tinha que ver o seu rosto, estava hilário. - Começou a rir.
_ Seu idiota, não diga para uma mulher que ela tem rugas. - Digo o observando pelo reflexo da bandeja e o vejo fazer minha antiga varinha evaporar.
_ Me perdoe, mas foi engraçado. - Revirei os olhos e vejo os três fundadores olhando para nós. _ Eles devem estar apostando que a qualquer momento começaremos a brigar.
_ Talvez isso aconteça, não sabemos o futuro. - Ele me olhou. _ Nem mesmo eu.
_ Vamos, temos que ir para casa.
_ Pensei que ficaríamos em Hogwarts.
_ Não fizemos ainda onde as crianças irão dormir, ou os quartos dos professores.
_ Entendo. - Chegamos perto dos três que sorriam. _ Percebemos que somos parecidíssimos e que devíamos nos tornar inimigos jurados. Mas, infelizmente, não conseguimos nos matar nesse meio tempo, então acabamos sendo amigos, infelizmente.
Os três nos olharam e começaram a rir, até Salazar começou a rir e era estranho ver aquilo.
_ A senhorita é ótima para inventar histórias. - Helga secou uma lágrima.
_ Bom, me chamem de Leesa ou de você, é estranho chamar vocês de senhores ou senhoritas. - Concordaram.
_ Então, vamos? Estou morrendo de fome. - Godric mostrou um pedaço de bife que estava em seus braços.
_ A gente vai aparatar? - Perguntei para o homem ao meu lado.
_ É esse o nome que deram? Que estranho. - Pegou minha mão e sumimos do mercado, aparecendo em uma vila movimentada. _ Bem-vinda a minha humilde residência.
O observei, mas a minha atenção foi para o lugar que ele dizia ser humilde... A casa tinha dois andares e era feita de pedra, isso era humilde?
_ Ele sempre fala que é humilde, mas olhe em volta, essa é a única casa que usou pedras para ser construída e não madeira. - Godric zombou e foi até a porta de entrada, mas foi repelido. _ Salazar! Mudou novamente a senha?
_ Sempre mudo. - Largou minha mão, indo até o homem. _ Até parece que não me conhece.
_ Infelizmente não sei todas as espécies de cobras que existem neste mundo, fale logo a senha, quero comer.
_ E o que tenho a ver com isso? - Debochou.
_ Quer brigar? - Godric se aproximou do homem de vestes verdes.
_ Ganhamos. - As meninas bateram suas mãos sorrindo.
Os dois olharam para elas e reviraram os olhos, eles gostavam muito de apostas, mas não ganhavam nada, apenas a felicidade e a satisfação de ver seus amigos irritados.
Parei de ver a interação dos quatro e vejo que todos andavam e conversavam entre si, era como Godric's Hollow, só que um pouco maior. Eu acho.
Pensei que Godric morasse em Godric's Hollow, mas vejo que ele ainda não morava lá.
_ Vem. - Helga me puxou pela mão e entramos na casa.
Pensei que seria fria, mas tinha uma temperatura normal, nem muito fria e nem muito quente. A casa era bastante arejada e iluminada, bom, posso até dizer que era bem melhor que a casa da titia.
_ Vem, vou te mostrar o seu quarto. - Helga continuou me puxando e vejo que quem iria cozinhar era Godric. _ Salazar não gosta que vão no terceiro andar, lá é onde os pais dele morreram.
_ Devo falar meus pêsames? - Discordou.
_ Salazar não gostava dos seus pais, ele os odiava, na verdade. - Compreendo você, Salazar.
Estávamos no segundo andar e só tinha um corredor cheio de portas que provavelmente eram os quartos. Deveria informar sobre encanamentos e banheiro para eles...
Helga parou na última porta do corredor e a abriu, me mostrando um quarto rústico, mas confortável e era bastante bonito, se não fosse verde. Não posso reclamar, sou apaixonada por azul.
_ Bom, esse será o seu quarto. - Concordei, deixando a bolsa em cima da cama.
_ Onde ficam os seus quartos?
_ Do Salazar fica no meio, a porta dele tem uma cobra. - Revirou os olhos. _ De Rowena é a primeira porta do corredor, ela diz que prefere assim para não acordar ninguém, ela acorda muito cedo, ou fica a noite toda lendo.
_ Acredito na segunda opção.
_ Também. - Riu e continuou falando. _ O meu quarto é esse da frente. - Apontou para a porta. _ E Godric não dorme aqui, ele tem uma casa em Hollow, mas a maioria das vezes ele está deitado no chão enquanto reclama da bebida "fraca" que tomou.
_ Preciso ver essa cena.
_ Bom, bem-vinda ao passado. - Saiu do quarto e me deixou sozinha.
E mais uma vez estou num lugar desconhecido que com toda certeza mudarei por apenas estar aqui. É estranho estar mais uma vez em um lugar desconhecido e com pessoas desconhecidas.
Como se em 1935 eu tivesse pessoas conhecidas, nem mesmo o Lorde conheço realmente, só sei sobre ele devido a uma pasta contendo suas informações.
Vou até a cama, me sentando nela, era confortável. Mas era um pouco solitário estar aqui sem ninguém, afinal, sou uma intrusa que não deveria estar neste tempo, sou apenas um fantasma que acabou aqui.
Queria o meu tempo, a minha realidade, mas não posso, infelizmente.
Estou sozinha em um tempo que não pertenço e só espero que um dia possa a pertencer.
