_ Vou examiná-la, então não reclame. - Por que mudamos de assunto? Tenho que falar algo... _ Leesa? - Pisquei sem saber o que dizer. _ Você está bem?

_ Sim. - Foi a única palavra que saiu da minha boca e isso me fez desistir daquelas palavras que deveriam sair, mas não sabia quais eram.

Porém, concentrei no cheiro de pera e menta, que não era tão enjoativo quanto pensava que seria, mas sentia a sua magia circulando em mim e me fazia sentir bem.

_ Você realmente vai me esperar? - Apertei sua roupa. _ Fiz tantas pessoas me esperarem...

_ Porque quiseram. - Foi certeiro onde doía no meu peito.

_ Você não é igual? - Riu e sua risada era gostosa de se ouvir, quero ouvir mais.

_ Tenho um diferencial. - Beliscou meu nariz.

_ Ser irritante?

_ É um deles, mas o principal diferencial é que consegui fazer você falar e não se esconder em um casulo.

Apenas fiquei observando sua roupa e mais uma vez não sabia o que falar, ele tinha razão, já que desde o primeiro dia falei tudo que sentia.

Porém, antes que pudesse concordar, o escuto suspirar e logo em seguida me abraçar, e retribui o abraço.

Mas não teve aquela demora de segundos para que pudesse reagir, foi automático.

_ Você está bem. - Beijou o topo da minha cabeça. _ Não tem nada com você, seu sangue está tranquilo, sua maldição nem parece uma maldição, o feitiço idiota está ativo e nosso juramento consigo senti-lo, mesmo a gente tendo feito o juramento.

_ Falei que estava bem. - Minha voz ficou abafada.

_ Mas fiquei preocupado. - Tentei vê-lo. _ Você se drogou com Veritaserum...

_ Porque passei...

_ Anos tomando essa poção. - Me apertou ainda mais em seu corpo. _ Às vezes quero ir para essa realidade e matar todas aquelas pessoas. - Também queria.

_ Você seria meu...

_ Seu demônio. - Meu demônio. _ O demônio que você vendeu a sua alma para ser feliz. - Olhou-me. _ Vou fazê-la feliz. - Já estou sendo. _ Seremos felizes, Leesa. Farei isso a minha prioridade.

_ Tom. - Bufou e concordou.

_ A segunda é a guerra. - Isso era melhor que nada. _ Mas você vem em primeiro lugar. - Alisou meu rosto e me beijou. _ Sempre.

_ Cobrarei essas palavras.

_ Me cobre elas por toda a minha vida. - Distanciou-se de mim e foi até bolsa, o que me fez correr até ele.

_ Não faça isso! - Peguei a bolsa antes que a tocasse, não queria queimá-lo.

_ Pensei que o feitiço fosse apenas para os inimigos. - Neguei.

_ Até mesmo para os que confio, todo mundo pode trair e não quero ser traída novamente. - Aquele verme e asqueroso do Ernesto Rowle vai pagar por ter me feito assim.

_ Está falando do Rowle? - Concordei. _ Sabe que ele já existe nessa época, não é? - Franzi o cenho.

_ Sério? - Concordou. _ Nunca o conheci de fato, então não sei se ele nasceu nessa época ou não. - Talvez ele nessa dimensão seja diferente da minha. _ E os livros contendo informações que tenho não são tão confiáveis quanto pensava.

_ O que quer dizer? - Balancei a bolsa, o fazendo falar. _ Pegaria um sobretudo para você, está nevando lá fora. - Até nisso ele é fofo.

Mas esqueci de suas palavras e tirei um sobretudo branco, o colocando.

_ Os livros que li não me informaram que o ministro era uma praga.

_ Você realmente não pode confiar em informações que são daquela realidade, estamos em outra. - Joguei a bolsa na poltrona. _ Mas posso entender você, ainda mais por sempre confiar nos meus Comensais e olha aonde chegamos, já fui traído tantas vezes que nem dói mais. - Sorriu sádico. _ Mas não reclamaria se pudesse matar todos.

_ Ficaria sem Comensais.

_ Esse é um grande problema. - Abotoou meu sobretudo.

_ Você pegará as suas relíquias? - Alisei seu rosto. _ O diadema...

_ Você quer que eu as pegue novamente? - Concordei. _ Elas foram feitas por sua ordem. - Tem coisas que conto que simplesmente não lembro.

