_ Pequena rata, não sou esse tipo de pessoa que você pensa que sou.

_ Não estou dizendo que você é assim, só estou dizendo algo que várias pessoas fariam, mas você é bom, Sly. E isso que é a coisa mais impressionante. - Deixo os livros para lá e comecei a andar novamente. _ Todos retratam você como um demônio.

_ E você acreditou? - Talvez.

_ Não, não gosto de julgar o livro pela capa e nem pela sinopse.

_ Ainda não te dei o seu ouro, me perdoe, esqueci completamente. - Olhei para o meu anel e discordei.

_ Acho que posso fazer algo sem usar o seu ouro, Sly. Só preciso aprender a manipular ouro negro, mas bem pequeno. - Mostrei o meu dedinho.

_ Quem a deu? - Segurou minha mão e alisou o anel, mas no mesmo segundo retirou seus dedos. _ Tem um feitiço poderoso no seu anel.

_ Sério? Nunca senti nada. - Observei o anel.

_ Também não, mas quando o toquei, senti como se pudesse morrer em questões de segundos, mas não sei qual é o feitiço.

_ Bom, isso só me faz ter mais vontade de ter esse anel como o meu vira-tempo e um dia vou saber tudo sobre ele, um dia. - Tirou sua mão da minha. _ Mas quem é a mulher?

_ Você não a conhece.

_ Talvez já tenha lido algo sobre ela.

_ Acho que não. - Ele não queria falar e não queria insistir. _ Vamos pegar a galinha daquele idiota.

_ Sim, senhor.

_ Depois podemos comprar o elfo e ver se ele está livre ou não.

_ Se eles estivessem livres, eles não poderiam aparatar? - Perguntei o obvio.

_ Não se sua magia foi contida. - Algemas de contenção.

_ Mas eles não tinham algemas.

_ Mas tinham coleiras, talvez sejam elas. - Nem percebi.

_ Talvez. - Paramos na barraca e tinha várias galinhas, galos e pintinhos.

_ Ah, senhor Slytherin, tanto tempo sem ver o senhor.

_ Realmente é muito tempo, Lenny. - O homem me olhou.

_ O senhor arrumou uma esposa tão bonita, não fiquei sabendo que já tinha se casado. - Oi?

Olhei para os lados e tentei achar Morgana ou outra pessoa, mas só tinha eu e Salazar nessa barraca.

_ Ah, sim. Ela quis que o nosso casamento fosse escondido da população. - Salazar me abraçou de lado e só queria saber o que estava acontecendo. _ E hoje ela cismou que queria ensopado de galinha. - Sou Godric agora?

_ Já posso ver a barriga crescendo. - Barriga? Santo Merlim, essas pessoas inventam cada coisa. _ Como não quero ser a pessoa que negou uma galinha a senhora Slytherin, darei a melhor que tenho e não precisa pagar. É um presente de casamento atrasado.

Salazar é rico, então ele vai recusar essa galinha de graça.

_ Não sei como agradecer a sua bondade, Lenny. - Fico chocada, ele acabou de aceitar aquela galinha? E de graça?

_ O que acha dessa galinha? Acho que dará mais sustância para a sua barriga crescer sem riscos. - Já posso rir?

Olhei a galinha e depois para Salazar, mas sorri educada pada o homem.

_ Isso é adorável de sua parte, senhor. Meu filho ficará imensamente grato pela sua bondade. - É de graça, temos que aproveitar.

_ Que mulher educada, você escolheu bem, senhor Slytherin. - Agora sou mercadoria para ser escolhida?

_ Na verdade, foi ela quem me escolheu, já que não conseguiria ter o seu coração se ela não tivesse me escolhido.

_ Você é um romântico, senhor Slytherin. - Entregou a galinha para Salazar. _ Quando nascer, me conte e darei mais uma galinha como presente.

_ Claro. - Sorrimos e fomos embora levando aquela galinha que não parava de se mexer.

