Capítulo 2: Paz ameaçada
Em seus aposentos, Lucy mirava-se no espelho. Quem o visse hoje, jamais saberia que no passado foi um dos arcanjos de Tenkai. Os longos cabelos prateados agora estavam curtos.
A coloração arroxeada dos olhos ganharam um brilho diferente.
- Gabrian não nos poupou... - murmurou.
Além da expulsão de Tenkai, os anjos caídos também sofreram fisicamente. A brancura das asas foram substituídas pela cor negra. Sua túnica dourada e prateada agora era um conjunto de calça e blusa em couro. Ganharam chifres e caudas. Cada desertor ganhou uma marca abaixo dos olhos, sinal da traição. A de Lucy era o desenho de dois raios.
Os outrora anjos agora eram denominados demônios.
- Fomos rebaixados aos piores seres...
- Tudo vai mudar quando conseguirmos Abisko.
Lucy mirou a imagem no espelho. Azaziel estava ajoelhado perto da porta.
- Espero que sim. Notícias dos de cima?
- Ainda não.
- Estão armando... - voltou a atenção para ele.
- Podem ter encontrado Asher?
- Não. - caminhou até um divã deitando. - aquela humana desapareceu. Seu espírito não está em lugar algum.
- Pode está viva?
- Não. Senti quando o espírito dela rompeu o lacre.
- É possível um espírito não está nos três reinos?
- É, mas muito difícil. - fechou os olhos. - ela não teria poder para isso.
- Do mesmo modo que Gabrian?
- Gabrian morreu em Aurien. Senti a essência divina dele desaparecer no ambiente. Não aconteceu o mesmo com Asher.
- Eu não imaginei que Astaroth faria tantos sacrifícios.
Lucy sorriu.
- Quando decidi a ida de Astaroth não imaginei que meus planos poderiam falhar. Ele tornou-se fiel a ela de tal forma que sua vida foi ameaçada várias vezes... e se não fosse meu poder, a alma dele teria se espalhado pelo mundo.
- Acredito que nem Mikael pensou o mesmo sobre Raziel.
- Isso é o destino conspirando a nosso favor. Convoque todos, está na hora de locomover.
Minutos depois os cinco generais de Lucy estavam diante dele no salão do trono.
- Tenho uma missão para alguns de vocês. - a voz saiu fria. - Azazel vá a Tenkai e descubra o que meus irmãos estão fazendo. Tenho certeza que estão planejando algo e quero está a par.
- Sim meu senhor. - disse e sumiu em seguida.
- Narahim e Yekun comecem a preparar nosso exército. Leve os nossos para Bahamuto.
- É prudente senhor? - indagou Gadrel. - pode haver espiões.
- Os de Tenkai não conhecem totalmente nossas terras. Bahamuto fica no subterrâneo de Devakai e os seres de luzes não podem ir até la. Nosso exército estará protegido. Quero que você, espalhe alguns de nós por nossas terras para não levantar desconfianças deles.
- Sim senhor.
- Kesabel. - fitou a jovem. - você irá para Ninkai.
Os quatros anjos ficaram surpresos.
- Ficamos por muitos anos sem notícias de Astaroth. Preciso saber o quão envolvido com a humana, ele está. Levante todas as informações sobre ela, e sobre os que a seguem. Seja discreta. - sorriu.
- Por que eu não posso ir? - Yekun estreitou o olhar.
- Kesabel andou com os humanos, será mais fácil para ela se passar por um deles. - respondeu Lucy.
- Com essas asas?- debochou.
- Kesabel tem seus truques. - sorriu. - e não quero questionamentos!
A voz saiu gélida o que fez com que Yekun se calasse. Narahim o tirou dali antes que ele desafiasse ainda mais o supremo líder. Kesabel foi se preparar e Gadrel foi atrás.
A ex anjo mirava-se no espelho.
- Yekun tem razão. - Gadrel encostou a soleira da porta. - como vai se infiltrar?
- Esqueceu que meu sangue é misturado? Isso facilita algumas coisas. - sorriu. - Mas já que está curioso, veja.
Kesabel pegou um pequeno vidrinho sobre uma mesa. Tomou todo o conteúdo. Em minutos, as asas sumiram, assim como a cauda e os chifres, que eram ligeiramente curvados para trás. A tatuagem abaixo dos olhos, em formato de triângulo foi apagada. Gadrel a fitou impressionado.
- Aprendi poções mágicas com alguns feiticeiros. Esse líquido faz meu outro sangue inflamar me permitindo por algumas horas ser uma humana. Não estou parecendo uma mulher comum?
O anjo a fitou. Os longos cabelos prateados desciam soltos pelas costas. Os olhos verdes estavam normais e a pele morena lembrava as humanas do sul de Ninkai.
- E sua energia?
- Só meu corpo fica humano, não perco a capacidade de sentir a energia dos outros e nem meus poderes.
- Realmente esqueci desse detalhe. Vai precisar de uma carona?
- Apenas aponte onde Astaroth está vivendo.
Kesabel fitava o complexo de templos que erguia-se a frente. Sentiu certo saudosismo, pois em uma das suas temporadas entre os humanos, morou naquelas terras. A cidade ficava um pouco afastada. Trajando roupas da moda, seguiu por um caminho de pedra. Vez ou outra topava com algum turista e aquilo daria veracidade a sua história. Com instinto aguçado percebeu que alguém de energia forte estava a um quilômetro e pela direção ele seguiria para as construções. Parou onde estava abrindo um grande mapa.
Demorou apenas alguns minutos para o alvo chegar.
- O que faz aqui?
Kesabel se virou, ficando bastante surpresa. No primeiro momento achou que se tratava de uma mulher, mas o odor que exalava denunciava ser um homem, mesmo com o cheiro de rosas bastante acentuado.
- Oi...
O rapaz a fitou de cima a baixo. Pelas roupas parecia uma turista, como tantos outros que se aventuravam sozinhos fora do circuito tradicional de visitação. Achou-a bonita.
- O que faz aqui?
- Estou perdida. - mostrou o mapa. - estava com meu grupo, mas saí de perto deles. Estou aqui no meio do nada e morrendo de sede. - deu um sorriso amarelo.
