Disclaimer:
Saint Seiya pertence à Masami Kurumada
SS The Lost Canvas a Shiori Teshiori
SS Episódios G a Kurumada/Megumu Okada
SS Soul of Gold a Toei Animation
Anjos de Atena
Resumo: A luta entre o céu e o inferno remonta de tempos antigos. Um artefato pode alterar o equilíbrio de poder entre os seguidores de Mikael e os de Lúcifer, mas no meio de tudo isso existe Atena e seus supostos cavaleiros.
Obs.: a fic leva em conta, Saint Seiya TLC, Episódios G, Saga Clássica ( santuário, Asgard, Poseidon e Hades) e Soul of Gold. A narrativa se passa em 2017 e os acontecimentos da saga clássica ocorreram em 2012. (2017 porque foi o ano que esbocei a fic então para não ter que mexer com as datas permanece esse ano.
*Agradecimentos a Danda que é minha Beta!
Capítulo 1
Nasce uma guerra
Os pés estavam encharcados de sangue na coloração vermelho fluorescente. O cheiro da morte invadia suas narinas, enquanto escutava gemidos dos que estavam agonizando. Era até ironia a aura de luz que emanava daquele ser misturada àquele cenário desolador.
Os olhos na coloração avermelhada tinham apenas um objetivo: exterminar o chefe dos anjos caídos e recuperar o que lhe pertencia por direito. Os passos precisos pararam ao fitar uma figura a alguns metros à frente. Sem hesitar o ser elevou sua espada.
- Não esperava que viesse pessoalmente. - a figura composta por três pares de asas negras sorriu.
- Se não bastasse trair nossa ordem, desceu ainda mais, ao roubar Abisko.
O ser negro gargalhou.
- Acha mesmo que está comigo? - elevou sua espada. - se estivesse, você estaria morto!
O ser negro avançou sobre o ser dourado. E a cada ranger de espadas, uma onda de energia levava os corpos que estavam ao redor. Atacavam e defendiam com maestria.
- Desista Lucy. - disse o ser dourado. - e entregue logo o artefato.
- Mikael... - sorriu. - você já foi mais esperto.
Num golpe rápido, Lucy lançou uma rajada de energia negra. Mikael foi acertado, mas não caiu.
Lucy sorriu.
Milhares de anos atrás...
- Mas foi Gabrian que me disse. - um garoto de olhos roxos, olhava atentamente o livro que trazia nas mãos. - veja Mikael.
- É um teimoso Lucy. - O garoto de olhos vermelhos pegou o livro. - Abisko, artefato místico capaz de oferecer uma grande quantidade de energia a quem o possuir. Está guardado no lugar mais sagrado de Tenkai. Onde fica isso? - o fitou.
- Em Hapse. - Um garoto da mesma idade, aproximou tomando o livro.
- Gabrian! - exclamaram Lucy e Mikael.
- Foi o local que Ele escolheu. - fechou o livro. - saberiam se frequentassem as aulas.
- É verdade que esse Abisko tem um grande poder? - Indagou Mikael.
- Sim. É um poder inimaginável. Pode aniquilar os três mundos ao mesmo tempo. Vamos, estamos atrasados.
Gabrian deu as costas, seguido pelos outros dois.
- Gabrian não tinha ideia que aquela informação seria preciosa. – Disse o de asas negras. - meu maior prazer seria matá-lo, Mikael. - pressionou o cabo da espada. – Mas, posso reconsiderar se entregar o artefato.
- Eu não cheguei até aqui para desistir. - Mikael segurou firme sua espada.
Quando preparavam para um novo embate, surgiu entre os dois, quase que ao mesmo tempo, duas energias: uma dourada e uma negra. As energias materializaram. Um ser tinha asas negras o outro seis asas brancas.
As duas figuras apenas fitaram-se para andarem em direção aos seus semelhantes.
- Senhor. - o ser de asas negras ajoelhou diante de Lucy.
- Encontraram?
- Infelizmente não. A humana sumiu com o artefato.
- Como?! – indagou Mikael que ouvia o relato. - isso é verdade, Uziel?
- Sim. Mesmo usando todos os nossos poderes para romper a barreira, a humana conseguiu escapar. Não há rastro dela, mas suspeitamos que tenha ido para Ninkai.
- Impossível! – bradou Mikael.
- Parece que não será hoje que irei matá-lo. - Lucy guardou sua espada. – mas eu não tenho pressa. Mesmo ela tendo grandes poderes um dia ela vai morrer e aí arranco Abisko dela.
- O que são anos para nós não é Lúcifer? - a voz de Mikael saiu com escárnio. - quando a alma daquela aberração deixar Ninkai veremos quem irá possuir o artefato.
- Até parece...
Mikael e seu seguidor sumiram.
- Para onde eles foram?
- Para Tenkai. - respondeu Lucy, fitando os corpos no chão.
- E quanto a nós?
- Vamos esperar.
No início dos tempos existia apenas os seres de luz que viviam em Tenkai e os homens em Ninkai. Viviam em harmonia, pois os humanos temiam os seres de luz. Porém um dia, um dos seres de luz foi corrompido pela ganância e o poder. Juntou um séquito de anjos e rebelou-se. Houve um intenso combate e o líder da mais alta ordem angelical expulsou os rebeldes para as terras desabitadas de Devakai. Passados alguns anos, os seres de luz e os denominados seres das trevas guerrearam novamente por causa de Abisko, um artefato surgido no momento da criação e capaz de conferir enormes poderes a quem o possuir. Quem o detivesse teria o poder de subjugar um ao outro e aos humanos. Ambos os reinos invadiram o local onde o artefato estava, mas não contavam que Abisko sumiria por milhares de anos. Mesmo assim Mikael e Lucy não desistiram de seus planos, apenas esperavam pacientemente para o dia do juízo final...