_ Agora estou grávida e casada. - Tirou o braço dos meus ombros e riu. _ O que mais terei que mentir?

_ Talvez... - Balançou a cabeça discordando do que iria falar. _ Você ficaria fofa estando grávida.

_ Sério? - Olhei para baixo e tento me imaginar. _ Não consigo ver essa cena, parece tão irreal, e não consigo imaginar ninguém ao meu lado.

_ Pensa em ficar sozinha para sempre?

_ Com vários gatos na minha casa e comendo sorvete enquanto assisto algo na TV trouxa.

_ Entendi sobre os gatos.

_ Um dia explicarei tudo. - Voltamos para o homem que vendia os elfos.

_ Senhor Slytherin, veio comprar mais um elfo?

_ Sim, mas dessa vez é para a minha esposa e acho que ela irá precisar de um ou dois.

_ Não sabia que era casado, mas, meus parabéns. - Dessa vez não teremos elfos de graça. _ Por favor, senhora. Escolha o que mais lhe agrada.

_ Obrigada. - Sorri e só imaginava o matando.

Sei que não sou uma santa e as coisas que farei deve ser pior que torturar e vender elfos como mercadoria. Mas farei com pessoas que me machucaram, farei com pessoas que se opõem a mim.

Não farei nada com criaturas mágicas, bom, se elas ficarem do meu lado ou ficarem quietas em seu canto. Mas não farei isso por maldade ou crueldade, mas farei por prazer e vingança.

Fiquei observando os elfos que tremiam apenas por me olharem e vejo uma elfa. Seus olhos grandes e verdes me lembravam os meus, mas também me lembravam quando estava quase na mesma situação que ela, porém, me lembravam das vestes de Salazar.

_ Ela. - Apontei para a elfa. _ A quero, mas como faremos para ela ser minha?

_ Ótima escolha, senhora. - Sorriu o homem. _ Eles já estão livres, só tenho que tirar esse colar e você pode fazer o contrato.

_ Que ótima notícia. - Sorri amplamente. _ E todos os elfos são livres?

_ Sim, bom, menos os elfos que tem contrato comigo. - Falou e puxou a elfa pelo braço e a jogou aos meus pés. _ Ela é um pouco malcriada, mas nada que um pouco de disciplina não resolva.

_ Claro. - Respirei fundo e tento me agachar no chão, mas Salazar me impediu.

_ Querida, você está grávida. Não pode fazer isso e se você tiver alguma complicação?

_ Mas você está com a galinha em mãos, como vou tirar o colar? - Claramente ele poderia levitar a galinha, mas acho que ele não queria fazer isso.

Nós nos olhamos e olhamos para o homem.

_ Claro, eu tiro. Não sabia que teríamos um herdeiro da família Slytherin a caminho. - Aproximou-se da elfa e tirou o colar dela. _ Faça o contrato, antes que ela recupere um pouco de sua magia.

_ Ah, sim. - O homem a levantou e seguro sua mão ossuda.

Falo o feitiço de ligamento e isso me lembrou do meu juramento.

Vou libertá-la quando me for e ela poderá ser um elfo livre, como Dobby.

_ Tome. - Salazar entregou cinco galeões ao homem e o vejo morder as moedas.

_ Muito rico, senhor Slytherin. Como sempre. - Sorriu maldoso e fiquei desconfiada sobre isso.

Afinal, de onde vinha o dinheiro de Salazar? De onde estava vindo o dinheiro que estava fazendo Hogwarts ser erguida?

Nunca parei para pensar nisso, mas era algo que me deixou intrigada agora.

Vejo Salazar levitar a elfa e fomos andando.

_ O que está pensando?

_ De onde você arrumou tanto dinheiro.

_ Acha que matei várias famílias e roubei os cofres?

_ É uma boa alternativa, mas aquele homem não iria falar daquele jeito.

