_ E o seu? Já pensou? - Rowena me perguntou.

_ Viu, falei para você fazer uma casa.

_ Não, não quero...

_ Você vai fazer. - Disseram.

_ Ok, mas não terei uma mesa no Grande Salão e nem mesmo alunos em minha casa.

_ Isso é tão triste. - Helga falou com pesar. _ Mas se essa é a sua decisão, não podemos falar muita coisa.

_ Obrigada, mas ainda não sei como será o meu brasão ou se vai ter, quero pensar primeiro. - Concordaram. _ Deixarei vocês... - Sinto minha magia rodopiar no ar e o ar ficou muito mais poderoso do que a primeira vez que entrei aqui.

_ O que foi? - Salazar perguntou preocupado.

_ Vocês não estão sentindo isso?

_ Isso, isso o quê? - Godric olhou em volta.

_ Como se a magia do ambiente tivesse mudado e ficado mais pura e energética, como se chamasse alguém. - Observei as paredes de pedras.

O Grande Salão só tinha algumas coisas, como as quatro mesas, a mesa dos professores e o teto enfeitiçado que foi ideia de Rowena e Helga. Era simples, mas perfeito, ainda mais por ter essa magia no ar.

_ A escola ainda não tem magia, um dos motivos...

_ Não, Godric. A escola tem magia... - Levantei-me. _ Preciso ir, quero saber mais sobre isso e espero que vocês já comecem a fazer os seus salões comunais.

_ Mas não sabemos... - Helga iria falar.

_ Helga, seu salão fica no corredor da cozinha, Rowena, o seu fica no sétimo andar, apenas escolha a sua torre e Godric, você é o mesmo.

_ E eu? - Salazar apontou para si.

_ Masmorras. - Saio correndo.

Não me importei por deixar a pasta de Hogwarts na frente deles, eles saberão o que pode ou não fazer.

Não sabia para onde estava indo, mas confiava na minha magia para me ajudar, ela me guiaria e me levaria para o lugar que precisava ir, para o lugar que estava me chamando desde que pisei os meus pés em Hogwarts.

Subo as escadarias e não me importava se meus pulmões estavam clamando por ar, só queria saber o que estava me chamando e quando cheguei no sétimo andar, quase morrendo e caindo em meus próprios pés.

Olhei para a parede lisa que se mexia como se estivesse esperando para ser descoberta há muito tempo.

_ A sala precisa. - Digo me recompondo.

Byella já tinha me dito que em seus anos em Hogwarts acabou encontrando essa parede, mas nunca pensei que essa parede poderia ser o núcleo de Hogwarts e a "coisa" que me chamava.

Fui até a parede e a toquei, fazendo toda a escola vibrar, ela realmente estava esperando alguém ou estava me esperando. Não saberia o motivo disso.

_ O que você quer que eu faça? - Não me respondeu. _ Às vezes odeio coisas mágicas que não conseguem falar.

O que deveria fazer? Dar um nome à parede? Andar na sua frente três vezes? Fazer um feitiço? Não, não farei nenhum feitiço, já basta o feitiço do display, se eu tentar fazer outro, é bem capaz de acabar morrendo.

_ O que você quer que eu faça? Me dê qualquer dica, odeio enigmas e acho que odiaria estar na casa da Corvinal apenas por isso.

Encostei minha testa na parede que ficou quente, ela estava realmente viva e isso era impressionante.

_ Não sei nenhum feitiço que faça algo ganhar vida, bom, você está viva, mas precisa de algo, um núcleo para que todos possam lhe sentir. - Sentei-me no chão e apoiei minha cabeça na parede. _ Acho que na minha bolsa não terá uma pasta me contando sobre um feitiço ou algo desse tipo.

Observei minhas mãos e penso em algo totalmente improvável, mas e se?

_ Não, não farei isso, você pode acabar explodindo, já que é mágica. Tão complicado.

Deveria ter um manual de instruções para fazer uma escola ter um núcleo, seria muito mais fácil do que ficar sentada no chão frio e pensar em coisas nada motivadoras.

Sinto algo caindo na minha cabeça e caindo no meu colo. Acho que tudo pode ser possível, até cair um livro na sua cabeça de sabe-se lá de onde veio.

_ Você já tem livros? - Perguntei para a parede que vibrou. _ Todos os tipos? - Vibrou novamente. _ Até sobre Horcrux? - Ficou quieta e pensei que não iria me responder, mas respondeu.

Tinha, tinha livros que falavam sobre as Horcrux que o Lorde fez. Talvez encontre algo que o faça imortal, mas sem perder a sua personalidade, isso é para um futuro próximo.

Vejo que o livro era de couro e foi por isso que não doeu tanto, se fosse de capa dura, estaria morta por traumatismo craniano.

O livro não tinha título, mas suas páginas já estavam amareladas pelo tempo e o cheiro não era ruim.

Era um cheiro de poeira com mofo, gostava desse cheiro.

As páginas passaram sem o meu consentimento e vejo uma página explicando sobre um feitiço que nunca ouvi falar.

