Ele ficou suspenso no ar e subi na cama, o observando de perto, mesmo no escuro, podia ver suas veias do pescoço sobressalentes.
Seus pés tentavam alcançar o chão que não existia e chutavam o ar para tentar sair do aperto da minha magia.
Suas mãos agarravam minha magia com força, mas o ar em seus pulmões já estava se esvaindo, ele tinha pouco tempo antes de desmaiar por falta de ar.
Balancei os dedos e minha magia o prendeu pelos pulsos, soltando a sua garganta. O escuto tossir e falo:
_ Como vai? Vi que você teve uma noite excelente. - Respirou fortemente.
_ Quem é você? O que quer comigo?
_ E alguém iria querer algo com você? Claro, além de te matar? Você se acha muito especial, não é?
Meus dedos foram rasgados pela lâmina e a dor não veio.
_ Nunca tentei usar meu sangue para me divertir. - Uso o feitiço de visão noturna.
Rasguei sua roupa, alisando meus dedos em seu torso para ver o que aconteceria. Vejo meu sangue queimar o homem e o cheiro de carne preencheu o quarto.
_ Interessante. - Gritou por ajuda. _ E se você bebesse o meu sangue? O que o meu sangue faria em você?
Minha magia o abaixou alguns centímetros e agarrei sua mandíbula, o fazendo abrir a boca.
Mordi os meus dedos e os pingos se transformaram em uma cachoeira, faço o sangue cair em sua boca e uma fumaça começou a sair de sua boca.
Sua língua tentava sair de sua cavidade bucal para não sentir a queimação, mas isso só iria acontecer se eu a arrancasse.
Aliso a lâmina nas queimaduras e o seu sangue começou a fluir pelos cortes que deveriam ser rasos, mas não eram.
_ Poderia fazer você morrer muito facilmente, poderia enfiar essa faca entre as suas costelas e privar os seus pulmões de conseguirem oxigênio. Poderia matá-lo por hemorragia, tenho muitos meios para fazer isso, mas não acho justo acabar isso tão rápido. Não concorda?
Não falou, mas tentou mais uma vez sair do aperto da minha magia. Ele poderia tentar, mas não iria conseguir.
Minha pequena e adorável magia passou muitos anos presa, ela evoluiu, cresceu e se tornou perfeita para esse tipo de ocasião.
Ela era tão pura que me dava pena às vezes de usá-la.
Sinto minhas costas coçarem e arderem, como se algo quisesse passar pela minha pele.
Meus braços formigaram e vejo a cobra que deveria estar em minhas costas; saindo do meu corpo. Ela se dividiu em duas e entraram nos olhos do homem.
Os olhos explodiram e o homem parou de reagir por breves segundos, mas logo continuou a se debater, mas com mais força dessa vez.
Finquei a faca no seu ombro e dou alguns passos para trás para ver aquela cena acontecer. Era tão maravilhosamente deliciosa que fez minhas pernas tremerem por puro êxtase.
Mordi meus dedos para tentar abafar minha alegria e sentimentos estranhos do meu corpo. Era tão maravilhoso, tão mágico e surreal.
Não sabia o que as cobras estavam fazendo no corpo daquele homem, mas podia sentir a necessidade de matar e destruir tudo que viam.
Tento dar mais um passo para trás, mas acabo caindo sentada na cama.
Não tinha o porquê de me levantar, só queria continuar assistindo aquela obra de arte.
As cobras apareceram e rodearam a barriga do homem, era visível pelas suas roupas rasgadas e ensanguentadas.
Entretanto, no minuto seguinte, elas partiram o homem ao meio e o sangue espirrou para todos os lados, até mesmo no meu rosto.
_ Obrigado pelo lanche, mestraaa. - Disseram as cobras que voltaram para mim e possivelmente voltaram a ser apenas uma.
Ela nunca falou, nunca saiu do meu corpo, mas dessa vez saiu...
_ Demônio... - Disse antes de falecer.
_ Já fui chamada de coisa pior.
Tento limpar o meu rosto com a mão, sentindo minha magia me acariciar antes de voltar para mim.
_ Isso foi bom, eu acho. - Saio da cama e do quarto, batendo no peito do Salazar.
_ Você parece ter se divertido. - Salazar alisou minha bochecha e me mostrou o seu dedo manchado de sangue. _ Já mandei os elfos para Hogwarts e pedi que os outros elfos ajudassem...
_ Pensei que não iria mais falar comigo e iria me chamar de...
_ Leesa, só achei que você não era daquele modo, nunca falei que iria te abandonar e se você é assim, não posso fazer nada, apenas te apoiar. - Passou por mim e foi para o quarto.
Estalei os meus dedos e um lumos apareceu, se dividindo em dois, um ficou comigo e outro seguiu Salazar. O feitiço de visão noturna se desativou e me sentei no degrau da escada.
Acho que ninguém realmente me compreenderá, todos irão me olhar torto quando falar do jeito que assassinarei alguém.
Nem parece que eles já mataram.
Eles se chamam de monstros, mas quando conhece um de verdade, o julga com os seus olhos e o repreende com suas palavras... Também não sou assim? Julguei tantas vezes aquele homem, julguei e o chamei de tantos nomes.
Tom Riddle... Voldemort... São dois monstros completamente diferentes e, ao mesmo tempo, iguais.
Tom Riddle usava o seu belo rosto para conseguir o que queria, usava tudo ao seu alcance para alcançar o topo do mundo e conseguiu.
Voldemort usou o medo e a tortura para conseguir tudo, mas esse não conseguiu muita coisa, apenas escuridão.