_ Um dia contarei onde sai o meu dinheiro, mas não hoje, hoje temos que ver o céu. - Sorriu de lado e concordei.

_ Acabamos não vendo ingredientes para a minha varinha. - Distanciamos do mercado.

_ Está tudo bem, podemos voltar outro dia. - Concordei.

Andamos um pouco e logo pude ver a casa de Salazar. Algumas mulheres me cumprimentaram, pedindo que as visitasse a qualquer dia. Elas eram uns amores.

Chegamos no nosso destino e falo a senha para a porta, a abrindo. Mas logo a fechei novamente para não ser atingida por uma faca. Salazar olhou para a lâmina que atravessou a porta assustado.

_ Você está bem? Se machucou em algum lugar? - Largou a galinha flutuando ao nosso lado e começou a tocar o meu rosto com preocupação.

_ Sim, estou bem. - Mas ele não acreditou e olhou cada centímetro do meu rosto. _ Salazar... - Não escutou.

Peguei suas mãos e as apertei.

_ Está sentindo dor? - Seus olhos estavam aflitos, na verdade, ele estava muito preocupado. _ Precisa que eu chame um curandeiro?

_ Salazar, estou bem. Senti a faca sendo arremessada por magia e devido a isso pude reagir rapidamente. Estou bem. - Tento falar o mais calma possível e vejo a porta se abrir.

_ Você está bem, Leesa? - Helga me olhou apreensiva. _ Estava tentando ajudar Godric a cortar os legumes, mas sou um desastre na cozinha e acabei usando magia para me ajudar...

_ Mas ela acabou se cortando e a sua magia reagiu jogando a faca para o mais longe dela. - Rowena complementou e me olhou. _ Você está bem? - Olhou para as mãos de Salazar no meu rosto e sorriu de lado.

_ Não vê que ela está pálida? Acho que devemos...

_ Estou bem e sou pálida por natureza, ainda mais que não tenho mais manchas vermelhas e... - Paro de falar e tiro as mãos de Salazar do meu rosto. _ Obrigada pela preocupação de vocês, mas estou bem e viva. - Sorri.

Vejo todos respirarem em alívio e entramos na casa. Salazar fez que a galinha fosse até a cozinha e me levou para o andar de cima.

Vejo Rowena tirando a faca da porta e sorriu para mim.

Abro a porta do meu quarto e me sento na cama, vendo Salazar colocar a elfa no chão e tirar o feitiço de levitação. Fechou a porta e se sentou ao meu lado.

_ A elfa maldita não tem nome, mestra...

_ Não se chame assim, você não é maldita. - Os olhos da elfa brilharam e tentou se punir batendo a sua cabeça no chão de pedra.

Mas me levantei, me ajoelhando no chão para segurar sua cabeça.

_ Não se machuque, não estou te repreendendo e você não precisa fazer nada que foi ensinada por aquele homem. Ok?

_ A elfa ma... A elfa não sabe como agradecer a mestra.

_ Apenas me chame de Leesa e aquele ali é Salazar.

_ São os meus mestres. - Iria falar que não, mas tecnicamente era.

_ Como você não tem um nome, que tal chamá-la de Debby?

_ Debby gostou do nome, Debby está feliz pelo nome que a mestra me deu.

_ Fico feliz por isso. - Sorri e alisei seu rostinho, fazendo uma magia de limpeza em seu corpo.

A elfa ficou maravilhada e quase chorou, mas apenas segurou o choro e me viu transfigurar uma roupa para ela, a entregando.

_ Quero que você viva livremente, Debby. Então, estou a presenteando com uma roupa e a libertando do contrato. - Pensei em ficar com ela e apenas a libertá-la quando fosse embora.

Mas não seria justo, sei como é se sentir presa e é horrível.

_ Debby não foi do agrado da minha mestra?

_ Não é nada disso, Debby. Mas irei embora algum dia e acho que ser livre é muito melhor do que ficar trabalhando para alguém, mas se você quiser, você pode ficar aqui. - Olhei para Salazar que concordou.