- Está hospedada em Athenas?
- Sim. Minha excursão voltará a tarde, mas não faço ideia de onde estou.
O rapaz a fitou atentamente, atrás de algum indício, contudo seu sexto sentido parecia incapacitado de analisar. Não sabia se era pelas horas de caminhada, pela raiva de ter que sair do santuário pelas vias normais, ou porque achou a moça bonita.
- Não está muito longe das ruínas. Se seguir por este caminho, chegará até elas. Mas andará por cerca de uma hora e meia.
- Estou tão longe assim? - indagou desanimada.
- Infelizmente. - sorriu. - o sol da manhã não está tão forte, mas pelo visto nem tem água.
- Não...
- Venha comigo. Há uma vila aqui perto.
- Obrigada.
Os dois seguiram em direção a vila, conversando sobre a história de Athenas. Quinze minutos depois chegaram e o rapaz providenciou uma garrafa de água para ela.
- Muito obrigada. - bebeu alguns goles. - isso vai ajudar a minha volta. Que lugar é esse?
- Rodorio. É uma vila pequena que não está nos circuitos.
- Realmente não tem muitos turistas. - olhou ao redor. - mais uma vez obrigada. Qual o seu nome?
- Gustavv.
- Sou Kesabel. - sorriu.
- Prazer senhorita. - Afrodite fez aparecer uma rosa branca.
- Uau... - disse verdadeiramente impressionada. Que tipo de energia era essa? - obrigada e adeus.
Surpreendendo-o Kesabel deu lhe um beijo na bochecha, saindo em seguida.
O cavaleiro ficou surpreso com o gesto. Deu um sorriso e seguiu para o santuário.
Kesabel distanciou-se, mas o suficiente para ainda sentir a energia de Gustavv.
- "Ele é forte." - pensou desaparecendo.
Ocultando sua presença, passou por Rodorio até chegar nas proximidades do templo. Sentia várias presenças, mas a mais forte, estava no ponto mais alto da elevação.
- "Eles tem uma barreira aqui..." - pensou vendo um brilho dourado envolver os templos.
A barreira não era nada para ela que passou com facilidade, aparecendo no telhado do décimo terceiro templo. De lá sentiu muitas energias. Sem dificuldades conseguiu chegar a uma das varandas de onde via um salão com algumas pessoas. Ficou surpresa ao ver Gustavv em meio a elas. Passou a observar...
Atena fazia uma reunião com seus santos. A posse oficial de Aiolos se aproximava e a deusa queria traçar os novos rumos do santuário. Ouviam as palavras de Atena e Shion sem desconfiarem que eram observados.
Kesabel enquanto ouvia a conversa olhou para a humana e o rapaz que estava com ela. Sem dúvida a mulher era da profecia e ela tinha um grande poder. Fitou o homem, ficando surpresa ao notar que ele era lemuriano. Achava que eles tinham sido extintos. Abandonou tais pensamentos, pois sua missão principal era localizar Astaroth e o outro anjo.
Sorriu, ao ver o companheiro de eras.
- "Não mudou muito."
Olhou para os demais a procura de quem poderia ser o enviado de Mikael, mas não o encontrou. A energia e o cheiro era igual aos dos demais humanos.
A caída ficou mais alguns minutos e depois sumiu. Não poderia ficar tanto tempo ali.
Lucy estava em seu trono, ouvindo o relatório de Narahim. Gadrel e Yekun também estavam presentes. O líder dos anjos caídos sorriu.
- Sempre eficiente.
Diante deles, Kesabel apareceu.
- Senhor. – reverenciou.
- Resolveu assumir a aparência humana? – brincou Yekun.
- Vai levar algumas horas até o efeito passar. – nem o fitou. – trago informações de Ninkai. – olhou para Lucy.
- Diga.
- O local é protegido por uma barreira, mas nada que nos impeça de entrar. A humana da profecia habita no alto da montanha e tem uma força equiparada aos arcanjos.
O rosto de Lucy não se alterou.
- Seus seguidores têm graus diferentes de poder e ao que parece ela tem uma elite, como nós e os generais dos arcanjos.
- Entendo. Identificou o anjo?
- Não. Eu não conheci Raziel e seu corpo humano impede a identificação. Encontrei no meio deles lemurianos.
Lucy arqueou a sobrancelha.
- Pensei que todos tinham morrido... - coçou o queixo. - E Astaroth?
- Faz parte do séquito dela.
- Ótimo. – Lucy levantou. – se invadirmos o local?
- Eles não teriam chance.
- Narahim venha comigo, quero ver nossas tropas.
- Sim senhor.
- Gadrel, me avise quando Azaziel voltar.
Ele concordou.
O.o.O.
A reunião tinha acabado, mas os Cavaleiros de Ouro e Bronze ainda estavam no décimo terceiro templo. Dohko um pouco distante fitava um ponto qualquer. Pensava no sonho que teve na noite passada.
- Algo te preocupa?
O libriano levantou os olhos, deparando se com Shun.
- Só estava pensando.
Shun deu um fino sorriso. Mestre ancião com olhar vago, não era sinal de distração.
- Viu ou pressentiu alguma coisa?
Dohko ficou em silêncio por alguns segundos, para depois soltar um suspiro.
- Nada escapa ao seu olhar não é? – o fitou.
- Sou apenas um observador.
O cavaleiro de Libra contou sobre o sonho.
- E até agora não consegui entende-lo.
Shun ficou em silêncio, pensativo.
- É uma guerra, que irá acontecer no futuro. – a voz do jovem quebrou o silêncio. – Creio que viu Atena do futuro.
- E quem é Alédia?
- Alguém que irá surgir. São só suposições, Dohko. Shion seria mais indicado a lhe dizer, ou até mesmo a sua experiência de vida.
- Não quero alarmá-lo desnecessariamente. Sabe como Shion fica quando preocupado. Vai acontecer alguma coisa. - Dohko olhou para o trono de Atena. - só espero que não seja tão grave.
- Estaremos aqui se algo acontecer. - A voz de Shiryu chamou a atenção dos dois. - e lembre-se que a defesa de Atena está mais forte. Normalmente éramos nós ou vocês em alguma batalha, agora estamos juntos. Seja o que for, nós vamos parar.