_ Meus amigos não estão mais vivos, e se colocarmos na ponta do lápis, só tem dois descendentes vivos.

Sua bochecha continuava quente e macia, mas se deslizasse meus dedos com cuidado, podia sentir os pelos ásperos de sua barba que nem existia.

_ Mas quero a espada também. - Ele só quer coisas impossíveis.

_ Não tem como pegar a espada...

_ Ela pode obedecê-la. - Às vezes esqueço que ele tem mais tempo de vida que eu. _ Nada é impossível. - Beijou minha mão. _ O diadema consigo recuperar.

_ Mas faltará a taça e o medalhão. - Concordou. _ Você já os conseguiu duas vezes, consegue novamente?

_ Não quero ir à casa daquela mulher que tem cheiro de urina. - Que nojo.

_ Você quer que eu vá? - Discordou. _ Então o que você vai fazer?

_ Pensarei. - Concordei. _ Mas quero a espada. - Revirei os olhos. _ Então vamos, coelhinha? - Ofereceu seu braço e o peguei.

_ Vamos. - Saímos do quarto e descemos a escadaria.

_ Pensei que morariam naquele quarto. - Sempre tão receptivo.

_ Bem que queria, sogro. - Merlim, lá vamos nós de novo. _ Não reclamaria. - Chegamos perto deles, mas também não iria reclamar.

Até esqueci que não estávamos sozinhos e tínhamos que ir ao mercado para a mamãe.

_ Aqui, mon bijou. - Entregou a lista e a coloquei no bolso. _ E aqui está o dinheiro trouxa. - Little lord pegou o maço de dinheiro e o colocou no seu bolso.

_ Então vamos? - Olhei para o little lord que concordou. _ Até. - Saímos de casa e o vento frio não me fez repensar a minha escolha. _ Gosta do frio? - O perguntei, enquanto andávamos pelo amontoado branco.

_ Não, mas acho que passei apreciar esse clima. - Os nossos passos faziam barulho na neve, que rangia e compactava sob o peso de nossos pés.

Cada pegada deixava uma marca nítida no manto branco, quebrando o silêncio da paisagem invernal ao nosso redor.

_ E você?

_ Não sei muito bem ainda qual clima é meu preferido, mas posso dizer que odeio o calor e principalmente o mês de agosto. - Passamos por um parquinho onde crianças estavam ocupadas fazendo bonecos de neve.

Riam e brincavam, moldando grandes bolas de neve e decorando seus bonecos com cachecóis coloridos, galhos como braços e cenouras como narizes.

A cena era alegre e cheia de vida, contrastando com a tranquilidade do dia de inverno.

_ Faremos um? - Parou.

_ Não sei como... - Alguém o acertou com uma bola de neve, interrompendo a minha frase.

Viramos rapidamente para trás e vimos um grupo de crianças rindo, suas bochechas rosadas pelo frio, prontos para lançar mais uma rodada de bolas de neve em nossa direção.

_ Desculpa! - Gritaram e continuaram rindo, mas se afastaram antes que levassem um sermão de seus pais.

Voltei a olhar para o little lord e comecei a rir de sua face descrente. Mas meu riso se foi, quando me olhou com um sorriso travesso enquanto moldava uma bola de neve em suas mãos.

Antes que pudesse reagir, ele me acertou com ela, a neve explodindo em uma nuvem branca ao me atingir.

Fiquei sem entender por alguns segundos, até que escutei sua risada sincera e caótica no meio daquilo tudo.

_ Você não fez isso! - Peguei a neve no chão e formei a bola, mas antes que a jogasse, ele me jogou outra.

_ É guerra! - As crianças entraram na brincadeira e dessa vez consegui acertar a bola nele.

O que nos fez entrar na briga, fiquei em um lado do parquinho e ele em outro, mas as bolas sempre nos acertavam.

Os gritos das crianças e as risadas eram tão contagiantes que não conseguia parar de rir, isso era tão bom.

O mundo inteiro estava branco e tinha vários pontos coloridos no meio dessa branquidade, mas o único oposto era aquele homem de olhos vermelhos, que não estava nada propenso a ir em um supermercado.

Mas ele estava ali, totalmente de preto e rindo das minhas bolas de neve que caiam e sujavam a sua roupa.

