Entro no banco, o fazendo tremer mais uma vez, isso era um alarme ou algo do tipo?

_ Ela voltou! - Alguns se esconderam e outros me olharam pasmos.

_ Por que ela está aqui?

_ Será que esse é o ano que ficará? - Perguntou outro.

Dessa vez o banco estava bem cheio e tive que ficar na fila, vendo até mesmo uma pessoa loira na minha frente que me olhou... Um Malfoy?

Não era o meu avô, talvez seja o meu bisavô.

_ A senhorita parece ser bastante importante para esses duendes. - Falou ríspido.

_ E se for? - Zombei. _ Isso vai ferir o seu ego, senhor Malfoy? - Riu.

_ Meu ego não é tão frágil quanto parece. - Duvido muito.

_ Tem certeza? Ficou todo irritado por eu, uma pessoa desconhecida, ser mais bem valorizada do que você nesse banco. - Sua testa franziu. _ Irá ficar velho mais rápido se continuar franzindo a testa.

_ Se fosse bem mais valorizada do que eu, você não estaria na mesma fila, não acha? - Tinha razão.

_ O senhor tem um ponto indiscutível. - Cruzei os braços.

_ Me chamo Sephtis, Sephtis Malfoy. - Trocou sua bengala de mão e estendeu sua mão enluvada.

_ Leesa, Leesa Rosier. - Apertei, o fazendo ficar raciocinando ainda. _ Não sou da família principal. - Entendeu.

_ Já iria pensar que Ezra teve uma filha fora do casamento. - Soltou minha mão.

_ Não iria poder usar esse sobrenome se fosse assim. - Ele me lembrava do tio Lucius com seus cabelos sedosos e grandes.

_ Você deve se sentir orgulhosa, então? - Levantou a sobrancelha.

_ Sobre o quê?

_ De ter um parente nas linhas de frente da guerra bruxa.

_ Está falando de Vinda Rosier? - Acenou.

_ Sim, ela é bastante capacitada nas artes das trevas e parece ter muita atenção daquele homem. - Olhou para frente e deu alguns passos, a fila tinha andado.

Dei alguns passos e continuei atrás dele, o fazendo voltar a me olhar.

_ Mestiça?

_ Não, sou sangue puro.

_ Tem filhos? - Isso é uma entrevista de emprego?

_ Não e não pretendo.

_ Se você tivesse, você deixaria o seu filho escolher a pretendente ou escolheria a esposa para ele? - Já está escolhendo uma noiva para o meu avô?

_ Que eu saiba, o seu filho tem menos de dez anos, ele não precisa de uma noiva...

_ Mas se eu fizer isso, a família Avery tentará empurrar a filha deles para se casar com o meu filho. - Revirou os olhos cinza. _ Aquela tal de Laverne. - Fiquei atenta. _ Ela só tem alguns anos de vida, mas a família já colocou na cabeça dela que será uma Malfoy.

Isso era interessante, será que foi devido a isso que ela o estuprou? Para ver se ele teria compaixão e largaria a esposa para ficar com ela? Isso só fica mais interessante e minha curiosidade estava inflando.

_ Mas ela só tem um ano, ela não deve nem saber falar. - Falei enquanto distanciava a curiosidade de mim.

_ Exatamente, isso tudo é devido ao Denzel, ele quer ter uma ligação com a minha família devido aos boatos.

_ Boatos? Que boatos? - Franzi o cenho.

_ Nunca soube dos boatos que a família Malfoy é descendente da quinta fundadora de Hogwarts? - Oi?

Como eles descobriram isso? Não contei meu sobrenome para ninguém, nem... A única pessoa que sabia era o Godric.

_ Não, fiquei muito tempo viajando pelo mundo e acabei não sabendo desse boato.

_ Bom, descobrimos isso devido aos irmãos Black, aquelas crianças acharam um diário em um dos quartos do salão Comunal da Corvinal. - Quem é Corvino dos irmãos Black?

_ Um Black na Corvinal? Quem diria. - Fui debochada, por Merlim, abre a boca e conta quem foi o filho da...

_ Sim, Marius Black, alguns anos atrás todos diziam que ele era um aborto, mas quem diria que seria um excelente bruxo? A família falou que ele só não gostava de demonstrar magia e o garoto é um gênio em poções, até aquele novo professor... - Crispou os lábios. _ Como ele se chama mesmo?

