Saio do escritório, indo para o meu quarto.

Faço o meu sobretudo ficar seco e o coloco antes de abrir a porta do meu quarto.

Porém, posso jurar que vi o Tony voando, mas devo estar alucinando devido ao frio.

Entro no quarto bagunçado e não podia crer no que via, como isso aconteceu em questão de minutos? Sei que um é um Demônio e o outro é um Chupacabra, mas são fofos e...

Nota mental: nunca deixar os três juntos outra vez.

_ Fingirei que não estou vendo nada. - Ficaram estáticos.

Tony saiu do banheiro todo pomposo, balançando o rabinho e sorrindo, mas um sorriso que dizia: não fiz nada, eles que fizeram.

Entretanto, seu irmão tinha penas em sua cabeça e me olhava com aquele olhar de gatinho fofo e nada culpado. E bom, Nagini estava no meio da cama em cima de várias penas.

_ E como não estou vendo nada, isso nunca existiu. - Peguei a cobra e faço tudo voltar ao normal. _ Vocês três nunca estarão juntos novamente.

Ficaram com os aqueles "olhinhos" fofos e magoados... Merda! Isso e golpe baixo

_ Deem adeus para a Nagini. - Seus olhos ficaram marejados. _ Não, eu avisei.

_ Voltarei e conquistaremos o mundo como planejamos! - Nagini, por favor, já basta o seu mestre.

_ "Miau". - Tommy ficou alegre e o Tony pulou na cama.

_ Claro, claro, acontecerá isso sim. - Coloquei a cobra no meu pescoço e saio do meu quarto. _ Você é uma má influência.

_ Mas não fiz nada, eles já estavam planejando e só dei a ideia de como faríamos isso.

_ Por Merlim. - Digo, indo até a cozinha para pegar a cesta. _ Boa noite, Penny.

_ Princesa, boa noite. - Ficou feliz. _ A madame pediu que Penny fizesse comidas para a princesa levar. Penny já colocou na cesta. - Olhei em volta e não vi aquilo.

_ E o bolo que fiz de madrugada?

_ Iria derreter, então Penny colocou na geladeira. - Abri a geladeira e peguei o bolo de chocolate, o colocando em cima do balcão.

Faço um feitiço para deixá-lo intacto e o coloquei na cesta que tinha um lugar especial para ele. Fecho a cesta e a retiro do balcão.

_ Obrigada, Penny. - Saio da cozinha, cantarolando uma música.

Abro a porta da frente e logo aparato para a rua do orfanato, lembrando de todo o processo que sempre faço.

Porém, o vento frio que passou por mim, me fez dar alguns passos para trás e quase voltei para casa, mas não fiz isso.

Continuei minha caminhada e escuto alguns gritos, talvez fossem de alegria por mais um ano que estava chegando, mesmo que ainda não tenha dado o horário ainda.

Respirei fundo e abro a porta da frente, a fechando devagar. Dessa vez as luzes estavam acesas, claro, era sete da noite. Um horário que deveria tomar mais cuidado com a minha presença e barulho.

Subo a escadaria e antes de andar pelo corredor, vejo se tinha alguém nele e felizmente não tinha ninguém.

_ Morarei aqui?

_ Por algum tempo. - Sussurrei, indo até o final do corredor e abrindo a porta.

Mas em vez de ser recebida por uma voz irritada e com uma frase que já me acostumei: você está atrasada.

Não tinha ninguém no quarto, estava vazio pela primeira vez, mas tinha duas velas acesas na mesa de cabeceira, o que me fez sorrir pelo ato.

Fechei a porta, fazendo o quarto ter uma temperatura quente e não fria como antes. Coloco a cesta no chão, retirando meus sapatos e o sobretudo.

_ Andarei por aí, volto daqui a pouco.

_ Ok, apenas não morra. - Saiu do meu ombro e deslizou por todo o meu corpo, entrando em algum buraco que tinha no quarto.

Deitei-me na cama e me cobri com o cobertor fofo e confortável que fiz para ele na minha primeira visita.

Mas isso me lembrou mais uma vez do horário, um horário propenso para jantar e, que deveria ter feito isso antes de vir para cá.

Mas ficaria cheia e não comeria as coisas que o Penny fez... Tudo bem, foi melhor assim.

Puxei o travesseiro para mais perto e sinto o cheiro que tinha nele, cheiro de livro novo, gostava desse cheiro...