Ano de 1985 D.C*, Tenkai...
Por onde os três arcanjos de Tenkai passavam, eram saudados pelos anjos de patentes menores, mas Mikael, Uziel e Raphaelle não davam a mínima atenção para os cumprimentos. Para eles, aqueles seres tinham mais que a obrigação de saudá-los. Se Tenkai estava a salvo, livre dos anjos caídos, era graças a eles. Os três arcanjos dirigiam-se para um ponto remoto de Tenkai.
- Mahasiah. - a voz de Mikael saiu fria. No mesmo instante um anjo de quatro asas surgiu atrás dele. - cuide de tudo e em hipótese alguma nos interrompam.
- Sim.
Os três arcanjos abriram suas asas e voaram.
Tenkai tinha muitos nomes na Terra conforme a orientação religiosa: Céu, Mundo Deva, Olimpo, Asgard etc. Era um mundo repleto de luz e natureza exuberante. Havia vilas espalhadas pelo mundo, mas o local mais importante era a sede: Hapse. A cidade era sobre as águas, tendo cachoeiras por todos os lados. Nas pequenas ilhas erguiam as construções que lembravam as construções góticas da Terra, mas eram douradas e cheias de luz. Ao centro de Hapse existia o palácio Kyn que ficava no centro e no ponto mais alto da cidade. Ali moravam os arcanjos.
Depois de alguns minutos voando sobre os domínios de Tenkai, os três arcanjos pararam num vale. Daquela altura podiam ver a natureza espetacular que circundava um lago de águas turvas. Mikael colocou a mão no peito, fazendo uma intensa luz brilhar sobre ele. Num movimento de puxar, tirou uma pedra negra e a soltou no ar. Quando a pedra tocou nas águas do lago, este brilhou. Os três anjos levitaram até a superfície e submergiram, desaparecendo nas águas.
Assim que a luz parou de brilhar, os anjos contemplaram a imensidão negra daquele lugar. A única coisa que mostrava que havia algo, era uma base circular que flutuava na imensidão negra. Podia-se ver inúmeras inscrições no chão do círculo que remetiam a várias línguas existentes nos três reinos. Ao centro havia uma jovem ajoelhada sobre as pernas.
- O que tem a nos dizer Revelação? – indagou Raphaelle.
A jovem de longos cabelos prateados ergueu o rosto mirando os arcanjos. Ela abriu os olhos, revelando os orbes também prateados.
- Diga logo! - exclamou Mikael já pegando sua espada.
- Acalme-se. - Uziel segurou o braço dele. - diga. - voltou a atenção para a jovem.
Ela abaixou o rosto de forma silenciosa. As inscrições ao redor dela começaram a brilhar.
- O artefato Abisko vai ressurgir no mundo em poucos anos... - falava diretamente na mente deles.
- A humana ainda está viva? – indagou Raphaelle.
- Claro que está. - respondeu Mikael entediado. - se estivesse morta já teríamos o artefato.
Raphaelle o fitou de forma fria.
- Deixe-a continuar. - Uziel cortou os dois.
- Asher possui muitos dons o que a fez resistir todos esses anos, contudo sua vida está no fim...
- Finalmente teremos Abisko. - os três sorriram.
- Não terão... - mesmo escutando a voz dela na mente, sentiram a entonação baixa e fria da jovem que os cortou. - uma força tão poderosa quanto vocês, irá proteger o artefato. Ela não deixará que vocês ou os caídos abalem o equilíbrio entre os mundos.
- Ela? - observou Uziel.
- Quem ousará ir contra nós?
- Num futuro próximo, ela e seus seguidores subjugarão os deuses das terras médias e lutarão contra vocês casos ameacem o equilíbrio. Atentarão contra sua vida, mas ela escapará e triunfará sobre todos.
- Diga tudo.
- Asher irá morrer, mas o artefato ficará oculto por onze mil dias. Somente no momento certo é que ele irá aparecer. Quando isso acontecer, ela, irá protegê-lo.
- Não podemos deixar que esses humanos estraguem os nossos planos. – disse Raphaelle.
- E não vão estragar.
- O que pensa em fazer, Mikael? – indagou Uziel.
- Vamos exterminá-los.
- Uma guerra? - Raphaelle se empolgou.
- Não. Vamos exterminá-los por dentro. Implantando um dos nossos no seio da humana. No momento certo o nosso irá subjugar aqueles insolentes.
A jovem que ouvia em silêncio, teve a atenção chamada por algo que estava além dos arcanjos e que eles não pareciam perceber. Fechou os olhos em resignação. Havia previsto aquela interferência, mas não relatou aos anjos. Cabia a eles e aos humanos traçarem o próprio destino.
Logo após a revelação os três anjos voltaram para o palácio principal de Tenkai. Reuniram-se em uma das alas do local.
- Aquela bruxa só pode estar louca. - a voz de Raphaelle saiu mais alterada. - nada pode ir contra nós.
- Qual é o plano Mikael? - Uziel ignorou os dizeres do outro arcanjo.
- Já disse. - Mikael sentou-se confortavelmente num divã. - iremos implantar um dos nossos no seio deles.
- Como? Ela poderá descobrir e pelo que o oráculo disse, a magia da Asher só vai dissipar daqui alguns anos.
- Não irá descobrir se o nosso espião nascer no solo dela.
Os dois arcanjos o fitaram na hora.
- Como assim?
- O que a Revelação disse?
- Um ser de incrível poder irá renascer em Ninkai, tentarão matá-la, mas ela escapará e chegará a fase adulta. Inúmeros deuses tentarão possuir Ninkai, mas ela derrotará a todos e quando tiver o artefato em mãos, nenhum inimigo será capaz de detê-la. – disse Raphaelle.