O nome do feitiço era Rursus e fazia com que uma bolinha preta de magia condensada entrasse em contato com a coisa mágica que você queria dar à vida.

A bolinha seria o núcleo que faria toda a escola se tornar viva para as outras pessoas.

E talvez essa bolinha virasse um fantasma, mas isso não estava claro o suficiente para mim.

_ Espero que para fazer essa magia não precise de varinha, não tenho uma. - Levantei-me com o livro em mãos. _ Ok, vamos lá. - Respirei fundo e sinto minha barriga tremer de ansiedade. Eu consigo. _ Rursus.

Estalei os dedos e uma bolinha minúscula saiu dos meus dedos e pensei que havia fracassado, mas a bolinha desapareceu quando se chocou com a parede e toda a escola tremeu.

Será que iria desabar? Eles iriam ficar tão putos comigo...

A escola parou de tremer e dou um suspiro de alívio, não queria ser soterrada.

_ Finalmente! - Escuto uma pessoa gritar e observo a parede que continha um fantasma de uma criança. _ Sabe quantos meses fiquei tentando chamar atenção daquelas pessoas? Muitos! Estou tão feliz, olha como estou bonita.

_ Hogwarts?

_ A escola é Hogwarts, mas sou a magia dela, não quero ser confundida com as duas. - Falou irritada. _ Você pode me nomear? - Voou até mim e ela era incrivelmente bonita para uma criança.

_ Você sempre será uma criança? - Ficou andando no ar.

_ Não, crescerei à medida que a escola for ficando mais velha, no final serei uma adulta, como você, Leesa.

_ Não falei o meu nome. - Sorriu.

_ Mas não preciso que você me diga o seu nome, quinta fundadora. Afinal de contas, sou a magia de Hogwarts, tenho tudo que você precisa, e sei de tudo que você necessita.

_ Um dos motivos que seu nome é a Sala Precisa.

_ Que nome ridículo, me dê um melhor.

_ Mas você vai ser chamada assim.

_ Pelo menos não irão me chamar de encapuzada. - Do que ela estava falando?

_ Sala precisa... Requisitos... Melissa. Seu nome será Melissa.

_ Fraco, mas é o que temos para hoje, né?

_ Você quer outro? Talvez bolota seja melhor. - Zombei.

_ Não! Melissa está ótimo, é bem moderno e adorei. - Sorriu torto.

_ Bom, como já fiz o núcleo da escola, andarei por aí, até...

_ Não quer me conhecer? Tenho uma sala especialmente para você, que tal?

_ Apenas eu poderei entrar?

_ Sim, se você quiser deixar outra pessoa entrar, você deve me falar antes. Será a sala secreta da quinta fundadora, também posso conectar o seu salão Comunal com essa sala. E claro, nenhum professor ou professora poderá entrar aqui sem seu consentimento, mesmo que eles destruam essa parede, eles nunca irão achar essa sala e nem o seu salão Comunal.

_ Ainda não tenho...

_ Mas você terá, em algum lugar deste castelo, mas terá.

_ Já estou cansada de escutar todos vocês dizendo que tenho que ser a quinta fundadora, que deveria ter um salão Comunal, que deveria ter isso e aquilo. - Fiquei irritada.

_ Não temos culpa que você não enxerga o óbvio. Bom, vamos lá? - Passou pela parede e uma porta apareceu.

Era uma porta ornamentada e não queria ir lá para conhecer a sala que ela fez especialmente para mim. Queria fazer outras coisas em vez de conhecer uma sala.

Que coisas eram essas? Passagens secretas para sair de Hogwarts ou entrar no castelo sem que as barreiras me impedissem. Preciso construir duas em cada canto desse castelo, pelo menos duas.

Bom, ainda era cedo, poderia fazer isso mais tarde. Vou até a porta e a abro, ficando espantada com tanto esplendor.

Não gosto de reparar em lugares desde que a titia me deu uma bronca sobre isso, mas, uau. Entrei na sala e fico maravilhada com o lugar, ok, retiro tudo que falei sobre essa sala.

A sala era muito bem iluminada com velas e algumas velas tinham chamas verdes, no meio da sala tinha uma mesa negra que flutuava e suas cadeiras ao redor faziam o mesmo.

Tinham outras mesas que estavam no fundo, mas elas não eram como a mesa central que flutuava.

A sala era de dois andares, primeiro andar tinha estantes e prateleiras de livros.

_ Como tem livros aqui? - Perguntei enquanto colocava o livro de couro em uma prateleira qualquer.

_ Talvez eu tenha roubado alguns livros para suprir suas necessidades, mas não se preocupe, ninguém irá perceber esse roubo, já que fiz uma cópia.

_ Como você fez isso? - Alisei as lombadas dos livros. _ E essas são as cópias, não são?

_ Não, são os originais.

_ Você não me respondeu.

_ Não sei, apenas senti a necessidade de fazer isso. Então juntei o pouco de magia que tinha e comecei a viajar pelo mundo para conseguir esses livros.

_ Os livros que irão existir, eles também...

_ Sim, eles estarão aqui. - Olhou de esguelha e parecia estar mentindo, mas como eu sabia disso?