_ Por que a mestra vai embora?

_ É uma longa história, mas um dia contarei. - Aceitou a roupa que fiz para ela.

_ Debby agradece.

_ De nada. - Salazar pegou o meu braço e começou observá-lo. _ O que foi?

_ Você é destra.

_ Sim, por quê?

_ Por nada... - Retirou sua varinha de sua manga e sussurrou algo para ela.

Sua varinha era bonita, tinha algumas lascas verdes em algumas partes, tão Sonserino.

Colocou sua varinha na minha mão e a apertei para não cair, mas ele ficou analisando e me fazendo continuar apertando a base arredondada de sua varinha.

_ O que você está tentando saber?

_ Nada. - Sei...

Não falo nada, só o deixo fazer o que queria fazer com o meu braço e não demorou muito para se levantar, pegar a sua varinha e sair do quarto.

_ Você entendeu alguma coisa? - Perguntei para a Debby que girava com o seu vestido.

_ Não, mestra. - Concordei e apoiei minha cabeça na mão, pensando em tudo e, ao mesmo tempo, em nada.

Peguei minha bolsa e retirei os materiais para fazer o vira-tempo, porém, antes de ir para a mesa que tinha no quarto, olhei meu anel e penso se era sensato usá-lo para aquele propósito.

Esperava que Dragon não se importasse desse anel ter outra função.

Levantei-me da cama, levando os materiais comigo e os colocando na mesa.

Sentei-me na cadeira e retirei o anel do meu dedo, o fazendo voltar ao normal. Seria mais difícil com ele assim, mas vamos lá, não posso ficar colocando defeito em algo que nem comecei.

_ Mestra, a Debby pode ajudar... - Olhei para trás e a chamei.

_ Estou tentando fazer algo que me faça ir embora, mas vai ser um pouco difícil.

_ Difícil quanto? - Sentou-se na mesa.

_ Não sei como comparar essa dificuldade. - Comecei a tentar manipular o ouro.

Tinha que ter paciência, ouro era maleável, leve e poderia formar qualquer coisa, apenas precisava de concentração e muita, muita paciência.

Algo que aos longos dos anos perdi em vez de ganhar.

O anel ficou flutuando no meio das minhas mãos e algo que estava em um círculo quase perfeito, se tornou espinhoso e em uma bolinha pequena, mas era maior que uma ervilha e menor que um grão de arroz.

Fechei um olho e canalizei um pouco de magia na bolinha, a transformando em algo perfeito.

Ok, vamos com calma.

O que estou tentando criar é algo totalmente diferente dos vira-tempos que já foram criados. Ele não terá o formato de um relógio, mas de um anel. Então, como ele irá funcionar?

Isso é algo que pensarei ainda, primeiro vamos ver se consigo fazer várias formas com o ouro, se conseguir, já penso no que posso fazer.

Coloco mais um pouco de magia e a bolinha começou a ficar espinhosa novamente, vou tirando minha magia aos poucos, quase retirando tudo que coloquei, mas a faço voltar ao normal.

Então esse anel aguenta feitiços poderosos, mas não aguenta magia pura. Isso vai ser difícil, já que não sei nenhum feitiço de tempo, nem sei se existe esse tipo de feitiço, sem ser o feitiço de ver horas.

Terei que criar um e isso me faz pensar que não vou ficar algumas semanas aqui e sim, meses, talvez anos.

Mas não ligo muito para isso, posso controlar o tempo e controlar minha forma física.

Não tenho o porquê de ficar impaciente para ir para o futuro que nem é o futuro de fato, e não tem nada lá para mim, nada que valha o tempo que perderei lá.

Bom, apenas um garoto sem saúde mental e que só precisava de um abraço e de terapia extensiva.

Mas não posso julgá-lo, estou no mesmo caminho e olha que ele só quer a destruição da minoria, eu já quero a destruição de tudo.