Dohko sorriu. As diversas batalhas levaram aqueles jovens a um grande nível de amadurecimento. Não eram mais os cavaleiros da guerra galáctica.
- Você está certo. - fitou o discípulo. - obrigado aos dois.
Do outro lado, Aiolos e Shion estavam reunidos com Seiya.
- Ainda acho que poderia continuar com Sagitário. - disse o japonês.
- Ser grande mestre envolve outras responsabilidades Seiya. - retrucou Shion. - Aiolos não poderá conciliar os dois postos.
- Ele está certo. - Aiolos tocou nos ombros do Pegaso. - além disso você será um grande cavaleiro. Já mostrou isso.
- Você salvou Atena.
- E você a protegeu. - Sagitário devolveu o elogio. - um dia antes da minha posse faremos o teste de praxe. Não tenho dúvidas que terá êxito.
O.o.O
Mikael, em seus aposentos, apreciava, de olhos fechado um coro de anjos cantar. Ela remetia aos anos dourados. Após a queda de Lucy, muita coisa havia mudado em Tenkai. E, agora, apenas restava apoderar-se de Abisko, para restabelecer a ordem e, assim, ser o único a reinar sobre os anjos e humanos.
As vozes silenciaram.
- Espero que tenha um bom motivo para me interromper. - disse sem abrir os olhos.
- Sitael está pronto. - respondeu Raphaelle.
- Diga-o para não falhar. - abriu os olhos fitando o irmão.
- Deveria se preocupar com seu enviado, não com o meu. - disse frio.
Mikael não retrucou, fazendo um gesto com a mão para que o arcanjo saísse e o coro continuasse.
Raphaelle saiu pisando duro. Às vezes tinha vontade de surrar o irmão. Desde pequenos os cinco arcanjos tiveram brigas sempre apartadas por Gabrian, o mais "velho".
- "Achei que nunca diria isso, mas Gabrian faz falta."
Pensou dirigindo-se para a sua ala do palácio. No corredor que conduzia ao local encontrou seus dois generais.
- Venham.
Os dois o seguiram. Raphaelle sentou em seu trono.
- Mikael liberou sua ida. Tenha o máximo de cuidado Sitael.
- Eu terei meu senhor.
- Confiar uma missão tão importante a um pirralho.
- O que disse? - Sitael cerrou o punho.
- Sem discussões vocês dois. Elemiah, contenha-se nos comentários.
- Desculpe.
- Sitael, recolha o máximo de informação sobre a humana e em hipótese alguma aproxime-se de Raziel. O contato com a aura divina pode desencadear alguma reação.
- Pode deixar.
Sitael deu um sorriso confiante. Da elite que seguia os arcanjos era o mais novo. Era, ainda, uma criança, quando se deu, a rebelião de Lucy. A nível de comparação, assemelhava-se a um jovem de dezessete anos. Tinha os cabelos longos e brancos, seus olhos eram dourados.
Raphaelle deu a ordem e ele partiu imediatamente.
Usando o portal que ligava Tenkai a Ninkai, não demorou para chegar às terras médias, onde era a habitação da humana. Notou a barreira que havia sobre o lugar, mas devido a suas habilidades transpassou-a sem problemas. Tendo o máximo de cuidado voou até a estátua da humana. Ampliou sua capacidade de audição e visão.
Percebeu que havia um grupo de pessoas no local e que eles tinham um grande poder, sendo que o da humana se destacava. Forçou a sua visão, vendo através das paredes. Viu Raziel entre eles.
- "Por que ele está tão fraco?"
Escutou passos, vendo uma mulher ir em direção a construção. Rapidamente pulou atrás dela. A moça se assustou e antes que pudesse fazer algo, Sitael encostou sua testa na dela liberando seu poder. Teve acesso a toda memória dela. Ao final do processo, apagou dela qualquer memória daquele encontro e voou.
- Shina. Shina!
A amazona de cobra olhava para o nada. Segundos depois seus olhos piscaram.
- Miro...?
- Aconteceu alguma coisa? - notou o olhar vago.
- Não... - sentia-se um pouco confusa. - nada não.
- Demorou, Atena pediu para vir atrás de você.
- Os arquivos estavam em outro lugar. Vamos.
A amazona passou por ele, deixando-o sem entender. Instintivamente volveu o olhar para a estátua. Como se houvesse algo ali.
- Estou ficando gaga igual ao Shion. - balançou a cabeça negativamente. - velhice pega.
O.o.O
Na ala destinada a Raphaelle, Elemiah deitado num divã, tocava de forma displicente uma harpa. Estava entediado de ficar naquele lugar, mas tinha que cumprir ordens. Sentia falta da época das grandes guerras, pelo menos o tempo passava.
- Continua um desocupado mesmo.
Elemiah volveu o olhar vermelho para a porta de vidro que dava para os jardins.
- Já?
- Sou eficiente. - Sitael recolheu suas asas. - cadê nosso senhor?
- Discutindo com Mikael por aí. Os dois só sabem brigar. É uma pena Gabrian ter morrido, era engraçado vê-lo separando os dois.
- Não imaginava que arcanjos poderiam ser mortos. - sentou em outro divã. - sempre o via com um grande poder.
- Lembra-se dele? - Elemiah parou de dedilhar.
- Muito pouco. Era uma criança na época.
- Continua uma criança. - zombou.
Sitael o fitou friamente.
- Brincadeira. - o mais velho sentou. - também fiquei surpreso. Gabrian e todo o seu exército... Eles eram uma das maiores forças de Tenkai.
- Vou atrás de Raphaelle.
Sitael sumiu da visão do outro anjo. Elemiah levantou parando na porta do jardim. O sol brilhava.
- "O que realmente aconteceu naquele dia...?" - pensou lembrando-se de fatos passados.
Sitael soube por outros anjos que seu senhor estava na ala destinada a Mikael. Esperou ser anunciado para entrar. Mikael estava sentado em seu trono tendo seu general ao lado dele.
- Senhores. - ajoelhou.
- Cumpriu sua missão? - indagou Raphaelle.