- Pois muito bem. - Mikael levantou. - nosso espião irá nascer junto a ela. Vai aprender tudo sobre ela e os humanos e quando for a hora...
- Pensa em mandar um dos nossos?
- Sim. Mandarei meu melhor guerreiro.
Mikael sorriu. Segundos depois apareceram dois anjos. Diferente dos arcanjos eles possuíam quatro asas.
- Senhor. - os dois ajoelharam.
Mikael observou os dois. Um deles seria seus olhos em Ninkai.
- Fariam um sacrifício em nome da nossa causa?
- Faríamos tudo pelo senhor. - disseram os dois.
- Raziel, a missão será sua.
O anjo de cabelos castanhos claros e olhos verdes sorriu.
- Irá nascer no meio dos humanos. Para a segurança da missão e sua, terá sua memória selada. Somente no momento certo se lembrará de nós.
- Aceito de bom agrado, senhor.
- Infelizmente terei que arrancar suas asas.
A frase deixou todos surpresos. Uma das piores coisas que poderiam acontecer a um anjo é ter a asa cortada.
- Se for para o bem de todos, não há problema. - disse resoluto.
- Não é atoa que é responsável pela minha guarda pessoal. Seu sacrifício não será em vão e quando retornar para nós, providenciarei asas novas. Escute atentamente as minhas instruções.
Mikael contou a Raziel e ao outro anjo seu plano. Seria uma ação que duraria muitos anos, mas que ele contaria com a proteção de Mikael. No momento certo ele voltaria a sua condição divina.
- Terei êxito meu senhor.
- Sei que sim. Partirá em poucos dias.
Os dois anjos retiram-se.
- Não será arriscado ele sem memória? – indagou Uziel ao se verem sozinhos. - No meio de humanos poderá se corromper.
- Não faça pouco caso de Raziel. Ele fará ações que acharemos está contra nós, mas faz parte da natureza dele, a fidelidade. Ele será fiel a ela e é por isso que tudo sairá certo. Ela jamais irá imaginar que o inimigo irá lutar por ela.
- E quanto a Lucy? - Raphaelle lembrou-o desse detalhe.
- Não se preocupe. Não poderá fazer nada quando a hora chegar.
Os dias passaram ligeiros, como ordenado Raziel preparou-se para descer a Ninkai. Como ele era um ser divino, teria que ter um corpo humano forte para suportar e bloquear seus poderes divinos.
Raziel e o outro subordinado de Mikael seguiam para o lugar.
- Sei que as emoções humanas são inúteis, mas estou com medo por ti.
- Medo Mahasiah? - sorriu. - diga que está com inveja.
- Inveja por você ter uma grande missão e pena por você viver entre os humanos.
- Não pode ser tão ruim. E isso nos dará vantagem, meu amigo.
Mahasiah sorriu.
- Sentirei falta das nossas conversas. – disse Maha. - e das nossas batalhas, irmão.
- Achei que não ligava para os elos humanos.
- Fomos criados ao mesmo tempo. Na lógica humana somos irmãos.
- Mas eu sou o mais velho. - brincou Raziel.
Os dois sorriram.
Raziel e Mahasiah foram criados com segundos de diferença. Cresceram juntos e a amizade e o respeito de um pelo outro só aumentou com o passar dos anos. Eram companheiros de batalhas e gozavam do mesmo poder, tornando-se generais de Mikael.
Tinham milhares de anos, mas comparando aos humanos tinham seus trinta anos. Raziel era alto, cabelos curtos castanhos claros e olhos verdes brilhantes. Já Mahasiah tinha cabelos curtos brancos, olhos cor de âmbar e a pele negra. Por serem anjos os corpos brilhavam como se fossem feitos de luz. Possuíam quatro asas, indicando sua ordem.
- Raziel. - o de cabelo branco parou de andar. - tome cuidado.
- Não vá enfrentar os caídos sem mim.
Mahasiah, que usava uma faixa no braço a tirou.
- Desça com isso. Como sinal que não deve falhar na sua missão.
Raziel fitou o pedaço de pano. Em uma das batalhas contra os caídos, Mahasiah foi ferido no braço e para esconder a cicatriz que havia ficado, usava aquela peça.
- Está certo. - amarrou em si. - quando voltar te devolvo.
O local de partida seria na sala do portal que ligava Tenkai ao mundo dos humanos. Os três arcanjos estavam reunidos, assim como os generais que os seguiam. Cada arcanjo contava com dois.
- Aproxime-se Raziel.
O anjo caminhou até o meio da sala, parando em cima de um círculo dourado que trazia inscrições.
- Iremos começar o ritual. Primeiro perderá o brilho dos olhos.
Mikael tocou no rosto do anjo. Ele sentiu uma forte ardência nos olhos. Quando os abriu eles continuavam verdes, mas não brilhavam tanto.
- Perderá o brilho do corpo, ganhando aspecto humano.
A coloração da pele tornou-se opaca.
- Seu grande poder será bloqueado e sua memória selada.
O círculo abaixo dele brilhou. Uma luz dourada circundou Raziel.
Sentiu dor. Antes que sua memória se esvaísse, fitou o companheiro. Mahasiah sorria.
- Por último...
Mikael sacou sua espada. Ainda entorpecido pela dor anterior, Raziel foi de joelhos ao chão. O arcanjo parou atrás dele e sem hesitar cortou as quatro asas de uma vez. Raziel soltou um grande grito de dor, enquanto o líquido vermelho fluorescente saía das costas. Algumas penas caíram no chão enquanto a maioria transformava-se em pontos luminosos sumindo no ar... Raziel desmaiou de dor.
- Vá meu general e traga a glória para os seus...
O corpo de Raziel foi envolvido por uma luz e foi mudando de forma. Tornou-se um corpo de um adolescente, depois de uma criança e por último de um recém-nascido.
