_ Grindelwald está preso. - Olho para o lado e vejo uma mulher de olhos incrivelmente verdes e de cabelos negros como os meus.

Ela poderia ser muito bem a minha mãe.

_ O que a senhorita quer dizer com isso? - Sorriu e me pediu que a acompanhasse.

_ O meu senhor viu uma última coisa antes de ser preso nos EUA. Viu a sua chegada e esse orfanato logo atrás da senhorita. - Seu sotaque francês era gostoso de se ouvir.

_ Ele realmente quer me ver. - Concordou.

_ O meu senhor disse que deveríamos levá-la para a França, onde estará em breve. - Não posso... _ E disse que tem assuntos confidenciais para tratar.

_ Certo.

_ Desculpe-me os cumprimentos tardios, me chamo Vinda Rosier.

_ Leesa Grindelwald. - Tenho que parar de usar o sobrenome Malfoy. _ Você sabe o que ele quer comigo, além de coisas confidenciais? - Continuamos caminhando pelo passeio com neve.

_ Acho que ele quer a sua ajuda. - Não disse mais nada. _ Ou para protegê-la da MACUSA.

_ O que quer dizer com isso? - Um carro parou a nossa frente e a mulher abriu a porta, me pedindo para entrar.

Entro nele e vou para o lado, a fazendo entrar logo em seguida. O carro estava quente, talvez tenha feitiço de aquecimento.

_ Quando a senhorita visitou meu senhor, você encontrou pessoas, principalmente a ministra Serafina. - O carro deu partida.

_ Ela pensa que sou uma aliada dele?

_ Sim, ou que você é a mulher dele. - Deu um sorrisinho. _ Pessoas tem mentes pequenas, senhorita Grindelwald, e elas só pensam em duas alternativas, que você pode ser aliada ou amante.

_ Então você já sabe sobre mim?

_ Todos os seguidores do meu senhor sabem sobre a sua tão amada filha, apenas por causa daquela mulher sem escrúpulos. - Byella?

_ Que mulher?

_ Uma viajante do tempo, ela estava presente na última visão do meu senhor e fez um escândalo dizendo: quem é ela? - Suspirou. _ Até mesmo perguntou o motivo do meu senhor ser tão... - Parou para encontrar uma palavra adequada. _ Obsessivo.

_ E ele contou que eu era filha dele. - Balançou a cabeça. _ E ela? O que ela fez?

_ Ela foi embora, disse que não deveria ficar por muito mais tempo, já que já estava ficando fraca.

_ Fraca? - Isso era novo.

_ Ela tem um casamento por ligação de alma. - Deu ombros. _ Meu senhor aprecia aquela mulher, mas não será por muito tempo, e é isso que todos dizem.

_ Ela está grávida? - Franziu a testa e negou.

_ Não que eu saiba. Senhor Grindelwald não dormiu com ela, ele estava ocupado demais na MACUSA.

_ Você o respeita muito. - Vejo suas bochechas corando. _ Isso é uma coisa fascinante.

_ Obrigada. - Olhou para os seus dedos. _ O meu senhor tem pensamentos louváveis, o seguirei até o fim.

Ela se parece comigo, não nesse quesito, mas em aparência... E se... Não, isso não depende de mim.

Tenho livros sobre mudança de DNA e poderia muito bem ser a filha dela com o meu pai, mas não seria uma Avery e nem uma Malfoy.

Seria uma Grindelwald e uma Rosier, não seria mais prima do Dragon...

O que estou pensando? Isso é como se abandonasse aquelas pessoas, é como largar o meu passado com ele.

Talvez exista outro modo, um modo que eu seja, e não seja filha da minha mãe, uma fórmula que faça o meu DNA puxar todos, mas, ao mesmo tempo, nenhum.

Ainda teria Avery e Malfoy, mas, ao mesmo tempo, teria Grindelwald e Rosier.

Devo pensar nisso mais tarde, já que nem sei de quem o meu pai gosta, e nem sei se essa mulher é casada ou não.

Não estudei muito a família Rosier, eles não valiam o meu tempo, porém, agora me arrependo disso, devo começar a analisar a minha possível família?

_ Perdoe-me por ser invasiva, mas, quantos anos a senhorita tem?

_ Vinte e oito. - Ficou confusa. _ Não faça contas, chegará numa idade nada propensa para ter filhos.

_ Perdão.

_ Não, tudo bem. Você só estava curiosa e isso é normal. - Observou para o movimento da rua. _ Pegaremos uma chave de portal?

_ Sim, não é muito longe. - Observou-me pelo reflexo do espelho. _ Não se preocupe, não estamos a sequestrando.

_ Não me importo com isso, posso sumir daqui sem você ou o motorista notar. - Vejo seu olhar pelo retrovisor.

_ A filha do meu senhor é muito forte, e é uma motivação maior para estar ao lado do meu senhor.

_ Mas você também parece ser forte, tanto na magia e mentalmente.

_ Agradeço o elogio. - Tirou o chapéu e arrumou alguns fios do seu cabelo. _ Sua mãe também deve ser impressionante. - Duvido muito.