_ Leesa? Ainda está dormindo? - Apertei a mão da pessoa, ela era macia e fofa. _ Você falou que três vidas era demais para me amar, mas nunca me impediu de amar você por três vidas. Você é minha, minha coelhinha. - Sinto alguém beijando a ponta do meu nariz.

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Resmunguei e vejo aqueles olhos que eram tão únicos e, ao mesmo tempo, comuns.

Seus dedos acariciavam meu rosto com ternura e me sentia extremamente relaxada com seus toques.

_ Dormi por muito tempo, little lord? - Tentei abrir meus olhos novamente, mas estavam pesados.

_ Não que eu saiba, acabei de chegar. - Cruzou as pernas.

_ Cheguei às sete. - Suas carícias eram gentis.

_ Já são onze.

_ Da manhã? - Não prestei atenção na iluminação ao lado de fora.

_ Da noite. - Sinto-o mexer nos meus cabelos. _ Devo refazer as tranças? - Neguei, queria voltar a dormir.

_ Ainda fico impressionada por você saber fazer tranças. - Riu, era uma risada potente e estranhamente familiar. _ Você seria um ótimo pai.

_ Talvez tenha sido na minha vida passada. - Seu olhar ficou opaco. _ Teria uma menina e ela sempre correria atrás de mim para fazer tranças em seus cabelos para tentar não incomodar a mãe.

_ Isso é fofo. - Falei sonolenta.

_ Sim. - Suspirou, como se sentisse saudades de algo desconhecido. _ Quer dormir mais um pouco? - Sua voz estava tão calma que realmente me deu mais sono.

_ Não batemos parabéns para você. - Queria abraçá-lo. _ Feliz aniversário, Tom.

_ Obrigado, anjo. - Sorri e me aconcheguei ainda mais na cama.

_ De nada.

_ Você parece cansada, não dormiu bem? - Continuou me fazendo carinho, ele ficou bom nisso.

_ Fiquei a madrugada inteira fazendo um bolo para você. - Falei baixinho. _ Não sei se está bom.

_ Machucou os dedos de novo? - Pegou minha mão e analisou.

_ Não, dessa vez não deixei Penny colocar band-aid nos meus dedos. - Ficou satisfeito. _ Cortes em minhas mãos se curam rápido. - Confidenciei.

_ Então durma um pouco mais, não fugirei. - Beijou a ponta do meu nariz, me fazendo cocegas.

_ Você acha que vou?

_ Você sempre foge. - Tinha razão. _ Terá uma hora que não vou deixar. - Beijou minha bochecha. _ Você sempre ficará comigo.

_ Ninguém fica para sempre. - Acho que estou sonolenta demais para entender essas palavras.

_ Mudarei isso. - Começou a me fazer cafuné. _ Durma, estarei aqui, sempre estarei com você. - E realmente dormi...

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_ Seu verme asqueroso, você quer morrer! - Coloquei a mão no ouvido para tentar abafar as gritarias.

Papai sabia que não gostava de barulho, barulhos muito altos me incomodavam e me fazia sentir raiva e angústia.

_ Está tudo bem, são apenas as crianças. - Colocou sua mão em cima da minha. _ Desculpa, não queria acordá-la.

_ Não gosto de barulho e deveria ter colocado o Abaffiato no corredor e aqui. - Faço o Abaffiato e mesmo assim, os barulhos do lado de fora não sumiram.

_ Por quê? - Abri meus olhos. _ Por que você não gosta de barulho?

_ Não sei, acho que fiquei por muito tempo em uma cela sem som algum, apenas com aquela música irritante, e é desconfortável ter muito barulho em volta. - Acariciou minha mão. _ Me sinto nervosa, agitada e angustiada.

_ Você tem muitas coisas, mas a maioria não sabe a metade delas. - Alisou a minha bochecha. _ Espero que me conte tudo e não me esconda nada.

_ Por quê?

_ Não posso ser o único que sabe tudo sobre você? - Semicerrou os olhos. _ Claro, sem ser você?

_ Mas você já sabe tudo, a maioria.

_ Não é o suficiente, quero saber tudo, mas tudo leva tempo e já sei a maioria, isso está bom. - Sei que não está.

_ Você até sabe sobre o meu segredo. - Apertou minha bochecha.

_ Sobre o seu jeito fofo de mentir? - Resmunguei. _ Parece uma criança.

_ Idiota. - Saiu de perto de mim e foi até a cobra que estava nos meus pés.

