_ Preciso fazer um feitiço para isso e ainda nem testei o feitiço que já fiz, em vez disso, fiz outro vira-tempo. - Apontei para a minha mesa, me lembrando de algo. _ Por que meu primo disse que tenho um juramento de alma e que meu tio achou esse juramento no ministério?
_ Existem muitos feitiços que podem prender um bruxo a outro. Pacto de sangue, selamento de almas, juramento de alma, juramento de magia e o seu, juramento de herdeiro. Eles são basicamente iguais, se você não cumprir você morre, mas o juramento de herdeiro só pode ser feito por um descendente dos fundadores e ele não é guardado por esse nome e sim, por juramento de alma. E qualquer juramento é registrado no ministério.
_ Mas não teria o meu nome?
_ Mas tem, só que só aparece para parentes de sangue ou matrimonial.
_ Como sabe disso?
_ Livros e você me explicou na sua segunda vida. - Entendi. _ E acho que seu feitiço já está perfeito, você só precisa criar coragem para lançá-lo.
_ E é por isso que não seria da Grifinória, não sou corajosa.
_ Mas você é, você aguentou até agora três vidas e não surtou como pensei que surtaria.
_ Já estava surtando quando comecei a ler o livro, mas agora parece que esse surto foi tão banal, ou apenas não ligo mais para nada e sou uma Rainha de Gelo. - Riu e voou até a prateleira mais alta, retirando de lá um livro.
_ Esse era o seu diário, ele contém a primeira e a segunda vida.
_ Espera, se existe um diário, por que você me fez raciocinar isso tudo? Eu só poderia ler esse diário e entender...
_ Esse diário não funciona assim, você poderá ler sobre as duas vidas, mas ele só poderá lhe mostrar as páginas de dias e meses que você já vivenciou.
_ Isso quer dizer que não poderei ler nada de 1935, já que as minhas duas vidas nunca fui para aquele ano?
_ Exatamente. Não iria mostrar isso a você, já que as suas memórias irão retornar em 1943, mas, acho que seria maldosa demais com você. - Fez sua magia me entregar o diário, já que não podia me entregar com suas mãos. _ E apenas você pode ler, tem um feitiço nesse diário.
_ Terei que colocar um feitiço que apenas eu possa tocá-lo. - Concordou e vejo meus amigos entrando no meu salão.
Isso ainda era estranho.
_ Os seus amigos estão a procurando e acho que é importante. - Olhei para mim e estava de pijama... Não ligo.
Antes de ir, coloco o diário na cama e fico o observando por um tempo, sua capa era azul, realmente é algo meu.
Saio do quarto e desço a escadaria e vejo que meus amigos estavam olhando para o meu salão. Dei permissão para entrarem?
_ São seus amigos, então os deixei entrar e de nada. - Melissa os cumprimentou e se foi para algum lugar.
_ Muito tempo sem nos ver, aconteceu algo? - Sorriram e me aproximei mais.
_ Temos que comemorar a inauguração de Hogwarts. - Helga falou feliz. _ Atrasada, é claro.
_ Já fizemos isso e Salazar vomitou na barba de Godric.
Estou brincando, nunca aconteceu isso, já que eles simplesmente pararam de vir me visitar e não sabia se podia interrompê-los em suas obrigações.
Mas Salazar era o único que ainda vinha me visitar, uma vez por semana, eu acho, ou duas, talvez três.
_ Sua imaginação é muito fértil, pequena rata. - Fez uma careta. _ Mas, como os alunos estão dormindo, a gente pensou que seria uma boa ideia...
_ Fazer o quadro, hoje, agora, neste exato momento. - Rowena sorriu alegremente. _ E comemorar também...
_ Ela está grávida. - Godric bocejou. _ Viva. - Animação dele era contagiante. _ E entregar esse papel a você, é sobre a casa. Pedi um daqueles duendes que me ajudasse nisso, perdi 10 galões...
Ainda bem que farei o feitiço de realidade, não queria matar uma pessoa inocente, ou ir aos tribunais e dizer: olha, essa casa é minha, saia dela.
Ainda bem, ainda bem. Dou um suspiro de alívio.
_ Isso é maravilhoso. - Peguei o papel, o fazendo desaparecer, mas provavelmente estava na minha bolsa. _ Rowena, você ficará linda de barriga e o pai deve estar orgulhoso e morrendo de amores.