_ Isso é interessante. - Olhei para um tomo específico, era sobre Horcrux.

Deveria queimá-lo, mas não farei isso. Não serei ruim com os seus desejos, se ele quer ser imortal, vou ajudá-lo sem que perceba.

Claro, ainda tenho o desejo não aparecer, não quero ser alguém importante, não almejo nada disso, apenas a minha vingança e talvez o mundo.

Mas posso ser apenas a pessoa por trás de tudo e o little lord ser o comandante.

_ O segundo andar tem cinco portas, se você quiser trazer os seus amigos. - Voou para cima. _ As cadeiras e a mesa flutuante irão mudar conforme a pessoa que está sentado nela. Então, ela pode ser um trono ou pode ser uma cadeira de couro... - Não continuou falando.

Vou até a escadaria escondida por uma estante e começo a subi-la.

O corrimão era feito de ouro e queria saber de onde saiu esse ouro, se ela me falasse o lugar em que pegou poderia muito bem pegar um pouco. Afinal, sou apenas uma pessoa pobre vivendo de favor.

Vejo que no andar de cima só tinha cinco portas e a primeira que vejo é uma verde.

_ Aposto que é o quarto de Salazar.

Abro a porta e vejo que o quarto de Salazar era muito típico, ele era de cores de sua casa e tinha seu símbolo na maçaneta da porta, tão clichê, mas, ao mesmo tempo, belo.

Saio do quarto de Salazar e vejo que ao lado dele se encontrava o quarto de Godric com uma porta carmesim.

O quarto era rústico e me lembrava a casa do meu avô, e só de pensar naquele homem me deu ódio, nada contra esse quarto, mas poderia ser menos significativo para mim.

Saio do quarto do Godric e vejo que o quarto ao lado era da Rowena com uma porta azul que me lembrava a noite, o quarto tinha uma decoração de céu noturno e era aconchegante.

Estava completamente apaixonada por esse quarto, com certeza era devido à cor. Vejo que na mesa de cabeceira tinha uma pequena estátua de águia de bronze. Fofo.

Saio do quarto de Rowena e vou para o quarto da Helga.

A porta era de um amarelo-ouro e o quarto tinha cores escuras, contendo uma parede de plantas e outra cheia de livros. O quarto era iluminado por uma janela que mostrava um lugar muito bonito por sinal.

Era como um quarto de família trouxa que tinha boas condições.

Mas ao lado do quarto de Helga se encontrava o meu.

A sua porta era negra e aquilo me fez estranhar um pouco, preferia azul do que uma cor escura para decoração. Não ligava em usar roupas escuras, mas a decoração já era um caso diferente.

Não estava com vontade de abrir a porta, então faço minha magia abri-la...

Dou alguns passos para trás e coloco minha mão na boca para não gritar.

O guarda-corpo me impediu de continuar a andar para trás e minhas pernas desabaram no chão da sala.

_ Faça desaparecer! - Gritei e a porta desapareceu, mas meu coração batendo fortemente na minha caixa torácica e o medo sacudindo meu corpo não se foram.

Era aquele lugar, era a minha cela, era aquele lugar que me prendeu por anos, podia me ver. Podia ver todos os dias que fiquei algemada, tendo apenas a música na minha cabeça como companhia.

E dos meus sonhos que viraram pós, dos gritos que abafei por tantos anos. Meu corpo tremia e minhas mãos apertavam o meu corpo como se pudesse acalentá-lo.

Não estou lá, não estou sendo torturada por aquelas pessoas e ninguém está me torturando.

Dragon...

Minha família... Eles se foram.

Estou sozinha, estou sozinha, estou sozinha, sozinha, sozinha, sozinha.

Estou com medo.

Alguém? Alguém pode me ajudar? Não quero mais me lembrar, não quero mais, estou com medo...

_ Leesa? - Olhei para o lado e vejo Melissa me olhando. _ O que foi? Por que você está parada olhando para a sua porta?

O quê? Olho para a frente e vejo que não tinha nenhuma porta escura. Era uma porta bege e estava entreaberta.

_ Não era... - Mas não era escura? Não era... O que estava acontecendo?

Estou alucinando? Belisquei o meu braço e sinto a dor do beliscão e a porta continuou bege.

Mas, eu vi, senti meu coração batendo rápido no meu peito, senti tudo, me senti perdida e com medo.

_ Você não parece bem.

_ Acho que você tem razão, não estou bem. - Abro a porta e era apenas um quarto comum, nada muito importante.

Mas tinha um símbolo, era um vira-tempo sendo atravessado por uma espada.

O motivo de ter uma espada era um mistério para mim, mas até mesmo tinha um coelho ao lado do símbolo e outras coisas que não entendia muito bem o seu significado, não naquele momento.

O quarto parecia aconchegante e bonito, mas minha cabeça sempre mudava para o primeiro quarto que vi.

_ Precisarei de outro lugar para dormir. - Como Hogwarts estava quase pronta, não pensava mais em ficar na casa de Salazar.

Acho que realmente preciso criar um salão comunal.