_ Obrigado pelo presente, gostei bastante da Nagini. - Seu sorriso era tão angelical que pensei que estava vendo coisas. _ Também tenho um presente para você. - Fiquei confusa e tirei meus cabelos do rosto.

Little lord deve ter desmanchado a trança enquanto dormia, o que me fez perceber que dormi muito bem ao seu lado... Estranho.

Sentei-me na cama e fiquei o observando ir até o seu armário, tirando de lá uma caixa.

_ Usei o dinheiro do banco. - Abri a boca, mas ele foi rápido. _ Não foi tão difícil achar o Beco Diagonal.

_ O dinheiro era para usar com você, e não...

_ Mas usei o dinheiro para mim, apenas que comprei algo que não gostei e estou o dando. - Sorriu e me entregou a caixa. _ Feliz Ano Novo, anjo.

_ Feliz Ano Novo, little lord. - Sorriu e se sentou ao meu lado.

Abro a caixa e vejo que era uma luminária de Lua e ao redor tinha três coelhos brancos. Talvez quando a ligasse, os coelhos andassem ao redor da Lua.

_ Os coelhos irão andar ao redor da Lua? - Cutuquei os coelhos.

_ Sim, o que achou? - Parecia nervoso.

_ Achei lindo, obrigada. - Sorri, o que fez ficar estático por alguns segundos.

Porém, percebi que a unha do seu dedão alisava o seu dedo indicador.

_ Você prefere pulseira ou anel? - Fiquei confusa. _ Apenas uma pergunta.

_ Bom. - Olhei para a minha mão e mexi no anel. _ Só tenho um anel e ele fica aqui. - Mostrei para ele. _ Às vezes me esqueço que tenho ele.

_ Sei que você tem um colar. - Tocou seu pescoço.

_ Sim, era da minha família e o ganhei quando os abandonei. - Coloquei a mão no meu busto, mas não senti o frio da prata. _ Mas não sei se ficaria bem de pulseira.

Pegou minha mão e alisou o meu dedo anelar.

_ Não vou me casar com você. - O examinei.

_ Não pense em coisas estranhas. - Revirou os olhos. _ Não pediria você em casamento. - Como assim?

_ Não mereço ser pedida em casamento? - Estranhou.

_ Você é muito contraditória, sempre me disse que não queria amar ninguém ou se casar, queria ficar sozinha. Mas agora está me perguntando se não merece um pedido de casamento?

_ Pode falar, sou hipócrita.

_ Muito, mas posso responder a sua pergunta quando não for mais uma criança em seus olhos. - Esse dia nunca chegaria.

_ Você sempre vai ser uma criança.

_ Tudo bem, e guarde suas palavras, ok? - Largou minha mão e peguei a caixa, a colocando no chão.

_ Vamos comer? Estou morrendo de fome. - Levitei a cesta. _ Tem bolo de chocolate e espero que você goste.

_ Foi você quem fez, com certeza vou gostar. - Sinto minha boca secar e matei esse sentimento estranho mais uma vez.

_ Idiota.

_ Sou o idiota do seu coração. - Dou o dedo do meio para ele e abro a cesta. _ Anda, estou fome e você dorme como uma pedra.

_ Não vou te dar mais bolo. - Ficou chocado. _ Ele será só meu. - Abracei a cesta.

_ Você não faria isso, sou o aniversariante.

_ Foi ontem.

_ Você é má, sua malvada. - Ri, tirando o bolo e as comidas da cesta.

_ Little lord, sou a pessoa que vai destruir esse mundo, então sou a malvada, a vilã e não será você que vai...

_ E por que iria impedi-la de destruir o mundo? - Levantou a sobrancelha.

Não sabia o que responder, afinal, todos me impediam e diziam suas opiniões, anulando as minhas.

_ A única coisa que devemos fazer depois de você fazer isso, é construí-lo. - Fiquei sem entender, isso era novo e não sabia como proceder. _ As pessoas a cegaram tanto com os julgamentos que você se esqueceu que não sou eles? - Merda, não, não faça isso, seja igual a eles! _ Não vou julgá-la, por que faria isso?

_ Porque você quer o mundo. - Riu, cruzando os braços de uma forma petulante.

_ Será mesmo? - O que ele quer dizer com isso? _ Parte logo esse bolo, estou com fome. - Pisquei algumas vezes, percebendo que toda essa atmosfera ambígua se foi.

_ Vou pegar esse bolo e enfiar na sua boca.

_ Mas não é onde deveria estar? - Que garoto irritante!