A luz apesar de entrar era fraca e fúnebre, talvez não pelo local em si, mas pelas implicações que aquele momento trazia, talvez fosse só o jeito que ela enxergava agora. Poucas cores, pouca luz... pouca esperança.

Tauriel espiava por entre as grades se seus captores finalmente viriam atormentá-la ou se ela só seria esquecida como muitos prisioneiros do Rei Élfico, como era de costume, definharem nas celas fortes e bem guardadas da Floresta das Trevas. Mas isso geralmente estava guardado aos mortais e ela queria simplesmente saber se o plano de Thranduil era faze-la enlouquecer em uma cela privada do som dos pássaros, do vento em seu rosto e do toque da madeira das árvores e de sua sombra. Que plano vil o belo rei teria planejado para puni-la de sua transgressão? Bani-la não seria o suficiente, ele dissera.

Talvez esse fosse o ponto, enlouquece-la, pois até agora ninguém apareceu, nem mesmo uma espiada, Thranduil a achava indigna de sua presença e sabia que nada mais a atormentaria que a falta de sua liberdade e a eternidade para pensar em seus erros e impulsos.

Cansada, irritada e já sem sinal que sua condição mudaria, ela murchou sua postura, seus braços pendurados, sua cabeça curvada com a testa encostada no metal frio das grades e olhos baixos com pálpebras pesadas. Essa era uma visão que nem Thranduil e nem ela mesma imaginara ver um dia da orgulhosa e impetuosa Capitã da Guarda da Floresta das Trevas.

Derrotada.

"AAAhhhahHAHhahHAHhahHH" – Ela gritou de repente. – "porque está fazendo isso comigo? Já me baniste! Disse que não poderia mais voltar ao meu lar, que já não era mais uma elfa digna da Floresta, porque me manter aqui então?!" – Ela baixou a cabeça de novo derramando lágrimas de raiva e tristeza, seu rosto vermelho como seus cabelos, sua testa enrugada, seus dedos ficando brancos sem sangue de tanto apertar as grades. – "porque? Desgraçado." – Ela fungou friamente.

"É assim que fala do seu rei? Não deveria me surpreender, não é? Pra quem apontou uma flecha a centímetros do meu rosto..." – Uma voz supreendentemente aveludada emergiu.

Tauriel na mesma hora levantou seu rosto assustada com a intrusão repentina e inesperada. Lágrimas queimavam um caminho em seu belo e forte rosto.

"O que você quer? Achei que me puniria, eu aceitei isso, eu aceito, só causei dor e sofrimento, mas porque me manter aqui?!" – Ela questionou com um tom de mistura de raiva e submissão.

Ele a olhou, longamente e profundamente. Seus belos olhos azuis gelados e impassíveis como cristais de gelo, por um breve momento piscaram em dor e sofrimento, mas foi rápido e logo a dureza retomou seu lugar. Ela estava presa nesse olhar, como se afogando em um oceano azul profundo e frio.

"Quebrado." – Ele sussurrou

"O que?" – Ela estava confusa.

Você me quebrou, Tauriel, Filha da Floresta. Quebrou o que restava em mim, o pouco que pude reunir e colar com a cola mais dura da perseverança, auto piedade, dor e raiva que eu tinha. Você quebrou o que restava e pretendo fazer o mesmo com você. – Ele se virou fazendo seus cabelos prateados girarem com ele. E foi embora tão rápido como quando chegou deixando-a confusa e incrédula com as palavras dele.

notas:

Esta é minha primeira Hot e e primeira Darkfic, sejam bonzinhos rsrs
Para os mais puristas, gosto de justificar com algo parecido ao que aconteceu com Finwe para que Thranduil possa ter outras relações. Por mais que eu goste de brincar com os personagens, algumas coisas da cultura que Tolkien escreveu eu gosto de manter. Por isso imagino o por que Thranduil seja tão marcado e triste com o passado referente à sua esposa e mãe de Legolas, mas em vez de como a mãe de Feanor ela ter se exaurido e escolhido não voltar, imagino que a Fea da rainha tenha ficado tão danificada ou até mesmo sido extinta devido ao fogo de dragão e ou alguma outra força maléfica do mundo invisível que nem em Mandos ela esteja.

Sei que esse primeiro capítulo é curtinho, mas achei que o "time" legal para cortar era esse, espero que gostem do resultado.