- Sim. Há uma barreira que impede a entrada de pessoas com poderes, mas que não nos afeta. Atena é protegida por homens denominados cavaleiros. Raziel faz parte desses cavaleiros.
- São muitos? - indagou Mikael.
- Houve guerras entre ela e os outros seres da terra média, muitos cavaleiros morreram, mas a sua elite está viva.
- Eu tinha ciência delas. - lembrou-se das falas de Revelação. - ainda bem que joguei um encantamento em Raziel...
- São fortes?
- Não senhor Raphaelle. Nós podemos facilmente vencê-los.
- Algum sinal de Abisko?
- Não. Acessei a memória de uma humana que faz parte do séquito de Atena. Eles nem sabem da existência do artefato. - o anjo contou mais detalhes da vida do santuário.
- Perfeito. - Mikael sorriu. - Raziel ganhou conhecimento de outros seres... - Mikael fitou Raphaelle. - conte a Uziel.
O.o.O
Kanon aguardava o irmão para poderem descer. No salão principal do templo, olhava para o trono. Quando entrou naquele lugar pela primeira vez, não imaginava os vários acontecimentos que seguiriam. E a grande maioria por sua culpa. Agora estava ali gozando de uma paz que parecia que duraria por muitos anos. Com Poseidon adormecido e Hades contido não havia mais ameaças.
- No que a bela adormecida está pensando? - Mask chegou dando um pedala no marina.
- Quer começar uma guerra? - indagou irritado.
- Seu irmão pediu para avisar que vai demorar.
- Não tinha um modo educado de dizer? - levantou.
- E ele conhece educação? - Dite aproximou dos dois.
- Não.
- Fora isso, estava com olhar fixo no trono. - Afrodite o fitou. - não está armando nada?
Kanon sorriu.
- Aquela fase passou. Tudo que quero é paz. E acho que desejam o mesmo, ou não?
- Como você disse aquela fase passou. - Mask olhou para o objeto dourado. - ainda bem que passou.
Kanon e Dite fitaram-se. De certo Mask lembrava-se de Helena.
- Não está devendo uma visita a Asgard? - o sueco fez uma rosa aparecer. - soube que Aioria e Aiolos irão em dois dias.
- Acho que vou sim. Preciso ver como aquelas pestes estão. - sorriu. - sinto falta deles.
- Quem diria que o terrível Máscara da Morte iria se apegar a crianças. - Kanon riu. - o mundo dá voltas.
- Por que não os trazem? - sugeriu o pisciano. - eles vão gostar daqui.
- Se Atena permitir.
- Enquanto isso, vamos planejar nossa saída de hoje. - disse Kanon. - antes que as coisas mudem por aqui.
O.o.O
Em Devakai, Lucy na companhia de Narahim, supervisionava suas tropas composta basicamente por ex anjos. Em meio deles, também, havia alguns humanos que haviam se juntado ao seu exército. Ainda não estava nos planos atacar, mas queria deixar tudo pronto.
Azaziel materializou-se ao lado deles.
- Senhor. - fez uma mesura.
- Espero que tenha boas notícias.
- Os arcanjos enviaram um anjo a Ninkai para colher informações. Foram as mesmas repassadas por Kesabel.
- Desconfiam que há um de nós no meio dos humanos?
- Não. Mikael irá reunir com os outros dois. É possível que ele irá agir.
Lucy ficou em silêncio.
- Desconfia do que seja?
- Não meu senhor.
- Conhecendo-os... - Lucy voltou a andar. - de certo mandará alguém para testar os humanos.
- Não devemos fazer o mesmo? - indagou Narahim. - eles podem descobrir sobre Asta.
- Não iremos fazer nada. - a resposta pegou os dois generais de surpresa. - eu conheço os métodos de Mikael. Ele só testará a defesa da humana. Se agirmos, poderemos estragar nossos planos. E quanto a Asta sua essência não irá manifestar diante de uma ameaça. Vamos apenas acompanhar os passos de Tenkai.
- Como quiser. - disseram os dois.
- Tenham paciência meus caros. A hora de agir vai chegar.
Pelos próximos dois dias, nem os reinos de Tenkai e nem o de Devakai fizeram alguma movimentação, bem como o santuário.
Aiolos tinha solicitado a Atena uma viagem para Asgard e a deusa aceitou de prontidão. Aioria e Giovanni o acompanhariam. Com o santuário em paz, Atena não via problema nas saídas de seus santos. O jatinho da fundação pousou no pequeno aeroporto ao lado do castelo de Valhalla.
- Aioria! - Lifia pulou no pescoço do leonino.
- Senti saudades. - a abraçou.
- Meu sangue virou um melado agora. - disse Mask torcendo a cara. - fui!
O canceriano desapareceu.
- Ele vai dar com a porta fechada. As crianças estão na escola.
- Deixe-o quebrar a cara. - disse Aiolos.
- Vamos entrar. A senhorita Hilda os espera.
Os gregos foram recepcionados no salão principal do castelo. Aiolos abriu um grande sorriso ao ver Hilda.
- Senhor Grande Mestre. - com um fino sorriso a asgardiana fez uma mesura.
- Senhorita Hilda.
- Ah por favor! - exclamou o leonino. - se peguem de uma vez.
- Aioria! - Aiolos ficou vermelho.
- Leão mal educado. - Lifia pegou na orelha do namorado. - deixe os dois. - saiu puxando-o.
- Calma Lifia.
Hilda e Aiolos ficaram a sós.
- Atena mandou lembranças e reforçou o convite. Eu gostaria muito que fossem nos visitar. - pegou nas mãos dela.
- Já estava pensando nisso. - aproximou. - senti sua falta.
- Eu também.
Sem espectadores, o sagitariano tinha mais coragem em demonstrar seus sentimentos. Aproximou dando um beijo em Hilda.
- Por que não vamos para um lugar mais reservado? - sugeriu a moça.
- Estava esperando o convite.
Atrás de duas colunas, Lifia e Aioria vigiavam o casal.
- Esses dois são muito puritanos. - disse o Leão.
- São reservados Oria. A senhorita Hilda é muito tímida.
- Deu para perceber... - coçou a cabeça. - o contrário de nós. - sorriu. - vamos "sumir".