Mikael arrancou uma parte da suas vestes e envolveu o bebê.
- Mahasiah.
- Sim.
- Passe pelo portal e deixe Raziel no local combinado. Ele será encontrado por uma família humana.
E assim ele fez.
Era uma noite escura em Ninkai, Mahasiah voou até o local onde deixaria o amigo. Notou que um homem dirigia-se para uma casa simples e sem hesitar deixou o pequeno ao lado do caminho. Antes de sumir na escuridão, ainda deslumbrou Raziel.
O homem escutando um choro, achou a criança e o levou para a casa. Como a esposa tentara muitas vezes engravidar acolheu o órfão como seu filho.
Devakai...
Se Tenkai era conhecido por ser um lugar cheio de luz e vida, onde os seres iluminados viviam, em contrapartida existia Devakai. Uma terra inóspita, onde qualquer forma de vida não sobreviveria por muito tempo. Depois da guerra entre Gabrian e Lúcifer, foi para esse lugar que os anjos caídos, muitos, foram lançados. Endor, era a cidadela principal, onde Lucy morava.
O líder dos Caídos estava em seu trono. Os olhos arroxeados pareciam perdidos em um ponto qualquer. Um homem materializou-se a frente dele.
- Meu senhor. - ajoelhou.
- Notícias dos meus irmãos?
- Sim. Com as previsões da Revelação, Mikael agirá mandando um deles para Ninkai.
- Interessante, conte-me tudo.
O homem de asas negras relatou a Lucy.
- O general descerá em pouco tempo para o mundo dos humanos.
Lucy estalou os dedos. Um grupo composto por cinco anjos apareceu diante deles.
- Já sabem dos planos de Mikael. - Lucy levantou. - e não podemos permitir que o artefato caia nas mãos dele. Eu preciso de um voluntário.
- Eu meu senhor.
- Como esperado Astaroth. - o líder sorriu. – também irá para o mundo dos humanos. Pelo que percebi os de cima não perceberam nosso espião. Teremos uma vantagem, e quando Mikael agir nas terras de Atena, nós teremos um dos nossos misturados aos humanos dela.
- Farei como me pede.
Astaroth pertencia a primeira classe dos anjos caídos. Era alto, pele branca, tinha os olhos azuis claros e abaixo deles dois riscos em paralelo como uma tatuagem. Os cabelos eram loiros e longos. No alto da cabeça possuía chifres curvados como de um boi. Tinha dois pares de asas negras e uma cauda. Apesar de ser um caído, ainda conservava seu porte divino.
- Tem ciência que passará pelo mesmo processo que Raziel?
- Tenho.
- Se Asta ficar com medinho posso ir no lugar dele. - brincou o outro anjo.
- É capaz de colocar tudo a perder Gadrel. - Astaroth sorriu.
- Não vá falhar.
- Até parece que não me conhece.
Gadrel sorriu. Antes de serem condenados a Devakai, os dois eram amigos em Tenkai. O primeiro a passar para o lado de Lucy foi Astaroth e Gadrel não teve dúvidas em seguir o amigo. Assim como Asta, o ex anjo, tinha a pele pálida. Os cabelos eram longos, com franja e prateados. Seus olhos eram roxos e abaixo deles tinham dois riscos cruzados como um "x". Tinha na cabeça chifres que saíam pela testa e curvados para trás. E como a todos os caídos: cauda e asas negras.
- Se tem medo que Asta falhe, você o levará para Ninkai, Gadrel. - Lucy o fitou. - Certifique-se que ele chegue ao seu destino.
- Será uma honra.
- Irá para Ninkai, em sete anos. Quero que Mikael ache que não estou planejando nada. Enquanto isso aperfeiçoe seu poder.
E assim ele fez. Sete anos depois que Raziel desceu a Ninkai, Astaroth passou pelo mesmo processo do anjo de Tenkai. Teve que retirar a cauda e os chifres. As marcas foram apagadas. A dor também foi alucinante quando as asas foram arrancadas.
Gadrel segurou nos braços o bebê.
- Eu poderia matá-lo agora.
- Gadrel... - murmurou um anjo.
- Brincadeira. - ajoelhou perante Lucy. - o levarei em segurança.
Numa noite quente, Gadrel voou até uma cidade, numa parte de Ninkai. Na última casa, de uma rua simples, deixou o bebê na porta. Minutos depois, os moradores escutando um barulho saíram vendo o pequeno ser...
As peças estavam encaixadas...
Sete anos depois da descida de Astaroth...
Mikael e Lucy estavam em seus palácios quando sentiram um grande poder sacudir as barreiras que separavam os três mundos. Era o sinal.
- O reaparecimento do artefato está próximo... - Mikael levantou sorrindo.
- Asher morreu... - disse Lucy fitando a paisagem do seu domínio.
2017, Athenas, Grécia...
Há cinco anos, Atena e seus santos travaram uma batalha contra o imperador Hades e Loki. Felizmente a deusa saíra vitoriosa e não querendo que seus santos de ouro pagassem com a vida, os fez voltar.
O santuário estava em paz e com isso, Shion preparava Aiolos para ser seu sucessor.
- Não imaginava que fosse tão difícil. - Aiolos sentou na porta do templo ligeiramente cansado.
- Não reclama. - Aioria parou na frente dele. - todo mundo sabe que você será um excelente mestre.
- Espero que sim. - suspirou. - as vezes tenho dúvidas da minha capacidade.
- O homem que salvou Atena com dúvidas? O homem que ficou no palácio de Valhalla com senhorita Hilda com dúvida? - deu um sorriso maldoso.
- Não começa.
- Tem certeza que não fizeram nada? - o sorriso aumentou.