_ Sim, ele está sim. - Rowena olhou para Salazar. _ Só que...
_ Salazar é o pai? - Estranhei e Salazar tossiu quase morrendo.
_ Por Magic, não faria um filho na minha melhor amiga. - Ficou pasmo. _ E apenas ameacei o pai da criança, com cobras e sangue, algo mais macabro que para você é apenas uma cantiga de ninar.
_ Você me conhece tão bem.
_ Sempre tento, já que você é caixinha de surpresa e iria adorar abri-la... - Godric deu um tapa na cabeça de Salazar. _ Ei!
_ Olha o respeito, é a minha irmã, seu idiota. - Veio até mim e me abraçou de lado. _ Minha. Irmã.
_ Rá, rá. - Revirou os olhos.
_ Mas, não está de noite? Provavelmente ninguém irá querer vir aqui...
_ Criei um feitiço. - Helga disse sorrindo. _ Sou boa nisso, eu acho. - Deu de ombros. _ E esse feitiço será como um pintor e fará um quadro muito mais rápido e bonito, já tentei. - Olhou para Salazar.
_ O que ele pediu? Um quadro de cobras? - Todos ficaram em silêncio. _ O quê?
_ Pedi uma flor de lótus. - Sorriu para mim. _ Acho que é bonito.
_ Sim, também acho.
_ Então vamos? - Três cadeiras apareceram e as meninas se sentaram nas pontas e fiquei no meio.
Elas bateram as mãos na minha frente, me fazendo perceber que apostaram em alguma coisa.
_ O que vocês apostaram? - Estava com saudades dessas apostas.
_ Nada de mais, apenas que... - Rowena sorriu. _ Que você se sentaria no meio.
_ Mas isso é óbvio, vocês pegaram as pontas, não dava para me sentar em outro lugar. - Ficaram emburradas.
_ Perdemos essa aposta... - Helga parecia triste.
_ Isso muda o vestido também? - Mudei de assunto.
_ Sim, acho que você terá um vestido preto com uma cordinha verde e os seus cabelos estarão soltos e apenas o seu sorriso irá aparecer, como Godric pediu. - Helga ajeitava o seu cabelo. _ Todos prontos?
_ Sim. - Dissemos.
Os meninos ficaram atrás de nós e apoiaram suas mãos na cadeira e a Helga falou o feitiço, fazendo um quadro e pincel aparecerem e fazerem o seu trabalho.
_ Não precisa de tinta? - Perguntei.
_ Não, o pincel sabe qual cor que deve pintar cada mísera coisa.
_ Você quer mais algum detalhe, Leesa? - Rowena falou enquanto sorria. _ É só pensar no que você quer colocar e estalar os dedos, assim será uma surpresa para nós.
_ Ok. - Pensei nos presentes que fiz e para mim, o colar que usava há bastante tempo e um vira-tempo no meu pescoço.
O vira-tempo iria parecer um relógio, mas os diretores iriam estranhar o porquê de ter um relógio no pescoço daquela mulher, não é? Esperava que sim.
E por fim, se estivesse pegando o meu dedinho, iria aparecer o anel. Ah, e a paisagem atrás de nós, seria o castelo e não a minha sala.
Estalei os dedos.
_ Você irá se casar, Rowena? - Ficou rubra.
_ Não aceito esse matrimônio, ele é um trouxa imundo que talvez tenha matado bruxos como nós... - Parou de falar por alguns segundos. _ Apenas por prazer.
_ E você não faz isso também? Em vez de bruxos, faz isso com trouxas? - Rowena parecia irritada. _ E você não tem que aceitar nada, quem vai se casar sou eu.
_ Lhe considero a minha irmã, Rowe. E só quero o melhor para você e você não merece um trouxa.
_ Isso quem decide sou eu. - Falou emburrada.
_ Isso vai sair no quadro? - Perguntei.
_ Não. - Helga me tranquilizou.
_ Irei embora a qualquer momento desse mês ou outro. - Estava esperando os presentes.
Todos ficaram em silêncio e sinto a mão de alguém apertando meu ombro.
_ isso é... - Salazar parou de falar. _ Se é isso que você quer, não podemos... - Parou de falar.