- Pervertido. - deu um sorriso dúbio. - vamos.
O.o.O
Quando não havia treino, os dourados treinavam na academia montada por Saori, no antigo alojamento dos aspirantes. O local contava com os aparelhos mais modernos e mais uma piscina olímpica. Alguns cavaleiros estavam lá.
- Casamento? - indagou Kanon. - do jeito que ele é devagar não estarei vivo para ver.
- Não fale assim do futuro mestre. - disse Deba. - Aiolos quer fazer as coisas certas.
- Fico me perguntando o que ele ficou fazendo, até aparecer diante de Loki. - Miro puxava alguns pesos. - sendo cuidado pela Hilda... aí tem.
- Parem de falar do Aiolos. - pediu Saga. - e concentrem-se nos exercícios.
- Não estamos falando só comentando Saga. - disse Kanon. - Aioria está muito mais avançado do que o irmão.
- Ele passou anos morto. Ainda pensa como um adolescente. - Dohko entrou no meio. - não esperem grande coisa. E a vida privada dele não nos diz respeito.
- Os bronzes já vão voltar para o Japão, mestre? - indagou Deba querendo mudar o assunto.
- Amanhã. Mesmo sendo cavaleiros, eles ainda têm escola.
- Cavaleiros indo à escola. - disse Mu. - o santuário nunca esteve tão mudado.
- A paz sendo generosa conosco. Eles terão a chance de ter uma vida normal.
- E nós também, - Deba parou com o exercício, tirando a camisa. - e devemos aproveitar. Vou para piscina.
- Ele está certo. - Dohko sentou para pegar fôlego.
O.o.O
Dianeirah apreciava a vista do jardim de seu quarto. Por ser uma general, ela gozava de um aposento amplo e de frente para um dos hortos mais bonitos de Elael, a residência dos generais em Abos. O olhar estava perdido nas rosas enquanto se lembrava de fatos passados.
Estava tão distraída que nem notou a chegada de um anjo.
- Diah.
Ela olhou para trás assustando-se.
- Eu chamei, mas você não atendeu, então eu entrei.
- Faz tempo que não escuto esse apelido. - voltou a atenção para as rosas. - me faz companhia?
Mahasiah aproximou sentando ao lado dela.
- Em que estava pensando?
- Na nossa vida antes daquela guerra. Tenkai nunca mais foi o mesmo depois dos caídos.
- Muita coisa mudou. - olhou para as rosas.
- Soube que Sitael foi a Ninkai.
- Ele viu Raziel. - respondeu, pois o que ela queria saber era sobre o anjo. - está no meio dos humanos.
- Raziel está sendo humilhado ao andar em meio aqueles mortais.
- É a missão dele. Faria o mesmo se Uziel mandasse.
- E como ele está?
- Sitael não aproximou, mas aparentemente bem entrosado.
- Quando Mikael dará a ordem? Raziel passou tempo demais nessa condição.
- Quando for a hora Dianeirah. - a voz saiu calma. - o sucesso de Raziel será o nosso sucesso.
- Os pombinhos podem namorar outra hora? - escutaram a voz de Jeliel. - os arcanjos estão chamando.
- Essa mania de invadir o meu espaço. - Dianeirah levantou nervosa. - tem hora que dá vontade de arrancar as asas dele.
Mahasiah começou a rir.
- Qual a graça?
- Você nervosa. Raziel que deve sentir falta dos seus rompantes. - levantou. - queria ordens, agora teremos.
Os dois anjos desapareceram.
Os três arcanjos estavam no salão principal do palácio, cada um sentado em seu trono. O salão era oval e repleto de pinturas que mostravam a Era de Ouro dos Anjos. A iluminação era feita pela luz do sol, que entrava pelo teto abobadado, feito de vidro e vitrais decorativos. Os tronos dourados erguiam-se a alguns metros do piso em mármore branco. A esquerda estava Raphaelle. O arcanjo ligado ao elemento vento possuía longos cabelos lisos brancos até o calcanhar. Os olhos acinzentados eram emoldurados por uma franja frontal. Sua pupila tinha a forma de risco, lembrando um felino. Sua roupa era predominante branca. Um conjunto de calça e blusa branca encoberto por um casaco que abria em quatro fendas da cintura para baixo. Punhos, colarinho e a faixa que usava na cintura eram azuil celeste. Sua auréola dourada lembrava uma coroa terrena.
No trono do meio estava Mikael, líder de todos os anjos e ligado ao elemento fogo. Seus cabelos eram vermelhos como a sua representação. Curtos, repicados e arrepiados. Duas mechas vermelhas desciam pela testa. Seus olhos eram vermelho sangue e suas pupilas eram como as dos humanos. Ao contrário das vestimentas do arcanjo do vento, as cores predominantes eram branco e vermelho. A parte de cima era composta por um pano branco que atravessa o corpo na diagonal. Ele era preso por ombreiras e um semi peitoral em tons dourados e vermelhos. Na parte de baixa uma calça branca em tecido branco tendo por cima tecidos vermelhos como uma saia que iam até o chão, presos por um cinto da mesma cor. Sua auréola era circundava sua testa como uma tiara dourada.
E no trono da direita sentava Uziel, o arcanjo das águas. Seu cabelo batia nas costas, liso e na cor azul turquesa. Os olhos eram azuis claros como se fossem vidro e assim como Raphaelle usava franja frontal.
A vestimenta era semelhante a do arcanjo do vento, porém era toda azul com detalhes dourados nos punhos, colarinho e cintura. Sua auréola prateada era tradicional e pairava sobre sua cabeça.
Os corpos dos três eram revestidos por uma energia dourada, como se emanasse luz.
- Estão todos aqui? - Mikael apoiou a cabeça no punho.
- Sim. - respondeu o coro de cinco pessoas.
- Jeliel dê um passo à frente. - pediu Uziel.
O general ajoelhou a frente dos três arcanjos.
- Quero que faça uma visita a Ninkai. - disse Mikael. -Enfrente um dos defensores da humana. Não se apresente ou dê indícios de quem somos. Se aparecerem mais humanos volte imediatamente. Em hipótese alguma aproxime-se de Raziel.
- Uma luta comum meu senhor?