_ Professor Slughorn? - Estalou os dedos.

_ Sim, esse mesmo. Fiquei sabendo que ele ficou tão impressionado com a sabedoria do garoto, que até brincou em dar o seu cargo para ele.

_ Que coisa maravilhosa, mas como chegamos nele encontrando um diário? - Essa era a parte importante.

_ Bom, ele encontrou em seu quarto uma parede falsa e nela tinha um livro contendo todos os sete anos que um Greengrass passou lá. - Dabrian! Vou voltar no passado e bater na sua bunda!

_ Um Greengrass? Pensei que só tivessem mulheres na família. - Concordou.

_ Algo deve ter acontecido, já que agora existem. - Não continuou o tópico, me deixando sem entender.

Tinha ou não tinha apenas mulheres na família Greengrass?

_ Bom, o garoto escreveu sobre como conheceu a fundadora e como descobriu que ela fazia parte da minha família. - Lembrou-se de algo. _ Foi pelo próprio Godric, parece que o garoto queria muito conhecer mais sobre a quinta fundadora e acabou sabendo do fundador algumas histórias.

Godric, Godric, você mais uma vez acabando comigo. Pedi, não, implorei para que não contasse nada sobre mim, e você não fez isso, até colocou memórias sobre mim para que todos os diretores vissem.

Será que posso voltar alguns minutos no passado e te dar um soco?

Que raiva!

Mas, espera, por que o Godric também não contou sobre o meu segundo sobrenome? Será que ele só lembrava do sobrenome Malfoy?

_ Isso deve ter atiçado muito a comunidade bruxa.

_ Sim, mas sei que ela tem outro sobrenome, mas ninguém sabe qual é. - Foi chamado por um duende e se despediu de mim.

Por quê? Por que ninguém descobriu que o meu outro sobrenome é Avery? Dabrian e Godric, o que vocês conversaram?

O que mais tem naquele diário? E por que a Melissa não fez nada? Ela sumiu? Morreu? O que aconteceu com ela para ela não intervir nesses acontecimentos?

O duende me chamou, mas não me perguntou o que eu queria, apenas desceu do seu assento e me pediu que o seguisse.

Entramos no mesmo lugar de 1925 e ainda tinha luz pelo caminho.

_ Ela voltou. - Disse o duende com a voz rouca e irritada.

A porta se abriu e o duende pediu que eu entrasse e entrei. Caspra me olhou e mostrou a cadeira disposta a sua frente.

_ Na última vez que nos vimos, você me deu um aviso. - Revirei os meus olhos e me sentei na cadeira.

_ Muita coisa aconteceu, Caspra. E mudar foi uma delas, você me conheceu quando era uma adolescente, mas já tenho 28, e ninguém fica do mesmo jeito para sempre.

_ Entendo, apenas fiquei preso ao passado, ao invés de você. - Sorri com isso. _ Não vai mais acontecer e espero que eu não tenha mais avisos.

_ Não terá. - Abro a bolsa e entrego o papel que Godric fez. _ Não sei se tem alguma serventia...

_ Não se esqueça que o meu banco foi feito antes de Godric morrer e devido a isso, ele já tinha feito e assinado um documento passando a mansão em Hollow para você. - Pegou uma chave na gaveta e a colocou em cima da mesa.

_ Mansão?

_ Seu amigo, Salazar, era muito exibido. - Aposto que ele só fez isso devido aos Peverell. _ Você irá morar nela? - Peguei a chave e neguei.

_ Não, essa casa é só para valor sentimental e nunca pisarei os meus pés nela.

_ Nunca diga nunca, senhorita Malfoy. - Guardei a chave. _ Você pode guardar esse papel também. - Guardei o papel novamente.

_ Fiz muitas mudanças? - Ficou pensativo.

_ Bom, sim e não. - O que ele quer dizer com isso?

_ Como assim? - Sorriu.

_ Você fez muitas coisas quando estava em 993 e devido a isso, você está em livros de história. - Aí, merda.

_ Tem um desenho meu ou algo...

_ Não, e nem o seu nome, apenas tem o seu apelido.

_ Apelido? Tenho apelido? - Cruzei as pernas, enquanto o via sorrir.

_ Sim, a "Dama Sorridente". - Revirei os olhos. _ Acho que você sorria muito quando estava assassinando pessoas.

_ Não assassinei, apenas fiz experimentos.

_ E vendeu pessoas para ganhar dinheiro.

