28 de agosto de 1935:

Papai me contou sobre aquele pano negro que continha o coelho branco, disse ser um Lethifold melhorado, aquilo era como um Dementador. Apenas que os Dementadores gostavam de sugar a felicidade da pessoa, mas Lethifold gostava de carne humana.

Não sabia deles, mas era interessante saber disso agora e talvez seja útil no futuro.

_ O que acha? - Pisquei algumas vezes e presto atenção na Vinda pelo espelho.

Ela pediu para fazer o meu cabelo, o que deixei sem questionar.

Virei um pouco a cabeça e vejo o que havia feito, era algo simples, mas bonito.

Era um coque com uma trança lateral e alguns fios do meu cabelo estava emoldurando o meu rosto.

_ Está perfeito. - Sorri.

_ Que bom que gostou. - Sorriu e ficou me observando. _ E verde combina realmente com você.

_ Talvez seja devido aos meus olhos. - Dou de ombros e me levanto da cadeira.

_ Se você está dizendo. - Aliso os dois frisados laterais do meu vestido que era perfeito.

Ele se acentuava com perfeição ao meu corpo e não me deixava presa aos meus movimentos.

A seda era fria, mas não me fazia sentir a necessidade de colocar algo por cima do vestido para me esquentar. E realmente, o verde combinava perfeitamente comigo.

Mesmo usando salto, o vestido arrastava alguns milímetros no chão e as alcinhas finas caiam pelos meus braços me fazendo cócegas.

O vestido deveria ser liso e sem detalhe, mas quase imperceptível, tinha três florezinhas na lateral do vestido.

Porém, meu busto, que deveria estar nu, tinha um colar, aquele colar, e claro, no meu dedinho tinha o tão estimado anel/vira-tempo.

_ Realmente não quer uma maquiagem ou apenas um batom? Talvez colocar um par de brincos?

_ Tenho, não gosto de muita coisa. - Suspirou por fim enquanto caminhava até mim.

_ Esperarei no primeiro andar, tenho que ver se a chave de portal está pronta.

_ Ok, já descerei. - Concordou e segurou a barra do seu vestido vinho enquanto saia do meu quarto.

Meu sorriso despencou e olhei para trás, onde tinha um espelho de corpo todo e faço o feitiço desaparecer do meu corpo. E lá estava, as cicatrizes, a cobra e minha maldição.

Estava calor demais para usar um vestido que poderia cobrir isso tudo, então tive que usar esse.

Não queria que soubessem sobre essas cicatrizes, elas tinham que ficar escondidas para sempre.

Sinto a barra do meu vestido sendo puxado e olhei para baixo, vendo o pequeno Tom... Ainda era estranho chamar ele de Tom, mas estou me acostumando.

Agachei-me no chão e acariciei as asinhas dele, fazendo Antônio pular da cama para vir até a gente. Ciumento.

_ Farei carinho em você, Tony. - São muito ciumentos e briguentos, mas sei que se gostavam. _ Vocês terão que ficar aqui, mas não quero meu quarto destruído, escutaram?

Olharam-se e Antônio empurrou o bichano para o lado, sorrindo com seu jeito estranho.

Tommy não gostou e logo partiu para cima. Eles realmente se amavam, ou vão acabar se matando.

Levantei-me e refaço o feitiço do meu corpo, estou pronta ou quase.

Vou até a minha cama e faço minha bolsa diminuir em um tamanho considerável. Subo a barra do vestido e coloco a bolsa presa na minha coxa.

Não sairia sem ela.

Apertei a cordinha para que quando andasse, a bolsa não caísse e o local ficou vermelho imediatamente.

Desço a barra do vestido, vendo se parecia a bolsa e não, não parecia. Olho para trás e dou tchau para os dois, não dava para levar eles na bolsa ou comigo. Afinal de contas, era um baile.

Saio do quarto e seguro a barra do vestido para descer a escadaria, não queria cair.

_ Minha princesinha. - Desço o último degrau e vejo o papai com um belíssimo terno azul-escuro. _ Você está belíssima. - Veio até mim e beijou a minha testa.