- Aioria! - exclamou.
- É brincadeira.
- Fala de mim e você e a Lifia? - Aiolos levantou. - pensa que eu não sei?
Aioria ficou em silêncio.
- Vamos, seus amigos folgados vão jantar hoje lá em casa. Preciso preparar a comida.
Desde que voltaram a vida, tinham o costume de jantarem juntos algumas vezes por semana. A rodada da vez era de Aiolos. Com o período de paz, o único a preparar um sucessor era o Sagitariano já que herdaria o elmo de grande Mestre. Shiryu e Hyoga continuavam como bronzes até que o momento chegasse e eles levavam uma vida normal no Japão.
Já Atena ocupava-se do santuário e da Fundação Kido.
Na hora marcada, os primeiros cavaleiros chegaram.
- Fico impressionado com a falta de pontualidade de alguns. - disse Shaka.
- Nem todos têm seu sangue inglês Shaka. - brincou Mu.
- Francamente. Será que não aprendem?
- Não.
A voz de Kamus chamou a atenção dos dois.
- Deveria saber que eles não vão mudar.
A luta em Asgard e os anos de paz, fizeram os laços entre os dourados estreitarem. Não havia mais aquele clima de animosidade e se viam como irmãos. Evidente que quando treze homens estavam debaixo do mesmo teto, brigas ocorriam, mas logo eram esquecidas. Atena adorava esse clima. Sempre desejou que seus cavaleiros tivessem uma vida feliz e tranqüila e estava contente por eles estarem vivenciando. Claro que, como deusa da Guerra, sabia que aquela paz não seria permanente, mas rezava para que durasse o máximo possível.
Após o jantar, Mask, Shura, Miro e Kanon sentaram para um jogo de cartas. Os demais estavam espalhados pela sala ampla de Sagitário.
- Shion sabe que eles jogam? - indagou Aiolos trazendo uma caixa.
- Deve saber, mas faz vista grossa. - Afrodite enchia um copo de suco. - como eu acho que você irá fazer.
- Acho que sim... não me sinto à vontade com isso. Quem deveria ser era o Saga.
- Me deixa fora disso. - pronunciou o geminiano. - o cargo é seu por direito. Não existe pessoa mais qualificada para sentar naquele trono.
- Não gosto da ideia de trono.
- Sem falsas modéstias Aiolos. - brincou Deba. - tem a aprovação de todo mundo.
- Espero receber tratamento diferente por ser irmão do grande mestre. Quero tratamento VIP.
- Aioria!
Shaka num canto apenas ouvia a conversa e Dohko percebeu.
- O que foi Shaka?
- Estamos há cinco anos sem batalhas.
- E isso não é bom? - Mu o fitou.
- Sim, mas ao mesmo tempo perigoso. É muito tempo.
- Você está precisando é de mulher. - Mask sentou ao lado dele abrindo uma lata de cerveja. - duvido que ficaria pensando em batalhas.
- Ele tem razão Shaka. - disse Aldebaran arrancando olhares de todos. - na parte de ficar pensando em batalhas. - falou rápido. - pense que é o nosso merecido descanso.
Shaka apenas meneou a cabeça.
- Com batalhas ou sem, - Kamus levantou. - temos treino amanhã cedo. Obrigado pelo jantar. Vamos Miro.
- O que?
- Embora. - o aquariano foi até a mesa e recolheu as cartas.
- Pô Kamus! - exclamou Kanon. - no meio do jogo!
- Sim no meio do jogo. - Saga parou ao lado do irmão. - vamos.
- Toda vez é isso. - reclamou Shura levantando. - boa noite.
Sob protestos os cavaleiros foram saindo, restando apenas os irmãos gregos.
- Posso dormir aqui? Não quero descer.
- Desde que não me atrase amanhã. - Aiolos recolhia os copos.
- Eu nunca te atrasei.
- Desde que eu era aspirante e até mesmo antes de virmos para o santuário. Lembra?
- Sim... - ficou sem graça. - não tenho culpa por gostar de dormir.
- Leão preguiçoso. - brincou com os cabelos loiros de Aioria. - vamos dormir.
A noite seguia alta no santuário. As estrelas brilhavam no céu e um vento suave soprava. Sem sono, Atena olhava as luzes da cidade de Athenas. Como aqueles anos tinham sido bons. Seus cavaleiros estavam felizes e tudo conspirava para que a paz durasse longos anos.
- "Tenho até medo disso." - pensou.
Subitamente o brilho de algumas estrelas chamou sua atenção. Brilhavam de um jeito diferente e sentiu um aperto no peito.
- O que vai acontecer…?
Sentiu que a do paz do seu santuário seria abalada.
Nas casas abaixo, seus guardiões dormiam tranquilos, ou pelo menos a maioria deles. Aioria revirava na cama, chamando ora pelos pais ora pelo irmão. Não estava tendo um sonho nítido e a única imagem que ficou gravada foi a última. Que o fez até acordar assustado: uma espada sendo cravada em seu peito.
- NÃO!
Respirava rapidamente, enquanto o suor descia pela face. Olhou para os lados a procura de seu algoz, mas tudo que viu foi os móveis do quarto. A janela estava com uma fresta o que fazia com que a cortina tremulasse. Aioria levou a mão ao coração. Ainda podia sentir a sensação da dor.
- Aioria...?
- Aiolos?! - fitou o irmão que estava na porta. Tinha acordado com o grito.
- O que foi?
- Acho que... comi demais. - deu um sorriso amarelo. - pesadelo.
O sagitariano revirou os olhos.
- Também comeu três vezes... - murmurou.
- Exagerei. - disse sem graça. - desculpe por acordá-lo.
- Trate de dormir. - o grego caminhou até a cama. - e não exagere mais.
- Tá...