_ O que iria fazer com aquelas pessoas? Elas não me serviam mais e matar pessoas úteis era como se estivesse perdendo dinheiro. - Balançou a cabeça rindo.

_ Bom, ninguém sabe que foi você, a quinta fundadora, uma Malfoy. - Seu sorriso ficou mais amplo.

_ Ainda quero ir para o passado e bater naqueles dois. - Suspirei. _ Aqueles dois quase acabaram com tudo que planejei. - Fiquei emburrada.

_ Acho que você gostou disso, fez você se sentir mais poderosa e misteriosa.

_ Se você está dizendo. - Dou de ombros. _ Godric comprou Hollow?

_ Sim e deixou algumas casas em seu nome, os papéis estão no seu cofre. - Godric, obrigada.

_ Cofre? Tenho cofre?

_ Sim, pensei que tivesse dito. - Discordei. _ Abri um em seu nome desde daquele dia que dei o papel da emancipação, mas a chave está em minha posse para qualquer emergência.

_ Não me recordava. - Tudo bem, pelo menos tenho um cofre. _ E Salazar? Você sabe alguma coisa sobre ele?

_ Apenas fiquei sabendo que ele ficou mais rico do que já era e fez duas coisas.

_ Coisas? Que coisas?

_ Não sei, só sei que essas coisas têm dono. - Bom, um dia descubro essas duas coisas. _ Você quer o dinheiro? - Que dinheiro?

_ Está falando do dinheiro que o Black falou que me daria? - Acenou. _ Que me lembre, só ganharia esse dinheiro se nenhum dos parentes da família Black quisessem lutar ao meu lado na guerra.

_ Sim, mas o senhor Black veio aqui em 1926 e colocou em seu cofre 500 milhões e mais a chave de uma casa que está em seu nome.

_ Isso quer dizer que a família Black não está...

_ Não, isso é apenas um agradecimento. Os filhos do senhor Black querem seguir a senhorita e até mesmo os mais novos. - Pelo menos isso. _ Mas se não fosse o bastante, o senhor Black veio e redigiu um contrato sobre o último acordo que vocês fizeram.

Então não ganhei quatro pessoas e sim, a família toda?

_ Sobre o acordo de 1925?

_ Sim, aquele que você apenas pediu um favor sem especificar qual seria. - Entendo. _ Ele estará guardado até você pedir o favor.

_ Bom, já que é assim. Deixe o dinheiro no meu cofre, não preciso de tanto dinheiro assim, mas sobre a casa, vejo depois o que faço com ela e sobre esse pedido, deixe o documento no meu cofre.

_ Claro, farei o que acabou de pedir e ficarei aguardando as suas próximas ações, senhorita Malfoy.

_ Acho que o senhor já pode parar de me chamar de senhorita Malfoy. Não existirá mais a segunda linhagem Malfoy nessa realidade.

_ Então como devo chamá-la? - Sorri e digo:

_ Granger. - Sorriu abertamente. _ Bom, obrigada pela chave e pelas notícias, mas tenho que ir.

_ Espero que seus inimigos caiam aos seus pés. - Entrelaçou as mãos a sua frente.

_ E desejo que seu ouro transborde e nunca se esgote. - Levantei-me da cadeira e saio de sua sala.

Deveria ter tomado a poção em 1926, aí não teria que encontrar com os Black... Espera, será que Walburga, Alphard e Cygnus já nasceram?

Pollux, sei que dei um incentivo para não se casar cedo ou ter filhos muito cedo, mas espero que você tenha pegado as minhas palavras e as jogado no lixo.

Preciso ter a tia Narcisa! Meu Merlim! E se o Dragon não nascer por minha causa?

Merlim, se você estiver ouvindo, ouça com atenção, me dê um tapa em 1925 para não falar nem um "A" com aquela criança. Escutou?

Observo os lados e vejo que o Malfoy já tinha ido embora. Bom, pelo menos consegui conhecer o meu bisavô.

Ele não parece ser uma pessoa ruim, ou a minha percepção de pessoas estragou e não estou sabendo.

Saio do banco e dessa vez ele não tremeu, estava quieto. Acho que ele sente o que sinto, estranho.

Queria saber o motivo disso, será que é devido à minha bênção?

Bom, talvez seja ou talvez não, mas não ligo muito.

Procuro a sorveteria enquanto tentava não morrer sufocada pela multidão e entro no estabelecimento cambaleando para frente.