- Para você será, mas para ele... - sorriu. - deixe-o num estado lamentável.
- Como quiser.
- Pode ir.
Jeliel desapareceu.
- Quanto aos demais comecem a preparar. - disse Raphaelle. - a guerra se aproxima.
Os raios solares incidiam na barreira que protegia o santuário do mundo exterior. Estava uma tarde agradável e tranqüila. Do alto do relógio de fogo, Jeliel observava o local em busca de quem seria a isca perfeita. Sentia as energias dos humanos, mas nenhuma que fizesse jus a sua força.
- Humanos insignificantes...
Os olhos experimentados do anjo miraram num local.
- Que má sorte a sua... - sorriu.
Mergulhou, dando a impressão de um pulo para a morte. Um segundo depois voou.
Como ainda faltava algum tempo até assumir a armadura de Sagitário, a presença de Seiya não era uma constante no santuário. E como os demais bronze preparava-se para voltar para o Japão na manhã seguinte. Tinha treinado um pouco, na antiga arena, que ficava nos limites do santuário e agora voltava para um merecido descanso. Andava tranquilamente quando sentiu um cosmo perto de si.
- Quem está aí? - assumiu a posição defensiva.
- Alguém que não precisa saber.
Seiya olhou para uma direção arqueando a sobrancelha.
- O que é você...? - não estava acreditando que via um homem com asas.
- O anjo da morte...
Jeliel sacou sua espada, esta emitiu um brilho azulado.
- Redemoinho de água! - gritou cortando o ar com a espada.
Um poderoso cosmo emergiu e tomou forma de vários redemoinhos azulados feitos de energia. Eles se juntaram indo em direção a Seiya. Por onde a energia passava rachava o solo e erguia-se a metros de altura. Do décimo terceiro templo até a vila sentiram a explosão do cosmo. O ataque de Jeliel atingiu o cavaleiro de Pegaso em cheio.
- AHHHHH! - o japonês sentia seu corpo ser transpassado.
Seiya foi ao chão bastante machucado.
Jeliel guardou sua espada.
- Se essa é a defesa da humana, será massacrada.
Abriu asas e voou.
Segundos antes...
Atena e Shion no escritório da primeira levantaram na hora.
- Que cosmo é esse?
- Seiya...
Na academia, os dourados pararam com os exercícios.
- Saga e Miro para o templo agora! - gritou Dohko. - os demais venham comigo!
Os primeiros a chegarem foram Kamus e Hyoga encontrando o Pegaso numa vala.
- Seiya! - Hyoga correu até o amigo, ficando chocado pelo estado dele. - Seiya!
- Vamos levá-lo imediatamente. - disse Kamus.
Antes de seguir com o pupilo, o aquariano olhou ao redor. Aquela parte estava completamente destruída.
- "Que cosmo poderoso..."
Atena ficou pálida ao ver o estado do seu cavaleiro. Rapidamente, Seiya foi levado para a enfermaria. O santuário foi colocado em estado de alerta. Shina e Miro organizaram tropas para vasculhar toda a área.
- Quero esse lugar em alerta máximo! - Shion estava muito nervoso.
- Não sinto nenhum cosmo. - disse Shaka. - só quiseram atacar o Pegaso.
- Como passaram pela barreira sem sentirmos Shaka? - o grande mestre estava inquieto. - Atena poderia ter sido o alvo e, sequer saberíamos.
- Tenha calma Shion. - pediu Dohko. - Miro já está vasculhando.
- Vou ajudá-lo. - disse Ikki.
- Eu também vou. - Hyoga foi atrás.
- Suspeita de algum deus? - Saga fitou o grande mestre.
- Pode ser qualquer coisa.
A conversa foi interrompida pela chegada de Atena, seu rosto estava pálido.
- Como está o Seiya, Saori? - indagou Shun.
- Mal... - a voz saiu num fiapo. - está muito machucado. Teremos que transferi-lo para um local mais apropriado.
Os cavaleiros olharam entre si. Seiya tinha um enorme poder, como foi derrotado por um único golpe?
- Shun e Shiryu sigam com Seiya para o hospital. - Shion ditava as ordens. -Assim que ele acordar me comuniquem. Shura e Mu ajudem na patrulha, os demais venham comigo agora.
Rapidamente o japonês foi levado para um hospital. Os que ainda não tinham visto o estado do cavaleiro ficaram impressionados. Era um milagre ele ainda está vivo.
Na sala de reuniões estavam presentes Aldebaran, Shaka, Dohko, Afrodite, Kamus, Saga, Kanon além do mestre e Atena. A grega estava na sua mesa, mas todos os olhares estavam no lemuriano.
- A barreira não detectou. - a voz dele saiu fria. - o que nos mostra que estamos vulneráveis.
- Desconfia quem seja Shion? - indagou Dohko.
- Alguns dias atrás as estrelas mostraram me as constelações de Virgem, Leão e Áries brilharem de maneira diferente.
- Seiya é de Sagitário, mas pode está ligado... - comentou Kamus. - no local não havia resquícios de cosmo. E eu nunca tinha visto um ataque como aquele.
Dohko não escutou a segunda frase de Kamus. A menção da constelação de Atena e a de Leão o fez lembrar-se do sonho.
- Shion... - o tom foi baixo. - numa noite dessas, sonhei com Atena mais velha. - fitou a deusa. - não era bem a senhorita, mas... é um pouco confuso. Logo em seguida Aioria estava caído no pátio do templo, com uma espada no peito.
- Sonhou apenas uma vez?
- Sim.
- Se Aioria e Atena estavam no sonho, a visão das estrelas encaixaria aí.
- Essa "Atena" te disse ou mostrou algo? - indagou a própria.
- Para que cuidássemos de Aledia.
Shion ficou incomodado ao ouvir aquele nome. Tinha a sensação de tê-lo ouvido em algum lugar.
- E o ataque? - indagou Kanon.
- Precisaremos investigar. - disse Atena. - quem nos atacou quis mostrar sua presença e de suas intenções, mas sem se expor.
- Um teste? - sugeriu Deba.