_ Então, se você for se casar, sinto muito, mas não poderei comparecer. - Rowena me olhou e ela estava quase chorando. _ Ei, por que essa cara triste? Você precisa ficar feliz, você vai se casar e será uma mãe maravilhosa.
_ Mas... Mas você... Você não estará aqui. - Deixou um soluço sair de sua boca e me abraçou.
_ O quadro pintará essa cena? - Abracei Rowena e a Helga disse não.
_ É o melhor para ela, Rowe. Se ela não for, ela poderá morrer. - Godric me ajudou. _ Ela vai sempre ficar com a gente, mas, em nossos corações.
_ Morrer? - Salazar franziu a testa. _ Como assim morrer?
_ Fiz um juramento e se não o fizer, posso morrer.
_ Então... - Respirou fundo. _ Se, se você não tivesse esse juramento...
_ Ficaria aqui. - Não parou de me olhar.
_ Não, você nem iria vir para cá, você continuaria com sua família e não precisaria construir vira-tempos. Você não iria ficar aqui.
_ Se tivesse descoberto que meu juramento não existia e estivesse naquele tempo ainda, sim, você está certo. Mas se descobrisse que esse juramento não serve para nada e é uma mentira, ficaria aqui, Salazar. Não acredita em mim?
_ Acredito, acredito até demais. - Parou de me olhar e voltou a olhar para frente. _ Desculpe-me.
_ Tudo bem. - Dei tapinhas nas costas de Rowena e ela voltou a se sentar normalmente. _ Sentirei saudades.
_ Também. - Disseram.
_ Ah, consegui me comunicar com o Greengrass e ele disse que estaria aqui amanhã. - Godric falou.
_ Isso é uma ótima notícia. - Era ótima mesmo. _ Quanto tempo terei que ficar sentada aqui?
_ Por algumas horas... - Helga riu.
_ Você disse que seria rápido.
_ Mas é, pelo menos não vai demorar semanas. - Dai-me paciência.
_ Salazar, preciso do seu sangue. - Olhei para cima e ele ficou me observando.
_ Para quê?
_ Cobras. - Sorriu feliz e levantou suas mangas.
_ Sou todo seu. - Fofo.
Mas como iria... Bom, tentaremos.
Sentei um pouco de lado e coloquei minha mão no seu pulso, pensando na cobra nas minhas costas. E a sinto se mexer.
Demorou alguns segundos para ela deslizar para o corpo de Salazar, que apertou o meu pulso.
_ Pensei que fossem cobras, e não... O que é isso? - Cerrou os dentes, era doloroso?
_ Meu juramento, ela gosta de sangue e provavelmente vai gostar do seu. - Eu acho.
_ Ah! - Apertou ainda mais o meu pulso e vi uma das cabeças da cobra morder o pescoço de Salazar. _ Isso é necessário?
_ Sim. - Suspirou.
A cobra não ficou por horas, mas por minutos e Salazar queria que aquilo acabasse o mais rápido. Mas não disse isso com palavras, mas, sim, com ações.
A cobra voltou para o meu corpo e a sinto começar a girar, mas ela não falou, por quê? Por que ela não estava falando?
_ Gostamooos do sangue, mas não é esse de quem procuramos. - Sinto a cabeça da cobra no meu pescoço.
_ Vocês querem do little lord? Vai ser um pouco difícil isso.
_ Aguentaremos, até que seja possível. - Voltou para o seu lugar.
_ Acho que quero desmaiar. - Ele estava pálido. _ E pensar que você fala língua de cobra, isso é legal. - Espera, o quê?
_ O quê?
_ É, a cobra estava falando em língua de cobra, por que você não me contou?
_ Porque não sabia. - Compreendeu. _ Bom, fique bem e seu sangue me tirou uma dúvida, uma grande dúvida, obrigada.
_ De nada, sempre as suas ordens, mesmo que elas sejam absurdas.
_ Estamos sobrando. - Godric bocejou. _ Estou cansado de ficar parado. Helga, faça isso ser mais rápido.
_ Ok. - E foi mais rápido.
Mas fiquei pensando, consigo falar com cobras devido ao juramento?
_ Siimm. - A cobra falou na minha cabeça e agora não tenho mais nenhuma dúvida.