Não conseguia me agachar no chão e formar a neve rapidamente, mas era divertido mesmo assim, nunca tive isso e ter isso pela primeira vez era...

_ Você voltou a ser criança. - Gritou e passou pelo campo de batalha, ficando na minha frente. _ Isso a deixa fofa. - Joguei a bola no seu rosto e ri.

_ Isso foi legal. - Ele me pegou como um saco de batata e gritei. _ Não, eu desisto! - Tentei não o chutar. _ Tenha piedade de mim... - Me colocou deitada na neve e ficou me olhando. _ O quê?

_ Realmente parece um anjo. - Não sabia se estava me sentindo quente devido às roupas ou por suas palavras. _ Na verdade, você é um anjo.

_ Prefiro ser coelhinha. - Parou e ficou me observando. _ Não me olhe assim.

_ Assim como? - Sussurrou, fazendo o ar quente de sua boca evaporar em lufadas de fumaça.

_ Como se tudo que você quisesse, estivesse bem na sua frente.

_ Mas está, tudo que quero é você. - Ficou ao meu lado e se deitou. _ Devemos fazer um anjo de neve? - Acenei.

Abrindo e fechando as pernas, e mesmo sentindo a neve entrando nas minhas roupas, não era ruim.

_ Acho que estou preferindo o inverno.

_ Acho que também prefiro agora. - Parei e olhei para o céu cinzento, observando os flocos de neve que caíam delicadamente a cada segundo.

Eles dançavam no ar antes de pousar suavemente no chão, cobrindo tudo com uma camada branca e cintilante.

_ Falta pouco para os bombardeios. - Entrelaçou nossas mãos.

_ Passei por isso duas vezes, não tenho tanto medo de algo acontecer. - Comentei.

_ Eu tenho, mesmo dizendo que não.

_ Estarei com você. - Apertou minha mão. _ Mesmo que não perceba.

_ Confio em você, mas não confio no mundo.

_ Nada vai acontecer. - O olhei. _ Nada que possa atingir você e a nossa guerra.

Continuamos deitados na neve, sentindo a frieza se infiltrar em nossas roupas enquanto observávamos o céu cinzento acima.

O mundo parecia parado, como se aquele momento fosse feito apenas para nós.

_ Tom.

_ Sim?

_ Se sou um coelho, você é o quê? - Ficou surpreso e riu.

_ Uma cobra. - Discordei. _ Não sou? - Parecia ressentido. _ Sou um Slytherin...

_ Mas Salazar era um, você não pode ser uma cobra. - Estalou a língua e ficou em cima de mim. _ Estamos em um parquinho, tenha modos.

_ Posso matar todas essas crianças para me comportar como quero. - Era bem capaz de fazer isso.

_ Eu sei. - Alisei seu rosto. _ Ainda quero saber o que você é.

_ Devo ressuscitar o Salazar e matá-lo novamente? - Neguei. _ Isso me faria um pouquinho feliz. - Mas ele conseguiria fazer isso?

_ Você tem ciúmes do Salazar? Que fofo. - Curvou-se para frente e nossos rostos ficaram próximos, tão perto que podia sentir sua respiração quente contrastando com o frio do ar.

Olhei em seus olhos, que refletiam a luz suave dos flocos de neve ao nosso redor, e o mundo pareceu desaparecer, deixando apenas nós dois naquele instante mágico.

_ Tenho ciúmes até da neve que está caindo em você, tenho ciúmes dos seus sorrisos e por isso que quero monopolizar você. - Por que estou sorrindo com essas palavras cheias de possessividade?

Acho que estou louca e não me sinto mal por isso, quero continuar assim.

_ Mas sei que não posso fazer isso. - Meu sorriso congelou, quase me fazendo negar as suas palavras em voz alta. _ E acho que posso ser uma pantera.

_ Combina com você. - O abracei e caiu em cima de mim, quase me fazendo morrer de falta de ar. _ Você é pesado!

_ Você que me puxou para baixo. - Apenas abracei você, seu idiota. _ Não sou idiota.

_ Tem certeza de que não está lendo os meus pensamentos? - Fiz carinho em sua cabeça.

_ Seria algo bom, poderia saber o que essa carinha fofa planeja e pensa sobre mim. - Muitas coisas, mas principalmente o desejo de não magoar você.