- Creio que sim. Quero o santuário em alerta. Shun, Hyoga, Ikki e Shiryu quero-os fora daqui. Vamos precisar de um apoio caso algo aconteça. Saga e Kamus investiguem o ocorrido, precisamos ao menos de alguma luz. Se conseguem atravessar nossa barreira não é um inimigo qualquer.
- E quanto a Aiolos e os demais?
- Eles voltaram em poucos dias, só iremos chamá-los numa situação mais grave.
A reunião findou-se. Kamus e Saga foram para o local do ataque investigar e, os demais dourados, voltaram para suas casas, enquanto Shion foi para seu escritório. Precisava pensar.
O grande mestre deixou o corpo cair de forma pesada num sofá. Levou a mão a testa esfregando-a num sinal de pura preocupação. Um inimigo tinha passado pela barreira e ferido gravemente um cavaleiro. Tudo em questão de segundos e sem ninguém detectá-lo.
A leitura das estrelas e o sonho de Dohko mostravam que algo aconteceria e o ataque era o primeiro indício.
- Atena dizendo para proteger Aledia... - as palavras perderam-se no ar. - o que significa?
Enquanto isso Saga e Kamus chegavam ao local do ataque. Aquela região estava completamente destruída.
- É um grande poder de destruição. - comentou o geminiano.
- Desconfia de quem seja? Algum deus?
- Todos são suspeitos Kamus. - olhava o chão. - e bons na capacidade de não deixar rastros. Não há nada que indique algo. Mas uma coisa é certa, - fitou o francês. - não será um inimigo comum.
- Algo além de Loki?
- Creio que sim.
O.o.O
Quando Jeliel voltou a Tenkai, encontrou os três arcanjos no salão do trono. Seus respectivos generais também estavam presentes.
- Como foi? - indagou Uziel.
- Fácil demais meus senhores. - sorriu confiante. - a barreira no entorno do santuário é ridícula assim como os defensores da humana. Derrotei um cavaleiro com um único golpe.
- Não era um soldado? - alfinetou Elemiah.
Jeliel o fitou ferino.
- Elemiah... - murmurou Raphaelle.
- Desculpe.
- Cumpriu muito bem seu papel, general. - disse Mikael. - era apenas um teste para deixá-los ressabiados. Está dispensado.
O general de Uziel fez uma mesura e saiu. Dianeirah e os demais foram atrás.
- Qual é o passo agora? - indagou o arcanjo do Vento, fitando Mikael.
- Deixá-los se recompor do susto. - sorriu.
Os generais foram para Abos. Seguiam para o palácio destinado a eles.
- Realmente eles são fracos? - indagou Dianeirah.
Jeliel apenas lançou-lhe um olhar frio.
- Tenha mais respeito Jeliel. - disse Mahasiah parando. - Responda a pergunta.
- Só tenho que reportar minhas ações aos arcanjos. - o anjo continuou o trajeto.
- Sujeitinho petulante. - Sitael cerrou o punho.
O general de Uziel pouco se importava com os demais. Seguiria seu caminho, mas sentiu o corpo formigar. Ele conhecia aquela sensação. Voltou o olhar para trás.
- Pode ser um general, mas está um grau abaixo de Dianeirah. - Elemiah estava com os braços cruzados atrás da cabeça, numa postura despreocupada. - não se compare a um primário.
Jeliel sentiu o corpo relaxar. Sitael esperou uma resposta ríspida por parte do anjo mas ela não veio. Por ser novo, não percebeu o que tinha acontecido, ao contrário de Mahasiah. O general de Mikael percebeu que Elemiah estava controlando o corpo de Jeliel.
- "Usou seu poder apenas com um olhar." - fitou o homem de cabelos curtos.
- Sitael esteve com eles, - a voz de Jeliel continuou fria. - sabe o quanto eles são fracos.
Seguiu seu caminho desta vez, sem interrupções.
- Ele está certo. - disse o jovem. - todos são fracos. Até Raziel está fraco.
- Como assim? - indagou Maha.
- A energia que está emanando dele nem se compara ao seu poder antes de ir para Ninkai. Seria derrotado facilmente por qualquer anjo. Jeliel poderia destroçá-lo.
Mesmo um pouco distante Jeliel escutou a fala, dando um sorriso.
- Ele não pode ter enfraquecido assim... - murmurou Dianeirah.
- Tantos anos com os humanos... - Elemiah olhou para o céu. - pode ter resultado nisso.
- E a humana?
- Ela sim é forte. Como nossos senhores.
- Devemos nos preparar. - Maha pegou sua espada. - vamos precisar de toda força para derrotá-la.
- E os caídos? - indagou Sitael. - não vamos fazer nada em relação a eles?
- Eles estão quietos. - comentou Dianeirah.
- Não passam de escória. - disse Maha. - Mikael e os demais sabem como lidar com eles.
Todos concordaram, exceto Elemiah que não teceu comentário. Sabia que Lucy e seu exército ainda poderia ser um problema.
O.o.O
Lucy tinha toda a sua atenção para as peças de xadrez. De um lado peças douradas e do outro negras. Jogava sozinho. Como sempre jogou.
Gabrian foi o primeiro arcanjo a ser criado, depois Uziel, Lúcifer, Mikael e por último Raphaelle. Por conta da proximidade do "nascimento", Lucy e Mikael eram muito ligados e participavam juntos das aulas de Gabrian. Tinham temperamentos semelhantes o que rendia às vezes algumas brigas. Aliás todos os arcanjos tinham gênio forte, mas sempre mantidos sob "controle" por Gabrian. Até o dia da rebelião...
O líder dos Caídos observou a duas únicas peças que estavam completamente fora de suas casas: um peão dourado e outro negro.
Chamando sua atenção, um peão dourado começou a locomover-se.
- Diga. - disse sem tirar o olhar do tabuleiro.
Azazel surgiu ao lado dele, ajoelhando.
- Mandaram um dos generais a Ninkai para testar os defensores da humana.
Lucy mexeu milimetricamente seus olhos. Outro tabuleiro apareceu. Nesse havia peças douradas e marrons. Um peão dourado havia derrubado um peão marrom.
- Mikael já quer jogar... qual o próximo passo?
- Pensa em mandar mais alguns anjos contra a humana. Ele quer intimidá-la.