Aiolos brincou com os cabelos de Aioria e aquilo o fez estremecer. Será que algo aconteceria ao irmão?
- O que foi Oria?
- Nada. - deitou. - boa noite.
O futuro mestre ficou sem entender.
- Boa noite.
Ao se ver sozinho, Aioria sentou na cama. A sensação da dor ainda continuava no peito.
- Que sonho esquisito...
Logo nas primeiras horas da manhã, Atena reuniu-se com Shion, contando sobre o brilho das estrelas. O grande mestre ouvia com atenção.
- Teremos uma guerra Shion?
O ariano ficou em silêncio por alguns segundos.
- Desconfia de algum deus?
Devolveu a pergunta.
- A princípio não, - ela começou a andar pelo escritório. - Poseidon e Hades estão selados. O Olimpo está quieto.
- Ficaremos em alerta nos próximos dias. Vamos torcer que seja apenas excesso de preocupação. A noite irei a Star Hill.
- Ficarei mais tranquila.
Na arena que ficava próximo de Rodorio, os dourados treinavam. Mesmo sem guerras a vista, não poderiam deixar de treinar. Fizeram treinos físicos e agora realizavam pequenos combates entre si. Normalmente Saga ou Dohko eram os juízes para que os mais jovens não empolgassem demais. Naquele momento Shura e Aiolos dirigiam-se para o centro da arena.
- Não se contenha Shura. - pediu Aiolos.
- Digo o mesmo. - sorriu.
O futuro mestre já começou avançando, desferindo um soco sobre o rosto de Shura, que nem se mexeu. Aiolos sorriu, saltando para uma distância segura. O combate seguiu no mano a mano e os dois eram muito bons. Num dado momento, Shura acertou um de direita no grego, jogando-o perto da arquibancada.
Saga, que era juiz, sorriu. Sempre quis ver o potencial dos poderes de Aiolos e Shura, já que presenciara apenas em Asgard. Na época quando o grego chegou ao santuário, pôde perceber que o sagitariano tinha um gigantesco cosmo. Já com Shura presenciara algumas vezes, mas sabia que seu potencial poderia ser ainda maior.
Aiolos limpou o rosto sujo de terra. Shura queimava seu cosmo.
- Vamos nos divertir.
Partiram dessa vez usando o cosmo. Na arquibancada os demais dourados acompanhavam a luta.
- Agora vai ficar interessante. - disse Kanon. - eles sempre se contêm no uso do cosmo.
A cada golpe desferido, formava um vácuo, que arrastava consigo rochas e poeira.
- Vamos tornar as coisas mais divertidas Shura?
- Claro.
Aumentaram seus cosmos, disparando uma rajada de energia. O resultado foi a terra tremer.
- Eles estão levando mesmo a sério. - disse Mu.
- Só brincando. - Dohko observava a luta. - nenhum dos dois está lutando realmente a sério.
- Estão se exibindo. - Miro torceu a cara.
- E vai entrar na briga se não prestar atenção.
Kamus arredou um pouco. Miro não gostou da fala do companheiro. Tanto que quase foi atingido por Aiolos que tinha levado um ataque de Shura. O sagitariano caiu na arquibancada ao lado dos amigos. O impacto tinha sido tão forte que ele afundou em meio as rochas.
- O espanhol passou por cima. - Deba não perderia a piada.
Aiolos sentiu o corpo todo doer. A pancada tinha sido forte. Ficou por alguns minutos de olhos fechados.
- Vai pegar mal o futuro grande mestre perder para um cavaleiro. - Mask sorriu cinicamente. - um veterano perder para um novato? Aiolos você já foi mais forte. - zombava. - beijou o chão duas vezes em menos de 10 minutos. Que coisa feia.
- Fique calado Mask. - disse Aioria aproximando do irmão. - quebrou alguma coisa? - indagou já que ele não se levantava.
Aiolos abriu os olhos e a forma como as íris verdes dirigiram se ao leão o fez recuar assustado. O olhar era frio.
- "Mask que brinca e eu que recebo o olhar." - pensou.
- Deixa de ser mole e vem me atacar Aiolos. - Shura trazia um sorriso confiante.
- Vai engolir esse sorriso. - respondeu frio.
Antes que algum deles pudesse dizer algo, Aiolos já estava na arena.
- Ficou irritado. - Mu balançou a cabeça negativamente.
Aioria não disse nada. Realmente ficou assustado com o olhar do irmão.
- "Muito irritado." - pensou.
A série de socos e chutes recomeçou e com mais intensidade. O ápice, foi os dois elevarem seus cosmos e dispararem suas técnicas. O impacto tinha sido tão forte, que Mu criou a Muralha de cristal para que eles não fossem atingidos.
- Aiolos realmente está irritado. - disse Miro.
Quando a cortina de poeira abaixou, viram o punho direito na face um do outro.
- Empate. - disse Saga. - e como prêmio irão reconstruir a arena já que acabaram com ela.
Aiolos e Shura começaram a rir.
- Não é mais aquele aspirante assustado. - o sagitariano estendeu-lhe a mão.
- Um elogio vindo do grande mestre é uma honra. - retribuiu.
Os três caminharam para a arquibancada.
- Os dois são muito bons. - disse Dohko.
- Obrigado. - Aiolos ficou sem graça. Sentindo-se observado, virou-se. Aioria o fitava seriamente. - o que foi?
- Nada não.
- Eu não quebrei seu irmão. - Shura tocou nos ombros de Aiolos. - está inteiro.
- Com isso os treinos acabaram. - Miro levantou. - correto Saga?
- Sim. Dispensados.
- Nós vamos consertar a arena. - disse Shura. - como nos velhos tempos.
Os dois lutadores voltaram para a área central enquanto os demais foram saindo, restando apenas Mu.