_ Minha cabeça é uma confusão de pastas, mas meus pensamentos são calmos, mas, ao mesmo tempo, turbulentos. - Fechei os olhos.

_ Tenho uma pasta?

_ Talvez. - Sim.

_ Sempre que você fala "talvez", isso significa algo positivo, e tem muitas coisas na minha pasta? - Irritante, mas isso me poupava tempo.

_ Sim, todos os momentos que o chamei de irritante. - O que são muitos.

_ Minha pasta deve ser enorme. - Ri.

_ Sim, e ela se chama irritante. - Ficamos em silêncio. _ Gosto de você. - Não era exatamente isso que queria falar, mas já era um grande passo.

_ Também.

_ Também gosta de você? - Zombei. _ Isso já...

_ Também gosto de você. - Apertou minha mão.

_ Quanto mais corro de você, mais presa fico. - Sussurrei. _ Quero fazer o boneco. - Riu. _ Não ria.

_ Ok, vamos fazer o seu boneco. - Levantou-se e me ajudou a levantar.

_ Você colocou um feitiço nos seus olhos? - Perguntei me limpando.

_ Sim, não posso sair com esses olhos sem as pessoas repararem. - Fez um feitiço de limpeza em nós.

_ Mas quero que você não use...

_ No Ano Novo?

_ Não, quero que você fique assim para sempre, gosto dos seus olhos. - Fiz que se curvasse e beijei suas pálpebras.

_ Minha coelhinha está muito beijoqueira. - Amava beijá-lo, não era estranho ou enjoativo.

_ Não posso? Então... - Agarrou minha cintura e me puxou para perto de si.

_ Quero que você continue me dando carinho, sou uma pessoa carente. - Alisou seu nariz no meu. _ Carente de você. - Beijou-me.

O frio dos meus lábios se dissipou com o contato, e uma sensação reconfortante tomou seu lugar.

Era uma combinação única, o frio da neve nos nossos lábios contrastando com a quentura do nosso beijo.

Cada vez que nos beijávamos, uma nova onda de emoção e sensação tomava conta de mim, como se cada beijo fosse uma descoberta, um momento único e especial entre nós.

Porém, esse beijo era como tomar um gole de chocolate quente em uma tarde gelada de inverno. Sempre estava fumegante, transmitindo uma sensação reconfortante que aquecia até os recantos mais frios do meu ser.

Era tão intenso que quase queimava a língua, mas ainda assim, não conseguíamos resistir a consumi-lo o mais rápido possível, desfrutando de cada momento, cada sabor, cada calor que proporcionava.

Claro, poderia ter um gosto amargo por conta de sua acidez e petulância, mas era o contraste perfeito para o chocolate que fazia meus lábios ficarem melados por conta de sua doçura.

Acho que posso passar a amar chocolate quente, ainda mais no inverno.

_ Que desrespeitoso. - Escutamos e ficamos nos olhando. _ Se beijando na frente das crianças.

_ Pelo menos a gente não está transando na frente delas... - Sussurrou.

_ Se ela escuta isso, é bem capaz de chamar a polícia. - Alisou meu lábio inferior. _ Você quer me beijar?

_ É viciante, quero sempre te beijar e fazer seus lábios ficarem como estão agora. - Os lambi. _ Vermelhos e atraentes. - Ficou observando minha boca.

_ Quer me beijar novamente? - Sorriu de lado.

_ A mulher brigará...

_ Podemos simplesmente matá-la, será o nosso segredo. - Virou seu rosto e se distanciou de mim.

Fiquei um pouco chateada, mas não falei e o segui, o fazendo pegar a minha mão e caminharmos até uma árvore.

_ O quê... - Não consegui terminar antes que me beijasse novamente.

Abraçou minha cintura com ternura, e enlacei meus braços em seu pescoço, permitindo-me sentir os pequenos fios de cabelo em sua nuca. Era um gesto simples, mas que significava muita coisa.

Contudo, acho que estou embriagada, embriagada por essas sensações e mesmo estando bêbada de chocolate quente ou vinho, queria mais, queria tudo que pudesse me dar.

Acho que posso acabar ficando insaciável se continuarmos assim, posso acabar me viciando e não acho ruim se acontecer isso.

Não acharia ruim dele acabar se tornando a minha toxina favorita, minha droga que me trazia a tão esperada felicidade.