- Bem típico dele. - bufou. - iremos continuar parados. Só iremos agir no momento certo. Avise aos outros.
- Sim senhor.
Azazel partiu. As íris violetas estavam concentradas no segundo tabuleiro. Em meio as peças marrons duas delas tinham tonalidades diferentes: dourada e negra.
- Como será que vão reagir? - sorriu.
Na ala destinada aos generais, Gadrel e Yekun combatiam com espadas. Narahim e Kesabel assistiam entediados.
- Qual o milagre de todos reunidos? - Azazel se fez presente.
- A falta de ação. - disse Nara.
- Aposto que em Tenkai estava mais interessante. - Gadrel parou um ataque de Yekun.
- Aquele lugar me enjoa. - recolheu suas asas. - Jeliel foi mandado a Ninkai.
Os quatro o fitaram na hora.
- Aquele projeto de general. - zombou Yekun. - aposto que ainda tem ódio por ter perdido para Mahasiah.
- Muito me admira ele ainda não o ter matado. - disse Narahim.
- Na primeira oportunidade ele o fará. - Gadrel guardou sua espada. - Maha é que se cuide. O que Jeliel foi fazer?
- Os arcanjos queriam ver a força do séquito da humana e parece que eles são fracos. Um foi derrotado por ele.
- Perdeu para Jeliel? - Yekun gargalhou. - esse humano deve ser muito fraco.
- E que os da Luz planejam? - indagou Kesabel.
- O senhor Lucy disse que Mikael gosta de intimidar.
- Então já entraremos em guerra? - Gadrel animou-se.
- Não. - Azazel o cortou. - ainda não é momento. O senhor que esperar os passos dos arcanjos para agir. Devemos aguardar.
- Que tédio... - murmurou Nara, fechando os olhos e deitando num divã. - vamos mofar aqui.
- O senhor Lucy tem um plano. - disse Kesabel arrancando olhares dos demais. - só está esperando o momento certo.
O.o.O
Apesar de toda a investigação feita por Saga, Kamus e Shion, nada foi descoberto. As rondas também foram infrutíferas. Atena não tinha ideia de onde partiu o ataque. Por conta do estado de alerta, os dourados permaneceram cada qual em sua casa. Kanon foi deslocado para Câncer.
Afrodite fechou a janela do seu quarto, preparando-se para dormir. A urna de Peixes estava ao lado da cama para alguma eventualidade. O sueco deitou-se, tendo o olhar no teto. Seiya ser derrotado com um único golpe e por um inimigo que poderia entrar no santuário sem ser detectado, era um grande problema. Nesse momento, poderia ter algum espião e nem saberiam.
- Tudo pode acontecer... - murmurou.
Subitamente lembrou-se da moça que ajudou outro dia. Pelos dias que se passaram ela provavelmente estaria em Athenas pronta para voltar ao seu local de origem.
- Nem perguntei de onde ela era... - virou o corpo, passando a olhar o céu pelo vidro da janela. - se aqueles abutres a vissem ficariam de quatro. - sorriu. - mas ela é bonita mesmo.
Em Asgard, Aiolos e companhia não souberam do ataque. Após o jantar, reuniram-se em uma das varandas de Valhalla.
- Suas pestes! - gritou Mask ao ser acertado por uma bola de neve, por um dos irmãos de Helena. - eu vou matar vocês!
O canceriano saiu correndo atrás das crianças, arrancando risadas por parte delas.
- Giovanni espera! - exclamou Aioria.
- Deixe-o. - disse Aiolos. - ele não vai fazer nada com elas.
- Até parece que não o conhece.
- Aiolos tem razão, Aioria. - Lifia aconchegou-se nos braços dele. - ele tem essa pose toda mas ama essas crianças.
- E elas gostam dele. - arrematou Hilda. - está esfriando vamos nos recolher?
Lifia foi atrás das crianças, mas elas disseram que só dormiriam ao lado de Giovanni. Não tendo outra opção, o cavaleiro dividiu a cama com as quatro.
- Afrodite não vai acreditar quando eu contar. - disse o leonino. - Mask sendo um pai zeloso.
- As pessoas mudam.
- Ainda bem. - o grego acariciou o rosto dela.
Os dois seguiam pelo corredor que dava acesso aos demais aposentos. Encontraram Aiolos e Hilda que observavam as obras de arte do palácio.
- Acredita que Mask está dormindo com elas? - o leão comentou. - isso é inédito.
- Giovanni se apegou a eles e eles ao cavaleiro. Helena deve estar feliz. - disse Aiolos.
- Se ele desejar, nas férias, poderá levá-los para a Grécia. - disse Hilda.
- Férias na Grécia? - Lifia se animou. - eu preciso ir para vigiá-los.
- Desculpa esfarrapada.
Riram.
O futuro grande mestre fitou a parede vendo um grande quadro de uma mulher com asas. Achou curioso.
- É uma deusa nórdica? - apontou. Os demais também olharam.
- Uma Valquíria. - respondeu Hilda. - são mulheres que conduzem os heróis para o pós morte. Também servem a Odin.
A asgardiana começou a narrar a história delas. Aioria trazia o olhar fixo na mulher de cabelos loiros. Era uma figura imponente, portando uma espada e asas. Subitamente lembrou-se do sonho tido dias atrás. Levou a mão ao peito.
Aiolos também fitava a figura. Pensou no santuário. Ligaria para os companheiros na manhã seguinte para ter notícias.
- Meu sonho de criança era ser uma. - brincou Lifia.
- Seria uma Valquíria muito bonita Lifia. - Aiolos a fitou.
- Obrigada. - corou.
- Não concorda irmão?
Aioria não tinha escutado.
- Aioria?
- Sim. - concordou sem saber do que se tratava. - claro. - fitou a namorada. - vamos dormir?
O sagitariano estranhou o comportamento do irmão, mas não disse nada.
Demorou, mas chegou. Espero que gostem!
Fran- Obrigada!
Vivianne – Voltei e vou tentar atender o seu pedido em não matar os dourados, mas você sabe o meu histórico...
Lebam – Bel, mais uma empreitada! E como você me conhece, já sabe que tudo pode acontecer!