- Algum problema Mu? - indagou Saga, vendo o amigo com olhar fixo para um ponto.
- Acho que não...
Saga acompanhou o olhar do lemuriano, que passava pelo centro da arena, por Aiolos e Shura, e seguia para o outro lado. Não havia nada.
- É melhor irmos. - o ariano levantou.
- Tudo bem...
Antes de sair, Mu ainda olhou mais uma vez o local. Durante a luta dos amigos teve a sensação que havia mais uma pessoa naquele espaço, mas como ninguém esboçou reação julgou ser apenas imaginação.
O.o.O.o.O
As terras de Devakai estavam silenciosas. Mesmo com o crescente rumor sobre a volta do artefato, os anjos caídos, apelidados de demônios pelos seres do céu, não comentavam as claras, mas tinham a plena convicção que Lucy os levaria a vitória.
Em uma das torres, um par de olhos roxos fitava a paisagem.
- Esta tristeza é pelo amigo? - a voz saiu zombeteira.
- Quer morrer?
- Foi só uma brincadeira Gadrel. - sorriu o ser de asas negras. - o que são vinte e cinco anos em toda a nossa vida?
- O que quer, Narahim? - o fitou.
O ex anjo que estava na porta sorriu. Era o mais baixo de toda a elite de Lucy. Tinha a pele negra e olhos verdes. Os cabelos eram vermelhos com um penteado Black power. Tinha abaixo do olho uma marca que lembrava um raio. Como todos ali, tinha uma cauda. Seu par de chifres saia pelas laterais da cabeça.
- Nada em especial. - entrou, sentando numa cadeira. - só aguardando o momento de agir.
- Sempre gostou de lugares pacíficos.
- São menos perigosos. - passou os braços por trás da cabeça. - mas estou ficando entediado. Asta é que deve estar se divertindo.
- No meio daqueles humanos imundos?
- Eles são divertidos. Estou curioso para saber sobre o local onde ele está.
- Nem pense em ir lá. - uma voz fria preencheu o recinto. - pode atrapalhar os planos do nosso senhor.
- Falou o cão.
Comentou Narahim, fazendo Gadrel sorrir.
- Pense o que quiserem.
- Vocês levam tudo muito a sério. - disse Nara. - principalmente você, Azazel. - fitou o anjo que estava na porta.
O anjo o fitou friamente. Azazel era o braço direito de Lucy e foi um dos primeiros a segui-lo na rebelião. Tinha cabelos negros e curtos. Os olhos eram na cor âmbar e tez clara. Tinha apenas um chifre do lado direito, pois o outro havia sido arrancado na batalha por um dos anjos fiéis a Mikael.
- Parem de infantilidades e fiquem em alerta. O senhor irá nos convocar a qualquer momento.
- Onde estão Kesabel e Yekun?
- Kesabel está patrulhando e o outro perturbando algum humano. Ele só sabe fazer isso. - disse com desprezo. - estejam prontos. - disse saindo.
- Yekun ainda vai arranjar confusão. - Narahim fechou os olhos balançando a cauda. - Azazel ainda o mata.
- Seria divertido. Yekun é um inútil.
- Vou procurar algo para fazer. - o ruivo levantou. - me chame quando for a hora.
O.o.O.o.O
Abos, morada dos anjos em Tenkai, estava agitada. No centro da cidade havia uma arena, onde às vezes os anjos de maior poder exibiam suas aptidões. Os anjos mais jovens gostavam de apreciar as habilidades dos generais dos três arcanjos e por isso amontoavam-se para ver o combate que se seguia. De um lado Mahasiah, general de Mikael e do outro Jeliel, general de Uziel.
A luta seguia empatada, pois ambos eram bons na espada. Num dado momento, o ataque de ambos fez com que a espada deles voassem para longe. Saltaram para trás.
- Continua muito bom. - disse Maha.
- Eu sou melhor que você.
Maha sorriu. Jeliel era extremamente orgulhoso, mais até que Raziel. Era alto, de pele pálida. Os olhos eram num excêntrico amarelo e frios. Os cabelos desciam longos, lisos e prateados.
Num movimento rápido, Jeliel partiu para cima de Maha. Este achou que seria golpeado, mas foi pego de surpresa quando Jeliel foi na intenção de pegar sua espada. Sem pensar duas vezes fez o mesmo e foi por pouco que não foi acertado.
Nos bastidores dois generais assistiam a luta.
- Mesmo que Jeliel queira nunca vai ganhar de Mahasiah. Não ganhou daquela vez, não ganhará agora.
- Não deixe ele ouvir isso, Dianeirah.
A anjo sorriu. Dianeirah era a única mulher entre os generais dos arcanjos. Era tão alta quanto os demais, tendo longos cabelos repicados e rosados. Usava uma franja frontal adornada por uma tiara dourada. Tinha olhos azuis escuros e pele branca. Era general de Uziel.
- Ele sabe que é verdade. Mahasiah foi um dos primeiros anjos a serem criados, é evidente que é mais forte. E não sei como Raziel não o exterminou daquela vez. – lembrou-se da luta de Raziel contra Jeliel.
- Tem notícias dele? - o olhar foi para a arena onde o combate continuava.
- Não. - respondeu a mulher. - O senhor Mikael cortou qualquer comunicação nossa com ele.
- Sei... - sorriu malicioso.
- Elemiah...
- É brincadeira. - levantou as mãos.
Elemiah era general de Raphaelle. Era o mais alto de todos. Tinha cabelos brancos curtos e repicados. Os olhos eram escarlates.
O som de espadas chocando chamou a atenção dos dois. Na arena Maha e Jeliel tinham empatado novamente. Os espectadores gritaram exaltados.
- Não é dessa vez que vai me vencer Jeliel. - Maha sorriu. - mas está melhorando pois não perdeu.