Mas, se juntasse os dois? E se juntasse a inteligência, o rosto atraente, a manipulação que o segue, o medo e a tortura que o persegue em cada passo? O que sairia disso? O que sairia dessa fusão? O maior bruxo das trevas ou o fracasso?
Isso me deixou curiosa, me deixou propensa a não apenas observá-lo e ajudá-lo ao longe.
Mas, estar ao seu lado para ver o que aconteceria com seus inimigos... Entretanto, isso era apenas um pensamento bobo, isso nunca aconteceria.
Alisei o meu anel e o limpei na minha roupa, ele tinha alguns respingos de sangue carmesim... Sangue? E se tentasse...
Tirei o anel do meu dedo e o vejo se transformar novamente em um belíssimo anel, mas uma de suas pedras estavam nebulosas.
Mordi o meu dedo indicador e ele se abriu novamente, e deixei uma gota do meu sangue cair no chão de pedra, colocando o anel virado com o diamante para baixo no meu sangue.
O peguei do chão e vejo que o diamante que estava turvo, se tornou algo brilhante que continha magia pura...
O anel tinha magia pura e não era pouca. Eu consegui... Consegui!
Santo Merlim, como não pensei nisso? Como sou tão burra? Sangue bruxo tem magia contida nele, por que nunca pensei nisso?
Ah, lembrei, porque meu sangue destrói coisas mágicas e isso aqui, é mágico.
Mas agora só preciso colocar o pó de vira-tempo nesse anel e configurar um feitiço de display.
E finalmente poderei fazer aquilo que sou obrigada a fazer, mas pelo menos estudarei em Hogwarts. Algo bom tinha que sair disso tudo.
Mas por que o meu sangue ajudou nisso? Meu sangue é amaldiçoado, não deveria conter uma maldição altamente poderosa e corromper esse anel? Olha o estrago que fiz com aquele homem.
Às vezes me perguntava, meu sangue era amaldiçoado ou não? Ajudei abortos a terem magia, consegui colocar magia pura nesse anel.
Porém, sinto dor por causa desse sangue, consigo fazer coisas queimarem apenas por deixar uma gota cair em objetos ou pessoas.
Um dos motivos que deixei cair uma gota do meu sangue no chão e não no anel diretamente.
Mas, era muito estranho, se consegui fazer aquele homem se queimar devido ao meu sangue, não deveria ter queimado o Dragon? Não deveria ter queimado o Potter?
Bom, quando a titia estava me curando, não tinha sangue, só feridas. Então ela não conta.
Um dia descobrirei tudo isso, só espero que não me arrependa de descobrir.
_ Vamos? - Olhei para cima e concordei. _ Quer queimar o lugar? - Coloquei o anel no meu dedinho e o sinto se encaixar perfeitamente.
_ Não, deixaremos assim, não me importo de ser acusada por assassinato. Eles não têm nenhuma prova que fui eu. - Desci a escadaria e o olhei. _ Ou você vai me dedurar? - O lumos se tornou um novamente e sumiu.
_ Sou seu cúmplice, por que iria te dedurar? - Apertou minha bochecha. _ Vamos para casa, vou te dar um pouco de vinho quente. - Limpei meus dedos no meu vestido.
Gostava que meus cortes em meus dedos sempre se curavam rapidamente, isso era muito bom.
_ Deve ser horrível. - Riu e saímos da casa. _ Os elfos ficarão bem?
_ Sim, podemos ver eles daqui a alguns dias.
_ Por que não agora?
_ Você precisa tomar um banho e precisa dormir. Hoje o dia foi muito agitado, você não acha?
_ Se você está dizendo. - Pegou o meu braço e desaparatamos dali. _ Acha que eles já chegaram?
_ Duvido muito. - Entramos em casa e tudo estava apagado, mas Salazar estalou os dedos e todas as velas se acenderam. _ Quer que eu prepare o seu banho? Um pouco de vinho?
_ Não, obrigada. - Subo a escadaria. _ Obrigada por hoje.
_ Sempre as suas ordens.
_ O que você fez...
_ Você não precisa saber sobre isso. - Disse sério.
_ Mas estou curiosa, qual foi o motivo de você ter entrado no quarto?
_ Um dia você vai saber, mas não hoje.
_ Tão misterioso. - Subo para o segundo andar.
_ Ele pegou o núcleo mágico dele, mestraaa. - Paro de andar até o meu quarto e aliso meu pescoço.
Núcleo mágico tinha algum valor? Sempre pensei que o núcleo parava de existir quando a pessoa morria, mas vejo que estava errada.
Porém, por que essa cobra começou a falar? Será que é por que estou viajando no tempo? A titia falou que o vira-tempo estava girando, mas não quis ver para confirmar.
Continuo andando até o meu quarto e entro nele, fechando a porta atrás de mim.
Debby não estava aqui, então onde ela estava? Bom, esperava que estivesse bem.
Vou até minha bolsa para pegar um espelho e retiro meu vestido para observar minhas costas.
Faço o espelho flutuar e ficar numa posição favorável para mim, mas o que vejo foi surpreendente.
A cobra-de-duas-cabeças estava girando em volta do vira-tempo, e ele... Ele não estava girando, mas estava brilhando.
_ FALTA POUCO... - A cobra gritou na minha cabeça e fico sem entender.
O que faltava pouco?
Mas logo entendi, faltava pouco para sair daqui e encontrar aquele homem.
Espero que me receba com muita alegria, Tom Marvolo Riddle.