_ Ela é. - Sorri. _ Pensa em ter filhos?

_ Ah, não, não posso ter filhos, e se tiver, acabarei morrendo por insuficiência mágica.

_ É casada? - Crispou os lábios.

_ Homens não querem uma mulher defeituosa. - Apertou seu chapéu. _ Meu senhor disse que não sou defeituosa, que sou apenas uma pessoa especial entre os outros e disse que isso não impediria de ser sua seguidora ou de estar ao seu lado.

_ Você gosta do meu pai? - Suas bochechas coraram e olhou rapidamente para o motorista.

_ Quem não gostaria do meu senhor? Ele é uma pessoa muito especial para nós, e devo muito a ele. - Sorriu.

Por que me simpatizo com ela? Ela é estranhamente encantadora, mas se não fosse pelo teste de herança, duvidaria muito que fosse a filha de Byella Avery.

Como o papai se apaixonou por ela, se tem Vinda Rosier ao seu lado? Ou será que ele não se apaixonou e sim...

_ Chegamos. - O motorista falou e parou o carro.

Vinda abriu a porta e o ar frio entrou, me causando arrepios. Saiu do carro e ofereceu sua mão, agradeço e uso sua mão como ajuda.

_ A senhorita quer tomar um banho e descansar um pouco? A chave só vai se abrir em uma hora. - Entramos em uma casa charmosa e elegante.

_ Acho que aceitarei.

_ Penny? - Chamou e um elfo apareceu.

_ O que Penny pode ajudar a minha senhora? - A voz do elfo era rouca.

_ Leve a convidada para a suíte, dê o melhor tratamento. - Pensou melhor. _ Ela é a filha do nosso senhor. - O elfo me olhou e concordou.

_ Estarei na sala.

_ Ok.

_ Você quer comer alguma coisa? - Parou os passos. _ O meu senhor disse que você gostava de doces, posso pedir que preparem alguns. - Era incrivelmente atenciosa.

_ Se não for incomodo. - Sorriu abertamente.

_ Para você, nada é incomodo. - Observou o homem. _ A vejo em alguns minutos e fique à vontade, sinta-se em casa. - Essa deve ser uma casa em seu nome.

_ Obrigada. - O elfo me levou até o segundo andar e a casa realmente era linda.

Piso de mármore branco, paredes de mármore e escada lateral curvada. Janelas francesas e o segundo andar era incrivelmente imenso.

_ A senhorita ficará aqui. - O elfo abriu a porta e me pediu que entrasse.

Entrei no quarto e era lindo, absurdamente lindo. Era como se estivesse entrando em um quarto de princesa, com cores neutras e moveis esculpidos.

_ A senhorita precisa de roupas?

_ Não, obrigada. - O elfo me olhou surpreso e fez uma mesura.

O vejo fechar a porta do quarto e vou até uma das portas que deveria ser o banheiro e era. Mas antes de entrar e tirar minhas roupas, vou até a cama e retiro algumas peças de roupa da bolsa.

Retiro um vestido preto que iria até abaixo dos meus joelhos, que continha seis botões brancos em duas fileiras de três.

Tinha alças um pouco grossas, mas nada que uma blusa de lã branca de gola alta não resolva.

Pego lingerie, meia, luvas, cinta-liga e... Merda!

Esqueci que não tenho sapato, preciso resolver isso urgentemente, mas tudo bem, posso resolver transfigurando o meu sapato em outro.

Tiro os sapatos e o faço virar uma botinha preta, já que não quero nada espalhafatoso.

Vejo se estava esquecendo de mais alguma coisa e sim, estava. Retiro o meu anel e o coloco em cima do vestido que usaria.

Vou até o banheiro enquanto retirava minhas roupas que caiam no chão. Entretanto, antes de ir para o chuveiro, me observei no espelho.

Tem tanto tempo que não me vejo por inteira em um espelho que parece estranho. Toco o espelho e era realmente eu.

Essas cicatrizes realmente são minhas e esses olhos... Esses olhos tão motivados e mortais, são realmente meus.

Sou uma estranha para mim, mas, ao mesmo tempo, sou a única pessoa que realmente me reconhece em meio de tudo isso, de todas essas cicatrizes e traumas.

Eu me reconheço.

Saio da frente do espelho e vou para o chuveiro, quanto tempo que não tomo banho de chuveiro, isso precisa ser comemorado.

Mas será que já sai água quente?

Abro o registro e a água começou a cair e era quente. Viva!

Começo a tomar banho e não me faço de rogada, uso o sabonete lacrado que estava no nicho da parede, e tinha shampoo e condicionador.

Isso era tão bom, meus cabelos agradecem e meu corpo também. Passei quase um ano em 993 e minhas coisas já estavam acabando.

Meu querido shampoo já tinha acabado em setembro e tive que colocar água no condicionador para render.

Aquele mundo foi tão cruel.

Não podia tomar banho todos os dias, era apenas três vezes na semana e me sentia suja... Que mundo cruel!