_ Você também não está nada mal, está perfeito e as pessoas ficarão querendo o senhor. - Peguei o seu braço e fomos até a sala dos fundos.

_ Meu coração já tem dona. - Fiquei o observando.

_ Espero que seja eu, ou ficarei com ciúmes. - Riu.

_ Você tem um lugar especial no meu coração. - Bateu no seu peito e vejo o pacto no bolsinho do terno.

_ Não me diga que é Dumbledore. - Revirou os olhos. _ Estou brincando. - Vejo Vinda dando instruções para algumas pessoas.

_ Está tudo pronto? - Vinda nos olhou e concordou. _ Vamos?

_ Vamos lá. - Um dos seguidores pegou a jarra e estendeu para nós e a tocamos.

No minuto seguinte estávamos em outro cômodo e a falação era um pouco irritante.

_ Parece que todos chegaram. - Papai comentou e Vinda foi à frente. _ Está pronta?

_ Para quê? O senhor não está pensando em leiloar a minha mão, não é? - Riu enquanto saímos do cômodo.

_ Não farei isso com você, você merece alguém muito melhor do que um dos meus seguidores.

_ Não deixe eles pegarem você dizendo isso. - Sussurrei.

_ Ok. - Piscou e entramos em um salão luxuoso.

Todos que estavam sentados, se levantaram e fizeram uma mesura.

_ Para o bem maior. - Disseram em voz alta e papai sorriu amplamente.

Subimos em um pequeno palco e ficamos no meio, olhando para a multidão que se estendia pelo salão.

Tinha tantas pessoas que poderiam construir uma nova cidade, ou talvez um país e isso era inacreditável.

Porém, minha atenção foi roubada pelo homem ao meu lado, que colocou a sua varinha em seu pescoço e começou a falar:

_ Meus caros amigos, hoje é um dia especial, não apenas devido à comemoração de dez anos da nossa guerra, da nossa rebelião contra o governo corrupto e retrógrado. Estamos comemorando a nossa causa que está sendo implementada e ouvida por tantos. - Sorriram. _ Comemoraremos não apenas as nossas inúmeras conquistas durante esses anos, mas comemoraremos a futura queda dos trouxas que nos amedronta com suas armas e ações. Somos superiores.

As pessoas começaram a gritar e queria tapar os meus ouvidos, mas me contive. Eles estavam animados e papai os deixou comemorar coisas que só eles entendiam.

_ Amigos, estamos vencendo, não percebem? Falta pouco para que esse mundo seja nosso e sairemos vencedores! - Mais gritos de alegria, pareciam loucos.

Vinda apareceu do meu lado e sorriu, prestando atenção no discurso.

Olho para toda essa gente e vejo que todos estavam sendo manipulados com perfeição. Apenas escutando essas palavras me dava vontade de largar tudo e seguir todas as palavras que estava proferindo.

Que pena que tenho o antídoto para essa manipulação. Titia não me ensinou aquelas coisas em vão.

_ Para o bem maior! - Gritaram novamente e parecia tanto com as palavras que falei em 1926, apenas mudava a pessoa que direcionavam essas palavras.

_ Percebo que todos estão eufóricos, mas deixei-me anunciar algo para vocês. Alguns de vocês devem saber sobre uma de minhas visões antes de ser preso pela MACUSA. - Vaiaram. _ Amigos, eles estão tentando mudar, não tem mentes tão pequenas como antes, talvez tenham melhorado um por cento de suas capacidades mentais. - Riram. _ Deixe-me apresentar a minha filha. - Ficaram em silêncio.

_ Meu senhor, acho que eles pensaram que a mon bijou fosse a sua amante. - Vinda sussurrou.

_ Essa ao meu lado não é minha amante ou a minha seguidora, é a minha querida filha. Mas espero que vocês a respeitem como sou respeitado e bem tratado por vocês, meus amigos e fiéis seguidores. - Os olhares não estavam mais no papai. _ Ela é a coisa mais preciosa da minha vida e estou tentando trazer um futuro melhor para ela. - Quer enganar quem? _ Ela sofreu muito na infância devido aos trouxas e foi um dos motivos que me senti incentivado a começar essa guerra, desculpe-me por usá-los em um ato egoísta. - Papai se curvou.