_ Ah, você chegou. - Cassiopeia estava nos fundos da sorveteria e eles haviam pegado uma mesa bem espaçosa.

Vou até eles e me sento ao lado da Dorea. Ela estava olhando para o seu irmão que devorava um sorvete atrás do outro.

_ Você vai acabar passando mal. - Dorea tinha razão.

_ Mamãe não deixa a gente comer muitos doces, e tenho que aproveitar que o irmão Pollux está comprando. - Mesmo Marius tendo 17 anos, ele parecia uma criança com seus doces.

_ Deixe-o em paz, Dorea. Até parece que quando entra na loja de ursos de pelúcia não quer levar a loja inteira. - Cassiopeia protegeu o irmão.

_ Não tenho culpa que a Leesa me deu a loja inteira. - Dei? _ Obrigada, minha infância foi excelente com aqueles ursos imensos. - Ah, acho que comprei muito e ela pensou que comprei a loja.

_ De nada. - Ainda bem que você gostou, não sabia o que te dar.

_ E obrigado por me dar aquele kit de poções, isso me ajudou a praticar e ser um pouco melhor que o professor Slughorn. - Agradeceu e suas bochechas estavam vermelhas. _ E obrigado por aquilo.

_ Não me agradeça tanto, não fiz isso de graça. - Riram.

_ Aqui, não sabíamos qual você gosta, então pedimos um comum e sem coisas estranhas como Marius costuma pedir. - Cassiopeia me entregou o sorvete que não havia derretido ainda.

_ Obrigada, tem tanto tempo que não tomo sorvete. - Sorri, colocando a colher na boca. _ Então, me digam, o que aconteceu nesses anos?

_ Pollux casou e tem três filhos. - Olhei para Pollux que piscou algumas vezes e olhou para a sua irmã. _ O que foi?

_ Nada, apenas me perdi na conversa, continue.

_ Ok. - Cassiopeia deu de ombros. _ Ele tem uma filha que entrará em Hogwarts em 1937. - Minha mente ficou em branco. _ Ela se chama Walburga e a mamãe a mima muito. - Espera! 1937? E não ano que vem? Meu Merlim.

_ Os outros dois são Alphard e Cygnus. - Dorea roubou as palavras de sua irmã.

_ Teve filhos com 14 anos? - Pollux me olhou e suas bochechas estavam avermelhadas.

_ Pensei que quanto antes melhor.

_ Você era uma criança, Pollux. E ainda é. - Mordi os lábios. _ Ser pai tão cedo deve ter sido muito difícil, e nem imagino a sua esposa. - Ficaram em silêncio. _ Falei algo de errado?

_ A mãe dos filhos do meu irmão... - Dorea olhou para o seu irmão mais velho. _ O traiu, se divorciou, levando uma fortuna e fugiu com o amante. - Quê?

_ Isso, como isso é possível? - Pergunto para eles. _ Isso não aconteceu... - Olhei para o garoto que se portava com um homem. _ Me desculpe, Pollux. Acabei bagunçando a sua vida, posso voltar e... - Pegou minha mão e a apertou.

_ Não se preocupe com isso, lidei bem sendo pai solteiro e você não bagunçou a vida de ninguém. - Semicerrou os olhos. _ Eu que deveria ter seguido as suas palavras...

_ Que grande mentira, se não fosse por aquela poção e daquela maldita mulher, você não teria se casado! - Dorea estava irritada.

_ Dorea! - Cassiopeia e Marius a repreendeu.

_ O que quer dizer com isso? Que mulher e que poção? O que vocês estão escondendo? - Olharam-se. _ Olha, não me respondam, não sou parte da família Black, então, não precisam responder. - Retirei minhas mãos do aperto do homem.

_ Mas... - Dorea não continuou. _ Poderia ajudar, você sempre ajudou, e o irmão sofreu tanto.

_ Ela não é obrigada a fazer isso, Dorea. - Marius a respondeu ríspido. _ Leesa nem deveria ter me ajudado...

_ Não diga uma coisa dessas. - Pollux ficou irritado. _ A Leesa foi uma bênção em nossas vidas, imagina você largado no meio de trouxas e sem suas memórias? Como você se sentiria? - Cerrou os punhos.

_ Desculpe, irmão.

_ Apenas não diga uma idiotice como essa. - Briga de família... Só faltou a pipoca.