Mas esse mundo, essa época era um pouco melhor, já que tinha água quente sem precisar esquentar com magia, isso é muito bom.

Fecho o registro depois de tomar banho e o banheiro estava branco pelo vapor. Posso viver no futuro para sempre.

Retiro do toalheiro uma toalha, fazendo que minha magia retirasse do chão as minhas roupas e as colocasse na bolsa. Quando for para 1935, tenho que lavar essas roupas.

Entro no quarto e começo a colocar minhas roupas. Isso era a parte mais chata, antigamente era apenas um vestido e peças íntimas.

Agora tem luvas, meias e blá, blá.

Quando terminei de colocar minhas roupas e sapato, volto no banheiro e escovo os meus dentes. Penteio e arrumo o meu cabelo e os deixo como antes, soltos.

Volto para o quarto e coloco luva e anel. Arrumo meu colar no pescoço e mesmo que ninguém visse, ele deveria estar perfeitamente arrumado.

Examino meu braço coberto pela blusa e balanço a cabeça negando, afinal, não faz bem ficar lembrando de pessoas que já morreram.

Vejo se estava esquecendo de algo e não, não estava.

Pego minha bolsa e a deixo atravessada no meu corpo, como sempre a deixei.

Saio do quarto e desço a escadaria lateral.

_ Ah, você está aqui. - Era a Vinda. _ Pensei que deveria chamá-la para lanchar, os doces ficaram prontos. - Veio até mim.

_ Demorei?

_ Não. - Sorriu e fomos até a sala. _ Você gosta de doces franceses?

_ Nunca provei, mas devem ser deliciosos. - Sentamo-nos no sofá de estampa e começamos a comer. _ Essa casa é sua?

_ Sim, é a minha única herança.

Observou o lugar como se estivesse se lembrando de algo.

_ Papai deu o resto para a família principal. - Que filho da puta. _ Ele disse que se eu fosse boa o suficiente, me casaria com um homem rico e que me sustentasse. - Zombou. _ Fiz o meu próprio negócio com o dinheiro que a minha mãe me deixou e sou rica sem precisar de homem. - Adorei ela.

_ Isso é maravilhoso, você deveria estar nos livros de história do mundo bruxo, para incentivar as meninas que não precisamos de um casamento apenas para conseguir sobreviver, podemos ser independentes.

_ Acho que estarei nos livros de história, mas não para incentivar pessoas. - Percebi que havia mudado de roupa, já que estava com um belíssimo vestido verde.

_ Não se preocupe, farei que tenha.

_ Se a senhorita está dizendo. - Um homem entrou e era familiar.

_ A chave vai se ativar em alguns minutos. - Falou ríspido.

_ Tudo bem. - Continuou comendo o doce. _ Não irá cumprimentar a nossa princesa?

_ Ainda acho muito difícil do nosso senhor ter uma filha, Rosier.

_ Não duvide do nosso senhor, Krall. - Ah! Sim, Krall. O homem que morre em 1927. _ Me perdoe, senhorita. - Pisquei algumas vezes. _ Não queria que visse isso. - Apenas sorri e terminei o meu doce.

_ Tudo bem, estou acostumada a duvidarem de mim...

_ Mas não podem duvidar da filha do meu senhor. - Ficou um pouco irritada.

_ Sempre terá uma pessoa que duvidará, não é exatamente isso que o lado de Dumbledore está fazendo com o papai? Duvidando? - Pensou a respeito.

_ Sim, a senhorita está certa. - Levantou-se e olhou para o homem. _ Se apresse, temos que chegar antes que aquela mulher apareça.

_ Acho que você falou isso tarde demais, ela já está lá. - A mamãe? Será que finalmente poderei dar um tapa em seu rosto e desfigurá-lo para sempre?

Que bela visão seria.

Levantei-me e limpei os meus dedos no guardanapo.

_ A senhorita precisa de algo? É só pedir. - Era tão prestativa.

_ Não, mas será interessante se a senhorita me ajudasse a fazer algumas compras na França. Preciso de sapatos e roupas.

_ Isso não será problema algum. - Ofereceu seu braço e aceitei. _ Suas roupas são lindas, a senhorita tem ótimo gosto.

_ Obrigada, mas quem escolheu essas roupas foi o meu primo.

_ Então ele tem muito bom gosto. - Fomos para um lugar no interior da casa. _ A senhorita tem algum problema com chave de portal?

_ Não, nenhum.

_ Mesmo que o senhor não esteja naquela casa ainda, precisamos deixar tudo nos conformes para a sua chegada e espero que não demore muito. - Apenas seis meses.

_ Não irá demorar, papai é inteligente e saberá fugir daquela prisão.

_ Sim. - Chegamos a um salão e no meio dele tinha um bule de chá. _ Preparada?

_ Claro. - Olhou para o homem que pegou o bule e estendeu para nós.

Coloco a mão em um dos espaços vazio e a Vinda colocou sua mão em outro espaço.

Em poucos segundos tudo estava girando e tive que fechar os olhos, ou podia vomitar.