Eu o quero.

Quero tanto, que não consigo respirar e só posso me agarrar a essas emoções estranhas e gostosas...

Separou os nossos lábios e o frio do meu corpo não existia, estava quente, quente demais para ser possível no inverno.

Ficou me olhando e me deu alguns selinhos, como se não quisesse parar.

_ Quero ver sua boca sangrar de tanto me beijar. - Falou rente aos meus lábios. _ Mas...

_ Faça isso. - Ficou surpreso. _ Quero que faça isso, que faça minha boca apenas aceitar você. - Seus olhos ficaram escuros e o espaço que tinha entre nós, acabou.

_ Não diga coisas assim. - Não falei nada estranho. _ Não fale coisas de duplo sentido. - Repensei minhas palavras e dei de ombros.

_ Você não quer? - Mordeu meu lábio e sinto gosto de sangue. _ Vejo que quer.

Lambeu o sangue e a visão foi tão pecaminosa e sensual que prendi a respiração apenas por ver aquilo. Ele me faria enlouquecer...

_ Gostou? - Alisou seu dedão nos meus lábios e os lambeu, apreciando o gosto do meu sangue.

_ Sim, mas temos que fazer um boneco de neve, se você conseguir fazer um. - Ele está pedindo para morrer.

_ Vou te matar. - Brinquei. _ Mas vou conseguir fazer o melhor boneco de neve da história do mundo.

_ Vai, vai sim. - Mas ele realmente estava pedindo para morrer.

Dei o dedo do meio para ele e me ajoelhei no chão para juntar a neve.

_ Amo ver você irritada.

_ E eu o odeio.

_ Também gosto de você. - Joguei neve em seu rosto. _ Continue fazendo o seu boneco.

Idiota irritante!

Mas cada vez que fico perto dele sinto que a raiva e o ódio são apenas a combinação perfeita de algo que ainda não compreendo perfeitamente. Era doce e amargo.

Gosto dele, mas odeio esse boneco idiota...

Levantei e chutei aquela bola deformada de neve e o little lord começou a rir da minha desgraça, ele poderia ajudar se sabe tanto fazer a merda de um boneco.

Chutei sua canela, o fazendo chutar a minha, e a minha irritabilidade atingiu o máximo, me fazendo querer matá-lo.

Esqueça os sentimentos bons que tive alguns minutos atrás, ele precisa morrer.

_ Quer morrer? - Surpreendeu-me ao simplesmente abraçar minhas pernas e me jogar sobre seu ombro.

Senti-me envolvida por sua força e ousadia, uma mistura de emoção e raiva percorrendo meu corpo enquanto balançava suavemente ao longo do caminho.

_ A minha coelhinha é malvada e merece alguns tapas. - Ele vai me bater? Não vou reclamar...

_ Me coloque no chão. - Não deu ouvidos.

_ Não. - Ele gosta de me ter assim, pelo menos não era desconfortável. _ E descobrimos algo nessa tarde.

_ O quê? - Descobrimos muitas coisas hoje.

_ Você é péssima em sentimentos e fazer boneco de neve.

_ Se você não quiser morrer, é melhor não me irritar. - Olhei as crianças fazendo bonecos e fiquei triste. _ Até as crianças conseguem, por que não consigo?

_ Podemos continuar tentando, temos tempo. - Deu batidinhas na minha perna.

Todos estavam nos olhando, alguns riam da minha situação vergonhosa e outros me olhavam torto.

_ Quero descer e não temos tempo para tentar fazer um boneco.

_ Certo, gastamos isso de um jeito ótimo.

_ Sim. - Me colocou no chão e arrumou meu sobretudo. _ Desculpa por chutar você, só fiquei irritada.

_ Não ligo, estou acostumado com suas variações de humor e sei que você não queria fazer isso. - Entrelaçou nossa mão. _ Já que você gosta de mim.

_ Quero amar você. - Apertou minha mão. _ Quando tiver certeza de que amo você, vou te dizer, tudo bem?

_ Ficarei ansioso para esse dia, coelhinha. - Não vai demorar muito para isso acontecer.

_ Vamos para o mercado. - Concordou.

_ Faremos outro boneco algum dia. - Olhei para ele sorrindo.

_ Um dia.

_ Mas sem chutes. - Revirei os olhos.

_ Não prometo. - Prometo.