O outro estreitou o olhar, mas não disse nada guardando sua espada. Caminhou para a saída em silêncio e sequer cumprimentou os outros dois.
- É um poço de educação. - disse Elemiah.
- Não provoca. - Mahasiah parou há poucos passos deles guardando a espada. - Jeliel é muito poderoso.
- Um bando de crianças. - Dianeirah deu as costas. - não sei como nossos superiores aprovam essas batalhas.
- Estamos sem guerra. Precisamos nos manter ativos. - a voz de Maha saiu séria. - quando o momento chegar teremos que estar preparados.
- Que seja. - deu nos ombros.
O.o.O.o.O
Após o treino da manhã, reuniram-se no refeitório para o almoço. Shura e Aiolos chegaram por último.
- Agora podemos comer? - indagou Miro, fitando Dohko. - eles já chegaram.
- Esperaram por nós? - Shura ficou surpreso.
- Senão a comida acabaria. - o libriano abafou o sorriso, apontando para alguns dourados.
A refeição teve início. Alguns comiam em silêncio enquanto Kanon, Shura, Mask e Miro discutiam sobre o local que sairiam a noite.
- Espero que com a gestão de Aiolos isso acabe. - disse Kamus. - Não sei como Shion ainda não descobriu.
- É claro que ele sabe. - a voz do sagitariano fez todos olharem para ele. - só faz vista grossa. Ele sabe mais das saídas de vocês do que do jogo de cartas.
- Sabe? - Kanon não acreditou.
- Shion está nesse santuário há mais de duzentos anos, claro que ele sabe Kanon. - deu um sorrisinho. - Quanto a mim vou pensar no assunto.
- Estão com os dias contados. - brincou Aioria. - a nomeação será quando?
- Daqui um mês. - falou Dohko. - Shion já está preparando tudo.
- Isso merece um brinde. – o leonino levantou. - Ao futuro mestre e o fim das saídas noturnas. - riu. - se ferraram!
- Idiota. - Shura pegou seu copo. - mas Aiolos merece o brinde.
Os dourados brindaram em honra ao grego.
- Agradeço pessoal e espero contar com a ajuda de todos.
Após o almoço tiveram uma pausa antes de voltarem aos treinos. As atividades encerraram-se por volta das seis e cada um foi para sua casa. No décimo terceiro tempo, após o jantar, Atena recolheu-se. Shion ainda ficou algum tempo no seu escritório antes de seguir para Star Hill.
O meio da noite era o melhor horário para observação das estrelas e agora o lemuriano estava olhando para elas. O céu estava limpo. O olhar experimentado observava atentamente o brilho delas, quando de repente as íris arroxeadas brilharam. O cosmo do ariano começou a queimar lentamente em resposta a conexão.
Shion viu as estrelas que compunham a constelação de Virgem brilharem intensamente, para em seguida as de Leão e Áries apagarem...
Piscou algumas vezes antes de "acordar".
- O que isso significa... - as palavras perderam-se no silêncio.
Subitamente lembrou-se de uma história que Hakurei havia lhe contado. Sobre um artefato antigo, envolvido em uma grande batalha entre as forças do céu e do inferno.
- Por que me lembrei disso depois de tantos anos...? - a pergunta se perdeu no ar.
Nas casas abaixo, depois de treinar um pouco, Dohko recolheu-se. Estava tendo uma noite tranquila, mas depois começou a sonhar...
O chinês estava parado na porta do templo de Atena. Não sentia o cosmo de ninguém, estranhando o fato de estar sozinho. De repente, viu nas escadarias, que conduziam a morada da deusa, uma mulher de costas. Pela aparência julgou ser sua deusa, pois os cabelos cor lavanda desciam até a canela.
- Atena?
A mulher se virou, deixando o libriano confuso. O rosto parecia ser de Atena, mas a mulher era bem mais velha que a grega, tendo por volta de uns cinquenta anos. Mas era muito parecida com a deusa.
- Atena...? - indagou hesitante.
A mulher sorriu.
- Proteja Aledia...
- O que? - deu um passo. - quem é Aledia?
Ela sorriu, desaparecendo. Após isso o cenário mudou drasticamente. Ainda estava na porta do templo, porém a construção estava destruída. Sentia muitos cosmos hostis ao redor dele.
A visão foi chamada por um brilho dourado entre os escombros. Rapidamente Dohko foi para lá ficando assombrado. Aioria estava entre as rochas, tendo uma grande poça de sangue abaixo dele e uma espada dourada cravada no peito.
- Aioria!
Dohko acordou de repente. O rosto estava banhado pelo suor. Olhou a redor, tentando normalizar a respiração.
- Sonho... - murmurou. - Aioria... Aledia... e... - pensou na mulher. - quem é você?
*DC – depois de Cristo
* Apesar de conter anjos e demônios, o enredo da fic não seguirá a história fiel que consta na Bíblia. Não quis aprofundar, pois há muitas questões envolvidas. Então para que ninguém se sinta desrespeitado, serei o mais superficial possível com relação aos anjos.
* A imagem da capa retirei na internet, mas tem um nome ARAYARTE. Se alguém souber quem é, ou se for o próprio me mande mensagem para que eu possa dar os devidos créditos.
* Periodicidade da postagem: uma vez por mês, mas a medida que vou escrevendo pode cair para quinzenalmente. Como tem mais de um ano que não escrevo de forma continua até a prática voltar, leva tempo.
* Espero que gostem e se tudo der certo, espero postar duas novas fics, uma continuação (Tempestta 2) e uma inédita.
* As divisórias dentro do capitulo sairam tudo juntas. Eu dou espaçamento no word, mas na hora de importar eu não sei o que acontece que sai tudo junto. Se alguém souber como resolve isso me avise por favor!