Nossa, que pessoa mais manipuladora. Little lord, por favor, seja mais manipulador que ele.

_ Meu senhor, compreendemos! - Gritou alguém.

_ lhe apoiaremos.

_ Estamos juntos.

_ Se fosse a minha filha, faria o mesmo. - E mais pessoas começaram a gritar e era impressionante.

Usou a minha infância e ganhou compaixão, acabei de ver algo louvável.

_ Agradeço o apoio de vocês, isso me faz muito feliz. - Papai se endireitou e sorriu contido. _ Minha filha se chama Leesa, Leesa Grindelwald. Mas espero que vocês não espalhem essa notícia para o mundo, tenho medo de que algo aconteça com a minha princesa.

_ Ela é a nossa princesa, meu senhor. - Gritou alguém.

_ Certo, ela é princesa de vocês, e espero que se ela estiver em perigo, que vocês a ajudem. - É mais fácil eles estarem em perigo, mas tudo bem. _ Minha princesinha é delicada. - Como um coice de cavalo.

_ Daremos a nossa vida para protegê-la, meu senhor. - Gritaram.

Por que parece que tenho um exército? Mas e se futuramente vier a me casar – algo que não vai acontecer –, eles irão colocar o meu futuro – não existente – marido na solitária e fazer tortura psicológica com ele?

_ Não deixaremos ninguém a tocar, damos a nossa palavra, meu senhor. - Isso não vai prestar.

_ Pretende casá-la, meu senhor? - Todos se calaram e olharam para a pessoa que gritou, era um homem que tinha porte.

Papai o olhou e todos queriam saber suas próximas palavras, até mesmo eu.

_ O senhor acha que será bom o suficiente para ter o coração da minha filha? Claro, se ela não o matar primeiro. - Alguns riram. _ Minha filha não precisa de mim para intervir em seu casamento, se ela quiser se casar, ela poderá se casar com quem quiser, até mesmo com um trouxa. - Tento não revirar os meus olhos. _ Não sou dono dela, ela é livre e pode escolher até mesmo você, se ela o achar bom o suficiente para estar ao seu lado.

_ Então a nossa princesa tem a carta-branca para nos escolher? - Perguntou novamente e papai riu.

_ É claro, como falei, ela não é minha propriedade e ela faz o que bem entender da vida dela. Mas a única coisa que aviso, não pense que esse rostinho bonito é apenas a única coisa atrativa que ela tem. - O olhei. _ Ela pode ser mortal, se necessário.

_ Levarei as suas palavras para o coração, meu senhor. - Pegou a taça e a levantou como se estivesse brindando.

_ Acho que já tomei tempo demais de vocês, por favor, comam, bebam, dancem, a noite é nossa. - Retirou da bandeja uma taça de champanhe e a levantou, e todos fizeram o mesmo. _ Um brinde a nossa guerra. - Apenas bati palmas, não queria beber champanhe.

_ Um brinde ao nosso senhor! - Gritaram.

_ Um brinde a nossa princesa. - O homem gritou e todos o seguiram.

Sorri para todos que gritavam essas palavras e Vinda sussurrou no meu ouvido.

_ Vocês devem abrir a pista. - Olhei para ela e concordei.

_ Papai, me concede uma dança? - Bebeu todo o líquido de sua taça. _ Cuidado para não ficar bêbado. - Colocou a taça na bandeja.

_ Champanhe é fraco demais para isso acontecer, vamos? - Pegou a minha mão. _ Ainda me pergunto que anel é esse. - Tocou nele e nada aconteceu com sua mão.

_ Não toque nele, ele é muito importante para mim.

_ Qual é desse anel? - Perguntou enquanto íamos para a pista de dança.

_ Ganhei de alguém importante para mim. - Sorri.

Chegamos na pista que parecia de um salão de baile de um castelo antigo, com candelabros e requinte, mas que não era muito longe.

Fiquei na sua frente e fiz uma mesura e ele fez o mesmo.

Pegou a minha mão e coloquei a mão com anel em seu ombro. Papai me puxou pela cintura e descansou sua mão ali, fazendo o pianista começar a tocar as primeiras notas musicais.

Todos estavam prestando atenção em nós e até mesmo o violino fez que esse sentimento se aflorasse em mim.

O violino e o piano tocavam ritmados, calmos e solenes. Até que tudo mudou e a nossa dança ficou mais agitada.

_ Uma bela música, não acha? - Papai me perguntou enquanto me conduzia.

_ Sim, agitada, mas ótima para se dançar. - Vejo os outros entrando na pista quando o violino e o piano ficaram mais energéticos.

Mas logo em seguida a calma retornou e a nossa dança também, mas não duraria muito, era a sensação que a música dava. Parecia que alguém estava correndo de tudo e precisava correr, ou seria pega.

A música ficava mais inebriante, parecia que aconteceria algo com a pessoa que "contava" a música.

Não precisava de letras em algo para ser contado, apenas sentindo a música já dava para perceber o sentimento que a pessoa queria passar ao tocar.

Estava ficando agoniada com as notas, parecia que continuava correndo pela minha vida. Meu coração estava batendo rápido e tudo que via eram borrões de pessoas em minha volta.

A flauta parecia que acalmaria o meu coração e nervos, mas logo o violino voltava para tirar essa sensação. Ele era uma "coisa" diferente, dava e tirava.

Parecia a morte e a vida, duas coisas diferentes, mas que se completavam. A música ficou calma e todos começaram a dançar devagar para sentir a melodia que soava pelo ambiente cheio.

Meus pés não me respondiam, parecia saber exatamente o que fazer nessa música. O xilofone parecia ossos dançando na noite e o violino triste encheu os meus ouvidos.

Quase no final já sentia a pequena liberdade, mas era passageira, parecia passageira. Mas a pessoa conseguiu o que planejava desde o começo fazer.

Espero conseguir também, mas que não seja passageira.

O violino choroso continuou tocando, não apenas para nós o ouvir, mas para tocar a nossa alma e com ele, foi a despedida de tudo que largou, principalmente a liberdade recém-conquistada.

Mas o toque parecia melodioso o suficiente para saber que a pessoa conseguiria recuperar a sua tão aclamada liberdade.

Consegui...

Todos pararam de dançar e bateram palmas, fazendo mesuras para os seus pares. Papai me acompanharia até a mesa, mas alguém o impediu.

_ Meu senhor, o senhor me deixaria ter uma dança com a princesa? - Era aquele homem.

_ Ministro Fawley. - Papai me olhou e não prestei atenção em seu olhar. _ Princesinha, esse é o Hector Fawle ministro do ministério britânico. - Tentou me avisar algo.

_ Prazer em conhecê-lo, senhor Fawley. - Sorri educada.

_ Encantado pela sua beleza. - Pegou a minha mão e a beijou.

Antes que fizesse a mesura para que dançássemos a melodia que tocaria, uma pessoa veio até mim.

_ Leesa! - Olhei para o lado e vejo que era Cassiopeia, ela estava belíssima. _ Você está encantadora.

_ Você também. - Vejo meu pai chamando a Vinda para dançar.

_ Terei que roubá-la do senhor, me perdoe. - Fiquei sem entender, mas o homem sorriu irritado.

_ Tudo bem, amizade em primeiro lugar. - Saiu e ela me levou até o canto do salão.

_ O que aconteceu? - Fiquei esperando uma resposta.

_ Aquele é o ministro e ele não é muito bem falado pela sociedade, ainda mais pelos casos de amantes quase todas as noites. - Revirou os olhos. _ Sei que você sabe se virar, mas não queria que você ficasse malvista por toda essa gente.

_ Tem coisas que não sei sobre esse tempo, devo aprender rapidamente e obrigada por me salvar. - A nova música começou a tocar e vi meu pai e a Vinda dançando enquanto riam de algo que falou.